O mundo, na visão cartesiana, é
entendido como uma máquina, na qual há inúmeras engrenagens. Entretanto, para compreender
esse cosmo é vital analisar cada peça individualmente, caracterizando, dessa
maneira, Descartes como o primeiro teórico com uma perspectiva mecanicista da
humanidade. Esse raciocínio ainda é muito empregado, principalmente no âmbito
político, o que proporciona diversas falhas, já que, como afirma a ciência
pura, tudo faz parte de uma teia inseparável de relações. Não é possível
estudar um elemento específico sem relaciona-lo com o meio em que ele está
inserido.
Sabe-se que o fascismo é um dos
ramos de um sistema político, ou seja, ele pode ser percebido como um fragmento
da máquina política. Com isso, para que a sociedade se liberte de fato dos
juízos desse regime opressor e autoritário, não é ideal empregar o método
mecanicista cartesiano, uma vez que como é afirmado no filme “O ponto de
mutação” do diretor Bernt Capra, é possível consertar uma peça, todavia, ela
irá quebrar de novo rapidamente, pois, foi ignorado o que se conecta a ela. Assim,
constata-se, que para emancipar o corpo social do fascismo, tudo deve ser
alterado ao mesmo tempo, desde as instituições até os valores arreigados na
sociedade, já que conforme o palestrante Hélio Alexandre, o fascismo apenas
perdeu militarmente com o fim da Segunda Guerra Mundial e não ideologicamente,
desse modo, ele por emergir a qualquer momento se providencias efetivas não
forem tomadas.
A ciência, ademais, possui um papel
imprescindível nessa busca por autonomia, visto que ela é uma rede interligada
e abrangente. Segundo a Teoria dos Sistemas Vivos, que também é abordada na
obra de Capra, a ciência não picota as coisas, ela olha para os seres vivos
como um todo. No entanto, ela deve ser pura, a ciência deve cumprir o seu
ofício de compreender o mundo como ele realmente é, isto é, ela não deve ser
cara, utilizada para gerar lucro, mas sim fascinante.
O fascismo, por conseguinte, é um fenômeno que deve ser
estudado cientificamente, uma vez que ele está em oposição com os preceitos
liberais, como a individualidade e a competitividade. Segundo o palestrante,
nesse regime as pessoas dissolvem as suas individualidades para cultuar um
líder. Desse modo, para compreender esse sistema e consequentemente escapar
dele, é necessário analisar todo um contexto histórico e econômico que levaram
a sua ascensão. Percebe-se, portanto,
que o mundo é uma teia conjugada e não peças isoladas.
Laura Santos Pereira de Castro
Primeiro Ano Direito Matutino