“...a observação não ultrapassa os aspectos visíveis das
coisas, sendo exígua ou nula a observação das invisíveis.
Também escapam aos homens todas as operações dos
espíritos latentes nos corpos sensíveis. (...) Até que fatos,
como os dois que indicamos, não sejam investigados e
esclarecidos, nenhuma grande obra poderá ser
empreendida na natureza”.
Francis Bacon - Novum Organum
Em sua obra Francis Bacon defende a importância da experiência como guia da razão, e não o inverso. Ele crítica veementemente os clássicos gregos, como Aristóteles, quando estes partem da suposição, da inventividade enganosa da mente para formular suas teorias, e só então buscam a comprovação através da experimentação. Bacon, inserido em seu contexto histórico, enxerga na busca por experimentação aquilo que deve guiar o cientista, para que depois de analisar a realidade formule teorias para explicá-la.
No entanto, Bacon reconhece a limitação dos sentidos humanos, e por isso as descobertas sofreriam dificuldades em avançar. Mas o que ele não pode vivenciar foram os progressos tecnológicos que permitiram ao homem superar seus sentidos. Através da instrumentação cada vez mais sofisticada, o ser humano pode continuar desvendando os mistérios da natureza.
Como exemplo podemos citar a descoberta dos planetas-órfãos, um objeto de massa planetar, que vaga pelo espaço sem orbitar uma estrela. Eles só foram descobertos a pouco tempo, graças ao uso de luz infra-vermelha.
Portanto a recomendação de Bacon não deixa de ser importante em nossos dias, de fazer uso da experimentação para nos auxiliar no avanço da ciência. Todavia é importante ressaltar que o discurso desse pensador, é, em alguns casos, um tanto exagerado. A exemplo a matemática, que utiliza muito a abstração tão rejeitada por Bacon. Embora possamos ignorar, essa ciência contribui de maneira vital no avanço do bem-estar da sociedade, algo que Francis frisa em seus textos, e que faz muito sentido: a ciência deve ser desenvolvida para o bem de todos. No entanto, esses avanços podem ser indiretos, como pesquisas que resultam em ciência pura, o que não muda a vida das pessoas diretamente, mas fornece uma fundação sólida para que outros desenvolvam a ciência que estará acessível a população de um modo geral.
Jansen R. Fernandes
Direito Diurno