Uma cientista desiludida com a aplicação científica, um dramaturgo em crise e um candidato a presidente dos Estados Unidos se encontram em um castelo medieval na França e passam o dia discutindo sobre a Ciência. Esse é o enredo de "Ponto de Mutação" (Mindwalk, 1990). Simples, mas o cenário ideal para conflitar ideias. Ideias de uma visão cartesiana-newtoniana e de uma visão de sistema. Segundo esse paradigma de que o mundo é um grande sistema, os problemas mundiais -a fome, as guerras, doenças, abalos ecológicos, desigualdade, preconceito, etc. - nada mais são do que prognósticos do problema de percepção individualista do homem. São amostras de esgotamento.
E o que a cientista propõe, com base em observações quânticas, é que o mundo é um conjunto de relações, um verdadeiro sistema. Nada é individual, nada é sozinho, dez "probleminhas" resolvidos nunca resolverão a crise verdadeira. Não que o método cartesiano não tenha funcionado. Funcionou, libertou o home, mostrou o que é ciência e qual o papel do ser humano na natureza, mas depois de alguns séculos esse paradigma não é mais o caminho a ser seguido, ele vai até um certo ponto. E é preciso extrapolar essa barreira.
Mas ao não romper esses limites o ser humano cria leis abstratas, economias sugadoras, políticas hipócritas e não volta o seu olhar para a própria humanidade. Prefere criar remédios para aliviar a fome na África, do que perdoar as dívidas; prefere arrancar um órgão do que abandonar os fast-food´s e comer melhor.
O homem não é apenas um ser que modifica a natureza, que abusa, que doma, que denuncia suas "imperfeições" para depois corrigi-las, não, o homem é parte da natureza. Ele tem um papel. E ao não perceber isso, ele destrói a sua própria sociedade. O homem já encontrou o caminho, só falta encontrar seu lugar no universo, abandonar as ideias antropocêntricas e perceber que ele é um com o cosmo.
João Filippe Rossi Rodrigues, 1º ano- Direito (diurno)
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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segunda-feira, 25 de março de 2013
Percepção Mecânica
As discussões sobre economia, política, homem e natureza estão presentes em todas as discussões humanas, de forma direta ou indiretamente sempre estão ligadas. no filme "Ponto de Mutação", baseado na obra de Fritjof Capra, tais discussões são intensamente travadas, norteando os personagens a reflexões profundas.
No decorrer do filme um poeta, um político desorientado e uma cientista descrente com o seu trabalho, discutem desde o início da ruptura do homem com o tempo da natureza e adesão ao tempo mecânico até a mudança de percepção do homem com a relação com o planeta para haver mudanças eficazes e positivas.
A percepção dos erros cometidos, passando a agir de forma preventiva, parando com o método de intervenção direta, considerado um erro pela cientista, irá melhorar o sistema. Isso deve ser feito além de uma mudança de percepção, política e ciência mais abrangentes, tendo uma vida social auto organizada. Todas essas mudanças levariam a uma mudança social e à renovação para a solução dos problemas mundiais.
Dalisa Aniceto (Direito Diurno)
Saber é poder
No filme Ponto de Mutação, um político frustrado, um poeta
melancólico e uma cientista em descrédito com o mundo se encontram e geram uma
fantástica discussão acerca do planeta, do homem, da natureza, do governo, do que
é abstrato e do que é real que culmina sendo um ponto de modificação para cada
um, gerando reflexões que os fazem reavaliarem seus próprios valores, suas
visões de mundo e até como se veem em relação à sociedade.
O filme gira em torno da questão do homem,
que apesar de ser uma criação da natureza, a destrói visando lucro, poder e recompensas
materiais. O homem vê o mundo como uma maquina, onde peças formam um todo que
funcionam mecanicamente, usando-o quando acreditar ser necessário. Mas o que dá
ao homem o direito de usá-la? A resposta é o poder, um direito não dito ou
estabelecido por nenhuma lei, o poder advindo do dinheiro que determina o que
será construído, destruído, pesquisado e descartado. Essa visão mecanicista
tirou a humanidade do próprio homem, em que todos conhecem os problemas
globais, todos sabem como o pensamento ecológico é necessário, mas todos
voluntariamente colocam em si mesmos uma venda para esses problemas, afinal a
própria política econômica nos ensina que o pensamento individual se sobrepõe ao
coletivo, e o pensamento econômico é infinitamente mais poderoso que o
ecológico.
De acordo com a cientista do
filme, a resposta está em uma palavra: renovação. Renovação de ideais, de
valores, transformar a consciência da população de que o mundo é um lugar
descartável, dar valor à vida humana e à natureza como um todo, cuidando do
planeta visando que este seja um local não nocivo para as gerações seguintes.
Esse tipo de sabedoria difundida na população emanaria um forte poder que seria
capaz de mudar todo o sistema pelo qual o planeta é regido.
Micaela Amorim Ferreira - Direito Diurno
O relógio de Descartes e as mudanças contemporâneas
O filme Ponto De Mutação( Mindwalk ) do diretor Bernt Amadeus Capra é permeado de críticas a perspectiva descartiana de ciência e da própria visão de mundo. A metáfora do relógio como a natureza/ o mundo social é essencial para se entender o debate central do filme; nesse objeto , para os personagens, está cristalizada a alma da teoria de Descartes sendo cada peça estudada por métodos racionais para se entender o inteiro de um relógio coeso e funcional. Assim,do mesmo modo a natureza e o plano social deveriam ser estudados racionalmente em seus mínimos planos perceptíveis,se criando teorias profundas e específicas cumulativas que proporcionariam uma visão geral do universo social e natural.
Todavia, a crítica da personagem Sonia Hoffman ( ex-física ) reside nessa visão ultrapassada de se estudar um fato isoladamente. Tal argumento se sustenta pelo olhar simplista e isolado descatiano, pois a vida biológica/física e social seria um conjunto de um mesmo fator, isto é , o universo estaria em uma constante interdependência de seus objetos .Deste modo, o estudo simplista de um fato isolado deixaria de compreender uma gama de conhecimentos , os quais seriam mister para, por exemplo ,se descobrir uma solução de um problema social .Assim , o método de Descartes estaria ultrapassado em uma realidade com sociedades em estado de frenesi de mudanças, nas quais políticas públicas isoladas não resolveriam os problemas contemporâneos no âmbito econômico e social.
Em suma, o filme nos demonstra as falhas apresentadas ao tratar a vida social,política e ambiental como problemáticas isoladas e não inter relacionadas. A obra sugere uma nova visão de mundo, mais unificada e inter relacionada para enfrentar uma realidade nova que é infinitas vezes mais complicada e incoesa que um simples relógio mecânico da metáfora de Descartes.
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André Scalabrini Agostinho - Direito (Noturno)
"Constantemente em mutação. Essencialmente a mesma."
Durante
muitos anos, até nos dias atuais, foi utilizado o paradigma cartesiano como
forma de entender o mundo, contudo, como pode-se observar na crítica que se
extrai do filme “Ponto de Mutação”, tal paradigma apresenta muitas falhas,
devendo então ser substituído. Propõe-se assim um novo método baseado na
observação de sistemas, dos problemas de maneira interconectada.
No filme fala-se sobre a crise de percepção que ocorre no mundo atualmente,
questionando-se se tudo o que funciona é bom para o sistema. O mundo tem tido
uma ideia de mudar os problemas de lugar, em vez de realmente solucioná-los observando
causas, consequências,e tudo o que se relaciona a eles.
Fala-se no filme também a respeito de Bacon, e sua máxima “Saber é poder”, que
foi interpretada de maneira equívoca, segundo alega a personagem do filme, como
poder de dominação, de controle sobre os outros. Apresenta-se o pensamento
ecológico em oposição ao pensamento cartesiano, para garantir uma compreensão
mais firme da realidade.
Discute-se no filme também a física atômica, na ideia de que a natureza da
matéria consiste nas propabilidades de conexões, nas relações. Concluindo que
todos somos parte de relações.
O caso da bomba atômica de Hiroshima também é apresentado no filme, falando-se
que cientistas não fazem mais ciência pura, mas fazem a ciência que aqueles que
os pagam escolhem, sem pensarem nas consequências de suas descobertas.
Retoma-se então a teroria dos sistemas vivos que propõe que no estudo deve-se olhar os
sistemas vivos como um todo, observar a interdependência, e falam então que a
essência da vida é a auto-organização.
Analisam então a afirmação de que o sistema vivo se auto-mantém, ou seja,
embora dependa do ambiente, não é determinado por ele; se auto-renova, ou seja, há uma mudança
estrutural contínua mas também uma estabilidade nos padrões de organização do
sistema; e se auto-transcende, ou seja, tem tendência a se transcender, se
estender, e criar novas formas, sendo a dinâmica evolutiva básica a
criatividade.
Na conclusão do filme cita-se um poema de Pablo Neruda, e falam da necessidade
de se pensar nas próximas gerações, criando uma sociedade sustentável. Terminam a conversa falando sobre o fato de
que sentir o universo é um trabalho interior, a vida sente a si mesma.
Mayara P. Michéias- 1º ano direito diurno- UNESP
Mayara P. Michéias- 1º ano direito diurno- UNESP
Interligação social
O filme "O Ponto de Mutação" incentiva-nos a refletir sobre aspectos sociopolíticos atuais que já podem ser considerados consequências de raciocínios desenvolvidos há séculos. É interessante percebermos que o mundo não está fragmentado em inúmeras micropartes e que os problemas mais graves, que atualmente assolam a espécia humana, não devem ser pensados como partes individuais de um quebra-cabeça.
A fome, a economia e as condições dignas de sobrevivência, garantidas à população por lei, estão completamente interligadas e, caso não nos proponhamos a atacar todos esses fatores simultaneamente, será impossível solucioná-los.
De forma inteligente e agradável, o filme nos mostra como a sociologia desenvolvida por Descartes, Bacon e Kante são aplicadas até hoje nas ideis ditas revolucionárias. Além disso, deixa claro também como essa fundamentação social está presente na vida de todas as pessoas, por mais distintas que sejam suas realidades. Já que os pensamentos filosóficos desencadeados por um novo método de raciocinío afetam de candidatos à Presidentes à poetas e, ainda, à físicos.
Percebe-se, com isso, que a defesa do filme é válida. A discução filosófica deve ser mais do que contemplativa. Deve de uma vez por todas ser trazida para o cotidiano da população que pode aprender a relacionar os problemas vivenciados cotidianamente, aos aspectos políticos e econômicos dos países onde vivem e, ainda, à leis que até antão pareciam dogmáticas.
Bárbara Andrade Borges - 1º Ano Diurno
A fome, a economia e as condições dignas de sobrevivência, garantidas à população por lei, estão completamente interligadas e, caso não nos proponhamos a atacar todos esses fatores simultaneamente, será impossível solucioná-los.
De forma inteligente e agradável, o filme nos mostra como a sociologia desenvolvida por Descartes, Bacon e Kante são aplicadas até hoje nas ideis ditas revolucionárias. Além disso, deixa claro também como essa fundamentação social está presente na vida de todas as pessoas, por mais distintas que sejam suas realidades. Já que os pensamentos filosóficos desencadeados por um novo método de raciocinío afetam de candidatos à Presidentes à poetas e, ainda, à físicos.
Percebe-se, com isso, que a defesa do filme é válida. A discução filosófica deve ser mais do que contemplativa. Deve de uma vez por todas ser trazida para o cotidiano da população que pode aprender a relacionar os problemas vivenciados cotidianamente, aos aspectos políticos e econômicos dos países onde vivem e, ainda, à leis que até antão pareciam dogmáticas.
Bárbara Andrade Borges - 1º Ano Diurno
Equilíbrio
Para o desprendimento humano da religião foi preciso dar
vários passos. Entre eles a busca do conhecimento através da razão. Mas esse
sistema ficou hipertrofiado e, a partir de Newton com suas Leis da Física, a
mente humana e toda a sociedade começaram a ser mecanizada. Os seres humanos e
suas relações são tratados sistematicamente, como em uma esteira de produção
fordista.
O lado natural foi esquecido. O mundo não é esquematizado,
as cosias simplesmente acontecem: esse princípio foi abandonado. Agora, o ser
humano é concertado, cada problema é ajustado. Ou por uma ciência nova, ou por
descobertas novas, e assim por diante. Daí surge os problemas sociais, e vão
aumentando. Desmatamento, fome, poluição, tudo é interligado. A única coisa que
muda é a forma de percepção dos eventos. O homem só enxerga os eventos
individualmente e tenta corrigi-los.
Somos criação do mundo. O homem evolui junto com o planeta,
na medida em que a cada ação humana criada outra vem para balancear as coisas.
Por exemplo, homens criam armas de destruição e se tornam agressivos, surgem
mulheres intelectuais.
A forma de percepção do mundo é mutável. Um político pode
ver as coisas mecanizadamente e um cientista ver como um todo. Independente da
forma, sempre teremos consequências, as quais o mundo nos mostrará.
Questionamento
Em uma época quando a religiosidade tomava conta de grande
parte da ciência, Descartes com o “Discurso do Método” rompe com os
tradicionais dogmas religiosos. Por considerar a filosofia, anterior à sua
obra, fútil e inútil e acreditar que o ensino é decepcionante (uma vez que
provoca no homem a contemplação do mundo e não a interação), Descartes dá
início a um novo método científico.
O novo método desenvolve-se a partir da racionalidade
humana, sem se influenciar com as verdades pré-estabelecidas pelos dogmas.
Através da dúvida ele põe em prática seu pensamento, ou seja, o questionamento
leva a razão e a verdade. Os sentidos devem ser questionados, os dogmas, entre
outros. A única coisa que não cabe dúvida é o pensamento, pois ele é o fruto da
razão e gera a certeza.
Apesar de sua obra
fazer uma referência a uma força superior, talvez divina, não se tem a certeza
de que realmente Descartes pensava dessa maneira ou se temia ser punido pela
igreja. Tal contradição não tira o imenso valor da obra que além de ser uma
tentativa de popularização das formas de ciência, desvinculada da igreja,
também evoluiu toda uma ciência humana, que Comte chama de estado positivista.
Observação prática
Para aprender sobre determinado caso ou sobre determinado
elemento, fazemos o uso da ciência. Usar apenas a razão e a lógica como forma
de investigação científica ilude o homem e colabora para o perpetuamento de
erros, assim como Bacon critica em sua obra “Novum Organum”. O homem é levado
pelo seu raciocínio e começa a crer naquilo que de fato não é verdade. O
intelecto não consegue entender além do que se parece oculto
A natureza é complexa e tem uma infinidade de eventos. O
homem não tem a capacidade de entendê-la sendo guiado só por conceitos e
lógica. A mente cria verdades e ele passa a ser levado por uma crença e não
pela verdade absoluta. Nesse sentido a lógica passa a ser inútil para o
incremento da ciência.
Diante disso, Bacon cria uma maneira de analisar a natureza
e ter conhecimento sobre seus aspectos. Para evitar que a mente guie o
indivíduo, faz-se o uso da experiência como forma de método científico. Ou
seja, observam - se os fatos, analisam-nos e obtém - se uma conclusão. Tal
conclusão é verídica porque não foi baseada no raciocínio lógico-dedutivo.
A teoria de Bacon no séc. XVII tem sua importância nas
descobertas científicas posteriores, como por exemplo, a descoberta de células-tronco,
estudos neurológicos, entre outros. Foi preciso abandonar a dependência aos
sentidos humanos, para que, com base em experiências científicas avançar a
medicina e fazer tais descobertas.
Reavaliação
do método A
ciência nos mostrou que ela
por si só não é capaz de resolver os
problemas humanos. Mesmo com os
avanços científicos, ainda enfrentamos problemas ligados a convivência
humana na Terra. A metodologia iniciada
com Descartes,que primava pelo uso da razão, o empirismo banconiano, e
sua proposta de “utilização” da natureza a favor das necessidades
humanas, proporcionaram a
sistematização da ciência,porém fragmentaram o conhecimento e deram ao homem a
presunção de tudo poder através do
saber,no entanto, esse saber não tornou
a vida no planeta menos conflituosa, pelo contrario, potencializou a capacidade
de destruição.
A atualidade
é acética,em relação a ciência,
vivemos em um tempo em que não se duvida do que o homem é capaz de criar através de sua razão e
experimentação. Remédios , curas contra doenças, invenção de
modernos meios de transporte, etc. a
possibilidade tomou lugar no vocabulário atual, mas uma das contradições , que nossa racionalidade deixa
passar despercebida,é o retrocesso em
relação a convivência.
Mesmo com tantas
invenções nossa habilidade política ainda não conseguiu torná-las um bem
comum para a humanidade ,usamos a tecnologia para
destruirmos uns aos outros, reflexo disto foram as duas grandes guerras mundiais (1914-1918, e
1939-1945), que demonstraram o quanto é perigoso o mau uso da ciência. O sistema capitalista pode ser
considerado culpado, mas seria
ele o único culpado? Não. Nossa forma de
observar a ciência e aquilo que
os “pais” da modernidade nos legaram,levou-nos a forma de viver e agir no mundo que conhecemos hoje. A
racionalidade de descartes e sua fragmentação dos saberes,aliadas ao sistema
econômico capitalista, fez com que
caminhássemos para uma especialização que separou dos seres
a sua busca por universalidade.
A política isolou-se na política, ou
seja , uma “casta” na qual seres “habilitados” atuam. A
Ciência seguiu o mesmo rumo, assim como a
Arte. Dessa forma o dialogo
entre as
partes do conhecimento humano tornou-se menos intenso e pertencente a determinados
grupos.
Aliado a
esses fatores encontramos
um mundo em crise,seja pela
pretensão humana de dominar a Natureza,seja por achar os
recursos desta infindos, seja pelo trato com o próximo. Esse é o momento
de reavaliar tudo o que aprendemos, como dizia Descartes, e construirmos nosso conhecimento a partir de
nossas próprias conclusões. Talvez seja preciso revisar nossos “dogmas” aristotélicos,cartesianos , baconianos,etc. numa nova indagação de seus
projetos,e buscar formar um conhecimento completo que alie Política ,Arte e Ciência que forme
uma outra percepção no individuo , e que se discuta uma ciência que seja,realmente,um patrimônio da
Humanidade.
Um cão andaluz e o ponto de mutação
Em “Um cão andaluz”, os pais do surrealismo,
Salvador dali e Luis Buñuel, lançam uma das imagens mais
chocantes da história da sétima arte, uma lâmina prestes a cortar o globo
ocular de uma pessoa viva. A
cena apavorante carrega em si uma grande carga das vanguardas europeias
modernistas, já que, de maneira excêntrica, expõe a abertura de novas
perspectivas para os assuntos que rodeiam o cotidiano.
Com o mesmo propósito, o filme “Ponto de
mutação”, que soa bastante sugestivo, apresenta críticas racionais para a visão
de mundo estereotipada, movida, por exemplo, por ditames ideológicos.
Além disso, o filme, de maneira sensata, revela uma cientista que desaprova o método segmentador da própria ciência, que fora proposto pelo grande racionalista, Descartes. Isso pode ser estendido, por exemplo, ao sistema de ensino convencional, que, além de dividir o conteúdo em matérias, divide-as em frentes, o que dificulta a visão multidisciplinar.
Além disso, o filme, de maneira sensata, revela uma cientista que desaprova o método segmentador da própria ciência, que fora proposto pelo grande racionalista, Descartes. Isso pode ser estendido, por exemplo, ao sistema de ensino convencional, que, além de dividir o conteúdo em matérias, divide-as em frentes, o que dificulta a visão multidisciplinar.
Tiquetaqueando
Para muitos aquele seria
apenas um velho relógio medieval, mas para a mente perceptiva de uma cientista,
de um poeta e de um fracassado candidato à presidência dos Estados Unidos ali estava
um modelo cartesiano do cosmos, um símbolo da ruptura do homem com a natureza,
uma perfeita metáfora da mente mecanizada dos homens contemporâneos.
Sob o constante tic-tac mecânico as engrenagens
da velha máquina se conectavam com perfeição, cada peça exercendo
exaustivamente a sua função e formando um todo que resultava em seu objetivo
primeiro de contabilizar o tempo. Para Descartes essa seria a metáfora perfeita
para o homem e para a natureza, seríamos apenas uma pequena engrenagem de uma imensa
e primordial máquina. Dessa forma, caberia à ciência cartesiana desvendar a
função de cada peça e entender com profundidade cada conexão. Seria, portanto,
contraproducente tentar entender o todo, o sentido das infinitas conexões e suas
reais implicações.
Apesar
dos mais de trezentos anos de existência o cartesianismo ainda mostra-se
preponderante no pensamento científico contemporâneo. Empreende-se diariamente
uma busca fervorosa pelo entendimento da mais minúscula engrenagem da máquina
universal e a criação tornou-se um fenômeno puramente comercial, pois
produzimos com a única finalidade de vender e gerar um capital contínuo e
incessante. Entretanto, o sentido dessas inovações perdeu-se na minuciosidade da
mente humana. Produz-se com o único objetivo de produzir, pesquisa-se para entender
particularidades, inova-se para
fomentar o mercado; e dessa forma seguimos em um círculo vicioso que
percorremos incessantemente, sem, contudo, entender o sentido dessa caminhada.
Esse homem “relógio”, mecanicista e
produtivista é incapaz de entender as reais mazelas da contemporaneidade. Caminha-se,
portanto, deslocando os problemas aleatoriamente, intervindo quando alguma peça
apresenta um problema que possa prejudicar o funcionamento da máquina e criando,
incessantemente, com a única função de criar. Enquanto continuarmos cultivando
esse pensamento robotizado, seremos sempre essas máquinas humanas “tiquetaqueando”
como um velho relógio medieval.
José Roberto Bernardo Bettarello - 1º ano noturno.
O filme "Ponto de mutação" é baseado no livro homônimo, escrito por Fritijof Capra. A intenção de ambas as obras é propor uma reflexão acerca do paradigma de ciência que está instituído há 300 anos. Quais são suas falhas? Seria tal paradigma adequado aos dias de hoje?
A discussão contida no filme é protagonizada por uma física que, frustrada com o destino de uma de suas pesquisas, retirou-se para uma ilha para reflexões. A opinião ela é a de que o modelo científico de fragmentação do conhecimento já não atende as necessidades do mundo atual. Ela busca convencer um político estritamente racionalista que perdeu as eleições presidenciais nos EUA de que é necessária uma abordagem diferente sobre os problemas que afligem o mundo. Esse político tem um amigo poeta, que, com sua sensibilidade artística, concorda com a física, porém tem outro modo de ver as questões- mais lírico, mais poético.
A conclusão do filme é que se faz necessária uma abordagem holística, que considere o planeta como um todo, e o organismo humano também como um todo, e não como uma máquina.
A discussão contida no filme é protagonizada por uma física que, frustrada com o destino de uma de suas pesquisas, retirou-se para uma ilha para reflexões. A opinião ela é a de que o modelo científico de fragmentação do conhecimento já não atende as necessidades do mundo atual. Ela busca convencer um político estritamente racionalista que perdeu as eleições presidenciais nos EUA de que é necessária uma abordagem diferente sobre os problemas que afligem o mundo. Esse político tem um amigo poeta, que, com sua sensibilidade artística, concorda com a física, porém tem outro modo de ver as questões- mais lírico, mais poético.
A conclusão do filme é que se faz necessária uma abordagem holística, que considere o planeta como um todo, e o organismo humano também como um todo, e não como uma máquina.
Ponto de mutação
O filme “Ponto de Mutação”,
baseado no livro homônimo de Fritjof Capra, demonstra a relação existente entre
o mundo físico cheio de regras e conceitos, e o mundo real. Tais constatações e
relações que Jack, Silvia e... estabelecem durante sua caminhada, procuram
mostrar que nada no mundo acontece por acaso. Sempre para que um evento ocorra,
é necessário que se tenha um conjunto de relações e ações em todos os planos,
começando no universo micronuclear dos elétrons, até o universo macro nuclear dos
seres-vivos.
Contudo, a visão do homem
frente a este conjunto de relações e acontecimentos é criticada durante o
filme. Tal visão não é criticada por perceber este conjunto de relações em
vários planos. Mas sim devido ao fato de ignorar este conjunto de relações para
priorizar uma visão mecanicista do mundo. Esta visão projeta a ideia de que
cada fato ocorre de forma separada. Algo que é desmistificado visto que questões
como superpopulação, desmatamento e esgotamento dos recursos naturais, são
destrinchadas de modo que suas causas não sejam resumidas a apenas um problema
isolado. E sim a todo um contexto que demonstra a associação de tais problemas
com algo maior, sendo impossível resumir a solução deles a uma reles “troca de
peça”.
E consiste a esta prioridade
dada a uma visão mecanicista, a principal crítica do filme a atualidade. A
crítica à falta de percepção do óbvio, do comum e do real. Algo que é resumido
na citação que... faz a Willian Blake, que diz: ”Se as portas da percepção se
abrissem, tudo pareceria como é.”, revelando o fato de que não encaramos o
mundo como um grande sistema que se inter-relaciona de todas as maneiras
possíveis. Mas sim a uma grande máquina que precisa apenas ser concertada para
que volte a funcionar normalmente. Atitude que nós cega para o fato da nossa
sociedade, com seu consumismo desmedido e esgotamento dos recursos naturais,
ser a responsável por este “defeito” que provoca uma “troca de uma engrenagem”.
Por isto é indispensável uma
mudança de visão do mundo e de seus problemas. Para que assim, seja possível
uma análise de todas as relações possíveis de um caso, possibilitando que ações
efetivas no combate a vários problemas sejam realmente tomadas de todas as
formas. Fica claro que nada ocorre por acaso devido as inúmeras associações que
acontecem em todos os planos. E é indispensável que a sociedade observe estes
planos, e consiga mudar o seu eixo de observação de uma visão mecanicista para
uma visão que saiba relacionar o que está ao seu redor, possibilitando ter uma
percepção de que tudo está conectado e evoluindo em todos os planos.
Nova visão de mundo
O filme
"Ponto de Mutação" é baseado no livro do físico austríaco Fritjot
Capra, onde nota-se a presença de questionamentos filosóficos acerca dos
grandes problemas mundiais como por exemplo a fome, a miséria, a crise
energética, etc. No filme, por meio da análise do pensamento de Descartes, a personagem
Sonia Hoffman critica a visão mecanicista do mundo em que a natureza é
comparada a um relógio, fazendo uma alusão entre políticos e ideias antiquadas.
Os
problemas ambientais mencionados no filme podem ser relacionados com o
pensamento do filósofo Francis Bacon. De acordo com o pensamento de Bacon, a
natureza deveria ser caçada, escravizada. Os cientistas deveriam torturá-la a
fim de obterem seus segredos. Portanto, a poluição hídrica, o efeito estufa, por
exemplo, seriam consequências da tortura do homem sobre a natureza. Para Capra,
seria necessário uma nova visão de mundo, onde os problemas globais fossem
analisados em conjunto e não de maneira fragmentada e independente. Há uma crítica
aos sistemas que encorajam a intervenção em detrimento da prevenção.
Nota-se a
crítica à política, representada na figura do senador Jack Edwards. Os políticos
são criticados, pois teriam visões de mundo mecanicistas, antiquadas,
incompatíveis com a visão holística de mundo proposta por Fritjot Capra. Há o
questionamento do senador em relação ao fato de as pessoas inteligentes não
votarem, o que evidencia o descrédito da população com relação à política além de
inferir que aqueles que são dotados de pensamento crítico desaprovam o ato de
votar.
Pode-se
concluir do filme que os grandes problemas ambientais são sistêmicos e que é
necessária uma nova visão de mundo que encoraje a prevenção em detrimento da
intervenção. A ciência moderna seria pautada pelo pensamento matemático
cartesiano, o que prejudicaria a análise de como convergiu a natureza. A
abordagem cartesiana da ciência não resolveria os problemas do mundo, apenas os
transfeririam de lugar.
Virginia B.M. de Carvalho-direito noturno
Semelhança puramente fonética
Raízes, tronco, folhas. A fim de descrever uma árvore, um cartesiano
simplesmente a dissecaria. Já um pensador de sistemas atentar-se-ia às relações
entre o vegetal e o restante da natureza, buscando seu real papel biológico,
sua importância no todo. Essa é apenas uma das reflexões realizadas pelos
personagens Sonia, Thomas e Jake no filme “Mindwalk” – Ponto de Mutação (Bernt
Capra, 1989).
Sonia é pontual ao criticar Descartes, Bacon e Newton. A visão
mecanicista cartesiana contemplava o homem como uma simples máquina. Francis
Bacon afirmava que “Saber é poder” e a interpretação humana da natureza
sobreporia o homem ao meio ambiente. Logo, relacionando com a opinião
mecanicista cartesiana, para Bacon a máquina humana subjugaria a máquina
ambiental. A ciência newtoniana tornou esse pensamento um fato consumado. Ao
conhecer e estudar os mecanismos naturais, analisar suas ações, suas consequências
podem ser previstas através de fórmulas. Consequentemente, esse caráter
previsível assemelha ainda mais a natureza à uma máquina.
Contudo, expondo seu denso conhecimento físico, Sonia destaca a não
aplicabilidade da física newtoniana na escala atômica. A matéria não está
baseada apenas em objetos, e sim em conexões. A beleza da dinâmica evolutiva
não é a adaptação, e sim a criatividade. E nós, como alunos do curso de
Direito, portanto, potenciais juristas, necessitamos absorver essa reflexão. É
necessário criatividade. É necessário desvencilhar da visão mecanicista e
interpretar os futuros casos jurídicos como parte de um contexto maior.
"A verdadeira igualdade consiste em tratar-se igualmente os iguais
e desigualmente os desiguais a medida em que se desigualem”. Um jurista eficaz
não limita-se ao conhecimento de leis. “O jurista que só conhece Direito acaba
por ter do próprio Direito uma visão defeituosa e fragmentada.” Faz-se
necessário uma ampla visão de mundo a fim de julgar corretamente a
especificidade de cada caso. Analogamente à árvore, o crime não deve ser
simplesmente dissecado, e sim analisado em toda sua conjuntura. Essa é a chave
para libertar o Direito do clichê “instrumento de dominação de classe”. Jurista
e mecanicista podem assemelhar apenas no âmbito fonético, e não semântico.
Daniele Zilioti de Sousa - 1º ano Direito Noturno
Daniele Zilioti de Sousa - 1º ano Direito Noturno
Ponto de fusão
O filme "Ponto de mutação" trás consigo uma ideia pertinente a ser discutida nas atuais realidades. Um dos personagens principais, político e possível candidato à presidência, acaba tendo algumas de suas crenças e ideias transformadas após conhecer uma cientista especializada em física. O pensamento altamente cartesiano do candidato é colocado em xeque com o aparecimento dos ideias da moça cabendo aí uma análise de até que ponto chegam as deficiências do cartesianismo e dos ideais baconianos, fazendo necessária uma adaptação para outra sociedade e realidade.
Um ponto muito sensível ao método é a força de trabalho liberal. Os atuais profissionais não têm uma visão ampla do conhecimento, estudando diversas matérias sem ao menos conseguir correlacioná-las com seu dia-a-dia ou, muito menos e mais gravemente, não conseguem ter uma boa comunicação entre empregador e empregado, já que os profissionais não possuem capacidade de argumentar e articular suas ideias, teorias e a prática.
Além disso, há de se levar em conta que os acontecimentos devem ser estudados todos juntos, já que assim ocorrem, também, na natureza. Não há divisões em seus diversos ramos, ao contrário da ciência aqui presente. Exemplificando, é de fácil identificação a proximidade entre os estudos das artes e o de história já que ambos se completam. No entanto, estuda-se tão profundamente certos assuntos como o da química biomolecular que a essência acaba se deteriorando.
O filme passou os 20 anos de existência e, no entanto, a realidade acaba sendo a mesma de alguns anos. É preciso saber se os clássicos cabem ferramentas úteis para os dias contemporâneos ou se suas ideias foram pertinentes apenas para seu tempo e devem ser recicladas o mais rápido possível.
Um ponto muito sensível ao método é a força de trabalho liberal. Os atuais profissionais não têm uma visão ampla do conhecimento, estudando diversas matérias sem ao menos conseguir correlacioná-las com seu dia-a-dia ou, muito menos e mais gravemente, não conseguem ter uma boa comunicação entre empregador e empregado, já que os profissionais não possuem capacidade de argumentar e articular suas ideias, teorias e a prática.
Além disso, há de se levar em conta que os acontecimentos devem ser estudados todos juntos, já que assim ocorrem, também, na natureza. Não há divisões em seus diversos ramos, ao contrário da ciência aqui presente. Exemplificando, é de fácil identificação a proximidade entre os estudos das artes e o de história já que ambos se completam. No entanto, estuda-se tão profundamente certos assuntos como o da química biomolecular que a essência acaba se deteriorando.
O filme passou os 20 anos de existência e, no entanto, a realidade acaba sendo a mesma de alguns anos. É preciso saber se os clássicos cabem ferramentas úteis para os dias contemporâneos ou se suas ideias foram pertinentes apenas para seu tempo e devem ser recicladas o mais rápido possível.
Bacon Descartado?
Baseado na obra do físico Fritjof Capra, o filme "Ponto de Mutação" revela uma visão crítica sob um antigo método de pensamento amplamente utilizado na atualidade, denominado como: "Pensamento Mecanicista". Para a personagem, hoje não seria um momento histórico caracterizado por crises globais, simplesmente naturais à atividade antrópica. Mas sim, inúmeros problemas que tem como fonte de sua inresolução, a "crise de percepção" derivada dessa forma de pensamento.
Fruto de ideologias dos filósofos Francis Bacon e René Descartes, a referida "crise de percepção" se caracterizaria pela histeria coletiva de se desmembrar cada parte do conhecimento, o analizando isoladamente para enfim, entender o todo. E para a personagem, a compreensão do mundo como um mero relógio impõe limites à atividade humana nos seus diversos campos de atuação. Sendo assim necessária a criação e efetivação de uma nova forma de pensamento, o pensamento Holístico ou Sistêmico. Onde "nenhum santo se sustenta sozinho". Ou seja, o homem é parte do todo e o todo é parte do homem. E para uma análise mais efetiva do mundo, é necessário levar em consideração a grande variável que permite nossa coexistência: As conexões e relações de indivíduos dentro do universo.
Além disso, o filme trata paralelamente de profundas reflexões. Há a exteriorização de máximas como a não condensabilidade da vida em conceitos: "A vida é infinitamente maior que quaisquer teorias obtusas sobre dela". Assim, apesar da dialética acerca de visões de mundo, nos apronfundamos na relatividade dos assuntos. Onde nada tem real grau de relevância e tudo é relativo, ou melhor, tudo pode ser fruto das ilusões da percepção. Podemos ser poetas em crise, indiferentes ao mundo, à procura de qualquer coisa palpável. Podemos ser políticos, que necessitam de uma sensação de mudança. Mas que se contentam em apenas garantir uma dose dessa sensação ao publico e à ele mesmo, por que efetivamente, houve apenas "trocas". Ou podemos ser cientistas, que necessitam mais. Mas se limitam à meramente refletir e idealizar mudanças efetivas na forma atual de vida. Independente de nosso foco, como o filme apontou, não deixamos de estar todos "tacando nossas redes no infinito" como "peixes presos dentro do vento". Assim, não seria irrelevante ou inefetivo tais discussões?
Dentro do imenso campo de questões abordadas, é importante lembrar que primeiramente é preciso estudar esses "peixes", dissecar cartesianamente todas camadas acerca deles. E após isso, se torna possível a compreensão do mundo como um todo, a adoção do método de visão Sistêmico ou Holístico, possibilitando a efetivação de mudanças significativas. Assim, constatamos que as ideologias de Bacon e Descartes não podem ser taxadas como incorretas ou antiquadas. Mas sim, simplesmente como NECESSÁRIAS ao avanço e à novas formas de compreensão do mundo, que poderão ser adotadas no cenário contemporâneo.
João Victor Cruz - 1 ano Direito Diurno/Noturno.
Fruto de ideologias dos filósofos Francis Bacon e René Descartes, a referida "crise de percepção" se caracterizaria pela histeria coletiva de se desmembrar cada parte do conhecimento, o analizando isoladamente para enfim, entender o todo. E para a personagem, a compreensão do mundo como um mero relógio impõe limites à atividade humana nos seus diversos campos de atuação. Sendo assim necessária a criação e efetivação de uma nova forma de pensamento, o pensamento Holístico ou Sistêmico. Onde "nenhum santo se sustenta sozinho". Ou seja, o homem é parte do todo e o todo é parte do homem. E para uma análise mais efetiva do mundo, é necessário levar em consideração a grande variável que permite nossa coexistência: As conexões e relações de indivíduos dentro do universo.
Além disso, o filme trata paralelamente de profundas reflexões. Há a exteriorização de máximas como a não condensabilidade da vida em conceitos: "A vida é infinitamente maior que quaisquer teorias obtusas sobre dela". Assim, apesar da dialética acerca de visões de mundo, nos apronfundamos na relatividade dos assuntos. Onde nada tem real grau de relevância e tudo é relativo, ou melhor, tudo pode ser fruto das ilusões da percepção. Podemos ser poetas em crise, indiferentes ao mundo, à procura de qualquer coisa palpável. Podemos ser políticos, que necessitam de uma sensação de mudança. Mas que se contentam em apenas garantir uma dose dessa sensação ao publico e à ele mesmo, por que efetivamente, houve apenas "trocas". Ou podemos ser cientistas, que necessitam mais. Mas se limitam à meramente refletir e idealizar mudanças efetivas na forma atual de vida. Independente de nosso foco, como o filme apontou, não deixamos de estar todos "tacando nossas redes no infinito" como "peixes presos dentro do vento". Assim, não seria irrelevante ou inefetivo tais discussões?
Dentro do imenso campo de questões abordadas, é importante lembrar que primeiramente é preciso estudar esses "peixes", dissecar cartesianamente todas camadas acerca deles. E após isso, se torna possível a compreensão do mundo como um todo, a adoção do método de visão Sistêmico ou Holístico, possibilitando a efetivação de mudanças significativas. Assim, constatamos que as ideologias de Bacon e Descartes não podem ser taxadas como incorretas ou antiquadas. Mas sim, simplesmente como NECESSÁRIAS ao avanço e à novas formas de compreensão do mundo, que poderão ser adotadas no cenário contemporâneo.
João Victor Cruz - 1 ano Direito Diurno/Noturno.
Teoria do caos: uma borboleta pode provocar tufões.
O filme “Ponto de Mutação”, do diretor Bernt Amadeus Capra, lançado em 1989, traz como pano de fundo três personagens: um senador, um poeta e uma física. Os três, com ideias bem diferenciadas iniciam uma conversa num castelo medieval em França. À partir daí, dá-se início há uma discussão entre dois modos de olhar a vida: o “mecanicista” e o holístico.
Em defesa do lado mecanicista, encontramos Descartes que, assim como o político, acredita que a natureza é uma máquina, onde tudo se encaixa e funciona perfeitamente, mesmo com alguns erros.
Já do lado da visão holística, a física cita Newton, o qual alega que assim como a eletrosfera é uma zona de probabilidades, a vida assim também o é. E completa afirmando que toda ação de um ser produz uma reação na vida de outro. O que nos remete a teoria do caos muito bem exemplificada no filme “Efeito Borboleta” de 2004, o qual tem como frase ilustre e também tese de toda a obra: “O bater de asas de uma borboleta em Tóquio pode provocar um furacão em Nova Iorque.”
Em defesa do lado mecanicista, encontramos Descartes que, assim como o político, acredita que a natureza é uma máquina, onde tudo se encaixa e funciona perfeitamente, mesmo com alguns erros.
Já do lado da visão holística, a física cita Newton, o qual alega que assim como a eletrosfera é uma zona de probabilidades, a vida assim também o é. E completa afirmando que toda ação de um ser produz uma reação na vida de outro. O que nos remete a teoria do caos muito bem exemplificada no filme “Efeito Borboleta” de 2004, o qual tem como frase ilustre e também tese de toda a obra: “O bater de asas de uma borboleta em Tóquio pode provocar um furacão em Nova Iorque.”
Arthur Gouveia Marchesi – 1º ano direito diurno
A volubilidade da reflexão
Baseado no livro do físico Fritjof Capra, o filme Ponto de mutação (Mindwalk) utiliza de vários princípios teóricos físicos para sustentar uma intensa discussão filosófica. Dentre esses, são expostas ideias que se assemelham ao princípio da incerteza de Heisenberg, que julga não ser possível medir a localização e a velocidade vetorial de um elétron simultaneamente. Utilizando-se deste princípio implícito no filme, pode-se fazer uma correlação com a mente humana, que se modifica de forma imprevisível. Conforme subentendido no título em inglês, as opiniões das personagens variam ao decorrer do enredo.
O que possibilita a variação no estado de mente humano é o debate e o embasamento dos argumentos apresentados pela parte contrária na discussão e, a partir do choque de ideias diferentes, uma nova ideia é concebida. Dessa forma, seguindo as particularidades e o conhecimento adquirido pelo indivíduo, é possível, após o término do filme, ter-se infinitas conclusões variando no que cada um pode absorver e levar a seu contexto.
Por isso, o filme constrói e desconstrói concepções, como por exemplo, ironicamente estudando em partes o mecanicismo para em seguida refutar seus mecanismos. Ainda que reconheça a necessidade deste outrora, ele evidencia a premência de uma mudança de perspectiva e apoia uma visão sistemática, onde não se estuda os componentes humanos, mas sim suas relações.
É levada a tona a importância da reflexão, como melhor posto por Albert Einsten: "a mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original". Em suma, a reflexão não se trata de uma mera mudança no estado de mente, mas sim no aprimoramento da perspectiva de mundo.
Amanda Silva Trevisan, 1º ano - noturno.
Leia se quiser uma certeza
“Morri de pneumonia; mas, se lhe disser que foi menor a pneumonia, do que uma ideia grandiosa e útil, a causa da minha morte, é possível que o leitor não me creia; e todavia é verdade. [...] Essa ideia era nada menos do que a invenção de um medicamento sublime, um emplasto anti-hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa melancólica humanidade. [...] Assim, a minha ideia trazia duas faces, como as medalhas, uma virada para o público, outra pra mim. De um lado, filantropia e lucro; de outro lado, sede de nomeada. Digamos: amor da glória. [...] A minha ideia, depois de tantas cabriolas, constituíra-se ideia fixa. Deus te livre, leitor, de uma ideia fixa; antes um argueiro, antes uma trave no olho. [...] Vinha a corrente de ar, que vence em eficácia o cálculo humano, e lá se ia tudo. Assim corre a sorte dos homens.”
(In: “Memórias Póstumas de Brás Cubas” de Machado de Assis)
Uma renomada
física em conflito com os valores éticos em seu trabalho, um poeta sem grandes
vendagem e fama, um popular candidato à presidência dos Estados Unidos que
necessita de nova estratégia eleitoreira. Três personagens aparentemente
desconectadas encontram-se em região no interior da França e dão início a um
extenso diálogo, enredo de “Ponto de Mutação” (1989), filme aparentemente raso
de Bernt Capra, que vai além do pretenso ambientalismo militado pela cientista,
mas nos apresenta firmes questões sobre a existência.
O aspecto central da discussão torna-se, à
certa altura, o cientificismo extremo, herdado de clássicos como Descartes e
Bacon, e transmitidos às relações sociais as quais desenvolvemos. Somos além de
peças, meros instrumentos metálicos, frios, imutáveis e gerais, como bem
metaforizara o filme. Temos vida, emoções, anseios e medos, bem como outras
especificidades que são a beleza do ser.
A conversa aprofunda-se e as personagens aportam no mais repetido e controverso questionamento da humanidade: existe um real sentido para a existência humana? Seríamos apenas alguns bilhares, com nossas vidas interligadas, estritamente, por relações econômicas, ou há algo superior que reja-nos, ordene-nos? Somos realmente livres e independentes? Perdoem-me, apresento a problemática, mas não ouso respondê-la com certeza, tal qual o defunto-autor, e finalizo com uma contradição: abusemos da dúvida cartesiana!
Eduardo Matheus Ferreira Lopes, Direito diurno.
Suicídio da lógica capitalista
Segundo Eric Hobsbawn, a História tem a finalidade de explicar o princípio, o desenvolvimento e o triunfo do capitalismo. Nessa lógica, ela demonstra o percurso de uma classe que nasceu durante o feudalismo e se consolidou durante a Era do Capital(1848-1875), a classe burguesa. Vencedora da disputa pelo poder, a burguesia ultrapassou os limites dos reis e nobres e disseminou seus valores estabelecidos na concepção do poder econômico.
Mesmo na passagem da Id. Média para a Moderna em que a classe burguesa ainda era incipiente, já começavam-se surgir novas diretrizes acerca do pensamento humano. A razão era posta em pauta, concomitante ao o encorpamento da burguesia. Descartes teorizava os novos métodos e Francis Bacon questionava a ciência conformista.
Passado todo esse período de valoração do ser-humano em detrimento ao mundo simplista da realidade, estabeleceu-se uma lógica de mercado nos tempos hodiernos em que os mitos e as crenças se esvaneceram enquanto a força do mundo empírico tomou conta da sociedade. As prerrogativas do capitalismo são complexas e imponderáveis. O mundo do capital é levado ao extremo. As mudanças culturais são influenciadas pela lógica do consumo e tudo o que não estiver inserido nesse meio é escusado de abordagem.
O filme Ponto de Mutação nos traz uma reflexão sobre o quão perverso se tornou o interesse burguês frente aos problemas do mundo, como no meio ambiente, na política e na saúde por exemplo e como isso afeta as próximas gerações, pois a sensibilidade se tornou ilegítima enquanto que os valores superficiais humanos se tornaram prioridade. É preciso nos desconectarmos da lógica imediatista e atentarmos para o conjunto de sistemas que integram o mundo, ou se não acabaremos fadados ao suicídio da lógica capitalista.
Segundo Eric Hobsbawn, a História tem a finalidade de explicar o princípio, o desenvolvimento e o triunfo do capitalismo. Nessa lógica, ela demonstra o percurso de uma classe que nasceu durante o feudalismo e se consolidou durante a Era do Capital(1848-1875), a classe burguesa. Vencedora da disputa pelo poder, a burguesia ultrapassou os limites dos reis e nobres e disseminou seus valores estabelecidos na concepção do poder econômico.
Mesmo na passagem da Id. Média para a Moderna em que a classe burguesa ainda era incipiente, já começavam-se surgir novas diretrizes acerca do pensamento humano. A razão era posta em pauta, concomitante ao o encorpamento da burguesia. Descartes teorizava os novos métodos e Francis Bacon questionava a ciência conformista.
Passado todo esse período de valoração do ser-humano em detrimento ao mundo simplista da realidade, estabeleceu-se uma lógica de mercado nos tempos hodiernos em que os mitos e as crenças se esvaneceram enquanto a força do mundo empírico tomou conta da sociedade. As prerrogativas do capitalismo são complexas e imponderáveis. O mundo do capital é levado ao extremo. As mudanças culturais são influenciadas pela lógica do consumo e tudo o que não estiver inserido nesse meio é escusado de abordagem.
O filme Ponto de Mutação nos traz uma reflexão sobre o quão perverso se tornou o interesse burguês frente aos problemas do mundo, como no meio ambiente, na política e na saúde por exemplo e como isso afeta as próximas gerações, pois a sensibilidade se tornou ilegítima enquanto que os valores superficiais humanos se tornaram prioridade. É preciso nos desconectarmos da lógica imediatista e atentarmos para o conjunto de sistemas que integram o mundo, ou se não acabaremos fadados ao suicídio da lógica capitalista.
Um mundo menos mecanicista
Observam-se as
constantes mudanças existentes no mundo, principalmente na evolução dos pensamentos
sejam eles filosóficos ou não. No filme “Ponto
de Mutação” de Bernt Capra,
três personagens com seus diálogos
bastante engrenados nos fazem alcançar uma nova visão de mundo. Entre eles
encontra-se um político dos Estados Unidos, uma cientista que se sentiu
enganada pelo projeto Guerra nas Estrelas e um escritor um tanto desiludido. Os
personagens se encontram em um castelo medieval no litoral francês e engrenam
discussões e questionamentos sobre alguns pensamentos filosóficos, físicos e políticos.
Nas discussões sobre o papel dos mecanismos
que regem o mundo, abordam a evolução do pensamento humano, passando por
Descartes e chegando aos nossos dias, onde vemos os líderes, pensando de forma
mecanicista, uma visão de que para se alcançar a verdade de
algo é necessário dividi-lo em partes e assim obter ideias claras e distintas,
quando, na realidade, segundo a cientista, deve-se buscar uma visão unificada
do todo, não basta compreender uma parte, se o restante for desconhecido.
Nota-se que o filme sugere mudanças e renovações em todos
os campos e para isso o homem precisa deixar o individualismo e utilizar a
percepção menos induzida, ele apresenta também reflexão sobre as bases da
existência e da integração do pensamento e das ações compassivas no contexto do
desenvolvimento da sociedade.
No final entende-se
que a sobrevivência humana, ameaçada por várias ações igualmente humanas
advindas de uma visão de mundo mecanicista e fragmentada, só será possível se
formos capazes de mudar radicalmente os métodos e os valores da nossa cultura
individualista e materialista atual. E o filme também propõe uma série de
questionamentos, principalmente, referentes aos rumos da ciência moderna.
Emmanuelle Nasser Dias e Silva
1° ano Direito Noturno
1° ano Direito Noturno
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