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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Prosperar ou Monopolizar

Jogos de tabuleiro tem mais a ensinar do que parece. Elizabeth Magie criou a primeira versão do jogo “Monopoly” para incitar a crítica e discussão acerca do sistema capitalista e suas consequências. A principal diferença quando comparado com o jogo distribuído atualmente pelas grandes empresas do entretenimento infantil está no fato de que o primeiro vinha acompanhado de dois conjuntos de regras distintos: o primeiro denominado “Prosperidade” onde a conquista de um jogador acarreta benefícios para todo o grupo, e o segundo chamado “Monopolista”, em que aquele que monopolizar toda a área do jogo ou levar seus adversários à falência vence. Como se tem o conhecimento, o jogo alcançou resultados opostos do planejado por sua criadora, além de que os créditos de criação foram atribuídos a um homem, reflexo das regras que regem a vida. A questão é que a criação de Magie diz muito mais da realidade do que pretendia em seu início, donde depreende-se algumas regras explícitas que regem a vivencia no atual sistema:
1.     Quem elabora as regras é a classe dominante. As regras, leis, emanam da vontade da classe desta, tendo que suas subalternas segui-las, uma vez que “foram elaboradas para o bem comum”. Essas, colocam cada componente da sociedade no devido lugar, de acordo com o julgamento da classe dominante, de maneira que não atrapalhem o andamento da ordem. Os “dados” não são jogados da mesma forma para todos os jogadores, obviamente, há liberdade mas falta igualdade.
2.     O agente movente do jogo é a luta entre classes. Aqueles que detêm os meios de produção do capital tem poder sobre os demais, o operariado depende das ações burguesas, porém essas só funcionam com o trabalho daqueles. Opressores e oprimidos vivem em constante guerra, a qual só tem fim com uma revolução de toda a sociedade ou com a destruição de ambas classes.
3.     A maior parte dos resultados obtidos pelo trabalhador é direcionado ao dono dos meio de produção. Além da produção alienante, onde o trabalhador não enxerga sua obra no produto final e, muitas vezes, é incapaz de adquiri-la, a maior parte dos lucros vão para seu empregador. O montante do lucro do capitalista pode ser ajustado de acordo com a ação de leis trabalhistas, porém para essas serem conquistadas depende do operariado se unir e clamar por elas.
4.     Vence o jogo quem conquistar mais riquezas individuais. Porém a ganancia e exploração inata do capitalismo é claramente infinita, gerando uma sociedade cada vez mais fundada na desigualdade e exploração da força de trabalho do operariado. Não tendo um final certo, este será dado pela sobreposição de uma nova realidade à atual, resultante de uma síntese marxista.


Após feito um apanhado geral de algumas regras que regem o atual contexto sócio-político, fica claro que é uma pequena parcela da população que realmente está apta a vencer esse jogo. Mas sempre há um outro conjunto de regras possível, uma realidade alternativa à vigente, uma ordem guiada pela “Prosperidade”, deixando a “Monopolista” de lado, derrubando-a. Há quem diga que essa realidade é utópica, não é natural ao homem, uma vez que já foi testada e não vingou, porém a dialética é constante, teses e antíteses são confrontadas a cada contrato trabalhista assinado, o que não se pode deixar acontecer é a síntese ser moldada pelos anseios capitalistas individualizantes.
Felipe Cardoso Scandiuzzi - 1ª ano - Direito Matutino






Teia de Aranha

O Mundo vive hoje o seu grau máximo de globalização, as sociedades ao redor do globo estão totalmente conectadas e basicamente se interdependem, onde um fio estourado nessa teia põe tudo e todos em caos e colapso; vide a Crise Mundial de 2008, que começou com a quebra de investimentos imobiliários nos EUA e dias depois devastou a economia Europeia. Nessa Era Capitalista, vale aquela velha ideologia do Ter para Ser, onde o indivíduo acredita na necessidade de ser conectado a este esquema do capital, deixando todo a sua vida ser conduzida, reprimida e manipulada pelos donos desse sistema corrupto.
A Liberdade está influenciada pelo poder de compra, pelo acúmulo de capital, onde as pessoas, dotadas teoricamente de liberdade não partem de condições iguais. O Brasil, que carrega o lema de ser “um país de todos”, dá óbvia preferencia aos indivíduos com “gordas contas” bancárias; onde, por mais que todos possam ingressar em universidades publicas (com liberdade para isso), os pobres acabam permanecendo marginalizados e condenados ao limbo de funções hierarquicamente menores, pois não tiveram educação básica de qualidade para passarem pelos processos de Universidades Renomados, como a UNESP . Surgindo daí os financiamentos estudantis, que trabalham pela sociedade de capital, enlaçando cada vez mais os miseráveis em suas entranhas, com dívidas que podem se estender por mais de uma década, que sustentam o giro de capital.
Deveríamos ser julgados isonomicamente, porém as pessoas abastadas, com seus históricos privilégios, subvertem a ordem jurídica a seu favor. Ganhando uma suavização das penas para crimes que, do outro lado da moeda, representam o corredor de escoamento para penitenciárias decrépitas quando se é pobre, sem direito à justiça real, se você não é dono do Capital.
Os poucos países comunistas que resistiram à vitória do Capitalismo acabaram tendo que se adaptar a ele, vivendo hoje apenas uma sombra de seus ideais. A China, abriu seu mercado para o mundo, exportando produtos em massa para “o outro lado”, fazendo com que a sua economia também passe a depender do Sistema que governa o povos. A Apple, por exemplo, a vitrine do Capitalismo, fabrica seus produtos nos polos industriais chineses; visando menores custos de produção e vendendo-os ao Ocidente a preços estratosféricos.
Nossa Constituição Federal prevê a obrigação da União de promover a Saúde para todos, porém, seria essa de qualidade? No Brasil, o Sistema de Saúde Público está “caindo aos pedaços”, sempre aumentando a necessidade de Judicialização deste. Dando o Governo a preferência aos hospitais boutiques particulares, sucateando aqueles outros destinados ao não abastado proletário.
Ao analisar esses pontos, percebe-se o quanto a Sociedade está viciada ao Mercado, o indivíduo se apegou a ele como se este fosse heroína; o que está destruindo a sua humanidade e tornando-o cada vez mais fútil, individualista e segregacionista. Fica a pergunta, nessa corrida de obliteração que entramos “sem querer”  para acumular dinheiro haverá um vencedor ou a linha de chegada será apenas mais um ponto de partida rumo a solidão?

Nome: Fabrício Eduardo Martins Soares - 1 ano Direito Noturno

Os Sandros de todos os dias e as condições materiais de existência

12 de junho de 2000, Rio de Janeiro, Brasil. Sandro Barbosa Nascimento, 22 anos de idade. Linha 174, 14h20 de segunda-feira. Sandro adentra o ônibus e anuncia o assalto. Motorista, cobrador e alguns passageiros conseguem fugir, restando apenas onze reféns. Foram horas de negociação do mesmo com a polícia. O resultado: duas mortes da mesma noite. Geísa Firmo Gonçalves, usada como escudo humano por Sandro, e a do próprio Sandro.

Seria mais uma historia comum do dia-a-dia carioca se não fossem duas coisas: o histórico do assaltante e a sua morte.

Sandro assistiu `a morte de sua mãe aos oito anos de idade, por decapitação, na favela em que morava. Após isso, passou a morar nas ruas. Frequentava a igreja da Candelária, onde recebia comida e abrigo. Ali, fez amizade com vários outros menores de rua. No dia 23 de julho de 1993, Sandro presenciou o massacre da Candelária, que resultou em 8 mortes. Ele mesmo não ficou ferido no incidente. Sete anos depois, “Mancha”, nome adotado por Sandro, foi o protagonista de um dos assaltos mais impactantes, tanto pelo despreparo da policia, quanto pelo seu resultado.

Foram quase 5 horas dentre o anúncio do assalto até o seu fim. Findada a morte da professora Geisa, gravida de dois meses, Mancha foi levado para dentro da viatura. Enquanto a população, revoltada, queria linchá-lo, a policia, dentro do veículo, o mata asfixiado. Ao alegar a morte acidental, os policiais foram julgados e inocentados.

O trágico ocorrido remete a um dos pensamentos de Marx: as condições materiais de existência. Sandro nasceu em um sistema capitalista em que o dinheiro compra tudo, até mesmo a felicidade. Na infância, viu sua mãe morrer por uma falha de segurança do Estado e não obteve a oportunidade de regeração pelo ensino necessário. Quando adolecente, viciado e drogas, não possuiu o tratamento preciso para se livrar das mesma, entrando de vez no crime. Quando adulto, apenas continuou a viver a vida como o habitual desde a juventude.

De fato, ao analisar a vida de todos os Sandros com a de outras pessoas de classses sociais mais altas, percebe-se a não isonomia. A falta de condições materiais levam a não concretização do processo. Uma consequência triste do capitalismo selvagem em que vivemos.

Mais Sandros surgirão, mais Geisas serão mortas. Mas uma coisa será constante: o sangue dos inocentes estará nas mão do capitalismo sujo em que vivemos.




Luísa Lisbôa Guedes 1º ano Direito Diurno

Do chão à razão



            Com nova perspectiva acerca do modo de visualizar o mundo, o socialismo marxista trouxe consigo a ideia de pensar a realidade a partir do que há de material, isto é, partir das condições reais às teorias. Assim, as condições materiais envolveriam a liberdade, seja para expandi-la ou limitá-la. Dado este novo método, cabe aos agentes do direito a reflexão quanto à sua utilidade e aplicação.
            Embates sociais em que é possível notar a dialética marxiana acontecendo envolvem o direito, dado que este, no contexto da sociedade capitalista, é uma simbologia da dialética – ele emerge e se modifica através das lutas econômico-sociais.
            Uma manifestação social que vem levantando questões quanto ao reflexo da realidade no exercício dos direitos são as mobilizações por passe livre.
 
             Nessas manifestações, há exemplo de tese (aumento do passe para manter o lucro das empresas), antítese (corrosão do salário do trabalhador, dificuldade de locomoção dentro das cidades por razões puramente econômicas, questionamentos acerca da aplicação de recursos públicos) e, finalmente, síntese (aquilo que será feito pelo Estado frente às pressões).  
Neste contexto, é interessante ao direito refletir qual o poder real de exercício de alguns direitos advém da possibilidade econômica dos sujeitos. Do legislativo ao judiciário, é razoável ao menos que se pense acerca do sujeito ou dos interesses que envolvem os direitos, utilizando métodos apontados pelo socialismo científico.

Tatiane E. Lima - 1º ano Direito - Matutino

Carta aberta a Marx

         Caro Marx, 
por aqui tudo vai meio esquisito. Esse novo século trouxe consigo gradativas mudanças. Estamos no auge do Capitalismo e pensei o quanto você não iria querer ver isso. Me perdoe jogar essa notícia tão friamente e sem preparos prévios, mas creio que por aqui não há lugar para embromações. Aqui nesse século a vida anda muito dissimulada, corrida, disputada e egoísta. As pessoas cada vez mais se enfiam numa zona isolada em si mesmas, não conseguem sentir a dor do outro - na verdade acho que não querem. Isso é assunto pra outro dia. As últimas notícias que você tem acredito que seja da Inglaterra na Revolução Industrial, se eu te contasse como Capitalismo dominou o mundo é provável que você ficasse um pouco perplexo - não tanto, porque você já havia previsto. Estamos vivendo uma ditadura e antes que você se alegre...Não, não é a do proletariado. É a do Capitalismo. Temos uma nova ética para ser seguida - a burguesa. Vou te dar um exemplo acompanhado de um breve resumo. 
          Nós tivemos uma Guerra aqui, devastadora, chamada de Segunda Guerra (a primeira também foi, mas ela serviu mesmo pra desencadear a segunda). Após seu fim, duas potências se emergiram: os Estados Unidos e a URSS. O primeiro representava a ordem Capitalista e o segundo, a Socialista. Sim, o mundo ficou dividido entre dois blocos econômicos e o socialista era um deles. Mas não se alegre de novo...Não seguiram fielmente suas idéias...Não queria te contar, mas deturparam-nas. Na URSS eles diziam seguir seus ensinamentos, mas, como posso dizer? Lá todos eram iguais, mas uns eram mais iguais que outros. Em meio a ameaças, mísseis, iminência de guerras, corridas armamentistas e espaciais...O Capitalismo venceu. E desde então o despotismo do Capital tomou conta, os países que eram socialistas se converteram à nova ordem,já outros se esfacelaram...um caos. Mas ele sobreviveu. Entretanto, tivemos algumas resistências antes do fim dessa bipolaridade. Um belo exemplo disso chama-se Cuba. Uma ilhazinha ali na América Central que queria continuar tranquila com o sistema socialista, até que o Big Stick resolveu atacar por todos os lados e influenciar o máximo que desse - coisas que o capitalismo faz mesmo. Houve uma revolução e um mínimo de relações que foram construídas por Fulgêncio Batista se quebraram completamente, e Cuba se aliou definitivamente com a URSS. A crise dos mísseis acabou de vez com a relação Cuba-EUA. Ninguém imaginaria como o boicote da máxima expressão do capitalismo poderia devastar um país. Cuba foi engolida pela nova ordem, sem comércio, sem relações exteriores, sem pactos internacionais...Era como se Cuba não existisse. Estamos em 2017 mas posso dizer que eles ainda vivem em 1960. Há pena de extinção se não for adotado o modo de produção burguês atualmente. Toda essa história pra te contar que não tem como fugir, quer dizer, até tem, mas só se a gente não se importar em parar no tempo. O poder saiu do campo econômico e se fundiu ao campo político, tudo está entrelaçado e se voltar contra isso seria loucura. Então, por favor, entenda. Não estamos seguindo a ética capitalista porque ela é melhor ou isso ou aquilo - estamos o fazendo porque somos compilados a isso. A nossa liberdade se dá DENTRO DESSE SISTEMA, ou seja, somos livres desde que aderidos a ele. Se formos criar nossa propria liberdade e tentarmos ganhar a vida seguindo nossos ideais...Já podemos pegar nossas malas e passearmos de Chevy Bel Air pelas ruas cubanas.
           Triste, né? Mas você também havia previsto, se eu não me engano, que todo sistema tem um fim. Não foi dessa vez que o socialismo tomou conta ou que suas ideias tiverem perfeita aderência. Mas não fica assim não, tá? Eles mesmos deram o poder e as armas para que um dia isso tudo se craquelasse. Ainda vou te escrever outra carta, bem feliz, prometo, dizendo que estamos a um passo do comunismo, que o operariado finalmente acordou pra vida e cansou de ser explorado, que o mais-valia deixou de ser um carma, que todo mundo é dono dos meios de produção...vou até de falar que a gente tá tão civilizado que nem precisa mais de Estado enchendo nosso saco. Só espero que você tenha um tiquinho de paciência. 
            Espero respostas suas. 


Att., Carol.

Ana Carolina Santos Ribeiro - 1 ano direito diurno




Atuais até quando?

     Como bem destacaram Karl Marx e Friedrich Engels, a história da humanidade é caracterizada por um ciclo de acontecimentos. Embora os dois pensadores tenham chegado a tal conclusão analisando os eventos ocorridos até a segunda metade do século XIX, ela é, ainda, muito atual. Isto é, ao afirmarem que o modo de produção capitalista desencadeia picos de produção e venda seguidos por crises econômicas constantemente, até aquele momento, não tinham presenciado o grande crash da bolsa de valores de Nova Iorque em 1929, desencadeando a crise que durou até 1933 e atingiu todos os Estados capitalistas da época, nem a crise econômica que perdurou de 1997 a 2001, tampouco a iniciada em 2008; eles apenas estavam vivenciando a longa crise das economias industriais europeias que se iniciou em 1876 e durou até 1893. Todas estas crises decorreram de um aumento desenfreado das margens de lucros em detrimento da capacidade de comprar e consumir das sociedades.
     Dessa forma, para a dupla, com o intuito de se evitar que aconteçam mais crises capitalistas, as quais derrubam mais ainda a classe trabalhadora desfavorecida, ou seja, o proletariado, os pertencentes a este deveriam juntar-se e destronar o modo de produção vigente desde o final da Idade Média, instalando o socialismo e, sem seguida, o comunismo, que pretende promover o estabelecimento de uma sociedade igualitária, sem classes sociais e apátrida, baseada na propriedade comum dos meios de produção.
     De acordo com Marx e Engels, o capitalismo é injusto, pois uma pequena parte da população, a burguesia, detém a maior parte dos meios de produção, além de não dar espaço aos pequenos burgueses e os seus comércios. Para terem tanto poder, utilizam-se da mais-valia, a qual consiste na diferença entre o valor gerado pelo trabalho e o pago ao trabalhador pela sua realização. Atualmente, de acordo com pesquisas realizadas recentemente, foi comprovado que as marcas Nestlé, Carrefour, Zara, Hershey’s, Nike, Apple, Coca-Cola, Victoria’s Secret e Forever 21 submetem os seus trabalhadores a condições próximas à de escravidão com o fim de produzirem e venderem mais, tendo pouquíssimos gastos com a manutenção do operariado. Ao fazerem isso, conquistam o mercado de todo o globo terrestre, como afirmado por Engels em “O manifesto do partido comunista”: “Em lugar das antigas necessidades, satisfeitas pela produção do país, encontramos novas necessidades, exigindo, para satisfazê-las, produtos de terras e climas distantes. No lugar da antiga reclusão e autossuficiência local e nacional, temos conexões em todas as direções, uma interdependência universal.”.
     Eles propõem, assim, que acabem com o capitalismo para todos terem boas e iguais condições de vida. Além disso, Marx afirma que esse modo de produção aliena os indivíduos e que todas as instituições nele presentes o reforçam: o direito, diferentemente do que afirmava Hegel, media as relações apenas entre os iguais, e não entre todos; seria necessário que todos fossem iguais para que o direito garantisse a total igualdade entre os cidadãos. O ideal, portanto, seria que se extinguisse a exploração do homem pelo homem.

Bruna Benzi Bertolletti - 1º ano direito diurno

O MUNDO É INÓSPITO À EDUCAÇÃO

            É do conhecimento do senso comum que a educação é um problema latente no Brasil, contudo pouco se fala de como algumas Universidades com fins lucrativos alienam seus alunos com a simples finalidade de acúmulo de capital.
            Em 2014, a empresa que mais recebeu dinheiro do governo foi a Kroton Educacional S.A., maior empresa de ensino privado do mundo, com cerca de 1 milhão de alunos distribuídos entre a Anhanguera, LFG, Unic, Unime, Uniderp. O crescimento dessa Instituição deu-se principalmente pela exploração da falta de controle do FIES: “Em 2016, a receita liquida somou R$ 5,24 bilhões”- (Valor Econômico, 22 de Março de 2017), o que representa quase 1 bilhão a mais do que a somatória de todos os  gastos de água, energia e segurança das Universidades Federais do Brasil em 2017, como mostra notícia da Gazeta do povo em 13 de agosto de 2017.Por essa análise, a grande questão é que tal cenário objetiva somente o lucro e, portanto, cria mecanismos de barateamento da graduação para a Instituição, como disciplinas à distância, enquanto os alunos não tem acesso à qualidade de ensino merecida.   
            Tendo em vista tal problemática, tomamos a visão de Marx sobre o Materialismo Histórico como base para discutir como esse tipo de ensino é um meio alienador e intensificador das desigualdades.
            Em primeiro lugar, é fundamental entender como conceito de “classes sociais” aqueles indivíduos que possuem mesma situação econômica e o mesmo acesso aos meios de produção, sendo estes relacionados às formas de criação dos bens de consumo que existem em uma sociedade. Pensando nisso, a importância dada por Marx a esse quesito justifica-se, segundo a sua teoria, pelo impacto que a situação econômica de um sujeito tem em sua trajetória de formação. Pois, é inegável que aqueles que possuem maior condição econômica também possuem maior número de oportunidades de manter-se em melhor condição material. Já aqueles desprovidos das mesmas oportunidades enfrentam dificuldades superiores de ascensão na escala social.
Marx refere-se a essa condição do mundo social humano como “concepção materialista da história”, uma perspectiva que atribui grande peso à condição material do indivíduo nos processos que determinam os aspectos da sua vida. Isso quer dizer que tal concepção materialista da história atribui fenômenos sociais à condição material do sujeito, que se desdobram em várias camadas diferentes do nosso mundo social.  
      Segundo o site da revista Exame, em 18 de Janeiro de 2017, de 2010 à 2015 o lucro da Kroton cresceu 22.130%. Sendo assim, paralelo visão de Marx, Universidades que enxergam seus alunos como clientes e não retornam o ensino adequado para sua inserção e ascendência socioeconômica não exercem sua função de minimizar as desigualdades, promovendo uma eterna luta de classes e institucionalizando a “violência”.
            Acrescenta-se, por fim, que para os materialistas, está nesse cenário a função das cotas socioeconômicas, a fim de garantir educação de qualidade de forma gratuita para que funcione, na prática, o princípio da Isonomia. Isso porque, há um desnivelamento real entre a rede de ensino publica e privada, não proporcionando as mesmas bases para uma concorrência justa. Diante disso, segundo Marx, não seriam os valores ou as ideias que motivariam as mudanças sociais de nosso mundo, mas sim a situação das classes dessa sociedade, criando-se assim mecanismos que supram a desigualdade e proporcionem o acesso a um Ensino Superior que lhes permitam crescer, sem ser preciso estar à mercê da exploração e alienação, apenas como fator de enriquecimento de uma minoria.

Giovanna Menato Pasquini, 1º Direito, Matutino. 

Geração coxinha

Fruto da geração Coca-Cola
Renato Russo apostou em mim para a mudança da nação
Todavia, desde sempre, impuseram-me padrões,
“Aceite as condições e se põe em seu lugar”
Desde então, tentei me rebelar e sonhar
Fui reprimida e atropelada
Descobri que quem detém mais vai comandar
Mas, mesmo assim, não tiraram de mim o direito de pensar
Vejo uma sociedade burguesa, feroz, quando se trata do capital
E desumana quando se trata do próximo
Que mente, engana, corrompe-se
Manipula, pro proletário não contestar,
Assim, somos ensinados simplesmente a aceitar
Sinto-me mecanizada, adestrada, um robô de carne e osso
O desemprego instaura-se, famílias são desmanteladas,
E ouço “Não fale em crise, trabalhe”
A educação pública segue afundando-se,
O governo está conseguindo formar seres não pensantes,
A sociedade segue em ordem e regresso
A lei não garante igualdade, pune aqueles que não tem propriedades
Como acreditar num futuro melhor diante de tanta desigualdade?
O conformismo instaurou-se,
Geração coxinha inaugurou-se
Questiono-me, como transformar a realidade?
Desilusão diante de tantas disparidades

Bruna Maria Modesto Ribeiro 1º Direito Diurno

O REDUCIONISMO MARXISTA: CONDUTOR DE UTOPIAS E AUTORITARISMOS

     Generalizadamente, a esquerda adota um discurso variável conforme as circunstâncias conjunturais e históricas vividas: a sua subida ao poder é historicamente justificada segundo os meios distintos que se apresentam em cada experiência daquilo que ela mesma chama de “socialismo real”. De fato, por mais díspares que se apresentem seus discursos, o grupo autodenominado como a esquerda de sua época arroga para si- ressalte-se: generalizadamente-, o título de advogado do marxismo como se apresentara na época de seu surgimento. Ora, é certo que a metodologia marxista tem-se aplicado de modos distintos nos grupos distintos que a defendem, porém a mesma guarda essências fundantes de sua existência que se ramifica para os mais variados saberes amalgamando-se àqueles de natureza filosófica, sociológica, antropológica, histórica, jurídica e outras mais. As essencialidades do pensamento marxista devem ser, pois, objeto de apreciação enquanto tais, despidas das interpretações que escolas marxistas quiseram delas fazer especificamente em seus contextos históricos. Com isso, decerto tem-se maior concretude daquilo que seria o pensamento marxista de per si, viabilizando sua interpretação no momento presente. Não se discute aqui a inépcia econômica do socialismo, mas cruamente uma analogia entre a realidade sociológica e as ideias que Friedrich Engels e Karl Marx apresentaram em sua época.
     Inicialmente, parta-se do estudo comparativo efetuado por Engels entre o que ele chama socialismo utópico e socialismo científico. O autor critica os mentores do socialismo após a Revolução Francesa chegando a falar que suas ideias se degeneravam em “puras fantasias”. Engels critica um pensamento metafísico que seria a base dos socialistas utópicos surgindo classificações do autor como “reino da utopia”, “fantasias que hoje parecem provocar risos” e “cúmulo de disparates”. Decerto, pelo que logicamente se conclui, a metodologia marxista estaria, portanto, assentada na objetividade, no realismo e na cientificidade de seu saber, longe de quaisquer utopias. Trata-se de um reducionismo deveras estranho quando se compara a suposta objetividade e realismo com as aplicações feitas dessa sistemática cognominada por si como científica. Não é preciso recorrer às atrocidades genocidas dos soviéticos, dos chineses, vietcongues, cambojanos ou de quaisquer outros países socialistas para constatá-lo. Os governos que antecederam por 13 anos o atual subiram ao poder com promessas, dentre as quais estava a erradicação da pobreza no Brasil. Entretanto, não parece que mergulhar o país em um estado de recessão econômica e desemprego seja das mais científicas e realistas consequências que poderiam ser previstas pelo autor.
       Ademais, não só acerca das utopias criticadas por Engels o marxismo toma para si a bandeira em prol do materialismo. Este tende a se aplicar metodologicamente em tudo quanto seria possível, não sem razão as relações econômicas sejam tão importantes para os autores do marxismo. Isto, acrescente-se, também é genericamente presente nas distintas obras em que o marxismo se expõe enquanto tal. As ideias sobre o sistema de produção capitalista estão presentes desde as análises críticas do Direito em Hegel até o Manifesto do Partido Comunista. Questiona-se: que realismo há em defender o materialismo como única fonte de análise da realidade? O próprio Marx repisa a ideia de que as situações vividas socialmente são fruto da ideologia vigente em sua época. É de se corroborar, assim, a ideia de que Marx estaria tendo suas ideias a partir do sistema vigorante, dado ser assaz fantasioso crê-lo como único desvinculado do sistema em que vivia. E, por óbvio, havia influência das ideologias da época, verifica-se que desde o fim da Idade Média, a humanidade tem tendido filosoficamente para um maior grau de dessacralização do saber, no sentido de que apenas a matéria e a ciência são aceitáveis para a apreciação da realidade. O marxismo tende a se apresentar como ápice desse processo histórico, não acabado, sem dúvida, o nacional-socialismo também mais a frente defenderia a ciência como justificativa para sua existência. Mas o método implícito nas obras de Marx e Engels que se apresenta como uma reafirmação da dialética hegeliana, mas arrogando para si o status de materialista, tende a confluir num exclusivismo nada saudável para se analisar a sociedade e o meio em geral.
       A fixação pela análise da realidade como uma constante dicotomia materialista- a ideia de luta de classes o explicita- faz do método marxista reducionista e autoritário, pois sua aplicação social sempre cairá, de alguma forma, na ideia de grupos que devem ser retirados para se instaurar a ditadura do proletariado. Não é estranho o discurso autocontraditório- pois prega uma situação de união social, mas ressaltando a incompatibilidade entre os entes sociais- constantemente feito pela oposição brasileira de que o país está sendo entregue às “elites”, ao “grande capital”, aos “imperialistas”, aos “fascistas”, aos “poderosos” ou quaisquer outros adjetivos que se possa discricionariamente criar em nome da divisão social. O caso do Direito é emblemático: mesmo Hegel tendo dito que o paradigma do saber jurídico é a liberdade, o marxismo reiterará a ideia de uma dualidade entre uns dominantes e outros dominados, esvaziando, com isso, todo um desenvolver histórico pelo qual o Direito passou e calcou suas bases. E em tudo aquilo em que se tenta assentar o marxismo, os princípios basilares de oposição e materialismo estarão sempre presentes, por mais diverso e prolixo que se demonstre o discurso, como no caso do próprio Direito em que se tenta criticar o caráter especulativo dessa ciência, em outros termos, o seu caráter não materialista.
       É conclusivo salientar: o pensamento metodológico marxista é eminentemente reducionista, exclusivista e fechado. A despeito do discurso que muitos de seus defensores têm de uma suposta abertura ao mundo dos marginalizados, na verdade, seu pensamento é puramente materialista e, portanto, inumano. A crítica marxista à religião classificando-a como “ópio do povo” recrudesce a ojeriza ao pensamento metafísico e o próprio Marx diz “É com razão, pois, que o partido político prático na Alemanha exige a negação da filosofia.”. A conclusão patente será a de que o marxismo reduz a história, o direito, a filosofia e todos os saberes humanos à sua constante dual materialista. Ao dizer-se concreto o socialismo científico tão somente conduz à utopia, em vista de seu reducionismo metodológico que conflui em inaplicabilidade prática. Por fim, vale ressaltar este ponto: a busca pelo socialismo científico, de fato, nunca conduziu ao mesmo sem contrariar fatores da própria natureza humana que devem ser levados em consideração, desde sua espiritualidade à sua objetividade física. A exclusão desse pragmatismo nas análises marxistas é um percalço a se encarar, pois conduz ao autoritarismo, maneira única de se alçar à utopia que o marxismo demonstrara, já que sua análise histórica errou e não conduziu ao comunismo como predizia. Com isso, a única saída para o marxismo seria a retração da ordem nas instituições alcançando seu escopo na força, daí poder concluir-se o descarte dessa forma de pensamento para fins práticos.
      Enfim, vê-se, pois, que nem se elencou aqui as variantes desenvolvidas historicamente- social-democracia, socialismo fabiano, menchevismo, Escola de Frankfurt, Gramsci-, mas tão somente a essência que é intrínseca ao marxismo. A história e o presente são demonstrativos daquilo a que conduz o marxismo: a busca da utopia contra a própria realidade que só se modificaria, então, pelo uso da força. Assim, como se vê, não sem razão os partidos da oposição sentem-se tão atraídos e tão vislumbrados na defesa de regimes ditatoriais.


Gustavo de Oliveira- 1º ano noturno