OS MATERIALISTAS CIENTÍFICOS - KARL MARX E FRIEDRICH ENGELS
A práxis marxista e Patch Adams (médico retratado no filme de
mesmo nome);
Uma interpretação materialista de uma realidade etérea.
A práxis e Patch Adams:
Começando não pelo começo, mas fazendo um novo começo, inauguro o
trabalho falando do aspecto que mais me chama atenção da teoria marxista ao lado
do conceito de alienação: A práxis. Trata-se de uma intersecção entre a teoria e a
prática, onde uma aperfeiçoa a outra. Através da práxis é possível realizar a
mudança de uma dada realidade. No filme Patch Adams que retrata a história real
de um homem de meia idade que resolve ir à universidade estudar medicina. Lá
decide que a forma de ensinar medicina não e adequada e com a ajuda de outros
colegas confronta o ensino da faculdade criando um serviço de
atendimento baseado na “empatia” com o paciente, junto a isso aprimora seus
conhecimentos exercendo na prática, a teoria que aprende de forma síncrona.
Quando se lê sobre a práxis marxista, parece adequada a lembrança do filme e o
trabalho do estudante de medicina Patch Adams! Se pensarmos é muito mais
eficiente aprender a teoria com a prática concomitantes, por exemplo, imaginem
aprender jogar voleibol ou futebol, primeiro na teoria e, depois, quando você souber
a teoria vai ter contato direto com o jogo, o Campo/quadra e os parceiros de
time? As pessoas iriam vão dizer, que ridículo, não faz nenhum sentido! Pois é, não
faz mesmo, nenhum sentido. Ou pelo menos não é a melhor forma de aprender a
jogar voleibol ou futebol, sendo que jogando é que aprendemos mesmo a jogar. No
conceito de práxis, a teoria se fundamenta na prática.
Introdução
Karl Marx
Karl Marx nasceu na Alemanha (Prússia), em maio de 1818 na cidade
de Tréviris, 19 anos após a revolução francesa. Descendente de uma família judia,
estudou direito na Universidade de Bonn e, posteriormente, na Universidade de
Berlin. Marx sendo um dos fundadores do socialismo científico, juntamente com
Friedrich Engels, juntos fundaram o jornal “Gazeta Renana”. Por
criticar excessivamente a sociedade alemã, foi expulso e se exilou em Londres,
onde faleceu, deprimido em função do falecimento de sua esposa, em março de
1883, de bronquite e pleurisia.
O sociólogo iniciou sua carreira, já num contexto de desfecho da Revolução
Francesa e início da Revolução Industrial, sem descartar a importância da
revolução francesa, o seu objeto de estudo foi a revolução industrial e o
capitalismo. Marx se propôs a fazer um estudo sobre as desigualdades da Europa
pós Revolução Industrial. Lá não havia legislação trabalhista, o que possibilitava a
exploração demasiada do homem pelo capital.
Quem quer ser capitalista, deveria estudar Marx, pois ele deve ser a pessoa
que mais estudou o capitalismo no planeta, e mostra isso no 1º e 2º capítulo do livro
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“O Capital”. É comum que nem os que se autoproclamam marxistas leram Marx,
normalmente leram algo ou algum autor que fala sobre a obra/teoria dele.
Principais Obras:
- Manifesto do Partido Comunista;
- O Capital;
- 18 de Brumário.
Friedrich Engels
Engels nasceu na cidade alemã de Barmen em 28 de novembro de 1820,
vivendo na Alemanha até os 22 anos, filho de industrial muda para a Inglaterra e
começa a trabalhar na fábrica de tecidos de seu pai.
Esse período da vida, foi essencial para Engels desenvolver sua teoria sobre a
classes trabalhadoras, ao observar a miséria e as condições dos operários que
viviam dentro do regime capitalista. Em 1845, escreveu “A Situação da Classe
Trabalhadora na Inglaterra”.
Por um tempo fez parte do grupo de esquerda dos “Jovens Hegelianos”, os quais
estudavam a filosofia de Hegel.
Em 1844, ele conhece Karl Marx em Paris, França e, com ele começa a desenvolver
diversas teorias e escrever obras.
A mais destacada foi o “Manifesto Comunista” escrita em colaboração de Marx e
publicada em 1848. Nessa obra, eles reúnem os princípios do comunismo e, após a
morte de Marx em 1883, Engels terminou e publicou o restante dos volumes da
obra, “O Capital”.
Engels faleceu em Londres, Inglaterra, dia 5 de agosto de 1895, vítima de câncer na
garganta.
Engels não produz nada diferente de Marx. Na verdade ele ajuda Marx a
escrever, sendo a teoria socialista produzida por ambos, juntos.
Principais Obras:
- Manifesto Comunista (com Marx);
- O Capital (colaborador de Marx, produz o final após sua morte);
- A Situação da Classe trabalhadora na Inglaterra;
- A Origem da Filosofia;
- Família, Propriedade Privada e Estado;
- Do Socialismo Utópico ao Científico.
Materialismo Histórico e Dialético:
Esse é o método de análise da sociedade na visão marxista, que
compreende que as mudanças e evoluções sociais ocorrem de forma dialética
(influência hegeliana), portando, as transformações vêm através de conflitos de
forças opostas, representada pela fórmula: Tese + Antítese = Síntese. Essa relação
formaria um ciclo, no qual a síntese se transformaria na nova tese, sofrendo por uma
nova antítese que culminaria na formulação de uma nova síntese, assim por
diante. Marx e Engels, olham isso no contexto materialista.
Do lado materialista, o autor acreditava que as condições materiais
organizariam o âmbito social, portanto, em uma relação de causa e consequência, a
produção material moldaria diretamente a forma de relação social. Na visão
marxista, as bases materiais e de produção refletem a estrutura social, assim vemos
na relação de infraestrutura e superestrutura.
Infraestrutura e Superestrutura:
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Na teoria marxista, podemos ver uma divisão em níveis da sociedade, na
qual denomina-se de Infraestrutura e Superestrutura. Sendo que a Infraestrutura
determina a superestrutura.
Infraestrutura: é composta pelas bases materiais e econômicas, como o
relacionamento entre o trabalhador e o meio de produção ou a classe dominante e a
classe dominada, portanto, as bases econômicas determinam as bases filosóficas,
políticas e sociais. É compreendendo a organização econômica que entenderemos
a organização subjetiva da sociedade. Para Marx, na sociedade quando você
transforma a base material, você transforma a sociedade como um todo.
Exemplo: capitalismo, feudalismo, mercantilismo.
Superestrutura: é formada pelas bases filosóficas, políticas e sociais, que
funcionam como justificativas para a sustentação das bases materiais de produção
(infraestrutura).
Exemplo: literatura, Estado, filosofia, ciência, arte e cultura, educação,
religião, aparato militar e de segurança, meios de comunicação de massa,
judiciário, ...
Divisão e Luta de Classes:
Para o autor, a história humana é a história da luta de classes. A sociedade,
na concepção marxista, é baseada na relação entre o dominado e dominador;
explorado e explorador; classe dominante e classe dominada, na qual o dominador
possui os meios de produção (propriedade privada) e o dominado a mão-de-
obra. Por classes, Marx compreende um grupo de pessoas que se relacionam de
forma comum com os meios de produção, que se originam da divisão do trabalho.
O detentor dos meios de produção representa a classe dominante, que visa
manter o status quo - a relação de classe como está -, ao mesmo tempo em que a
classe explorada vive em plena alienação, tendo retirada de si os meios de produção
e necessitando vender sua mão-de-obra para sobreviver, até que venha a abolição
da luta de classe e dessa relação exploratória. Para Marx a história humana é a luta
de classes.
Marx divide a sociedade em 5 tempos históricos, nos quais, podemos ver
esse tipo de relação:
Comunismo primitivo: Sem divisão de classes.
Mundo antigo: Dividida entre Elite social e Escravos
Feudalismo: Aristocracia e Camponeses.
Sociedade Industrial: Burguês e Proletário.
Comunismo: Sem lutas de classes.
Mais-Valia:
Para Marx, a mais-valia significa a diferença entre o valor pago ao
trabalhador e o produzido, sendo esse, a mola propulsora do capitalismo. Seria o
lucro que o empregador tem sobre o trabalho do proletário, que, segundo Marx, é
desigual e injusto, pois o trabalho total realizado pelo proletário não é revertido em
pagamento monetário equivalente. Neste conceito se enquadram desde o
trabalhador que recebe salário mínimo, até o assalariado mais bem pago.
Práxis:
Significa a atividade prática em função da teoria. Para Marx, realizar uma
práxis é a realização da transformação material da realidade. Marx desenvolve esse
termo como uma crítica ao idealismo e ao materialismo. Para o sociólogo, a teoria
está incluída na prática. Portanto, a transformação da realidade não se funda
somente na teoria nem só na prática. É o ponto em que a teoria, ou reflexão,
encontra a ação.
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Estado:
Para Marx, o Estado serve como instrumento da classe dominante, pois não
é capaz de excluir as desigualdades e contradições sociais. O aparato estatal,
segundo o autor, perpetua os interesses e a influência da classe dominante,
intensificando a luta de classe e a exploração. Ao procurar acabar com a luta de
classes, o proletariado deveria extinguir o Estado burguês e instituir um Estado
governado pela união proletária, acabando com a propriedade privada e os
privilégios da burguesia.
Socialismo científico:
Para Marx, como já exposto, a sociedade moderna se baseia na exploração
do proletariado pela burguesia, e para uma solução, o proletariado deveria se juntar
politicamente na luta contra a classe dominante, retirando-a do poder e,
consequentemente, abolindo a propriedade privada e a luta de classes, instaurando
a socialização dos meios de produção e o controle do Estado pelos proletários.
Para Marx, o capitalismo possui crises cíclicas que, um dia, gerariam sua
última crise, sendo ela o estopim para o comunismo. Mais adiante, dever-se-ia
extinguir o Estado e colocar em prática o comunismo, que seria o fim de todas as
desigualdades sociais, econômicas e de classes.
Diferença entre socialismo Utópico e Científico:
O socialismo utópico acreditava que o fim da luta de classe viria através de
uma mudança de mente na sociedade, não acreditando que a revolução seria o
caminho correto para o fim da exploração do proletariado. Já o socialismo científico
acreditava que a mudança viria através da ação política revolucionária do
proletariado, colocando fim nas desigualdades e lutas de classes.
Alienação:
A teoria marxista crê que o sistema de produção capitalista industrial
provoque a alienação ao trabalhador, a partir do momento em que se retira os meios
de produção do proletariado, concentrando nas mãos da burguesia. Agora, o
trabalhador não tem mais uma força criativa, seu trabalho se resume em força
produtiva, na qual está alheio do processo final, não mais se identificando com o
objeto terminado. O trabalhador passa a não ter mais noção do processo produtivo,
devido a intensa especialização do trabalho, perdendo autonomia e identificação
com o produto final. Além disso, o trabalhador perde a riqueza produzida pelo seu
trabalho vendo o burguês se enriquecer, mesmo estando fora da força
produtiva (mais valia).
Fetichismo da Mercadoria:
Fetiche pode ser definido como um objeto inanimado, portanto, feito por
mãos humanas, passa a ter habilidades sobrenaturais e a ser objeto de adoração.
Esse termo, fetiche da mercadoria, está diretamente ligado ao da alienação. O
trabalhador passa a ser deixado de fora de todo o processo de produção, sendo ele
somente um meio para a mercadoria final, perdendo toda a sua relação com o
produto. Com isso, Marx cunha esse termo como sendo o fetichismo da mercadoria,
na qual o produto passa a ter vida independente da ação do proletário, não
dependendo mais da ação direta do trabalhador para existir (o trabalhador é só o
meio, não mais o produtor).
Diante disso, o produto, que deveria receber seu real valor devido ao
trabalho dedicado a ele, passa a ter um valor irreal, como se não fosse
fundamentada no trabalho empregado na mercadoria. Sendo assim, a mercadoria
fica dissociada à produção e ao produtor, recebendo vida própria e sendo, agora,
objeto de adoração. Exemplo: Não sabemos quem são as pessoas produzem o I-
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Phone ou outro celular, mas os queremos, é como se o produto possuísse vida
própria.
Ideologia:
A ideologia pode ser definida como um conjunto de ideias que nos orientam
o viver em sociedade. Para Marx, é um conjunto de ideias que visam sustentar
interesses da classe dominante, buscando construir uma hegemonia de uma
determinada classe, não podendo ser questionada. A ideologia é utilizada pela
classe dominadora como legitimação da exploração para com a classe dominada, se
utilizando da superestrutura para reafirmar a ideologia dominante. Então, a ideologia
dominante, usa a “superestrutura” para “iludir” o proletariado.
Para combater a ideologia, é necessário o acesso universal ao
conhecimento científico (saber verdadeiro), pois, se cada um possuísse o pleno
conhecimento, haveria uma consciência de classe, na qual o cidadão seria capaz de
reconhecer a realidade de fato, a exploração e a alienação e, através do
pensamento crítico e não alienado, passaria a tomar decisões pessoais, que não
seriam influenciadas pela ideologia dominante.
Legado de Marx:
Como legado, Marx deixou uma herança: o Marxismo e sua importância para
as ciências sociais e econômicas. As teorias de Marx influenciaram teóricos como:
Lênin, Stalin, Trotsky, Rosa Luxemburgo, Che Guevara; Antônio Gramsci, Luís
Carlos Prestes. Além de influenciar vários movimentos sociais e partidos
políticos em prol da igualdade social e da abolição do sistema capitalista, tendo
como o mais expressivo movimento: a Revolução Russa, de 1917.
Richard Sennett e a realidade etérea
Introdução
Richard Sennet, um ex-músico (violoncelista) e hoje filósofo, sociólogo e
romancista, considerado um dos maiores pensadores atuais vivos (2021). Foi
inclusive, aluno de Hannah Arendt e une em seus trabalhos, aspectos dapsicologia,
história, sociologia e economia.
É casado com a, também, socióloga Saskia Sassen. Filho de imigrantes
russos, vive em Chicago, professor de sociologia na London School of Economics e
de Humanidades na New York University, é um estudioso e analista do
funcionamento do capitalismo atual.
Para Sennett o capitalismo hoje, se torna um sistema de dominação e deixa
de ser um sistema de concorrência e acredita ele, que as novas tecnologias
desenvolveram um novo tipo de escravidão e que “escravizam” de forma muito maior
que em outras épocas.
Ele acredita que o “neo capitalismo” ou capitalismo flexível, advindo de um
novo contexto econômico criou a necessidade de flexibilidade nas relações de
trabalho e isso prejudica as relações entre as pessoas nos aspectos de
compromisso, confiança e lealdade, sendo isso deletério das virtudes do caráter
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pessoal. Isso advém, principalmente, do medo dos trabalhadores de perderem o
emprego ante às mudanças ocorridas. Esse capitalismo flexível é caracterizado por
um trabalhador mais polivalente, por contratos de trabalho mais curtos e alguns
terceirizados (marca maior desta flexibilização). Outro aspecto deste capitalismo
flexível é o uso da tecnologia para aumentar a produtividade e o controle sobre os
trabalhadores.
Esse novo capitalismo agrega a informação tecnológica. É o capitalismo da
informação e no sentido que, a informação é um dos capitais que se agregam ao
sistema e que regem o mundo de hoje. Um exemplo disso são as mídias sociais
e, os Fake News.
Consigo identificar que a relação entre a teoria de Sennett com Marx/Engels
tem haver com os conceitos de superestrutura e ideologia (exemplos como os
discursos da meritocracia, da “meta dada, meta cumprida”, do trabalhador motivado);
alienação e dominação (o trabalhador cada vez mais alheio dos meios de produção
e controlado pela tela do computador, o “trabalho em equipe” que na verdade é uma
forma de aumentar a produtividade onde cada um controla o outro, mesmo sem
chefe);o fetiche da mercadoria (relações flexíveis).
O Trabalho de sociologia solicitado iria até aqui, entretanto, a teoria de
Richard Sennett é algo novo para mim, e, após pesquisar, resolvi deixar
registrado no trabalho alguns textos da pesquisa. Reforço, -apesar de expostas
as fontes, - que os textos não são meus, foram obtidos na pesquisa sobre a
teoria de Sennet em entrevistas do mesmo e sites confiáveis da internet
(citados abaixo) e, estão anexados para referenciar o trabalho e a teoria
caso eu precise disso em algum outro momento, saberei onde encontrar.
Sennett é considerado um dos maiores intelectuais em sociologia urbana na
atualidade. PHD. em História da Civilização Americana pela Universidade de
Harvard, seu trabalho une sociologia, história, antropologia e psicologia social. Aluno
da filósofa alemã Hannah Arendt e com influências do filósofo francês Michel
Foucault, seus estudos analisam a vida dos trabalhadores no meio urbano e
questões ligadas à arquitetura das cidades.
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Publicou vários livros sobre a organização urbana e as consequências sociais
e emocionais do capitalismo contemporâneo. Sua obra mais conhecida é O declínio
do homem público, na qual aborda a relação entre a vida pública e o culto ao
indivíduo e ao individualismo. Em 2009, lançou o primeiro volume da trilogia Projeto
Homo Faber, para resgatar as habilidades necessárias à vida cotidiana. O
artífice defende a ideia de que fazer é pensar e demonstra como o trabalho com as
mãos pode animar o trabalho da mente. Juntos, segundo volume da trilogia, traz
uma reflexão sobre a arte da cooperação e de como ela requer a capacidade de
entender e mostrar-se receptivo ao outro. O último volume, ainda a ser lançado,
tratará de como criar espaços para viver nas cidades.
Richard Sennett reflete sobre como os sujeitos podem se tornar intérpretes
competentes da própria existência, mesmo diante dos obstáculos que a sociedade
oferece. Em reconhecimento aos seus estudos, recebeu os prêmios Hegel e
Spinoza, e o doutorado honorário pela Universidade de Cambridge, entre outros.
https://www.fronteiras.com/portoalegre/conferencia/richard-sennett
A realidade Etérea, o Teletrabalho, Ação Sindical e Proteção Social: O nó do
gargalo
“Na revolta contra a rotina, a aparência de nova liberdade é enganosa. O tempo nas
instituições e para os indivíduos não foi libertado jaula de ferro do passado, mas
sujeito a novos controles do alto para baixo. O tempo da flexibilidade é o tempo de
um novo poder”. (SENNETT da, 1999: 68). A natureza etérea, flexível,
descentralizada e virtual do teletrabalho ou trabalho remoto pode facilitar situações
de omissão, sonegação e expropriação de proteção social/trabalhista aos
teletrabalhadores.
“Lamentavelmente, pode-se dizer que aqueles que se dedicam a estudar os
fenômenos sociais adjacentes às relações de trabalho, e conhecem com relativa
profundidade a realidade prática do teletrabalho, o associam a uma ideia de
precarização (UCHO, 2009). O teletrabalho aparece como resposta à pressão por
flexibilização das relações trabalhistas, que decorre de um processo global de
fragmentação e descentralização da produção, de revolução informacional e as
novas configurações das cadeias globais de valor (relações de subordinação
produtiva e de dependência).
As dificuldades de ação do Direito do Trabalho se multiplicam quando os “labores
virtuais” são exercidos em países distintos do local de onde foram encomendados
(offshoring produtivo), pois aí é praxe notar-se, conforme adverte Wilfredo
Sanguineti Raymond (2011) “uma seleção ‘à lá carte’ do regime de prestação de
serviços laborais e uma ‘importação virtual’ do trabalho ao preço do Estado menos
protetor”. Este fenômeno talvez seja o maior desafio da ação sindical no universo do
teletrabalho ou trabalho remoto.
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Há que se atentar para alguns pontos de preocupação da ação sindical no contexto
do teletrabalho, como o controle da jornada de trabalho, o pagamento de hora extra,
o direito de descanso, lazer, que pode ser comprometido pela não desvinculação
completa ao trabalho, as condições de trabalho, o pagamento de horas de
sobreaviso (tempo de disponibilidade do trabalhador aos chamados da empresa,
que é difícil de ser mensurado quando a esfera privada se mistura à esfera
profissional), as normas de saúde e segurança no trabalho, e o dito ‘perigo da
autonomia’, que pode comprometer a lógica da responsabilidade objetiva do
empregador diante de riscos de doenças e acidentes de trabalho.
Com a cooperação remota, feita à distância, a categoria “local de trabalho” é
flexibilizada e relativizada, passando o controle do trabalho a ser exercido
majoritariamente com balanços de metas e resultados, ou pela utilização de
tecnologias de comunicação (telessubordinação) e de tecnologias biométricas. Alan
Supiot (2007: 164/165) ressalta o quanto o Direito do Trabalho está hoje abalado
pelas novas tecnologias da informação e da comunicação, e exposto às fantasias da
ubiquidade. Cada vez mais, espera-se um ser humano disponível em todo o lugar e
em toda a hora para trabalhar ou consumir.
A reflexão sobre essas novas formas de controle do trabalho e “descontrole do
tempo” envolve a proteção da intimidade e a inviolabilidade do domicílio, que
poderiam ser relativizados e postos em perigo, além disso, “o teletrabalho cria as
condições para o abuso do horário de trabalho, pois os meios de telecomunicações
designadamente o telefone, o fax, ou o correio eletrônico serão partilhados entre a
utilização para fins profissionais e fins familiares pelo que aumenta o risco de o
indivíduo estar sempre contatável, estar sempre sob pressão profissional de realizar
determinada tarefa ou trabalho, o que o conduz a continuar/prolongar o tempo de
trabalho diário.
O trabalho em excesso como qualquer outro vício comportamental, poderá originar
doenças relacionadas com stress ou conflitos familiares” (Feliciano,
Freitas, Lencastre e Silva, 2000, p. 3) A questão da subordinação ao trabalho é
analisada pelo grau de intervenção e alcance do empregador no trabalho do
empregado. Um conceito intermediário seria o de parassubordinação. Manuel
Castells nos fornece também uma divisão do teletrabalho em três categorias: a) os
substituidores, que são aqueles que substituem o serviço efetuado em um ambiente
de trabalho tradicional pelo serviço feito em casa; b) os autônomos, trabalhando
online de suas casas; c) e os complementadores, que trazem para casa trabalho
complementar do escritório convencional (Castells, 1999). Em cada caso, o grau de
telessubordinaçao e as possibilidades de controle do trabalho variam.
O Teletrabalho é muito utilizado dentro das cadeias globais de produção, pois
esta modalidade de trabalho atende bem ao modelo de descentralização produtiva
global. Muitos especialistas o relacionam ao fenômeno do dumping social, termo
utilizado para designar a prática de as empresas utilizarem trabalho mais barato,
seja pelo uso de trabalho de migrantes, seja pelo deslocamento total ou parcial da
produção para países com maiores desigualdades sociais, mercados de trabalho
desregulados e com uma rede de proteção social frágil, quando não inexistente.
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Há um caráter duplo da virtualidade intrínseca ao teletrabalho para a ação
sindical, pois ao mesmo tempo em que a virtualidade pode funcionar como uma
barreira ou fator limitante ao alcance Sindical, ela pode também ser utilizada como
um mecanismo de mobilização e força informacional e discursiva. A falta de
regulação legal específica sobre definição, contratos e condições de teletrabalho
podem levar Sindicatos a reforçar a ideia do “negociado sobre o legislado” como
uma forma de garantir ao teletrabalhador o direito de requerer direitos e denunciar
situações de dano ou abuso, além de evitar riscos de regulamentação uniforme de
condições de trabalho para situações que tem grande potencial de variação, onde
prevalecem contratos individuais e os Sindicatos perdem poder de influência global.
O exercício do direito Sindical na empresa com o uso de novas tecnologias, já
que os métodos tradicionais são incompatíveis com a condição de trabalho remoto,
figura entre as possibilidades plausíveis de coordenação da ação Sindical com as
novas realidades. Deve ser lembrada também a importância do diálogo social
tripartite em um processo que contemple a modernização das relações de trabalho,
redefinindo-as de forma a dar conta dos novos fenômenos e contratos entre
capital/trabalho, mas preservando os direitos laborais e a proteção social dos
trabalhadores.
Lorena Ferraz C. Gonçalves – mestre em Ciências Sociais UNB
A Corrosão do Caráter
Nesse livro, Richard Sennett oferece-nos um instigante ensaio sobre as
influências do "capitalismo flexível" no mundo do trabalho e suas repercussões no
caráter humano, convidando-nos a realizar uma profunda reflexão sobre as
consequências sociais dos novos caminhos trilhados pelos indivíduos na sociedade
da informação.
É de conhecimento geral o que a maioria dos consultores de recursos
humanos recomenda para os profissionais nos dias de hoje: invista tudo o que puder
em sua carreira para garantir sua polivalência no mercado de trabalho, não
permaneça em uma mesma empresa ou função por muito tempo e esteja preparado
para relações de trabalho temporárias.
Na opinião de Sennett, essas exigências de flexibilidade na atuação
profissional e a inexorável fugacidade das relações trabalhistas estariam
contribuindo para enfraquecer valores como o compromisso, a confiança e a
lealdade, que são fundamentais para a consolidação do caráter humano. Para o
autor, a decadência desses valores seria um reflexo do desaparecimento das
relações de longo prazo no trabalho e estaria se reproduzindo na vida social,
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dificultando o estabelecimento de relações mais permanentes com os amigos e a
comunidade, além de interferir na formação do caráter das crianças, que não veem
mais na rotina diária dos pais as virtudes que eles procuram pregar.
Essas mudanças de comportamento na vida profissional resultam das novas
forças que estão impactando o mundo do trabalho na empresa flexível: a
reinvenção descontínua das instituições, a especialização flexível de produção e a
concentração de poder sem centralização. Reinventar a empresa e flexibilizar a
produção tornaram-se uma regra em um mercado em que o que interessa é o
retorno em curto prazo para os acionistas e a pronta resposta à demanda do
consumidor. Por outro lado, para saciar essa vertiginosa ânsia pelo resultado
imediato, tornou-se indispensável acelerar os processos, de forma que foi
necessário permitir que funcionários tivessem mais controle sobre suas atividades,
controle esse que está sendo concedido sob uma estrita vigilância operada via
novas tecnologias de informação, inaugurando formas mais sofisticadas de
dominação do que as utilizadas nas empresas no passado.
O paradoxal é que esse novo sistema de dominação está sendo construído
sob a insígnia da liberdade. Um dos melhores exemplos disso é a nova forma de
organizar o tempo no local de trabalho, que Sennett denomina "flexi-tempo". Este é
caracterizado pelo planejamento flexível das jornadas e pelo trabalho virtual, no qual
o funcionário deixa de ser monitorado pelo relógio de ponto para ser controlado por
meio da tela do computador. Assim, na visão do autor, a proclamada
"desburocratização" das empresas é enganadora, pois, apesar do abandono da
rigidez e do formalismo típicos da organização burocrática, a sua característica
fundamental, que é a dominação e a alienação do trabalhador, está sendo recriada.
Em atividades operacionais, por exemplo, a automação está reinventando a
superespecialização taylorista do trabalhador. E o caso da padaria automatizada
descrita por Sennett em seu ensaio: para fazer o pão basta saber "clicar" os ícones
corretos, o que não requer conhecimento do ofício, mas apenas conhecimentos
básicos de Windows. Associada ao "flexi-tempo", essa superespecialização estaria
desmantelando as identidades e causando uma profunda indiferença em relação ao
trabalho.
Já no ambiente empresarial, os executivos estão sendo expostos, pela
necessidade de provar todos os dias a sua competência, a um estado contínuo de
vulnerabilidade. Em um mercado em que há poucos ganhadores e no qual o
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"vencedor leva tudo", as pessoas estão sendo continuamente pressionadas a se
superar, apesar do alto risco de fracasso. Nesse "jogo", os funcionários de meia-
idade são os que mais sofrem, pois a concentração nas capacidades imediatas leva
a uma negação de sua experiência passada, agravada pelos rótulos de aversão ao
risco e de inflexibilidade.
Por outro lado, a ética individual do trabalho, personificada pelo "homem
motivado", que busca incessantemente provar seu valor moral pelo trabalho, está
sendo substituída pela ética do trabalho em equipe. Para Sennett, isso seria uma
vitória para a civilização se o trabalho em equipe não estivesse se transformando em
um "teatro" em que as aparências e comportamentos são manipulados e o conflito é
sistematicamente adiado. Na realidade, o trabalho em equipe veio substituir a
vigilância do administrador pela pressão dos colegas, tornando-se uma excelente
estratégia para aumentar a produtividade. Assim, as responsabilidades são
partilhadas e não há uma figura que simbolize a autoridade, mas a dominação
continua permeando as relações entre os indivíduos no trabalho.
Sennett, então, cita Rorthy para demonstrar que o "homem motivado" está
sendo substituído pelo "homem irônico": "Richard Rorthy escreve, sobre a ironia, que
é um estado de espírito em que as pessoas jamais são 'exatamente capazes de se
levar a sério, porque sabem que os termos em que se descrevem estão sujeitos a
mudança, sempre sabem da contingência e fragilidade de seus vocabulários finais, e
portanto dos seus eus'. Uma visão irônica de si mesmo é a consequência lógica de
viver no tempo flexível, sem padrões de autoridade e responsabilidade" (p. 138). E
nos provoca: "A clássica ética do trabalho de adiar a satisfação e provar-se pelo
trabalho árduo dificilmente pode exigir nossa afeição. Mas tampouco o pode o
trabalho em equipe, com suas ficções e fingimentos de comunidade" (p. 139).
Para Sennett, o comunitarismo resulta de fortes laços entre pessoas que
tiveram tempo suficiente para enfrentar suas diferenças: a suposição de que todos
os membros de uma equipe de trabalho partilham das mesmas motivações não
garante uma comunicação efetiva, tornando o trabalho em equipe uma forma frágil
de comunidade. Na sua visão, é o enfrentamento do conflito que oferece a base real
para unir pessoas de poder desigual e interesses diferentes. Além disso, para que a
confiança se estabeleça entre as pessoas, é fundamental que elas sejam
necessárias umas às outras.
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Ironicamente, ser necessário a alguém é justamente o valor que está sendo
depreciado no novo mundo do trabalho, no qual se descartam as pessoas, suas
identidades e suas chances de sucesso. Nas palavras de Sennett: "Esse é o
problema do caráter no capitalismo moderno. Há história, mas não a narrativa
partilhada de dificuldade, e portanto tampouco destino partilhado. Nessas
condições, o caráter se corrói; a pergunta 'Quem precisa de mim?' não tem
resposta imediata" (p. 175-176).
Assim, para Richard Sennett, o novo capitalismo flexível, em sua ânsia pelos
resultados, está gerando uma sociedade impaciente e concentrada apenas no
momento imediato, cujos valores amorais contribuem para corroer o caráter humano.
E o que é mais inquietante: a substituição da rotina burocrática pela flexibilidade
no trabalho não foi acompanhada pela liberdade e pela emancipação do
indivíduo, mas pela elaboração de novas formas de dominação.
Apesar de suas constatações pessimistas, Sennett reconhece que não há
como negar as novas realidades históricas nem os avanços que ocorreram no
mundo do trabalho. Assim, para compreender sua mensagem, o leitor precisa estar
atento para o fato de que sua intenção não é fazer um resgate do passado, mas
questionar como vamos moldar o nosso futuro em uma sociedade na qual os
indivíduos não estão mais seguros de serem necessários aos seus semelhantes.
Esse convite para tão indispensável reflexão é suficiente para tornar a leitura desse
ensaio estimulante para todos aqueles que procuram compreender as
consequências sociais dessa progressiva corrosão do caráter humano.
https://www.fgv.br/rae/artigos/revista-rae-vol-40-num-3-ano-2000-nid-46280/
Entrevista para o El País (seleção parcial de trechos)
O que aconteceu para que o que nós entendíamos como direitos hoje
sejam vistos como privilégios? O capitalismo moderno funciona colonizando a
imaginação do que nós consideramos possível. Marx já havia percebido que o
capitalismo tinha mais a ver com a apropriação do entendimento do que com a
apropriação do trabalho. O Facebook é a penúltima apropriação da imaginação: o
que víamos como útil agora se revela como uma forma de entrar na consciência das
pessoas antes de que possamos agir. As instituições que se apresentavam como
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libertadoras se transformam em controladoras. Em nome da liberdade, o Google e o
Facebook nos levaram pelo caminho em direção ao controle absoluto.
Como detectar o perigo nas novas tecnologias sem se transformar em
um paranoico que suspeita de tudo? Devemos nos perguntar sobre o que se
apresenta como real. Isso é o que fazem os escritores e os artistas. Eu não suspeito.
Suspeitar significa que existe algo oculto e eu não acho que o Facebook tenha algo
oculto. Simplesmente não queremos ver. Não queremos enfrentar que o gratuito
significa sempre uma forma de dominação.
Em tempos de redes sociais, como preservar a intimidade? O que
aconteceu com a Cambridge Analytica é um crime: alguém roubou e vendeu
informação privada. Não existe mistério. É um negócio ilegal que camuflaram com
conversas sobre proteção de dados. Quem recebeu a informação pagou por ela.
Mas o truque é levar uma discussão que não deveria existir à imprensa. Os crimes
devem ser punidos.
De que maneiras podem agir hoje os políticos para defender os direitos
das pessoas contra as pressões dos poderes econômicos? A história explica.
Há 100 anos Theodore Roosevelt decidiu que o Estado deveria romper os
monopólios. Era conservador. Mas era o presidente de todos os americanos. O
capitalismo tem a tendência a passar com grande facilidade do mercado ao
monopólio. E aí, com a repressão da concorrência, começam os grandes problemas,
a grande desproteção. Com monopólios, o capitalismo passa de ser o sistema da
concorrência a ser o da dominação. Aumentar a diferença salarial entre os ricos e os
pobres de tal maneira como ocorre agora é o caminho a todos os populismos. Isso
foi Trump. No Reino Unido tivemos o equivalente a Obama em Tony Blair. Pior do
que Obama. Obama é um homem de total integridade pessoal. E Blair é somente
um político.
Por que o Estado de bem-estar só parece sustentável nos países
nórdicos? Eu resisto a essa ideia. Não é preciso ser rico para que esse sistema
prospere e se mantenha. Na Colômbia existe com recursos muito menores. Em
Botsuana há um modelo justo, ainda que a equidade quando se tem pouco
signifique pouco. Bismarck construiu o Estado de bem-estar na Alemanha com más
intenções: queria evitar que os trabalhadores se rebelassem. Com o Estado de bem-
estar as pessoas se tornam conservadoras. A destruição dessas políticas que ocorre
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hoje na Espanha é uma tragédia. Sabe que meus pais lutaram na Guerra Civil
Espanhola?
Em A Corrosão do Caráter o senhor descreve a falácia de que a
flexibilidade trabalhista melhora a vida. Que tipo de caráter produzirão o Uber e
o Deliveroo? Vidas sem coluna vertebral. Um caráter cujas experiências não
constroem um todo coerente. Algo muito circunscrito a nosso tempo e preocupante
porque os humanos precisam de uma história própria, uma coluna vertebral.
Referências Bibliograficas:
Lorena Ferraz C. Gonçalves - http://jus.com.br/artigos/12530/o-
teletrabalho#ixzz3FMuQGSgzhttp://www.trt4.jus.br/portal/portal/trt4/comunicacao/noti
cia/info/NoticiaWindow?action=2&destaque=false&cod=724303
Alemão, I. e Barroso, Márcia Regina C. O TELETRABALHO NO DOMICÍLIO: O
REPENSAR DAS CATEGORIAS TEMPO E ESPAÇO NA ESFERA PRODUTIVA.
XV Congresso Brasileiro de Sociologia, 2011.
Rodrigues, Ana Cristina Barcelos. ‘O teletrabalho e o Direito coletivo’. In
TELETRABALHO: A TECNOLOGIA TRANSFORMANDO AS RELAÇÕES DE
TRABALHO. Dissertação de mestrado: USP, 2011
file:///C:/Users/Convidado/Downloads/TELETRABALHO_A_tecnologia_transformand
o_as_relacoes_de_trabalho_Integral.pdf
A história de Friederich Engels, site: toda matéria.
Aluno: Rubens Chioratto Junior – R.A. 211.222.526 1º período Noturno