Quando a escola pública foi
criada, no ápice da Revolução Industrial, ela tinha como objetivo atender às
demandas relacionadas às profundas alterações nas relações de produção. Como a
força trabalhadora era composta, em sua maioria, por camponeses, tornava-se
necessário instrui-los para que dominassem a nova tecnologia. Contudo, a
educação dada era de má qualidade: as condições escolares eram precárias, os
professores eram mal qualificados e o ensino fornecido não se ocupava em
proporcionar a compreensão do mundo em que os indivíduos estavam inseridos.
Tinha por função apenas capacitar a população trabalhadora em determinado
ofício para atender às demandas do mercado, melhorando a produtividade. A
escola era apenas uma ferramenta de controle social, à medida que não
desenvolvia o pensamento crítico.
Com relação à educação
infantil, a lei de educação foi desenvolvida pelo governo diante de uma grande
concentração de mão de obra infantil nas fábricas. Segundo a lei, as crianças
teriam de cumprir períodos mínimos de estudo e posteriormente poderiam
trabalhar. Aparentemente, seria uma lei de proteção, entretanto, em vez de
dificultar o trabalho infantil, ela acabou por legitimá-lo. As crianças passavam
um período breve na escola e longo nas fábricas. Pode-se perceber, também, que
na Era Industrial a grande preocupação da instituição familiar, ao permitir que
seus filhos trabalhassem, era a obtenção de capital para sobreviver. Hoje, no
Brasil, tal capital é garantido pelo simples fato da criança frequentar a
escola. Essa medida reduz o número de
crianças que realizam a função de um adulto, no entanto não aumenta a qualidade
do ensino.
Comparando
a realidade analisada por Marx à atual realidade brasileira percebem-se outras
coincidências. Os professores das escolas públicas ainda não possuem uma boa
qualificação, os dados que analisam o número de estudantes que completam o
ensino médio e são considerados analfabetos funcionais são prova disso. Além
disso, é notável que vivemos em uma sociedade onde o conhecimento se tornou o
principal fator para se criar valor. Nossas escolas foram estruturadas para
produzir mão de obra para o mercado, deixando em segundo plano a importância do
papel dos indivíduos para a sociedade.
É necessário se compreender
que a escola é um local de redescoberta do ser dentro da sociedade. O jovem
deve estudar não apenas visando o sucesso no mercado de trabalho, mas também
deveria entender que a educação é a chave para o entendimento do mundo em que
ele está inserido.