Em sua obra “Discurso do Método”, Renée Descartes
mostra o seu caráter de rompimento com as tradições antigas de busca do
conhecimento, segundo faziam as “Escolas Clássicas”, os “homens de letras”.
Isso se deve ao fato de ele utilizar a arte da dúvida para construção de
raciocínios, a fim de chegar ao verdadeiro conhecimento, aplicável, sem
especulações e influências das pessoas que parecem sempre ter certeza da
conduta de suas ações.
Na época de conturbada transição histórica, entre a
Idade Média e Renascimento, Descartes não deixa de ser influenciado, ao mesmo
tempo, pela escolástica e pelo racionalismo cientifico. Então, evitando
permitir sua teoria se tornar dogmática como foram as da época anterior, ele
diz que irá relatar como se esforçou para conduzir sua razão e a forma que
estudou a si próprio. Isso não deixa de ser um convite para que todos seus
leitores pensem na possibilidade de buscar o autoconhecimento, além de
futuramente debater sua obra.
Para desenvolver sua teoria, Descartes apresentou o
método que ficaria famoso como cartesiano, com a repartição dos problemas em
partes menores, a fim de serem solucionadas mais facilmente. Esse processo foi
utilizado tanto na área matemática, como também na social, como acontece com
George Simmel, que dividiu a sociedade em micro sociedades para estudo. Ao
mesmo tempo, Descartes não deixa de utilizar seu método para demonstrar a
existência de um Deus perfeito, pois Ele próprio teria dado a noção de Sua
existência aos seres imperfeitos que
criou.
Finalmente, após séculos de desenvolvimento científico,
a teoria cartesiana esteve cada vez mais ligada ao racionalismo cético, no qual
os fragmentos, que possibilitariam a aproximação de um Criador, passaram a
aproximar do próprio homem, não mais dependente da natureza para criar e
evoluir. Fica aí a perigosa manipulação
da esperança por um grupo minoritário, se não existir o constante
questionamento e autoconhecimento citados acima.
(Aula 2- "O discurso do método")
(Aula 2- "O discurso do método")