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domingo, 26 de junho de 2022

"A Concepção Weberiana de Economia e Sociedade"

    Segundo Max Weber, a função da sociologia é a de ser uma ciência de cunho interpretativo que, para ele, deve buscar compreender as chamadas ações sociais e buscar explicá-las, afirmando, ainda, que a sociedade seria o resultado das formas de relação entre os indivíduos que constituem essa sociedade, e, justamente, o indivíduo, logo, ocupa um lugar fundamental de destaque na perspectiva de Weber, mesmo em se falando do coletivo, o enfoque deve ser sempre no individual. 

    O conceito de "ação social", criado por Weber, significa um tipo de conduta do indivíduo que tem um sentido, tanto para ele próprio quanto para os outros que também são afetados. Esse conceito, também, pode ser definido como as manifestações de interação entre indivíduos, já que uma ação acontece somente quando indivíduos entram em contato uns com os outros. Considerando as particularidades de cada indivíduo, que é algo em que Weber acreditava, é possível afirmar que as ações sociais são, em sua visão, também, a ocorrência de interferências externas sobre como cada pessoa vive. Por essa complexidade no tecido de interações sociais, mostra ser de bom tom destacar que Weber deu um enfoque multicausal à análise dos fenômenos sociais, destacando fatores culturais e materiais presentes no surgimento das instituições da modernidade, além de analisar o processo de racionalização e desencantamento decorrentes do mundo que acompanham tais instituições, de modo a compreender a sociedade de uma forma mais abstrata e integrada às condições históricas, culturais e sociais. 

    O capitalismo, na visão weberiana, é um sistema que promove uma espécie de racionalização do trabalho e do dinheiro, sendo sustentado por uma prosperidade e por uma grande e crescente capacidade de se gerar dinheiro neste sistema, tal pensamento teve uma enorme influência do pensamento calvinista (pelo qual Max Weber sofreu forte influência) por conta principalmente da ideia de que a pessoa próspera e trabalhadora era uma pessoa abençoada, e quanto maior o seu sucesso financeiro/material, mais agraciado por Deus você será, e, na visão dos calvinistas o pecado era o ócio e a futilidade. Além da influência do calvinismo, Kant e o seu idealismo kantiano são, também, parte da influência que Weber teve em suas ideias e conceitos, especialmente na sua conceção de o que é o capitalismo, e, sob essa lupa kantiana na concepção de Weber, o sistema capitalista é enxergado como um ideal, com um espírito, e a partir disso, esse sistema seria construído de fato, na prática. 

    Com base em tudo que foi dito sobre Max Weber, suas influências e suas ideias, é possível afirmar, também, que a vida política e social na visão weberiana, tende a se balizar nas garantias oferecidas pela legitimidade legal, por meio do Direito, que seria uma ferramenta de consolidação da dominação do status quo, podendo ser visto, também, como uma forma de racionalização e confirmação do poder desse status quo dentro de um sistema capitalista legal e normatizado. Munido de todos esses conceitos que produziu, Weber produziu importantes obras sobre economia (como "A ética protestante e o espírito do capitalismo" e "Economia e sociedade", por exemplo), além de ter analisado a trajetória e o desenvolvimento de diversas economias de vários países do mundo. 


Otávio Aughusto de Andrade Oliveira - 1°Ano de Direito; Matutino

O Breve, mas essencial reconhecimento de Weber sobre a Moral

 Eric Voegelin, jurista europeu que trabalho diretamente com um dos maiores nomes do positivismo jurídico, Hans Kelsen, foi um grande filósofo que abalou muitos fundamentos da filosofia e das ciências sociais, especialmente da modernidade. 

Em sua obra A Nova Ciência da Política, de 1952, Voegelin aborda diversos aspectos do estudo político e dos desdobramentos dele na sociedade de sua época. Em uma de suas análises, o autor discorre sobre um dos grandes problemas que refletiram na decadência da ciência política, a formação da filosofia positivista e suas reverberações. Dentre um dos afetados, foram seus posteriores, como Max Weber. 

Grande defensor de uma ciência isenta de quaisquer valores que fossem, Weber teorizava acerca da influência dos citados para o saber científico e quão poder de ordem eles tinham sobre a política, no chamado demonismo da política ¹, em que os valores tinham significativa importância nas decisões dos políticos, determinando os resultados, este pensamento sendo denominado como sociologia compreensiva. Nesse sentido, Weber, embora estivesse ainda, de certa forma, alinhado a Comte, foi de encontro frontal à ideia positivista de desconsideração total do plano metafísico ou moral da pesquisa científica, contrariamente ao primeiro ideólogo, do qual afirmou a metafísica não possuir mais a força lógica necessária para mudar algo²

Enquanto se assemelha a algo ultrapassado, a saber a mínima atenção sobre a essencialidade do sistema moral para a vida de um meio social, o ponto tão aclamado pela autora deste artigo acerca da individualidade do ser prevalece como um degrau subido. A volta do crédito à parte valorativa do homem pela perspectiva weberiana levou a uma nova cosmovisão da alma do homem: aquela que tem poder de resistir a qualquer proposta quando há bons valores firmados no caráter - no caso, dos políticos- e que a moral possui sim um vigor que move toda a população rumo a um ideal. 

Em suma, esta breve análise de Max Weber pôde colaborar com a exaltação da unicidade de cada um, apesar do autor ter seguido mais pela linha do Positivismo que esta visão especial sobre os animais políticos, levando estes a um patamar de protagonista que só o homem pode experimentar dentre todos os seres vivos, sendo ele o de fazer suas escolhas, nem que elas sejam a de resistir a tudo que contraria o bom, belo e verdadeiro.Logo, se todos os cidadãos seguirem por esta receita e transformarem como enxergam a si mesmos- não como manipuláveis, mas como grandes responsáveis por si mesmos-, de fato a humanidade irá tender ao progresso, conforme Augusto Comte afirmou. 



¹ Voegelin, Eric. 1952. Pág 25
² Comte, Augusto.1844. Pág 66

Poder e Dominação

 Para Karl Marx, o poder vinha das classes sociais. Já para o intelectual Max Webber, o poder vinha de todos os lados. Mas então, o que é o poder?

Essa questão pode ser respondida como: é uma atividade de dominação. Ou até a "competição entre as vontades". E se ele está em tudo, como essa grande quantidade de poder não entra em conflito?

Webber dizia que essa atividade de dominação não é total, e sim uma probabilidade. Em outras palavras, o poder pode ser entendido como a chance de impor a própria vontade em uma relação social, mesmo com resistências. Dessa forma, ele está suspenso no fio da legitimidade, ou seja, na aceitação dessa dominação. 

Logo, confrontar o poder é não aceitar sua legitimidade, e isso pode ser feito quando essa dominação resulta da apropriação diferenciada de recursos escassos, gerando uma assimetria e instabilidade social. Assim, entende-se que nenhum poder é total, pois é uma probabilidade, e não uma efetividade permanente. 



Giovana Pevarello Parizzi
1° Direito - Matutino

Para toda ação, há uma intenção, com valores intrinsecamente impostos por instituições.

Em meio a busca de compreender a realidade, Weber, não exclui o que Marx até então havia interpretado, mas perpassa a ideia de observar o social apenas pelo meio econômico, haja vista que a ciência de Weber deveria ser capaz de "compreender interpretativamente a ação social e assim explicá-la casualmente em seu curso e em seus efeitos", ou seja, entender os valores sociais, culturais e tradicionais que respondessem a ação dos indivíduos, em que o cientista social, estudioso dessa realidade, não deveria fazer juízo de valor diante das interpretações, mas sim compreender sem pressupostos o porquê da ação, principalmente, o significado daquilo que é motivo da aspiração, resultando, assim, em uma sociologia compreensiva. Diante dessa ideia o método por si não possui significado relevante quando dissociado da ação do indivíduo e de suas motivações que regem essa ação, tendo em vista que o indivíduo é a expressão social com suas complexidades e perspectivas distintas que mudam de acordo com o contexto social, em que perpetua e ratifica a ideia de que toda conduta é dotada de significados.

A busca pela compreensão está associada com as condutas expectáveis, uma vez que não se pode entender, de fato, o comportamento dos organismos vivos proposto por Durkheim, uma vez que é possível apenas explicá-los de acordo com regras causais, ou seja, aquilo que é entendido a partir da lógica dos sentidos e da consciência que tem para o agente o motivador da ação. O indivíduo dentro desse contexto possui um papel central, mesmo quando o coletivo já está formado, uma vez que é dotado de ações que já existem e buscam vigência, ou seja, se encontram na mente de pessoas reais. 

Nesse sentido, a ação sempre se orienta pela ação do outro, carregada de significados dentro de um contexto de relação social como em um almoço de família, aulas na faculdade e, também, no comportamento dentro de um local religioso. Logo, o real significado da ação advém de um processo histórico, ou seja, ganha intangibilidade no contexto de determinadas referências, principalmente, a cultural, a qual consegue moldar as ações dos indivíduos conforme seus preceitos. Segundo Max Weber, o conceito de cultura é um conceito de valor, uma vez que se manifesta e abrange componentes significativos da realidade os quais fazem sentido na consciência e na cosmovisão pessoal de cada indivíduo. Essa ideia está intrinsecamente ligada com a individualidade do indivíduo e o significado das conexões causais desempenhadas pela cultura, tendo em vista que as relações estabelecidas entre ambos possuem o valor que manifesta na realidade, haja vista que toda ação possui significados.

Outrossim, ainda é viável destacar a ideia de "tipo ideal" proposta por Weber, em que expõe pressupostos de como desenrolar uma ação humana baseada estritamente na realidade, a qual necessita suspender o juízo de valor, influenciado por erros e afetos, e conseguir organizar o caos e a complexidade do real. Diante dessas prerrogativas, transpondo para a contemporaneidade, casos de abuso como a da criança de 11 anos, em que a ação imediata de diversos indivíduos foi contradizer o aborto, é preciso ser analisado sem o juízo de valor, ou seja, entender os valores culturais, morais, econômicos e tradicionais que movem os indivíduos a julgarem tal caso, em outras palavras, Weber não está preocupado com o caso em si, mas sim com a ação do indivíduo que problematiza o caso, em seu comportamento e, também, em como esses valores e ideais da ação estão vinculados a determinadas instituições, que estabelecem, mesmo que indiretamente, uma hierarquia valorativa para a manutenção de ideias conservadoras, como no caso da religião e, essencialmente, um enquadramento da ação.

Ademais, o próprio mercado capitalismo e o Estado moderno centralizado, cria os indivíduos como eles são, ou seja, ideias e valores são perpetuados sem que o próprio indivíduo tenha ideia, o qual encontra uma obediência e uma ordem de determinado conteúdo. A dominação, entendida como um modo de condução da vida "vinda de fora", resulta em ações racionais direcionadas a fins e valores, e ações subjetivas afetivas e tradicionais, a qual consegue ser legitimada quando entendida como válida pelo indivíduo. O capitalismo, modelo de sistema vigente, não teria condições materiais de desenvolvimento se essa racionalização da ação fosse inexistente, tendo em vista que os moldes criados por ele estão sendo maximizados para a sua manutenção.

Fica claro, portanto, que o método de ciência proposto por Weber é de extrema relevância para a compreensão da atualidade, principalmente, mediante as inúmeras ações valorativas dos indivíduos, em que são carregadas por instituições que visam manter sua estrutura e, para isso, é preciso que haja dominação. Assim, a ideia proposta por Marx mostra-se relevante, entretanto, as ideias implementadas por Weber trazem à luz as reais motivações, não apenas materialistas, da ação individual. 


Natália Lima da Silva  

1º semestre Direito matutino 

Turma XXXIX