Engels começa seu texto fazendo uma alusão muito positiva ao Iluminismo, e a época do séc. XVIII seria a época da razão pensante, e esse império da razão era idealizado pela burguesia. Nesse momento a igualdade se reduziu à igualdade burguesa. No século XVIII a reivindicação da igualdade não se limitava aos direitos públicos políticos, mas se estendia às condições sociais, já não era suficiente para a população abolir os privilégios de classe, mas sim destruir as diferenças de classe.
O antagonismo entre os explorados e exploradores permitia aos representantes da burguesia se fixarem no poder diante da falta de expressão social do proletariado. Engels diz ainda que se até “agora” a verdadeira razão e a verdadeira justiça não chegaram ao poder ainda é porque o destino assim o quis, e o homem certo para conduzir essa chegada ao poder só apareceu “agora” e não antes também por causa da vontade do destino.
O efeito da indústria, da revolução industrial na pobreza foi que ela foi convertida em condição de vida da sociedade como um todo. Assim, o começo do séc. XIX já se iniciava conturbado e com um proletariado totalmente oprimido. Como já dizia Saint-Simon, antecipando uma das ideias marxistas, que o governo expressa o mundo econômico, o universo da administração domina a política, então quem comandava o governo era a burguesia, e ela continuava a oprimir os trabalhadores. Engels via a indústria como utópica para o bem comum, porque o avanço que os donos das empresas teriam só seria possível sobrepondo os assalariados.
Fourier faz críticas fortes à civilização burguesa, e faz propostas como: cooperativismo, dizendo que é possível despertar o sentimento de colaboração entre as pessoas, ele diz também que a pobreza brota da abundância, e o grau de emancipação geral se mede pelo grau da emancipação da mulher. Ele propõe ainda a formação de grupos que fossem viver juntos sob um sistema cooperativista e de autossuficiência chamado de Falanstérios.
Para Owen se chegaria à coesão social por meio de condições dignas de trabalho e educação ás crianças, e a riqueza criada pelas máquinas seria exclusivamente apropriada pela burguesia. Para ele as novas forças produtivas, no caso as máquinas, deveriam servir à edificação de uma nova sociedade onde o trabalho existisse em função do bem coletivo. Robert Owen exerceu papel bastante importante no progresso das leis trabalhistas e no aprimoramento das cooperativas. A educação deveria ser usada para clarear os trabalhadores e empresários para que entendessem as necessidades da sociedade moderna e industrial sem oprimir os trabalhadores. Com a cooperação e a educação seria possível ampliar os horizontes e aumentar a capacidade de gerar riquezas para todos.
Engels crítica a metafísica com o materialismo dialético, pois para ele deve se enxergar primeiro de forma aberta, ampla, e depois ir minuciosamente buscando outros pontos a serem considerados. Assim como na dialética marxista, que seria buscar as conexões anteriores ao fato para que se possa chegar até o ponto final. Para o autor a história natural é uma constante dialética, porque a todo instante o ser orgânico se renova assimilando matérias, ou produzindo novas células, está numa permanente transformação.
Para Engels o real como uma projeção de ideias, pode levar a conexões falsas, artificiais, pois nem tudo que é lógico é verdadeiro, principalmente porque para se chegar a alguma conclusão apenas se leva em conta as ideias próprias, que não possuem garantias de total certeza. Dessa forma ele conclui que a forma de se encontrar um melhor entendimento para uma época não está nas ideias, no abstrato, mas sim na própria história, e a evolução do conhecimento, da ciência possibilita o material necessário para fundamentar as análises.
Por causa da luta de classes a história teve que ser revisada, porque pode-se perceber que em nenhum momento, com exceção do estado primitivo, toda a história foi baseada em lutas de classes. Por isso que o socialismo seria um percurso incontornável, já que a própria história converge para os mesmos problemas, e ele enxerga como única solução o fim das classes, ou seja, da mudança de sistema para o socialismo.
O novo socialismo proposto tinha sua cientificidade em decifrar as leis históricas e as contradições inerentes ao capitalismo. Dentro das definições há a de mais-valia que era a diferença entre o valor do produto produzido pelo trabalhador e o seu salário. Considerado pelo autor como o principal mecanismo de exploração da classe trabalhadora, porque o trabalho que seria o objetivo de vida passa a ser apenas um meio para se alcançar um objetivo de vida que foi implantado pelo capitalismo que seria o de consumir. No socialismo não é o fato de consumir, não é o produto o mais importante, é o produtor, o trabalhador que é valorizado.