Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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segunda-feira, 27 de junho de 2011
Um chamado para a revolução
Nessa obra, há a intenção de manifestar todas as contradições existentes no sistema capitalista desenvolvidos partir das revoluções burguesas. Mesmo com um caráter fortemente crítico, é enaltecido pelos autores alguns pontos importantes desse capitalismo, entre eles e primordialmente, a sua capacidade de produzir da forma mais eficiente já vista, gerando em pouco tempo mais riquezas do que todos os outros sistemas de produção juntos foram capazes.
Porém, dessa mesma característica, resultou a grande contradição do capitalismo, em que, pela primeira vez, as crises eram de superprodução e não de carências de produtos, ao passo que a classe trabalhadora recebia o mínimo para sobreviver, atuando de forma indigna, sem qualquer tipo de direito à participação na abundância gerada pelo capitalismo, ao contrário, essa era obrigada a viver sob condições cada vez mais insustentáveis.
A partir dessa situação de completo abandono vivida pelo operariado, seria possível executar a solução final objetivada pelo marxismo: A revolução do proletariado.
Na obra, Marx e Engels expõem o programa polítco comunista após a tomada do poder. É perceptível a princípio, um caráter ditatorial nesse regime, já que alguns objetivos, como o fim da propriedade privada, exigem atitudes autoritárias, porém, segundo os autores, com o avançar do regime comunista e a decorrente supressão das classes, o próprio Estado se fará desnecessário.
Para que a revolução final seja efetivada, o proletariado necessita de uma situação favorável. O momento exato da revolução é aquele de pleno desenvolvimento do capitalismo, no qual a opressão sobre o proletariado é máxima. Para Engels e Marx, a burguesia utilizou diversas "armas" para superar o antigo sistema feudal, porém, essas mesmas armas servirão ao proletariado para sua organização e finalmente a efetivação da grande revolução.
O texto é atual em diversos pontos como quando cita as contradições capitalistas, porém algumas outras questões expostas são discutíveis. Um exemplo está na observação feita em relação ao Direito. Para Marx e Engels, o direito é mais uma ferramenta da burguesia que possui a função única de manter a elite capitalista à frente do poder. No entanto, hoje em dia é notável a atuação do Direito na intenção de integrar de forma gradual a sociedade através de políticas de inclusão, além de esforços para atenuar as consequências de erros cometidos no passado.
Como observação final, é importante a percepção de que a intenção de Marx e Engels no "Manifesto do Partido Comunista" não era simplesmente expor um conceito sociológico e filosófico, muito mais do que isso, objetivavam convocar toda a classe trabalhadora para a construção de uma nova fase na história da humanidade. Tudo isso fica explanado na simbólica frase final: "proletariado de todos os países, uni-vos."
FILME PONTO DE MUTAÇÃO: Do cartesianismo à Física Quântica.
Na sociologia, o cartesianismo ganhou força com René Descartes, que inspirado pelos avanços newtonianos na física e na matemática, propôs um modelo de condução do pensamento humano que se baseasse numa certeza quase que matemática.
Tudo bem para um começo de organização. Mas a sociologia não poderia ficar presa ao cartesianismo por muito tempo. Não que o método estivesse incorreto - era necessário e trouxe uma dose de confiabilidade às ciências sociais. O problema é que Newton não estava completamente correto. Ao fragmentar os problemas matemáticos para buscar uma solução, o grande físico perdeu a visão sistêmica e suas leis físicas foram insuficientes para a explicação de diversos problemas. Por séculos outros físicos acreditaram que a física newtoniana era definitiva, até que surgiu Max Planck e inaugurou a Física Quântica, que foi um modelo revolucionário de pensar natureza, numa metodologia que trouxe a aleatoriedade e a incerteza a uma ciência que era completamente cartesiana até então.
Movimento semelhante aconteceu nas ciências sociais. O cartesianismo precisou ser revisto à medida que os cientistas sociais amadureceram seu modo de pensar ao longo dos séculos, surgindo novas metodologias que visavam explicar fatos sociais que não seriam analisados adequadamente de acordo com a metodologia cartesiana.
É esse o ponto de mutação: é o ponto onde há o encontro do cartesianismo analítico ocidental, com a visão holística oriental. É o ponto onde ambos métodos se encontrassem, complementando mutuamente seus limites. O resultado seria o engrandecimento das ciências.
No final, inclusive, uma das personagens deixa claro sua preferência por uma ciência mais abrangente, que não "picote as coisas" mas que observe os sistemas vivos como um todo. É essa a ciência desejada por Capra.
O positivismo e a sociologia de Augusto Comte
O nome do pensador francês Augusto Comte está indissociavelmente ligado ao positivismo, corrente filosófica que ele fundou com o objetivo de reorganizar o conhecimento humano. Comte também é considerado o grande sistematizador da sociologia.
Um dos fundamentos do positivismo é a idéia de que tudo o que se refere ao saber humano pode ser sistematizado segundo os princípios adotados como critério de verdade para as ciências exatas e biológicas. Isso se aplicaria também aos fenômenos sociais, que deveriam ser reduzidos a leis gerais como as da física.
A partir da percepção do progresso humano, Comte formulou a Lei dos Três Estados. Observando a evolução das concepções intelectuais da humanidade, Comte percebeu que essa evolução passa por três estados teóricos diferentes: o estado 'teológico' ou 'fictício', o estado 'metafísico' ou 'abstrato' e o estado 'científico' ou 'positivo', em que:
- No primeiro, os fatos observados são explicados pelo sobrenatural, por entidades cuja vontade arbitrária comanda a realidade. Assim, busca-se o absoluto e as causas primeiras e finais ("De onde vim? Para onde vou?").
- No segundo, já se passa a pesquisar diretamente a realidade, mas ainda há a presença do sobrenatural, de modo que a metafísica é uma transição entre a teologia e a positividade.
- No terceiro, ocorre o apogeu do que os dois anteriores prepararam progressivamente. Neste, os fatos são explicados segundo leis gerais abstratas, de ordem inteiramente positiva, em que se deixa de lado o absoluto (que é inacessível) e busca-se o relativo. A par disso, atividade pacífica e industrial torna-se preponderante, com as diversas nações colaborando entre si.
Adotando os critérios histórico e sistemático, outras ciências abstratas antes da Sociologia, segundo Comte, atingiram a positividade: a Matemática, a Astronomia, a Física, a Química e a Biologia. Assim como nessas ciências, em sua nova ciência inicialmente chamada de física social e posteriormente Sociologia, Comte usaria a observação, a experimentação, da comparação e a classificação como métodos para a compreensão (isto é, para conhecimento) da realidade social.
Para Comte, a análise científica aplicada à sociedade é o cerne da sociologia, cujo objetivo seria o planejamento da organização social e política, e que levaria ao progresso da sociedade.
O MARXISMO E A IGUALDADE MATERIAL
Na Obra “O Manifesto Comunista” Marx e Engels explicam sua teoria sobre o desenvolvimento da sociedade: O materialismo histórico. Segundo o materialismo histórico, o motor da sociedade é a economia, ela é a estrutura da qual deriva toda a superestrutura social (Direito, Religião, Cultura, Costumes, etc). E essa economia, é basicamente caracterizada pela divisão da sociedade em classes desiguais. A história, portanto, nada mais é do que a história da luta de classes.
Com o surgimento da burguesia e melhora técnica dos meios de produção, a exploração de uma classe sobre a outra se intensificou. O mundo moderno fora dividido em burgueses e proletários, opressores e oprimidos. Marx previu o colapso do sistema capitalista através de sua teoria acerca da forma de rotação do capital: o uso cada vez maior de máquinas em lugar de trabalhadores e o rápido desgaste moral dessas máquinas levariam à diminuição da taxa de lucro e à expropriação dos pequenos capitalistas. A acumulação seria, então, acelerada e a formação de novos capitais independentes (base do sistema capitalista) tornar-se-ia cada vez mais difícil.
A previsão de Marx não se confirmou, a revolução socialista não ocorreu nos lugares previstos e nos Estados em que aconteceu não logrou seu objetivo. O pensamento marxista, no entanto, é muito útil ainda hoje para compreendermos a realidade e os mecanismos que movem o mundo, ele foi o responsável pelas críticas ao capitalismo de maior precisão e efeito. Pode se dizer que os pensadores hoje dividem-se em marxistas e não-marxistas, uma divisão inclusive de valores: igualdade material x liberdade.
AS MÁQUINAS E O CONTEXTO ATUAL
No capítulo: a maquinaria e a indústria moderna do livro O capital, Karl Marx analisa o papel do capital fixo (máquinas) nas relações de trabalho. As máquinas surgem com o objetivo de baratear as mercadorias, fazer com que a remuneração do trabalhador corresponda a cada vez menor fração de seu trabalho, aumentando, portanto, a mais valia e o lucro.
Essas máquinas nos acompanham até os dias de hoje, cada vez menores, fazem parte do nosso cotidiano de tal maneira que é impossível pensar o mundo atual com a sua ausência. Nesse texto, Marx aponta as relações do emprego dos primeiros equipamentos com o processo produtivo e como eles transformavam toda a sociedade.
Naquela época, o autor aponta problemas tais como a exploração cada vez maior do trabalhador em função do excesso de contingente de população apta a produção e a ‘venda’ de trabalho que passava a se estender à mulher e aos filhos. O salário, quantidade de dinheiro necessário à sobrevivência da família do trabalhador, agora se dividia entre toda a família.
Atualmente, pode-se perceber um novo tipo de desgaste da tecnologia, não é mais o desgaste físico que impera no contexto capitalista e sim o desgaste moral. As máquinas tornam-se obsoletas cada vez mais rápido, o que exige cada vez mais investimentos nesse setor.
Fábio Augusto Ferreira, 1º DN
O conhecimento científico da realidade social
Max Weber, em sua obra A “objetividade” Do conhecimento na Ciência Social e na Ciência Política, parte da observação da redação da Revista Arquivo, que afirma ser uma revista totalmente científica para discutir acerca da validade dos Juízos de valor quando empregadas em ações sociais. Para ele, os Juízos de valor não podem ser extraídos de análises científicas por serem provenientes da subjetividade do pesquisador. Assim, a ciência empírica não poderia nos fornecer normas obrigatórias que seriam postas em prática. Segundo Weber, a Revista teria procurado obter efetivamente normas práticas de validade científica, para que exista a competência de diferenciar entre conhecer e julgar tanto do dever científico de ver a verdade dos fatos, como do dever prático de aderir aos próprios ideais. Ele defende a ideia de que nenhuma análise científica da vida cultural seria totalmente objetiva e parcial, desde o momento da seleção do objeto de pesquisa até o de análise e exposição da conclusão.
A função da Ciência social seria investigar o sentido da ação social e os valores que regem cada fenômeno, o caráter de cada ação, orientando-se tanto no sentido histórico quanto no da reconstrução conceitual das instituições sociais e do seu funcionamento.
O Espírito do capitalismo, a Ética do capitalismo.
Nesse caso, é preciso situar as diferenças existentes entre os espíritos capitalista e o pré-capitalista; e Weber aponta para pontos decisivos nos quais estas diferenças se manifestam.
O espírito pré-capitalista pode ser ilustrado pelos holandeses que, dado à voracidade em ganhar altas somas de dinheiro, e não fazendo uso dos mecanismos racionais verificados atualmente nas grandes empresas capitalistas, enriqueceram-se; são tais fatos que explicam, segundo Weber, a breve hegemonia econômica holandesa num determinado período da história ocidental, mais especificamente quando da ocupação pelos europeus do continente americano. Em linhas gerais, o espírito do capitalismo exige não somente o acúmulo monetário, mas indivíduos inclinados a negócios, disciplinados, igualmente no que se refere à utilização racional do capital, bem como "trabalhadores conscientizados" a produzir cada vez mais, objetivando "melhorar de vida", em detrimento à concepção de vida que se traduz em trabalhar para ganhar o suficiente para viver. Assim, o espírito capitalista e a determinação econômica inspiram uma luta constante sobre qualquer tradicionalismo econômico. Porém, partindo-se do princípio de que a classe dominante, isto é, a burguesia, é quem determina as medidas de aplicação salarial aos trabalhadores, são os últimos que exercerão, portanto, o papel de subserviência a tal conjunto de medidas capitalistas. No caso do surgimento de uma reação contrária, por parte dos trabalhadores, frente a tais arbitrariedades emanadas do poder burguês, o espírito do capitalismo convence as consciências de que o trabalho deve ser concebido como um fim absoluto, ou melhor, como uma "vocação", distanciando, desse modo, as preocupações dos trabalhadores com respeito às questões salariais. O referido mecanismo, nesse caso, deita raízes no processo educacional do protestantismo, que se torna um poderoso aliado do capitalismo, na medida em que a referida educação caracteriza-se por se mesclar com os conceitos fundamentais do protestantismo. Resumidamente, podemos nomear este mecanismo como uma tríade composta pelos seguintes termos: educação-econômico-religiosa, propiciando, desse modo, a formação de um quadro de funcionários com alto grau de concentração mental, fato que, conseqüentemente, determinará uma maior produtividade no mundo do trabalho. Eis, então, a gênese do espírito capitalista.
Outras importantes particularidades são mencionadas por Max Weber. Dentre elas, a dos grandes empreendedores que, aplicando métodos específicos e eficazes de racionalização, aproximam-se dos consumidores por intermédio de certos princípios, como por exemplo, "baixos preços", estimulando, desse modo, nos consumidores, o hábito do consumo e da aquisição material. Em contrapartida, cria-se o terreno propício para a luta contra os concorrentes, no qual as políticas econômicas de "baixos preços" e de "grandes giros" prevalecem e serão decisivas no que se relaciona à destruição do concorrente comercial mais fraco. Por meio de tais procedimentos, as fortunas adquiridas são reinvestidas em negócios, jamais favoráveis aos concorrentes, visando, sobretudo, a obtenção de lucros mediante a aplicação de juros sobre os empréstimos.
Neste ponto, Weber assinala que não foi o investimento maciço de capital injetado nas indústrias que propiciou tal estado de coisas, mas o surgimento do espírito do capitalismo moderno. Consoante argumento acima exposto, Weber afirma que onde se encontra este "espírito" surge o próprio capital, sem a necessidade de uma acumulação primitiva. Isto mais se evidencia ao situarmos o conjunto das particularidades e das qualidades éticas pessoais do empreendedor capitalista que se resume no seguinte: num primeiro momento, ele catalisa a atenção de fregueses e de trabalhadores. Geralmente, trata-se de um homem que lutou na "dura escola da vida", portanto, um indivíduo tipicamente regido pela mentalidade burguesa. Num determinado momento, ele se afasta da religião, pois os negócios e o trabalho, ambos contínuos, absorvem todo o tempo livre do referido empreendedor. Tudo isto acompanhado de um forte desejo de considerações alheias, tendo em vista o intuito de adquirir a atenção de poderes ilimitados. Por tais fatores, o modo de vida do empreendedor capitalista adquire novos hábitos, cujos gastos desnecessários são eliminados, nada extraindo da própria fortuna e sempre "alegando" encontrar-se o patrimônio financeiro destinado para o futuro dos filhos ou dos netos. Esta posição oferece-lhe a sensação irracional de estar cumprindo com a sua tarefa. O sentimento religioso do empreendedor capitalista é descartado, bem como o protecionismo do Estado sobre os seus próprios negócios. Desse modo, as antigas bases do capitalismo, sustentadas pelo Estado e pela Igreja, com o aparecimento do "espírito" do capitalismo, têm as suas determinações negadas. Trata-se do rompimento definitivo com o que Weber denomina de tradicionalismo econômico.
As verdades objetivamente válidas nas ciências que se ocupam da vida "cultural".
Nesse sentido, ao defender seu posicionamento, Weber rejeitará a ideia de que a ciência empírica pode proporcionar normas e ideais obrigatórios, das quais possam ser transposta em formas para a prática. Ou seja, os Juízos de valor – o que deve ser – não devem ser extraídos das analises cientificas, isso, deve-se ao fato de que são originárias da subjetividade do pesquisador. Com isso, questiona-se o significado e a proposta crítica científica dos ideais e dos Juízos de valor.
Todas as afinidades que envolvem a ação humana dentro da ciência relacionam-se com as categorias de “fim” e “meio”. Assim, deve-se pensar se os meios científicos utilizados serão apropriados para atingir a finalidade. Pode-se durante o trajeto, ponderar acerca do objetivo e, ainda, comprovar e constatar as conseqüências dos meios empregados. Destarte, os atores poderão prever os “custos” dos meios para atingir o fim pretendido e, para Weber, este é um dos pontos principais, pois, já não cabe à ciência o papel ponderador dos recursos a serem aplicados. A ciência auxilia na conscientização da ação – escolha de determinados valores e rejeite de outros –, porém, inabilitada de tomar decisão, cujo caráter é completamente pessoal.
Assim sendo, Weber apresentará o significado daquilo que é o “objeto” da pretensão. Porém, não se deve contar apenas com a compreensão dos fins pretendidos e, também, com os ideais que estão em seu fundamento para uma abordagem científica acerca dos juízos de valor. Portanto, será preciso avaliá-los criticamente. Consiste esta, numa crítica dialética que, de um lado, é proporcionada numa avaliação lógico-formal do material que se apresenta nos juízos de valor e nas idéias historicamente dadas e, doutro lado, num exame dos ideais. Daí que serão atingidos os critérios últimos que, constituem de maneira inconsciente, se manifestam nos juízos de valor concretos, voltando à idéia da subjetividade.
Uma ciência empírica não pode ensinar a ninguém o que deve fazer, somente lhe é dado o que quer fazer. O problema ocorre na relação entre as idéias pessoais e a argumentação científica, pois, os elementos mais íntimos da “personalidade” dos humanos, ou seja, os critérios últimos e os sumos juízos de valor, “que determinam a nossa ação e confere sentido e significado à nossa vida, são percebidos por nós como sendo objetivamente validos”.
Ao dizer sobre as necessidades de princípios sobre problemas práticos na ciência social, isto é, a referência a juízos de valor que se introduzem de maneira não reflexiva, Weber se diz contra qualquer ciência empírica que procura determinar um dominador comum prático para os problemas na forma de idéias últimas e universalmente validas, pois não teria sentido e, também, seria impossível.
Logo, Weber distinguirá o tratamento das leis, isto é, do ordenamento conceitual dos fatos apresentado nas ciências sociais das exposições de idéias, como na política social. Com isso, entra-se no discurso da imparcialidade científica na hora do julgamento, porém, desde já fica registrada a perspectiva de Weber sobre as “tendências” criadas na hora das seleções, já que fazemos parte desse mundo social.
Outro ponto importante da analise de Weber gira em torno da verdade objetiva que a área das ciências sociais pretende chegar, assim, os discursos do sociólogo será em pró da analise da “objetividade” e suas funcionalidades. Diante disso, a objetividade está condicionada pela orientação de nosso interesse de conhecimento e essa orientação define-se em conformidade com o significado cultural que atribuímos ao evento. Portanto, o significado próprio pode conter fatos que leve a ser pensado como um problema de investigação da ciência social.
Todos os acontecimentos da vida cotidiana quanto os coletivos são, para Weber, economicamente “condicionados”. Com isso, busca-se através dos mais complexos culturais, na intenção de diferenciar seu significado cultural, uma interpretação histórica a partir de um ponto de vista especifico e, com isso, obter o conhecimento histórico completo da cultura.
Nesse sentido que, para Weber, nas ciências da realidade devem-se distinguir duas orientações: uma no sentido da história, da narração daquilo que não acontecerá uma segunda vez, a outra no sentido da ciência social, isto é, da reconstrução conceitual das instituições sociais e do seu funcionamento. Estas duas orientações são complementares. Quando o objeto do conhecimento é a humanidade, é legítimo o interesse pelas características singulares de um indivíduo, de uma época ou de um grupo, tanto quanto pelas leis que comandam o funcionamento e o desenvolvimento das sociedades. Portanto, a ciência, nos moldes de Weber, se define, assim, como um esforço esperado a compreender e a elucidar os valores aos quais os indivíduos aderiram.
Assim, o conceito de “social”, que parece ter um sentido puramente geral, adquire, logo que submetido ao controle, um significado particular e, mesmo que ainda apresenta-se freqüentemente indefinido. Se analisado no caráter geral, constatará a inexistência de nenhum ponto de vista específico a partir do qual poderá auxiliar na compreensão de determinados elementos culturais.
Retomando a idéia da imparcialidade, Weber retorna à idéia de que “não existe nenhuma análise científica totalmente “objetivada” da vida cultural, ou dos fenômenos sociais, que seja independente de determinadas perspectivas especiais e parciais, graças às quais essas manifestações possam ser, explicita ou implicitamente, consciente ou inconsciente, selecionadas, analisadas e organizadas na exposição, enquanto objeto de pesquisa” . Assim, a ciência que o sociólogo busca é o da ciência da realidade. Procurando entender o que está por volta de nós e no mundo em que estamos situados. Diante disso, o objetivo das ciências sociais envolve a compreensão da relação de sentido da ação humana, ou seja, conhecemos um fenômeno social somente quando o compreendemos como fato carregado de sentido que assinala para outros fatos significativos. Será o sentido responsável pelo forjamento do caráter da ação, quer seja ele político, econômico ou religioso. O objetivo do cientista, então, será o de compreender este processo, descobrindo os nexos causais que dão sentido à ação social em determinado contexto.
Concentrando naquilo que foi abordado até o momento, Weber dirá da razão de ser um estudo objetivo dos acontecimentos cultural, no sentido de que o fim ideal do trabalho científico devera consistir numa redução da realidade empírica a certas leis. Isso se deve:
• Por que os conhecimentos de leis sociais não é um conhecimento do socialmente real, mas unicamente um dos diversos meios auxiliares de que nosso pensamento se serve para esse efeito.
• Por que nenhum conhecimento dos acontecimentos culturais poderá ser concebido senão com base na significação que a realidade da vida, sempre configurada de modo individual, possui para nós em determinadas relações singulares.
Declaração e Exposição do Socialismo ao Mundo
O Manifesto Comunista, redigido em 1848 por Karl Marx e Friedric Engels, é um documento que trata das propostas, críticas e contra-argumentações socialistas aos ataques burgueses de maneira muito simplificada, concisa e acessível. Serve como síntese do pensamento comunista e, portanto, como divulgação de seus ideais.
Na obra, os burgueses são atacados diretamente e suas atitudes e modelo econômico questionados. É interessantíssima a observação que fazem a respeito do processo de reificação o qual a sociedade sofreu na transição do sistema feudal para o capitalista e que perdura até hoje. Nota-se claramente que grande parte das relações sociais (relações de trabalho, familiares e afetivas) foram reduzidas a valores de troca. O fervor religioso e o entusiasmo cavalheiresco medieval foram abafados e a sociedade se viu voltada para o capital, focada e direcionada para esse fim supremo, essa teleologia única.
Dentre as propostas socialistas abordadas está a abolição da propriedade privada bradada no Manifesto de maneira fulgente e desafiadora: “Vocês estão horrorizados com a nossa intenção de acabar com a propriedade privada. Mas na sua sociedade, a propriedade privada já acabou para nove décimos da população. A sua existência para os poucos deve-se simplesmente à sua não existência para estes nove décimos...você condena nossa intenção de acabar com a sua propriedade. Precisamente isso. É essa, exatamente, a nossa intenção”. Bravo! Com pitadas irônicas Marx e Engels alfinetam o orgulho e a arrogância da burguesia, assim como os preceitos burgueses da época.
E por fim ressalto o fato de os socialistas serem grandes defensores dos interesses da classe trabalhadora, críticos ferrenhos da maneira como o trabalhador é tratado, do seu salário miserável, da sua transformação em apêndice das máquinas e alienação perante o processo produtivo. O comunista explica inclusive o fato de considerar o burguês inapto à classe governante com o tratamento dado ao trabalhador, por não ter a capacidade de nem ao menos suprir as necessidades básicas da sua força produtiva, do motor de seu sistema econômico.
É com muita primazia e audácia que os ideais socialistas são expostos no Manifesto Comunista com refutações de discursos burgueses audaciosas e inclusão de discursos históricos assim como a explanação dos vários tipos de socialismo e suas principais propostas.
Ciência de Fato!
A compreensão sociológica por outro método
Weber considera ciência e política duas vocações distintas, sendo que a primeira não apresenta características que possam servir para aplicação na prática. O autor faz uma crítica ao dogmatismo do materialismo histórico, pois acredita que este tenta chegar à explicação de um fenômeno histórico apenas utilizando-se a análise das forças econômicas. Deste modo, atribui a responsabilidade, genericamente, a estas forças e desconsidera as demais.
O autor define o objeto sócio-econômico sob três âmbitos, o especificamente econômico, o economicamente condicionado e o economicamente relevante. A ação social é decidida a partir da escolha de valores, isto é, o indivíduo faz um balanceamento entre os valores envolvidos e opta pelo que é mais importante para ele.
Além disso, Weber classifica a ação social em quatro tipos. A primeira é a ação racional com relação a um objetivo, que consiste na estipulação de uma meta e no movimento para que esta seja atingida. A segunda é a ação racional com relação a um valor, o qual é defendido acima de qualquer outro. A terceira é a ação afetiva, que é concebida através do sentimento do indivíduo. E a quarta é a ação tradicional, definida por crenças, por exemplo.
Por fim, outra concepção do autor é a do tipo ideal, o qual é construído a partir da analise do real. Porém, este tipo não representa algo correto, que deve ser, mas algo possível de ser alcançado no mundo real. Deste modo, trata-se de uma ferramenta que auxilia no estudo científico.
Bacon, a experimentação e a ciência moderna
Francis Bacon, em uma das suas principais obras Novum Organum, critica a forma de produzir conhecimento, a filosofia anterior (principalmente a escolástica) considerando-a estéril por não apresentar nenhum resultado prático para a vida do homem. A ciência antiga, de origem aristotélica, é pelo mesmo motivo criticada. O autor afirma que os gregos tem a sabedoria em palavras, entretanto lhe faltam ações práticas, eles não desenvolveram nem um experimento que afetassem a condição humana, e por isso estagnaram-se na evolução.
Ele propõe então uma nova maneira de estudar os fenômenos naturais. Para Bacon, a descoberta de fatos verdadeiros não depende do raciocínio silogístico aristotélico mas sim da observação e da experimentação. A filosofia verdadeira é também algo prático. Saber é poder. E a mentalidade científica somente será alcançada através do expurgo de uma série de preconceitos por Bacon chamados ídolos.
- ídolos da caverna: do próprio indivíduo, educação, livros.
- ídolos do foro: relações sociais, uso da palavra como instrumento de conexão
- ídolos do teatro: imigram para o nosso espírito pelas doutrinas e reagras viciosas de demonstração
- ídolos da tribo: próprios da naturza humana e da falsa asserção de que os sentidos dos homens são medidas das coisas.
A partir deles, também é possível apontar outro argumento de Bacon: de que a falácia dos sentidos é o maior obstáculo ao avanço da Ciência. Havendo a necessidade de se buscar a observação do que é invisível aos olhos, imperceptível aos sentidos. Que é o que acontece hoje, com o uso por exemplo de microscópios, que descobriram e comprovaram a existência da célula, do DNA, das células-tronco... Com isso é possível entender, por que Bacon é considerado o fundador da ciência moderna.
Weber e a verdade científica
Inerência do Capitalismo
A análise sociológica complexa de Webber.
A análise crítica weberiana
Ponto de mutação.
Experimentalismo baconiano.
A importância do individual
Max Weber nasceu na cidade de Erfurt, Alemanha, onde obteve ampla educação secundária em línguas, história e literatura clássica. Destacou-se na política como defensor de propostas liberais parlamentaristas, além de participar da comissão redatora da Constituição de Weimar. Em seus estudos, desenvolveu a ação social como objeto da sociologia.
Para Max Weber, a sociologia é a ciência que busca interpretar e explicar a ação social, suas causas, seu desenvolvimento e efeitos, observando suas regularidades e suas formas de manifestação, tais como, a escolha dos representantes políticos, o consumo de determinados objetos, ou ainda, os indivíduos como atores de um sistema econômico racional. Portanto, a ação social não corresponderia simplesmente ao processo ação-reação; para Weber, uma ação social pode provir individualmente de seres conhecidos ou de uma pluralidade de indivíduos indeterminados e desconhecidos. A partir dessa definição, podemos pensar em diferentes tipos de ação social, agrupando-os de acordo com o modo pelo qual os indivíduos orientam suas ações.
Assim, Weber estabelece quatro tipos de ação social: a afetiva, aquela determinada por afetos ou estados emocionais; a tradicional, aquela determinada por um costume ou um hábito arraigado; a racional com relação a valores, determinada pela crença consciente num valor considerado importante, independentemente do êxito desse valor na realidade; e a racional com relação a fins, determinada pelo cálculo racional que estabelece fins e organiza os meios necessários para atingí-los.
Dessa forma, a conduta social seria a chave para a compreensão da situação social e suas motivações individuais.
Há também a relação social, que se refere a conduta de múltiplos sujeitos que orientam reciprocamente suas ações baseados na probabilidade de que outros agirão socialmente dentro das suas expectativas. Neste caso, as relações sociais podem ser consideradas hostis, amistosas, econômicas, religiosas etc.
A diferença entre ação e relação é que, na primeira, o sujeito orienta a sua conduta pela ação de outro(s), e na segunda, a conduta individual dos sujeitos orienta-se por um conteúdo de sentido coletivamente e reciprocamente compartilhado. Portanto, em todas as situações em que o sentido da ação for compartilhado por inúmeros indivíduos, temos uma relação social.
Nota-se a influência de Durkheim no pensamento weberiano, uma vez que os fatos sociais se tornam a ação social, mas Weber também faz ressalva à importância do indivíduo na sociedade, diferentemente de Durkheim que enfatiza o coletivo social.
Com esse pensamento, considerando o indivíduo e sua ação social como sendo o objeto principal da investigação sociológica, Max Weber analisa tipos ideais de indivíduos. Com esse tipo ideal, o sociólogo cria um parâmetro de indivíduo perfeito e, na medida em que o fenômeno se aproxima ou se afasta de sua manifestação típica, pode-se identificar e selecionar aspectos através de análise científica.
Assim, com contribuições que garantem a importância de cada indivíduo e as suas ações na sociedade, o estudo weberiano é um instrumento essencial para o entendimento da heterogeneidade social contemporânea, e a partir desse entendimento, muitos entraves e conflitos sociais como racismo, preconceito, homofobismo e outros podem ser solucionados de forma racional e pacífica.