Total de visualizações de página (desde out/2009)

segunda-feira, 16 de março de 2020

Modelos sistêmicos em combate às arbitrariedades.


Na obra cinematográfica Tempos Modernos, de Charlie Chaplin, um trabalhador é submetido a condições limítrofes de existência e de sobrevivência em uma fábrica. A coisificação desse indivíduo, oprimido pela produtividade, é representada e criticada pelas cenas nas quais ele é esmagado pelas engrenagens da indústria e pelos seus colapsos nervosos. Essa realidade pós Revolução Industrial é tanto causa quanto consequência da submissão dos indivíduos aos sistemas que os envolvem, com suas particularidades e ressalvas, desde o Antigo Regime: submissão aos senhores, aos monarcas, ao capital. Em concomitância, à Ciência foi atribuído cada vez mais o caráter mecanicista influenciado pelo método cartesiano de pesquisa: a maneira de se produzir conhecimento foi sistematizada com a análise separada de fenômenos para a posterior compreensão do todo. Contudo, essa dinâmica, herdada do século XVII, tornou-se obsoleta e incapaz de explicar muitos dos problemas estudados: não basta ter controle sobre os processos, mas é necessário compreendê-los. Covid-19; crises nos sistemas de  saúde; adoção de políticas econômicas neoliberais; histeria e desinformação. Esses são exemplos de como é necessária a adoção de modelos sistêmicos a fim da compreensão do todo para a resolução de problemas que nos cercam de maneira inteligente e eficaz.
  Sob outro ponto de vista, é possível analisar que da mesma maneira como os Estados têm controle sobre sua economia e sobre os seus sistemas produtivos, têm também sobre sua produção científica, vide o incentivo ao desenvolvimento de vacinas em momentos de epidemia que possam comprometer a produtividade ou ao desenvolvimento bélico dos países em situações de guerra, a exemplo dos infelizmente já conhecidos armamentos nucleares. Isso faz com que, assim como as máquinas industriais foram as responsáveis pela equalização dos operários em condições miseráveis em prol do enriquecimento da classe burguesa, a Ciência torne-se um novo fator de coisificação do homem e da transformação dele em mais do que uma máquina produtiva: em uma potencial máquina de destruição. Destarte, nota-se como os Tempos Modernos são, na verdade, a repaginação dos Antigos com o advento das máquinas e da tecnologia: a arbitrariedade foi transferida dos soberanos aos saberes científicos; é de grande interesse o desenvolvimento de novas tecnologias porque a aplicação delas nos sistemas produtivos faz das arbitrariedades com o povo não inexistentes, mas veladas e impessoais, o que garante a manutenção dos poderes e dos privilégios das elites. 

ciência: uma moeda de dois pesos

 É possível analisar, na atualidade, como os conceitos devem ser relativizados e como é complexo, se não abstrato, chegar a uma verdade absoluta. O filme "O ponto de mutação" deixa isso bastante explícito ao demonstrar os diferentes pontos de apoio do pensamento científico, a evolução da racionalidade ao passar do tempo e a distinção nos modos de ser e de pensar de cada personagem quando comparada a outra.
 Ao unir um poeta, uma cientista e um candidato a cargo político, o enredo demonstra a heterogeneidade da sociedade contemporânea, na medida em que estes tem ideais distintos e expõem seus pensamentos ao se unirem em diálogos acerca de assuntos do mundo moderno.
 A racionalidade e a experiência também entram em pauta, em forma de uma discussão que remete a conceitos discutidos há vários séculos: à mecanicidade ou não da natureza, à visão dos organismos como partes de uma cadeia complexa e indispensável, à posição da mulher perante a vida social e seu papel na ciência, aos interesses e desenvolvimentos dos governantes em prol de interesses específicos e aos sistemas, no caso como vigente o capitalismo.
 Ou seja, tal produção cinematográfica pode ser usada como ponto de partida para uma ampla análise acerca do mundo contemporâneo, o que abre inúmeras discussões e reflexões, que podem ser tidas como indispensáveis para a evolução do pensar e para a busca de respostas que, ao menos no momento, possam ser tidas como mais verossímeis.
 Assim, o que fica concluído é que, apesar de todos os avanços já encontrados pela ciência e pela razão, o mundo ainda pode ser tido como uma folha em branco, que aguarda por descobertas e avanços, como forma de, possivelmente, guiar melhor os atores sociais em suas ações e, gradativamente, à maior racionalização de seus grupos sociais. Isso só poderá ser alcançado com a defesa do pensar crítico e pela fome de mais e mais conhecimento, como um motor responsável por nunca trazer a estaticidade, de modo que fique claro que a ciência é como uma moeda de dois pesos: ao mesmo tempo em que traz respostas muito almejadas, passa a considerar equivocados ideais que foram tidos como absolutamente verdadeiros e irrefutáveis, muitas vezes, por séculos, e isso é uma relação em cadeia, o que foi considerado verdade agora, pode ser desmentido amanhã, e vice-versa, e que podem ser vistos como positivos ou negativos, dependendo de como são usados e de quem detêm seu poder.

Maria Paula Castro Gonzaga
1° Ano-Matutino

Escravidão-mor

A máquina trabalha
Até onde ela conseguir tolerar
Mas essa é uma verdade falha
Pois ela não vai suportar

Na ganância do consumismo
Nos colocamos acima de um bem maior
Tal como o etnocentrismo
Que demonstra que estamos na pior

Será que precisamos dessa cultura para sobreviver?
Ou ela tem como único objetivo nos fazer comprar?
A real é que estamos fadados a morrer
Caso essa realidade passe a permear

A natureza é escrava de toda uma sociedade
Refém daqueles que controlam os meios de produção
E eu pergunto, onde está a alteridade?
Mas nem todos renunciam dos seus desejos em busca da abnegação

A natureza trabalha
Até onde ela conseguir tolerar
Mas essa é uma verdade falha
Ela já não consegue mais suportar.

Cidmaicon B. de Jesus (1º ano - noturno)

A Mecanização e o Meio Ambiente

     De maneira geral, na história da humanidade é possível notar nas comunidades humanas tendência de padronizar, seja de costumes ou ações do dia-a-dia. Nesse sentido, a mecanização se dá como uma das consequências, na qual o homem passa a ver tudo como um produto/ coisa, mostrando o reflexo do sistema industrial capitalista e uma forma de perpetuação do mesmo. Porém, até que ponto a humanidade coisifica?
     Atualmente, uma das maiores preocupações da humanidade é o meio ambiente. Com o novo modo de governança global, os aspectos ambientais não são mais vistos de modo isolado, mas sem fronteiras. Isto é, a natureza está interligada, assim, acontecimentos na Amazônia, situada na América, pode afetar outros continentes como o euro-asiático. Dessa forma,  a utilização desenfreada dos recursos ambientais que se deu nos séculos XIX e XX, impactou o equilíbrio do ecossistema da Terra. É evidente que com a mecanização o homem deixou de se preocupar com as consequências futuras de seus atos e agiu a fim do objetivo: maior rendimento industrial.
     À vista disso, é notável que o homem é capaz que comercializar qualquer coisa para o próprio bem, negligenciando as consequências. Espera-se que a humanidade note que a natureza trabalha em perfeito equilíbrio e que somos nós que temos que nos adaptar a ela.

Gabriela Cardoso dos Santos
Primeiro Ano de Direito - Diurno

Modelo cartesiano e sua relação de analise da natureza


A crítica ao modelo cartesiano e sua relação com as diferenças de gênero no direito

No filme ‘’Ponto de Mutação’’ acontece, em um determinado momento, uma discussão entre um politico, um poeta e uma cientista sobre o funcionamento de um imenso relógio antigo, a cientista critica a maneira como os políticos enxergam a natureza, assim como descartes, que comparou a natureza e seu funcionamento a de um relógio, onde é possível separar todas as partes e assim, entender o todo.
Ela contesta que o mundo não pode ser repartido em pedaços para ser analisado, mas sim, entender o todo, já que se você remover o objeto de estudo de seu meio, o resultado encontrado não será o correto, pois o objeto e seu contexto estão totalmente interligados.
Por conseguinte, podemos levar a análise da cientista a outros âmbitos do cotidiano, já que muitas situações são entendidas de uma forma cartesiana, entretanto, a sociedade e suas diversas nuances não podem ser pesquisadas como um evento único, mas sim consequência de ações no passado e reflexo de seus habitantes do presente, fazendo com que a reflexão sobre as diferenças de gênero no direito, por exemplo, deva ser feita de forma a entender todas as suas particularidades.
Em suma, se formos analisar o privilégio masculino no mercado de trabalho, verificando somente se existe um percentual de contratação feminina ou uma lei que tenha como objetivo garantir essas contratações, o resultado mostrará que existe sim um percentual de contratação, e existe também um capítulo da Constituição Federal de 1988 que tem por objetivo a proteção do trabalho da mulher, porém, se analisarmos de maneira mais ampla, considerando além das variáveis apresentadas, também outros fatores, perceberemos que mesmo com todos os recursos atuais, a relação da mulher no mercado de trabalho é totalmente desigual se comparada à do homem.
Portanto, conclui-se que a cientista no filme, se mostra correta em questionar os métodos de avaliação dos políticos em relação a natureza, já que a mesma é uma forma orgânica, não uma máquina, e assim deve ser avaliada de acordo com sua especificidade.

Sociedade Global e suas ligações



Proposta por René Descartes, o discurso do método foi uma verdadeira revolução no pensamento científico do século XVII, de tal forma que até hoje é reconhecido e estudado nas escolas e universidades brasileiras. Nesta obra de grande relevância para a ciência moderna, é proposta uma nova maneira de observar os fenômenos, de forma objetiva, de maneira a evidenciar a racionalidade humana, o que posteriormente ficou conhecido como “lógica cartesiana”.


Embora todos os avanços conquistados através desta proposta de pensamento, boa parte da ciência levou - e leva até hoje - essa concepção como um fio condutor para conquistar novos espaços e conhecer o mundo ao seu redor. Entretanto, esse pensamento hegemônico pode e deve ser questionado. Por intermédio do filme “O ponto de mutação”, baseado no livro de mesmo nome escrito por Fritjof Capra, por meio do diálogo das personagens é possível entrar em contato com uma outra visão, entendendo o mundo como uma organização que está interligado em diversos sentidos, não só nas relações humanas. Isto posto, passamos a (re)pensar a forma em que vivemos. Tendo como exemplo o caso de pessoas buscando o título de cidadão refugiado. Uma pessoa que quer sair de seu país por diversos motivos, e chegar até outro onde teoricamente terá mais oportunidades de sobreviver e se estabelecer. Chegando a esse novo país, como ela vai se sustentar? Existem mais pessoas na mesma situação? A desigualdade social pode ser um fator determinante para essa mudança? Essas questões reforçam a ideia de que ao chegar nesse novo país, essas pessoas se ocuparão em subempregos (não que seja uma verdade absoluta), aumentando ainda mais a desigualdade que ali já existe e em casos muito mais extremo, ao trabalho escravo. No livro “Tráfico de pessoas para Exploração Sexual: Prostituição e Trabalho Sexual Escravo”, organizado pelo Prof. Dr. Paulo César Corrêa Borges, é citado a frase que resume a maneira como as sociedades estão organizadas: “As democracias nacionais são ditaduras internacionais” (Antonio Gonzáles - pag. 278), ou seja, de nada adianta buscar soluções pontuais para países com grande taxa de emigração, sem que haja uma análise global de tudo que pode influenciar a saída de uma pessoa de seu país. Portanto, além de todas os fatores que cercam, a desigualdade social ainda é a maior das mazelas da humanidade. Para existir um país rico, precisa que haja muitos outros pobres produzindo seus alimentos e suas matérias-primas.

Uma nova maneira de pensarmos a ciência e a realidade

No filme "ponto de mutação", adaptação da obra do físico Fritijof Capra, uma das discussões apresentadas se relaciona fortemente com o relógio. Esse instrumento mudou a maneira como a humanidade enxerga a própria natureza. Em um dos momentos do filme, a personagem Sonia Hoffman, interpretada pela atriz Liv Ullmann, explica que os seres humanos começaram a comparar o funcionamento desse instrumento com a natureza, chegando à conclusão de que os dois teriam funcionamento muito semelhantes. Essa visão mecanicista faz uma analogia entre o funcionamento mecânico de um relógio e os fenômenos naturais, na qual ambos podem ser “desmontados”, “reduzidos a um monte de peças simples e fáceis de entender”, e, logo após isso, passamos a entender o objeto estudado.

Esse comentário presente no filme traduz uma das bases do pensamento científico. Ele foi consolidado a partir da Revolução Científica, movimento intelectual ocorrido na Idade Moderna e que contou com forte contribuição de pensadores como Galileu Galilei, Francis Bacon e Descartes e que ainda ecoa na atualidade.

No entanto, a partir do século XX, um pensador francês chamado Edgar Morin passa a tecer fortes críticas a essa forma de pensar o mundo. De acordo com uma de suas conferências realizadas nos anos 90, conhecida como “Por uma reforma de pensamento”, o autor defende é preciso que conciliemos esse modo de pensar mecanicista com um sistêmico. A razão dessa união seria o desenvolvimento de um pensamento “complexo”, (palavra que vem do latim e significa “que é tecido em conjunto”), ou seja, um pensamento baseado da Teoria dos Sistemas, em que cada parte dialoga com outra e se percebe como parte de um todo impossível de se separar, necessitando que a análise seja feita sempre em conjunto.

O motivo seria o fato de que a maior parte dos fenômenos naturais estão intimamente conectados e que ao tentarmos separá-los, a analise será rasa e inverossímil, afetando seriamente a produção de um conhecimento confiável.


Portanto, é preciso que se desenvolva na atualidade um pensamento que una, ou seja, um pensamento complexo. É preciso globalizar e contextualizar, situar num conjunto se houver um sistema. Na opinião do autor, essa reforma deve se iniciar nas escolas primárias e em pequenas classes, por meio de uma reforma educacional que reforme primeiro os espíritos e depois as instituições. 

DIOGO PERES TEIXEIRA - 1º ANO  DIREITO MATUTINO

Perspectiva mecanicista e o meio ambiente

O filme “Ponto de Mutação” do diretor Bernt Amadeus Capra é baseado no livro de seu irmão Fritjof Capra. Nesse longa-metragem é abordada a discussão de três indivíduos, Jack- um político e ex-candidato à presidência que está procurando por inspiração, pois está desmotivado e quer ter suas próprias ideias-, Thomas- um poeta e professor de literatura- e Sônia – uma cientista e física que está pensando nas consequências de suas invenções na mão dos militares como a criação do raio-x que pode ser usada tanto para o bem como para o mal, assim como, ela quer propor uma nova maneira de ver o mundo. Juntos, eles analisam o método cartesiano e mecanicista, a ideia de analisar as coisas por partes para depois conseguir entender o todo – utilizado no filme como exemplo o relógio e seu funcionamento-, discutem e tiram suas conclusões sobre esse assunto.
No decorrer do filme, eles argumentam sobre o meio ambiente e a perspectiva mecanicista. Hodiernamente, não é possível estudar a natureza sem entender várias áreas do conhecimento como sua composição - fauna e flora-, população e economia. Um exemplo é o fato de o consumismo ser responsável por problemas ambientais. Você sabia que a produção de uma folha de papel sulfite gasta 10L de água? Uma xícara de café 130L? Uma barra de chocolate 1,7mil litros? Uma camisa de algodão 2,5mil litros? Uma calça 10 mil litros? Esses são apenas alguns dos itens que gastam grandes quantidades de água apenas na sua produção (calculado pela pegada hídrica) e muitas pessoas não possuem esse conhecimento. Tal fato foi parte do tema da redação da UNESP de 2018, na qual a frase de Descartes “Penso, logo existo.” foi reescrita para “Compro, logo existo.” e os vestibulandos deviam discutir sobre o consumismo ou, a de 2019, “O carro será o novo cigarro?” que reflete sobre as consequências da utilização do carro sob o meio ambiente. Logo, o consumismo é um dos fatores causadores dos problemas ambientais.
Outro exemplo é o uso dessas terras para a plantação de soja e cana, o avanço da fronteira agropecuária e a mineração que tem causado o desmatamento de grandes áreas. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) o desmatamento da Amazônia no mês de junho equivale a 100 mil campos de futebol. Além disso, o bioma Cerrado com sua abundância de espécies endêmicas é um dos hotspots, ou seja, sofre uma excepcional perda da sua biodiversidade e está em grande risco.
Dessa forma é possível concluir que o meio ambiente envolve várias áreas do conhecimento e não pode ser estudados por partes, tem que se entender o todo e as suas relações.

Maria Júlia Servilha Hasegawa- 1º ano- noturno

Coitada da moça

Coitada da moça

Coitada da moça,
Foi abusada
“Mas também,
Só passava de minissaia"

Lá vai o homem passando
Sem camisa
Quase nenhum pano
“Que engraçado!
Deve estar brincando”

Lá vai a mulher entrar na política
“Mas que burra!
Não viu o que aconteceu com a Dilma?”

Olha a mulher,
Quer trabalhar
“E se seus filhos ficarem doentes?”
“E se você engravidar?”
Minha querida,
Você tem 3 crianças pra criar

Ah, agora quer se divorciar?!
Mulher! Sou eu que pago suas contas!
Você não tem pra onde correr,
Nem lugar para ficar!

Ah mulher... quer mesmo fazer diferente?
Apenas 15% no Congresso...
A cada 2 minutos alguém te espanca...
Desiste
Como saber quando chegará no seu momento?

Angela S. Dos Santos - 1°ano matutino


Ciência enquanto dicotomia

Interiorizar o mundo é dar um passo ao desconhecido. Recolher impressões, nutri-las de pensamentos e então gradualmente construir uma visão única e redescoberta. Tudo parte de si e retorna ao mesmo ponto. É necessário visão quase inconclusiva e a certeza de que sentir é mais do que analisar. Encontro invariavelmente esse mundo e o contato é assustador, pois o tenho vivido eu mesmo, na verdade incorpórea e na busca sem fim.
A racionalidade é um tênue véu sobre a humanidade. A ciência é a tentativa de alcançar uma verdade e ultrapassá-la. Ciência inspira controle. Seu fim último é a submissão. Nos meus estudos físicos esgoto minha paixão. Quero controlar as ondas e os resultados experimentais. Quero achar o que busco. Mas nem dos resultados estou certo, esses podem ser usados diferentemente e para fins além de minha vontade. A ciência é eterna dicotomia, justamente por ser um fruto humano prático que serve a um propósito. Em um mundo tão confuso, o que é de fato a dissimulação? Assim é que muitas vezes a importância de algo tão grandioso é apenas material. Eu mesmo lido com alguns problemas de financiamento, e se alguém conseguir dar ao meu trabalho um teor rentável, terá maior êxito. Ah, a tão mundana ciência.
Capra alcançou áreas assustadoramente desconhecidas em mim. Fundou-me enquanto cientista e deu bases à minha pesquisa. Foi ele a mudança natural, o ponto de mutação para que me inspirasse a buscar fora de mim – uma verdade ao menos? Ainda não descobri. A física é construção a partir de abstrações e do encontro de perspectivas distintas. Questiono as bases que servem de apoio à apreensão da realidade. Sinto-as, mas explicá-las parece impossível. Como dar regra ao ilimitável? Há verdades de que todos sabem inconscientemente. O papel da ciência seria explicar o desconhecido, tanto na ruptura entre homem e natureza, quanto nas suas mudanças internas. O pensamento complexo de contextualizar, entender o todo, os sistemas em funcionamento. As peças agem sobre o todo e isso é recíproco. O conhecer vem evoluindo aos poucos. Capra inspirou a minha sistematização.
Mas sempre me desconheço. Estou inserido em contextos maiores, assim como uma simples árvore no seu ecossistema. Há na verdade grandes problemas a resolver, axiomas que aguardam uma conclusão, enquanto outros estão distantes demais. Cada mínimo passo é necessário, mas que antes se definam com prudência os destinos e os meios para alcançá-los. No mais, como uma discussão tão complexa, é certa a inconclusão.
A ciência deve impulsionar-se por ela, crescer alimentando-se da curiosidade e pautando-se na ética.

Lucas Rodrigues Moreira - Direito Matutino

A morte faz parte da vida

        No início do filme “Ponto de Mutação” uma guia explica aos turistas que o cemitério da cidade se  encontra no meio dela, por entre as casas, pois, “a morte faz parte da vida". Durante a longa caminhada dos três protagonistas, tal frase, ainda que de modo sútil, permeia diversos dos principais temas discutidos, principalmente no que tange a relação homem-natureza.
         Em uma primeira perspectiva, grande parte da dissociação feita pelo homem entre ele e os outros seres em geral vem da necessidade da compensar a sua mortalidade. Os diversos avanços da ciência proporcionaram aos seres humanos um senso de que somos superiores às demais formas de vida da Terra, o que torna a ideia de sermos tão mortais quanto tudo a nossa volta, algo revoltante. Graças à ciência podemos curar nossas doenças, explorar o espaço e o oceano, nos locomovermos com uma rapidez nunca antes pensada e, até mesmo, criar inteligências artificiais, o que passa a sensação de sermos onipotentes e também, desse modo, a convicção de que a natureza está aqui para nos servir. No entanto, também não passa despercebido que, assim como tudo vivo na Terra, nós também deixaremos de existir, porém, com toda essa nossa concepção egocêntrica de que somos sim mais avançados, lidar com o fato inevitável de que a morte faz parte da vida tornou-se algo insultante.
        Em uma análise mais aprofundada, outro motivo pelo qual a ciência contribuiu para a criação de um olhar mecanicistas e exploracionista das coisas foi a criação de armas de destruição em massa. Durante o filme, o poeta diz que a culpa de ninguém se preocupar com o planeta é dos cientistas, pois foram eles que inventaram a bomba atômica e, por isso, não fazia mais sentido cuidar de um planeta que poderia deixar de existir a qualquer segundo. Se vivemos em um planeta em que não só, em nossa concepção, existe para nos servir, mas também pode acabar a qualquer segundo, cuidar do mesmo deixa de fazer sentido, tal fato pode ser facilmente observado na insistência em um modelo de consumo exagerado que diminui o tempo de vida do planeta. Nesse caso, há uma banalização da morte do planeta, pois se esta é inevitável, acelera-la não seria um problema, pois o fim é o mesmo, o sentido da frase “a morte faz parte da vida” é, assim, levado ao seu extremo.

Isabelle Carrijo Mouammar - Direito Matutino - 1° ano

Inseparável mundo novo


     Muito tem-se discutido na antropologia atual sobre a importância da contextualização e interpretação dos fatos de maneira conjunta. Como oposição a isso, método cartesiano mantem-se em atividade, o que é motivo de discussões e complexas incertezas.
     O filme “Ponto de Mutação” trata sobre isso. Em um roda de conversa formada por um político extremamente pragmático, um poeta desiludido e uma cientista revoltada, são levantados, especialmente por parte desta, questionamentos sobre o modo com que a sociedade atual age perante ao desenvolvimento do mundo. A mulher, que coordena o ritmo da conversa, faz duras críticas ao sistrema capitalista e a forma com que as políticas lucrativas colaboram para a destruição do mundo, usando como exemplo a floresta amazônica. A engrenagem da conversa se dá por uma “disputa” intelectual entre ela e o político.
     O debate se da quanto ao método cartesiano aplicado em todo o mundo. Seria a separação de disciplinas algo colaborativo, ou um fator de descrédito para a humanidade? Convém dizer que Descartes viveu há séculos atrás, quando a ciência dava seus primeiros passos, e o conhecimento sobre o mundo ainda era muito incerto (se é que ainda não o é). Em razão disso, a separação do conhecimento em disciplinas colaborou muito para o avanço humano. Porém, no mundo atual, é necessário considerar que nada ocorre por si só, ou seja, há sempre influências diretas e indiretas de um acontecimento para outro, principalmente no mundo globalizado. Há exemplo temos o recente COVID-19, ou Coronavírus, que surgiu na China e hoje infecta todo o globo. Como já se sabe, o contágio não apresenta grandes riscos para a humanidade, no entanto, quando analisadas as consequências da fácil transmissão, e não apenas o modo de agir desse patógeno, percebemos que o potencial prejuízo vai muito além, pois devem ser considerados o número insuficiente de respiradouros nos hospitais (uma vez que a doença ataca o sistema respiratório), o respaldo econômico (com observadas grandes quedas nas bolsas) e o bloqueio de instituições de ensino, por exemplo.
     Em síntese, a contextualização é indispensável, o que acaba, de certa forma, por desvalorizar as ideias de Descartes, ainda que tenham contribuído muito para a construção da ciência moderna. É necessário compreender a importância do filósofo francês e, ainda assim, assumir que novos modos de busca do conhecimento são mais aptos para o mundo hodierno.



Gabriel Nogueira. Primeiro semestre, noturno.


O que se cala: conhecimento sob a perspectiva decolonial


       No filme “O Ponto de Mutação”, discute-se como o tempo, antes orgânico, passa agora a funcionar de modo mecânico, influenciando a percepção de como o universo e seus fenômenos se dão. A especialização, fruto da ciência moderna, é criticada por representar uma limitação do que o mundo vê em relação a seus objetos de estudo e observação. Para haver uma transformação nesse sentido, então, é preciso que se mude também o instrumental para ler o mundo.
Sob essa ótica, se insere o que a artista interdisciplinar, escritora e teórica, Grada Kilomba, demonstra em suas performances e em seu livro “Memórias da plantação”: no mundo pós-colonial, conhecimento, erudição e ciência estão intrinsicamente ligados ao poder e à autoridade racial. A pensadora demonstra isso por meio da identificação do espaço acadêmico como um espaço branco, onde o privilégio da fala é comumente negado às pessoas negras. Essas pessoas são colocadas num lugar de “Outridade” em relação à norma, ao que é dominante, ou seja, à sociedade branca. Assim, pessoas negras são feitas objetos de discursos estéticos e culturais predominantemente brancos, não lhes cabendo a posição de sujeito, isto é, de quem conta sua própria história, é ouvido e não tem sua fala desqualificada.
Nessa toada, Kilomba coloca os seguintes questionamentos: “o que é conhecimento?; Qual conhecimento está reconhecido como tal? E qual não?; Qual conhecimento tem feito parte das agendas acadêmicas?; Quem pode ensinar conhecimento? E quem não pode?; Quem está no centro? E quem permanece fora, nas margens?” E, analisando o contexto social em que vivemos, ela chega à conclusão de que “a ciência não é um simples estudo apolítico da verdade, mas a reprodução de relações raciais de poder que ditam o que deve ser considerado verdadeiro e em quem se deve confiar”, criticando exatamente o que a epistemologia moderna faz ao apontar para o que deve ser questionado e considerado quando se busca adquirir conhecimento.
Assim, conclui-se que o conhecimento universal e neutro não passa de um mito, pois, na verdade, todo conhecimento advém de escolhas políticas e de aspectos da historicidade, que refletem um modo de ver o mundo, qual seja, o modo da sociedade dominante (sociedade branca). Para enxergar verdadeiramente as várias facetas do conhecimento e haver um ponto de mutação no que se entende por conhecimento, acredito no mesmo posicionamento defendido pela autora citada: no âmbito da construção do conhecimento, deve-se adotar a perspectiva decolonial. Tal perspectiva busca utilizar-se do olhar do colonizado/a para entender os fenômenos sociais, transferindo essas pessoas da posição de objeto para a posição de sujeito, a fim de alcançar uma subversão do poder colonial, que tem ditado quais vozes podem e merecem ser ouvidas há tanto tempo.

Fabiana Gil de Pádua

Exploração delas

 A exploração da natureza na Idade Moderna, legitimada pelos ideais empíricos de Francis Bacon, foi consoante com a exploração do feminino. Caçada como uma bruxa, dela extraída o que os homens davam como útil, sugada e devastada, a natureza sofreu consequências do egoísmo humano em prol da satisfação pessoal na obtenção de lucros e consolidação e posterior manutenção das estruturas do capitalismo. Então, a ciência passou a ser um mecanismo de poder, dando aos usurpadores permissão para desenvolver suas vontades e mesclá-las à grande quantidade de dinheiro envolvida, resultando num sistema intransponível que consumia quase todos que tentavam enfrentá-lo.
 Hoje em dia, no entanto, a ciência se encontra segmentada, posto que seus dois principais objetivos são: 
I. Manter a velha política por ela mesma financiada;
II. Recuperar os danos feitos pela mesma.
 Por isso, no contexto técnico-científico-informacional, a informação, a técnica e a ciência são, junto ao capital, de fato, poder. O que revela os interesses por trás dela, nos fazendo pensar sobre quem a financia e quem a transforma. O Brasil, por sua vez, reconhecido mundialmente por ser um país agrícola, sofre com o desmatamento freneticamente desde a pré-colonização, e nada significativo é feito, uma vez que a poderosa bancada do boi é hoje responsável por grande parte dos PIB nacional, manipulando a ciência para a contiguidade dessa estrutura. 
 Além disso, tal atuação é vista também na obra do jornalista uruguaio Eduardo Galeano, As Veias Abertas da América Latina, em que o autor expõe a esterilização forçada de grupos de mulheres marginalizadas na A.L. por filiais de empresas estadunidenses em solo latino-americano, uma vez que o sub-emprego nessas companhias era a única maneira dessas mulheres conseguirem alimento para suas famílias, as colocando numa condição de submissão àqueles que continuavam a lucrar e fazerem o que desejavam, uma vez que detinham o poder sobre aqueles ausentes de conhecimento científico e riquezas. Isso tudo configurou a analogia entre a exploração da natureza e do feminino, exposta pelo filme Ponto de Mutação.
 Também, nota-se a dificuldade das ciências em passar por cima de tudo isso e desenvolver um saber ecológico, pois, mesmo que tenha ferramentas para isso, o financiamento dessas questões vão de encontro com as estruturas fraudulentas e avassaladoras que são mantidas financeiramente pelos detentores do poder. Assim, no mundo, além de "Saber é poder", "Dinheiro é poder" também, configurando num viés pessimista sobre os avanços da ciência sobre as questões humanas e ecológicas, pois o "EU" normalmente sobrepõe-se ao coletivo, assim como exprimido por A. Schopenhauer, que coloca o egoísmo como motor fundamental do homem, regendo o mundo como lema "Tudo para mim e nada para os outros", como um aval à exploração da vulnerabilidade alheia e obtenção de benefícios nisso.

Anita Ferreira Contreiras - Direito Noturno - 1º ano

A Velha Máquina Democrática


A Velha Máquina Democrática
A sociedade vem se desenvolvendo através dos séculos de maneira econômica, social, política, hierárquica...até alcançar o ponto atual onde se encontra, um sistema antigo e funcional que não se transforma em essência, mas há a troca constante de papéis.
No filme “Ponto de Mutação” (1991) temos uma discussão entre um político, uma cientista e um poeta a respeito de diversos aspectos sociais. São encontrados nessa conversa diversos problemas da sociedade, e embora estejam certos em muitos posicionamentos e argumentos, pouco se discute sobre uma solução real sobre as falhas encontradas.
Isso se deve ao fato de que as transformações em grande escala são feitas através do poder, entretanto este é de difícil detecção pois segundo a Constituição Federal no Artigo 1° parágrafo único “Todo o poder emana do povo”, mas a realidade não é essa. A política é escrava do senso comum, pois a elite intelectual é uma classe mínima no país e sem o voto das grandes massas não se chega ao topo, portanto sem a cultura de massas não se pode governar.
A grande questão é que o senso comum é facilmente influenciado. Os verdadeiros órgãos responsáveis pelos problemas sociais são produtores dos espetáculos que cativam o senso comum, criando as demandas que dele emanam. Assim a democracia tem funcionado por muito tempo. É a linda gaiola de ouro do poder popular.  

Pedro Américo Andrade de Almeida
Direito - Noturno - 1°Semestre
UNESP 

Por uma nova perspectiva na ciência.

A especiação da ciência contemporânea é capaz de solucionar os impasses modernos? O filme “ponto de mutação” baseado no livro de Fritjof Capra, traz a tona esse debate, buscando demonstrar os impactos da metodologia científica mecanicista de Descartes na sociedade hodierna.
Segundo a obra, a visão cartesiana de dividir o todo em partes, e estudar cada parte para no final entender o todo é ineficaz, já que os problemas estão interligados como em uma grande teia. Dessa forma resolver um caso específico seria somente uma medida paliativa e não resolveria a raiz do problema.
Visando a solução dessa ineficiência da ciência vigente, a obra propõe uma visão sistêmica, ou seja ver os problemas não somente como um fato isolado e sim como parte de um conjunto. 

Portanto, a divisão do todo em partes é ineficaz, uma vez que, como um organismo, as partes estão interligadas, e muitas vezes um determinado problema não passa de um sintoma de algo maior. Assim, a metodologia mecanicista precisa evoluir e adaptar-se para compreender todo conjunto e por conseguinte ser capaz de atuar nos alicerces das adversidades.
Luiz Miguel Morais Navarro - Direito Matutino - 1° ano

A ruptura com o relógio

O filme "O Ponto de Mutação" traz como ideia principal uma discussão acerca de métodos científicos. Inicialmente, é discutido o cartesianismo, método desenvolvido por René Descartes, que consiste em analisar uma parte separada do todo para assim entendê-lo, como se a natureza fosse mecânica, ou, metaforicamente, um relógio. Trata-se do modo de pensar mecanizado, que não considera a complexidade dos sistemas em sua análise. 
Por exemplo, muitos animais estão sendo extintos, mas há diversos fatores que causam essa extinção. Muitos pensariam apenas na caça, pois ela influencia diretamente na vida dos animais, mas não pensariam no desmatamento, que desequilibra sua cadeia alimentar e causa aquecimento global, que por sua vez gera desequilíbrio nos ecossistemas. Ou seja, resolver apenas o aspecto da caça não acaba com a extinção.
Tudo está interligado, portanto, ao pensar em um problema, não deve-se pensar apenas nele, mas em tudo que o engloba. Se tentar resolver apenas esse problema, ele pode aparecer novamente no futuro, pois não foi considerado que ele ocorre por outras razões, que outros fatores interligados causam-no.
O mundo não é uma máquina, que ao quebrar é necessário apenas trocar uma peça para que ela volte a funcionar, ele está em constante evolução e torna-se mais complexo a todo momento. Quanto maior a complexidade do sistema, mais complexos são seus problemas e as suas soluções. 

Bianca Vipiéski Araújo - Direito Matutino - 1° Ano


Cartesianismo no Ponto de Mutação

O filme "O Ponto de Mutação" traz consigo diversos diálogos críticos, tanto em relação à existência humana quanto sobre medidas políticas e científicas para um progresso equilibrado para o planeta.
Apesar de lançado há quase 30 anos, suas discussões ainda se caracterizam como atuais,como por exemplo a visão cartesiana de dividir o "todo" em diversas partes e as vezes ignorando o fato de que as relações sociais, econômicas e ecológicas funcionam em uma macroescala, e dependendo de inúmeros fatores para que exista uma condição de perpetuidade e funcionalidade.
No filme, a personagem Sonia critica em diversos momentos essa visão cartesiana dos políticos, cuja habilidade de ver o Estado e seus diversos problemas sociais e econômicos como um sistema que deve coexistir em harmonia, e seus problemas devem ser pensados como consequência de outros e causa para diversos que virão, está em desuso pois crescemos em uma sociedade cartesiana e, desde os primórdios, somos incentivados a enxergar o mundo como peças isoladas e não como uma máquina operante e funcional.
Portanto, ela insiste que, para o desenvolvimento de uma condição sustentável, devemos aplicar uma visão ecológica, cuja finalidade é de entender o mundo como um grande sistema, com diversas engrenagens que influenciam umas nas outras e que devem estar operando funcionalmente, em contraponto à visão cartesiana. E para isso, é necessário um esforço para mudarmos a percepção que sempre nos foi compelida a ter, e aceitar que fazemos parte de um conjunto imensurável e inseparável de relações.



Felipe Zaniolo de Oliveira - Direito Matutino - 1° ano

Relações como um todo, como um sistema


A temática do filme “Ponto de Mutação” de Fritjof Capra aborda a oposição entre o Mecanicismo de Descartes e a Teoria dos Sistemas. O Mecanicismo pressupõe a fragmentação de um determinado objeto de estudo, a fim de compreender suas partes separadamente; já a teoria sistêmica propõe a inter-relação entres as partes, de modo que ao separa-las perder-se-iam qualidades antes existentes e, assim, comprometer-se-ia o entendimento do objeto estudado.
Visto isso, vale ressaltar que a teoria mecanicista vigorou no pensamento da humanidade por vários séculos e de forma direta e indireta influenciou no desenvolvimento de nossa história até o presente momento. Ou seja, esse tratamento individualista atribuído na economia, sociedade e relacionamento com a natureza contribuiu para a manutenção das desigualdades sociais e políticas e para a grande degradação da natureza com fins econômicos.
Desta forma, o filme traz a visão sistêmica não como solução, mas como uma alternativa. De modo que não se pode solucionar problemas singulares, mas deve-se observar o mundo como um todo, averiguar as causas que levaram a tal realidade problemática, para que, assim, seja possível preserva-lo. Para ilustrar essa ideia de forma clara, Capra utiliza do exemplo do corpo humano, o qual apresenta sintomas patológicos e ao sessar apenas os sintomas não se elimina necessariamente a doença, por isso deve-se analisar o organismo como um todo, entender o que esta causando determinado problema e posteriormente preserva-lo de forma completa e não só com relação ao que acabou-se de solucionar.
Conclui-se, portanto, que a linha de raciocínio mecanicista se encontra defasada para analisar e lidar com o mundo atualmente. Assim sendo, a maneira mais efetiva de prosseguirmos como sociedade no que se refere ao relacionamento interpessoal e ao relacionamento entre homem e natureza é a visualização dessas relações como um todo, como um sistema.

Thales Goulart                                                                                     Direito- 1ano - matutino

Ponto de Mutação: O Pensamento Mecanicista

 No filme, Ponto de Mutação, 3 arquétipos diferentes conversam sobre a modernidade e os seus efeitos sobre a humanidade em geral. para discutir isso, o político, o poeta, e a cientista percorrem uma linha história sobre o que significa o pensamento cartesiano seus resultados na atualidade.
 O principal ponto que a cientista, Sônia, possui é que para ela a política continua operando através de uma lente de pensamento parecida com a que Descartes inventou 300 anos atrás e que, tal filosofia, não serviria para explicar o mundo globalizado e tornaria a solução de problemas apenas temporário porque não se considera as consequências de certas ações de maneira sistemática. Essa também é sua justificativa para se abster da política e não votar.
 Hoje, no século 21, quando o pensamento holístico está cada vez sendo mais aceito na ciência mundialmente (que, apesar disso, ainda se prende aos formatos que nasceram na modernidade), a visão de Sônia parece extremamente privilegiada e cega. Ela continuamente insiste que é preciso de uma mudança de perspectiva em escala mundial sobre a vida em geral. Para isso, ela vira a ecologia e como o pensamento sistemático funciona melhor para um mundo globalizado. Porém, toda vez que o político tenta propor uma solução para um problemática apresentada, ela retruca com os efeitos dessa própria solução e como as causas não são combatidas e, portanto, o problema não será solucionado.
 Uma metáfora usada no filme é a de um paciente com uma doença no fígado, que recebe uma cirurgia para a sua melhora. Sonia argumenta que o problema não está realmente solucionado porque o impacto que o processo cirúrgico tem no corpo do paciente é muito alto, criando outros problemas de saúde e evitando a fonte do problema na alimentação dele. Nisso, ela cita que há maiores gastos com a criação de corações artificiais do que com a melhoria da alimentação e qualidade de vida das pessoas gerais.
 Sonia, tecnicamente, não está errada: realmente os gastos para medicina preventiva são mínimos comparados aos gastos com a "cura" de certas doenças, e se criou um mercado que se beneficia com o adoecimento constante da população. Mas esse tipo de pensamento, ou filosofia, de Sônia é inerte. Ficar insistindo que é preciso uma mudança de perspectiva enquanto, ativamente, escolher não participar da política do seu país (que afeta o mundo todo) não é só hipócrita e contra produtivo, como extremamente irresponsável. Uma mudança de perspectiva radical não é possível sem precedentes históricos. Essa mudança é um processo, que precisa ser construído através de meios tanto políticos quanto científicos. Se abdicar de votar é como se uma médica se recusasse a operar o paciente na maca porque ela acredita que é preciso mudar sua alimentação.

Isadora Lima Ribeiro - 1° Semestre/Direito Noturno

O mecanicismo como parte da sistematica

  No filme "O Ponto de Mutação" baseado no livro de Frijof Capra de 1982, dialoga-se a dicotomia racional experimental da ciência moderna e seus impactos na modernidade. Sendo está temática parte do conflito entre concepções microscópicas e macroscópicas que são conhecidas respectivamente como mecanicismo e sistemática.
   Sendo a concepção mecanicista fundada por René Descartes baseada na racionalização da metodologia do conhecimento temos por resultado a fragmentação e especialização do saber, gerando um desconhecimento do conjunto e um "superconhecimento" da parte, resultando em uma alienação(na concepção marxista, uma vez que desconhecem o conjunto e seu papel na obra) ao diálogo externo à sua "caixinha".
   Em oposição a estrutura microscópica o filme apresenta a concepção sistêmica em que o conjunto de fatos e fatores não são separados, mas sim unidos, gerando um panorama geral da realidade. Logo um fato não é apenas um fator mas sim resultado de um conjunto. Portanto solucionar problemas, dúvidas e condições não condiz apenas à parte atingida mas sim ao conjunto de atores que os solucionam ou os causam.
   Em prol da concepção conflitante entre o mecanicismo e a sistemática ignora-se que a sistemática em sua conjectura abrange o conhecimento racionalista e o expande. Logo o relógio cartesiano não rege apenas o tempo, mas sim as relações por ele suplantadas, o armamento nuclear não é apenas uma arma mas um efeito no tecido social, etc. Em decorrência disso, a realidade distancia-se de pontos e contrapontos se tornando parte de um discurso amplo e expansivo em que os problemas são parciais e a solução total.

-Rafael Bashiyo Baz
-1º ano Direito - Matutino 

A Importância das Relações Complementares

O pensamento cartesiano representa um grande marco para a ciência, dado que esse sugere, pela primeira vez, a necessidade de seguir certa metodologia pra alcançar afirmações verdadeiras. No entanto, o caráter separatista do método cartesiano é alvo de muitas críticas na atualidade. Hoje, sabe-se que para obter conhecimento mais amplo é necessário não isolar o objeto estudado de seu contexto, adotando uma visão de mundo menos mecânica e mais sistêmica, onde cada parte contribui para o funcionamento de outra. Assim, deve-se considerar que todas as áreas do conhecimento estão interligadas e são igualmente importantes. Além disso, é imprescindível valorizar o conhecimento popular e cultural e não apenas o acadêmico. O autor Boaventura de Souza Santos explica isso por meio do conceito de “ecologia dos saberes” no qual relaciona o método cartesiano a uma monocultura. Nesse sistema, devido ao plantio de uma única cultura, há o empobrecimento do solo e menor rendimento. O mesmo ocorre se a produção de conhecimento se valer de apenas um meio, desconsiderando as interrelações com outras áreas e atores. Por fim, caracteriza a razão como indolente, por não enfrentar a complexidade de suas relações complementares. 

Política em mutação


    O filme “O Ponto de Mutação”, adaptação cinematográfica do livro homônimo do autor austríaco Fritjof Capra, traz diálogos e discussões pertinentes a atualidade. Apesar de citada no filme lançado há quase 30 anos, a questão dos eleitores que preferem não votar, como a personagem Sonia, é destaque no Brasil. Há ainda o caso dos que não direcionam seu voto a nenhum candidato, utilizando-se dos recursos “branco” ou “nulo”. Apenas nas eleições de 2018, aproximadamente 30 milhões de eleitores não foram às urnas.
   Essa situação ilustra fatores como o desinteresse da população frente as questões políticas e, na maioria dos casos, a descrença no modelo político vigente, essa era a visão de Sonia. Tal modelo, inspirado em uma visão cartesiana, vem recebendo críticas há tanto tempo e ainda assim não se constata melhora no cenário. Os políticos continuam a dizimar o meio ambiente e a população em nome dos interesses de empresas e crianças continuam a morrer por desnutrição nos países subdesenvolvidos. Após décadas de contestações, muitos cidadãos esclarecidos não acreditam mais em promessas de mudança sem reforma no sistema político.
   De certa forma, esse quadro é positivo, pois mostra que o sistema está sendo questionado. Por outro lado, sabe-se que nos regimes democráticos, teoricamente, o que tem poder para mudar a realidade são os resultados das eleições. Se muitos não votam ou não opinam, a decisão de pouco prevalece da mesma forma. Assim, a mudança desejada não ocorre.
     O que é pior: não votar e estar submetido as decisões alheias, ou votar mantendo o modelo político predatório vigente? É uma pergunta que parece não ter resposta, mas decisiva como várias das questões abordadas pelo filme. O fato é que a mudança no sistema em que vivemos é urgente, seja no campo político, econômico ou social. Felizmente, o poder de realizar o primeiro passo para a mudança está nas mãos do eleitorado, e cabe a ele encontrar a melhor forma de fazê-lo.

Livia Mayara de Souza Rocha – 1º ano Direito (matutino)

Ponto de Mutação: O efeito do pensamento mecanicista

No filme, Ponto de Mutação, 3 arquétipos diferentes conversam sobre a modernidade e os seus efeitos sobre a humanidade em geral. Para discutir isso, o político, o poeta, e a cientista percorrem uma linha histórica sobre o que significa modernidade e os resultados e implicações do pensamento cartesiano 
O principal ponto que a cientista, Sonia, possui é que para ela a política continua operando através de uma lente de pensamento parecida com a que Descartes inventou 300 anos atrás e que, tal filosofia, não serviria para explicar o mundo globalizado e tornaria a solução de problemas apenas temporária porque não se considera as consequências de certas ações de maneira sistemática. Essa também é sua justificativa para se abster da política e não votar.
Hoje, no século 21, quando o pensamento holístico está cada vez mais sendo aceito na ciência mundialmente (que, apesar disso, ainda se prende aos métodos de ensino separatistas que nasceram na ciência moderna), a visão de Sonia parece extremamente privilegiada e cega. Ela continuamente insiste que é preciso de uma mudança de perspectiva em escala mundial de como entendemos não somente a ciência, mas a vida em geral. Para isso, ela cita a ecologia e como isso iniciou um tipo de pensamento em sistemas com o qual ela concorda mais. Toda vez que o político tenta propor uma solução para uma problemática apresentada pela cientista, ela retruca com os efeitos dessa própria solução e 

A interferência patriarcal das relações de gênero no Direito

Desde de que o mundo é mundo a sociedade vive um sistema patriarcal, onde os homens detêm o poder em todos os âmbitos sociais, fazendo jus a uma “dominação masculina” e colaborando com uma grande desigualdade entre gêneros, sendo a mulher a figura que sofre opressão. Explicando melhor, homens possuem o poder primário em relações sociais, lideranças politicas, autoridades morais, privilégios sociais, e até pouco tempo mesmo as leis nacionais proporcionavam proteção aos homens e colocavam mulheres em posições subordinadas a eles.
Parece arcaico (e é), mas quase 90% dos países tem ao menos uma lei que discrimina mulheres, no Brasil, por exemplo, até a entrada do Código Civil de 2002 (em vigor a partir de Janeiro de 2003), os artigos 178 e 179 do Código Civil de 1916, vigente até então, previam a anulação do casamento em casos nos quais os homens descobrissem, em até dez dias, que a esposa não havia se casado virgem, colocando a mulher quase que como uma posse, um objeto que servia e devia sua virgindade ao marido.
Além disso, em posições de poder, mulheres são constantemente vistas com outros olhos, isso quando conseguem alcançar cargos com prestígios equivalentes ao de homens. No Senado, apenas 14,8% de 81 cadeiras são compostas por mulheres, percentual muito abaixo da porcentagem de mulheres na população brasileira. E quando, finalmente, lhes é permitido ocupar esses lugares, diferente do masculino que é visto como líder e inteligente, são constantemente taxadas de mandonas, histéricas e loucas. Logo, é nítido como o feminino é, a todo momento, colocado em prova e necessita se desdobrar muito mais para provar suas capacidades.
Dessa forma, apesar de, com muita batalha, muitas coisas já terem melhorado, ainda existe muita diferença entre o masculino e o feminino no direito, na sociedade e na vida, diante de uma estrutura patriarcal que diariamente mata mulheres, que as coloca como inferior na sociedade e que tenta torná-las apenas mais uma posse comandada por eles. Então, é necessário lutarmos todos os dias para que um dia possamos afirmar que existe igualdade de gênero no mundo em que vivemos.

Amanda Pereira Ramos - 1º ano - Direito (matutino)

Tema: Relações entre o feminino e o masculino no Direito.

A influência da historicidade na ciência

   Conforme foi discutido brevemente em sala de aula, decidi realizar uma reflexão mais profunda sobre esse tema tão relevante. A historicidade é mais que uma influenciadora da ciência como um todo, ela é o guia, o norte. Isso fica evidente no filme ponto de mutação por exemplo, como a criação da bomba atômica, na qual uma época histórica de bipolaridade global estava em vigor para a busca do poder, da ideologia mais forte. Isso demonstra que as necessidades da ciência em geral advém do período em que estamos vivenciando, não apenas o que conhecemos como ciência no ensino médio, as exatas, o prático, mas, também, as ciências políticas e sociais.
   Outro fator que demonstra tamanha importância da historicidade, agora sobre a ciência política do direito, muitos ainda acreditam que essa é imutável e que deveria continuar assim, atendendo e discutindo apenas assuntos que a englobam, porém o direito é maior, e necessita de uma reciclagem constante para alcançar todos os assuntos possíveis, um exemplo atual está ligado ao processo de internetização. Esse processo fez com que fora criado uma nova área de estudo do direito, o virtual, para que pudéssemos discutir os limites do permitido e do que era considerado crime dentro desse novo ambiente propiciado pelo avanço da história e consequentemente da tecnologia.
    No entanto ainda não conseguimos englobar tudo, pois com o passar do tempo surge novos atravancamentos, como por exemplo a uberização, na qual motoristas desse aplicativo telemóvel não apresentam os mesmos direitos trabalhistas, como por exemplo garantia ao auxílio doença, caso esse fique impossibilitado de trabalhar, não irá receber ajuda para se manter e se tratar, o que é um absurdo. Isso nos mostra a importância da ciência, como um todo, estar sempre acompanhando os acontecimentos históricos.

Matheus Solbiati Braga, 1º semestre Direito Matutino.

A especialização é benéfica ou não?


Descartes ao logo dos anos influenciou enormemente na sociedade, tanto em sua época como atualmente. Conseguindo revolucionar o método de ensino para as gerações subsequentes. Sendo assim, o novo método de ensino baseado na especificação dos profissionais visando aumentar seu desempenho. Contudo, essa nova maneira de ensino trouxe problemas para os dias atuais.
O filme “ponto de ignição” traz uma crítica construtiva às especializações dos profissionais de todas as áreas. Essa crítica tem como base a falta de percepção do mundo como um todo. Sendo assim, cada especialista não consegue enxergar as múltiplas interligações das ciências. Ocasionando na criação de um “caixa intelectual” para o indivíduo que o impede de ver ou pensar fora dela.
Ao nos basearmos na crítica que o filme faz à esse novo sistema de especializações, notamos que podemos entrar em um paradoxo. Pois ao mesmo tempo em que nossos profissionais não conseguem “pensar fora de sua caixa” também é facilitado o progresso em suas áreas profissionais. Gerando um enorme progresso nas ciências.
A solução para esse paradoxo pode estar contida na ideia de que devemos nos especializar em uma certa área do conhecimento, porem também devemos saber que a área cientifica escolhida se relaciona com outras diversas áreas do saber cientifico. Portanto a possibilidade da especialização parte da premissa de que antes de nos especializarmos devemos obter uma visão de mundo como um todo para a partir disso nos aprofundarmos em uma área.



Gustavo Leal Andre, 1° ano de direito (matutino)

A Representação da Conjectura Político-Social

Constantemente, em nossa sociedade, as pessoas costumam desacreditar nos políticos e tornam-se céticos politicamente e decidem não tomar partidos em situações cruciais para o seguimento pleno no País. Mesmo que essas pessoas sejam tão próximas aos assuntos extremamente políticos, como a ciência e a literatura. Além disso, mesmo com diversos conhecimentos as pessoas se consideram acima do conhecimento, porque muitas vezes não aceitam ser refutadas com embasamentos históricos.
Primeiramente, a opção por não votar é tomada por muitas pessoas em diversos países. Algo que podemos levar como exemplo as eleições presidenciais brasileiras em 2018 que obtivemos um alto número de votos brancos, nulos e de abstenções. A cientista Sonia Hoffman, do filme “Ponto de Mutação”, é a clara representação de pessoas com grandes conhecimentos e com ideologias muito bem definidas, levando em conta pautas de extrema importância, porém, por deixar de acreditar nos políticos pelo mau uso de experimentos físicos, inclusive algumas criadas por ela, como o Raio-X, também deixou de votar; a abstenção do foto feita pela física é uma clara crítica social feita aos estadunidenses, que apesar de sempre quererem expressar as suas ideias, deixam um alto índice de não votantes na eleição, como citado no filme.
Seguidamente, é importante ressaltar a presença do cartesianismo, ou seja, do método em muitas áreas da sociedade, que apesar da cientista criticar Descartes, a sua importância para as áreas do conhecimento são inegáveis, como a divisão de matérias e conhecimentos dentro apenas do direito ou até mesmo da medicina, mas também é importante deixar claro que o exagero da razão também impede uma mente preparada a todas as situações.
Portanto, é muito claro a necessidade do voto e da participação política para haver, realmente, uma mudança que muitas vezes existe no discurso, mas que não é posta em prática , como a existente no filme “Ponto de Mutação”, que mesmo discutindo sobre diversos pontos importantes na conjuntura política e econômica mundial, não mostrava uma boa participação política da cientista.


Cesar Henrique Santana de Oliveira - Período Noturno - 1º ano de Direito

Encontrar o ponto é fácil, difícil é realizar a mutação.

    São três horas da manhã e a unica coisa que ouço é o relógio em cima da estante: tic-toc, tic-toc, tic-toc... Penso em como ele representa o tempo, tempo esse que nós humanos criamos e agora usamos para justificar tudo "estou sem tempo", "falta pouco tempo para o fim do mundo", "você tem tempo livre demais", como se tudo a nossa volta fosse controlado por uma máquina gigante. Porém sempre houve quem acreditasse nisso, como Descartes que via o mundo como um relógio ou Drummond, que fala sobre a máquina do mundo e como ela teria todas as respostas sobre a vida.
    Entretanto, ao olhar pela janela vejo a garoa caindo e já não me parece que tudo é tão maquina assim... Apesar de querermos, e tentarmos, não conseguimos controlar tudo, a natureza não é nossa escrava, como Bacon acreditava. A natureza está aí para provar que nossas ações tem consequências, consequências que impactarão nosso tempo na Terra. Me lembro de Sônia, do filme "Um Ponto de Mutação", ela afirma que precisamos de um novo pensamento, que chegamos ao limite da ciência pensada pelos filósofos do século 17, e é na semelhança entre tecnologia e natureza que vejo que ela está certa. Não podemos viver mais só de razão, não podemos fingir que os assuntos não tem relação entre si. Estamos em um mundo globalizado, e o que fazemos aqui pode impactar do outro lado do planeta. Um vírus que surge em uma cidade na China pode paralisar países de continentes diferentes, incluindo o Brasil, mesmo estando a mais de 16 mil quilômetros de distância. Seguir a razão nos trouxe até onde estamos e conseguimos avançar muito tecnologicamente, porém agora estamos lidando com as consequências de seguir as inovações sem pensar: aquecimento global, desigualdade social, bombas nucleares...
    Mas de quem é a culpa? Dos cientistas? Dos investidores? Talvez, mas me parece que a culpa é também de todos nós, que usamos de palavras bonitas para reclamar, pedir, julgar, como por exemplo a grande mobilização politica nas redes sociais que acontece nos Estados Unidos porém na hora de votar somente por volta de 55% das pessoas realmente votam. Do alto de nossos privilégios - sejam esses a internet ou uma linda ilha isolada na França, como é para Sônia - nós refletimos sobre a mudança mas dificilmente a colocamos em prática, afinal a mutação mais difícil é a de transformar as palavras em ações, não é mesmo Sônia?


Mariana Marcelino - 1º semestre, Direito Noturno.

O pensamento ecológico


A visão do mundo hoje em dia está completamente fixada em um ponto, muitas vezes deveria ser uma observação ampla, ligando esse ponto a outros. Dessa maneira, vemos pessoas que possui um pensamento fechado ou dão importância apenas para a área que realizam estudos.
É notório que, há uma necessidade quebrar o padrão de pensamento e pensar no acaso. O filme deixa uma questão aos telespectadores “Será que se a maçã de Isaac Newton não tivesse caído nele, ele conseguirá pensar em métodos para quebrar o padrão da sociedade da época?”. Desse modo, cativa e mostra a todos que assistem ao filme, que as descobertas cientificas muitas vezes acontecem de uma maneira imprevisível, como o primeiro antibiótico, que surge depois que o cientista do experimento esquece de guardar suas culturas da maneira correta e as deixam expostas.
Sabe-se que, muitas pessoas acreditam que o direito não passa do estudo de leis. Nesse sentido, devemos mostra para sociedade que existem essas ligações no direito, pois se trata de uma ciência que possui como ponto principal as leis, que ligam suas sentenças a outros pontos menores, como o histórico, a condição, o comportamento, sentenças antigas, entre outros. Essas conexões menores são exemplo do pensamento ecológico, termo usado por Fritjof Capra no filme “Ponto de Mutação”, que trata  pensar em termos de relações, padrões, processos e contexto.
Portanto, ver que os tempos mudaram é necessário para se construir uma sociedade melhor que não use a ciência para torturar a natureza, como propõe Francis Bacon. Dessa maneira, devemos utilizar da interdisciplinaridade para alcançar um grande desenvolvimento em todos os sentidos, pois um pensamento ultrapassado, como o mecanicista, que foi uma grande ruptura para época. Hoje em dia, não deve ser mais usado, já que se chega em um ponto que todas as áreas se encontram para dar um conforto a população mundial.



Murilo Augusto Cremonini – 1°ano  Direito Matutino 

Um pouco sobre os impactos do cartesianismo na vida humana.



   Descartes, por meio de seu fundamento filosófico baseado na matemática, influenciou profundamente a maneira de desenvolver estudos, visando a ordem, a clareza e a distinção. Nesse contexto, será discutido o impacto de seu pensamento na construção das ciências humanas, das ciências sociais e da ciência jurídica.
   Nesse sentido, há um ponto de impacto em comum, a divisão em partes mais específicas, herança das ciências exatas. Por exemplo, no ensino médio escolar, as matérias de história, filosofia e sociologia são separadas, algo que, de certo modo, pode causar prejuízos para um melhor entendimento da realidade atual. Já na área do direito, existem diversas divisões, como direito civil, criminal, trabalhista e etc, visando uma melhor aprendizagem e uma menor margem de erro para os juristas.
   Além disso, é possível notar uma diferença entre os intelectuais de 500 anos atrás e os da atualidade. No século XVI, Leonardo da Vinci, representante do Renascimento, foi um matemático, engenheiro, inventor, anatomista, arquiteto, pintor, escultor, botânico, poeta e músico, um verdadeiro polímata. Já nos dias atuais, em decorrência método de ensino baseado em Descartes e do sistema capitalista, os seres humanos restringem-se cada vez mais a uma área do conhecimento, inibindo diversas outras potencialidades.
   Conclui-se, que o cartesianismo revolucionou não só as ciências, mas também o modo de viver da sociedade, trazendo vantagens e desvantagens.

José Augusto Costa Starteri, 1º ano direito noturno.
Tema: “Qual o impacto do cartesianismo na construção da ciências humanas, sociais e no direito?”

Desconstrução da epistemologia científica moderna e a transfiguração dos saberes

A reafirmação das ciências, após o auge do Renascimento, em deferimento das estruturas teocêntricas revolucionou os princípios, significando a vitória do racionalismo e do desenvolvimento empírico sobre as dogmáticas medievais cristãs, o que trouxe diversas inovações para o homem moderno. Desde então, o modelo do método cartesiano evidenciou-se como a máxima científica ao buscar conhecimento consistente no ceticismo metodológico, através da fragmentação do objeto de estudo em etapas. Entretanto, apesar de plenamente adotado nos setores acadêmicos, essa teoria também é alvo de grandes críticas haja vista o desmembramento das áreas estudadas, dificultando conexões pertinentes. 
O filme “Ponto de Mutação” (1990) – adaptação da obra literária de Fritjof Capra – ilustra por meio de seus três personagens principais (a física Sonia, o político Jack e poeta Thomas) um paradigma questionador exatamente em relação a essa posição segmentária de Descartes, por exemplo. Segundo o autor, tal visão moderna já não compactua com a concepção globalizada do mundo contemporâneo, uma vez que tudo está em constante integração. Esse descontentamento se metaforiza na comparação dada pela cientista Sonia, entre os políticos e o ato mecanicista de análise cartesiana para a compreensão das coisas, ela afirma que se faz  necessário uma expansão de olhares para modelos holísticos, fugindo dos processos porque estes são controlados, porém, nem sempre, não são entendidos.
Em um cenário hodierno cada vez mais conectado, do mesmo modo, insere-se a didática do franco-algeriano Jacques Derrida, o qual foi um renomado crítico do racionalismo dos últimos tempos e o criador do método chamado de desconstrução. Sob a égide do referido termo de Derrida, encontram-se questões filosóficas, literárias, políticas e intelectuais que proporcionaram um choque no pensamento metafísico ocidental, já que este firmava-se, muitas vezes, nas relações binárias para estabelecer uma hierarquia ou supremacia de um termo sobre o outro, geralmente selecionado através do “filtro cartesiano”. Consequentemente, nota-se uma conexão dessa vertente com a produção cinematográfica que pode ser sintetizada pela expressão utilizada por Sonia: ecologia de saberes – remetendo novamente a interdisciplinaridade dos diversos ramos do saber e sua importância dentro de um sistema conjunto.
Torna-se explícito, portanto, a relevância dos aspectos e questões levantadas no filme de Capra, tendo em vista sua contestação a um dos métodos mais tradicionais utilizados pela ciência na evolução do pensamento intelectual nos últimos quatro séculos, indagando-os eticamente. Sendo assim, têm-se a modificação das formas clássicas de busca e relação com o saber, acompanhando as transformações tecnológicas observadas, tal qual disserta Derrida, rompendo com a epistemologia do método cartesiano de “fazer ou compreender ciência”. Dessa maneira, poderá se obter, realmente, o intuito e o ápice de um ponto de mutação consistente e que compactue para o crescimento da ciência contemporânea, transfigurando-a à altura de um saber ecológico.

A abordagem sistêmica empregada na solução de crises

O filme "Ponto de Mutação", lançado no início da década de 90 sob o comando de Bernt Capra, traz como ponto principal a oposição entre a linha mecanicista e a abordagem sistêmica. Enquanto o mecanicismo, fundado por René Descartes (1596 - 1650), prega uma divisão do todo em partes a serem estudadas separadamente, o pensamento sistêmico defende um estudo amplo do todo como de fato é.

É possível estabelecer um parâmetro entre o assunto abordado no filme e a solução de crises, sobretudo financeiras, nas sociedades atuais.

Muito se especula sobre a maneira mais correta de superar maus momentos econômicos, e o que não faltam são teorias mirabolantes e revolucionárias. É prudente então pontuar que eis aqui uma reflexão sociológica acerca do caso e não uma maneira messiânica de resolver problemas.

O Brasil passa por uma crise econômica desde meados de 2014 e agoniza desde então com desemprego, desigualdade social, marginalização, aumento nos índices de violência e outros tristes dados. Isso se deve ao fato de que todas as tentativas de solução foram alinhadas ao pensamento mecanicista de Descartes, resolvendo problemas pontuais que não tiveram grande relevância para o âmbito nacional. Exemplo disso é a reforma previdenciária que veio com a proposta de salvar a Pátria do caos. Fica a indagação: o cidadão do interior do Piauí desempregado e em condições miseráveis de vida teve sua realidade melhorada? Não.

Se houvesse sido superado esse tipo de pensamento e já fosse implantada abordagem sistêmica, seria nítido que a reforma supracitada pode resolver os problemas deficitários da previdência social, mas não é o fator determinante para a melhoria de vida do povo. Seguindo essa linha de pensamento, uma política de criação de empregos, solução de problemas climáticos e afins seriam muito mais pertinentes. Ou seja, as soluções de crises alinham-se com o pensamento sistêmico e não com o método mecanicista.

Discente: Mateus Restivo de Oliveira
Direito - Diurno
UNESP

Beleza Sistêmica


Eu sou você
Assim como tu somos nós
Frutos de uma mesma essência
Gritos de uma mesma voz.

Mas aprendeste a escutar?
Ouves as interconexões?
Ou só repetes o tic-tac?
Tic-tac, tic-tac, tic-tac, toc
O relógio quebrou… mas o tempo, ah… ele continua correndo.

O tempo existia antes do relógio
Porém, tu fizeste-o escravo do mesmo
E por fim, acabastes escravo de si mesmo
Mas sua cela é uma parte
E eu te asseguro amigo, lá fora está o todo.

Liberte-se e nos libertamos
Liberdade ainda que tardia
E a natureza que te compõe, e que por ti é composta, rege com maestria
Que beleza! Ouves por fim que tudo é uma sinfonia!



Matheus Guimarães Ferrete - 1º Ano de Direito - Noturno.

Soneto ao Capra


Entre um candidato, um poeta

E uma cientista: dialética.

Discutem Descartes, mas não à reta,

Falam de meio ambiente, ética,


 Mostram a óptica mecanicista

Posta numa relação antitética

Que a indica como obsoleta,

A alternativa: a visão sistêmica.


 Após algumas voltas do relógio

E uma jornada pela cidade,

A ciência indica a solução.


 O planeta precisa de prestígio,

Ser visto em sua totalidade,

Daí surge: o ponto de mutação.


Sistema ininterrupto

  O tic-tac do relógio, enquanto a filmagem da cena se faz presente no filme "O ponto de mutação", demonstra um objeto em perfeito estado, cumprindo com sua tarefa e recordando aos que por ali passam como era feita a contagem minuciosa do tempo na Idade Moderna. Contudo, o que não se imagina é que mesmo uma máquina projetada para não admitir erros poderia vir a quebrar, ou se modificar, como tem sido feito ao longo dos anos, onde podemos levar tanto relógios, como um mundo totalmente interligado na palma de nossas mãos.
  Tomemos como exemplo o relógio citado anteriormente, mesmo nos remotos tempos de Galileu Galilei e René Descartes, haviam uma série de erros que, não percebia-se a complexidade posta, a conexão dos equívocos e disfunções resultaria na chamada Teoria Geral dos Sistemas, onde em suma, tudo está interligado. Portanto, a visão Cartesiana de "dissecar" um problema peça por peça não faria sentido nessa vertente, por aquele local ter um erro mas a causa do problema, para que ele não torne a vir novamente, está presente em outros fatores ou fatos externos à ele.
  Trazendo para os dias atuais, uma das mais importantes pautas discutidas é a do agravo do efeito estufa na atmosfera, que causa como impacto inicial uma maior perfuração na camada de ozônio, essencial para uma menor incidência dos raios ultravioletas, mas sabe-se que nos levaria numa sequência trágica de aumento da temperatura terrestre e do nível do mar por parte dos derretimento das calotas polares. Neste caso, o fato externo a anormalidade com que o planeta produza cada vez mais gases estufa vem de um fator externo à natureza, provocado pelo próprio Homem, seria um destes o dióxido de carbono oriundo da queima de combustíveis com base no petróleo.
  Assim sendo, como os Modernos viram um novo meio de analisar os fatos, nós contemporâneos, com um mundo ao alcance de nossos dedos devemos focarmos nos novos medidores de tempo que surgiram, os recentes avanços nos tornam muito mais capazes de solucionar as adversidades com uma maior consciência de danos e acertos, trazendo soluções cada vez mais inovadoras e profiláticas.


Gabrielle Alves Pinheiro - 1ºano de Direito (matutino)

Homens e mulheres no direito

                        A sociedade contemporânea é, por essência, desigual. Essa característica se expressa em praticamente todas as esferas e nuances desta mesma sociedade. Logo, não seria diferente quando se tratando do direito. Quando essa desigualdade é referente às questões de gênero, fica ainda mais evidente na prática da lei e da jurisprudência. Uma vez que o ambiente jurídico é praticamente dominado por homens, e estes são os que normalmente ocupam os cargos de maior prestígio e remuneração dentro dos tribunais mesmo havendo nestes mesmos ambientes mulheres de igual ou maior capacitação profissional que estes homens, fica explícita a discrepância de valorização sofrida por profissionais de diferentes gêneros, independente da qualidade de seu trabalho, e a consequente ausência de representatividade feminina na esfera jurídica mundial.
                   Além do problema da representatividade, outro indício de desigualdade entre homens e mulheres no direito é a diferença na legitimidade dada pela população aos juristas, tomando como critério o gênero desta ou deste. Já é quantitativamente menor a presença de mulheres em cargos de poder no direito, e quando, mesmo assim, um cargo desses é ocupado por uma mulher, esta é constantemente questionada sobre sua competência, como se fosse automaticamente inferior ou menos capaz.
                  A desigualdade de gênero no direito não está presente apenas no exercício da profissão, mas também nas próprias leis criadas e aprovadas pelas estruturas administrativas do Estado, que contribuem para a diferença de tratamento legal baseada no gênero. Um exemplo deste argumento é o fato de que, até o ano de 2002, era previsto por lei que um casamento poderia ser anulado pelo homem caso fosse descoberto que a mulher com que ele se casou não era virgem. Tais exigências de virgindade não eram aplicadas ao homem, o que prova a presença de um estigma sobre a imagem da mulher que, de tão forte na sociedade, passou a constar em lei.
           


Leonardo Stevanato - 1º ano diurno