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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Máquina, Ferramenta, Tecnologia (em Marx)

É natural esperar que, com o advento das máquinas, o ser humano passará a trabalhar menos, já que ela é a síntese de várias ferramentas em um único dispositivo. Não foi o que ocorreu. Houve um incremento nas horas de trabalho devido à necessidade de baratear os produtos, buscando vencer a concorrência. Tal situação, por sua vez, leva diretamente à exploração. O apetite pelo lucro fez por insuflar a mais-valia.

Definamos então o que seria a mais-valia: é o lucro gerado pelo trabalhador além do tempo que seria necessário para que este produzisse seu próprio salário. Podemos exemplificar da seguinte forma: Um trabalhador era capaz de produzir 10 vasos de cerâmica em 8 horas de trabalho, com a mecanização da produção, passa a produzir os mesmos 10 vasos em 3 horas. Em menos tempo, este trabalhador gera o mesmo lucro que antes e seu salário. Contudo, nas 5 horas restantes, este mesmo trabalhador produz ainda mais sem receber aumento em seu salário. Dessa forma, o período de trabalho é mantido, o salário também, mas o lucro é significativamente ampliado. Essa é a mais-valia.


Revolucionar o modo de produção depende do instrumental de trabalho. No caso da indústria moderna, isso se configura pelo uso de máquinas. Quando da manufatura, eram as ferramentas. Para distingui-las, adota-se o critério de força motriz. As ferramentas caracterizam-se pela empregabilidade de força humana, enquanto as máquinas utilizam forças naturais diferentes da do homem, exercendo o trabalho de vários deles.

Da necessidade de incrementar a força motriz, o homem buscou alternativas. Num primeiro momento, arranjou-se com o que parecia mais fácil, isto é, apropriou-se das forças do animal. Entretanto, não foi o suficiente: a necessidade de que a máquina produzisse mais fez despertar o gênio para inovações. Eis que, então, surgiram no cenário os moinhos, a força hidráulica, e, de certa forma no auge, a máquina a vapor. Tudo isso, reitere-se, contribuiu para o aumento da produção.

As dificuldades, porém, não se limitaram à modalidade da força motriz. Com efeito, as primeiras máquinas tiveram de ser produzidas pelas mãos humanas. Nisso, não houve problema, pois que elas eram de pequeno porte e de não tão complexa montagem. Contudo, com o passar do tempo, foram elaborados projetos de máquinas ciclópicas. Para que eles fossem realizados, a capacidade estritamente manual do homem seria insuficiente. Surgiu, então, a necessidade de se produzirem máquinas que fossem utilizadas na fabricação de maquinário maior ainda. Vê-se, portanto, a barreira orgânica que o homem rompeu por meio da tecnologia.


Publicado por: Jonas Kulakauskas Sá Freitas, Leonardo Simões Agapito, Marcos Vinícius Canhedo Parra, Murilo Borsio Bataglia, Rafael Maciel Mellado.

Máquina: para o bem ou para o mal?


Karl Marx num primeiro momento no 13° capítulo de sua obra, O Capital, busca a priori discorrer da forma mais clara possível sobre as relações de maquinário, tecnologia e ferramenta no âmbito do meio de produção capitalista.

Tratando-se das dependências entre o que é a máquina e o que é a ferramenta, Marx passa a seguinte definição: ‘’... a ferramenta é movida pela força humana e a máquina por uma força natural diversa da força humana...’’; a partir deste ponto é apresentada uma forte tese que da base a teoria central defendida pelo autor, a pertinência da existência de um maquinário e de uma tecnologia cada vez mais avançada para a sobrevivência do método de exploração burguês para com os proletários numa sociedade voltada ao rendimento do mercado. Tal método é nomeado pelo autor como ‘mais-valia’, que tem por essência a apropriação dos bens de produção sociais por parte do patronado (leia-se burguesia ou donos dos meios de produção).

No entanto, é necessário depreender que a máquina não afeta somente a questão burguês-lucro, ela também atinge de forma direta e incisiva a relação entre o trabalhador e a produção assim como a relação entre trabalhador e o produto de sua força de trabalho. O desenvolvimento do maquinário através da tecnologia condiciona cada vez mais o trabalhador a se alienar de seu próprio trabalho, retirando dele suas especialidades e capacidades próprias, assim tornando-o vulnerável à substituição.

É inegável também que quão maior for a tecnologia empregada no método de produção, maior será o acúmulo patrimonial gerado, logo o maquinário desenvolvido ao menos em tese não se versa de todo o mal, uma vez que permite a produção de riqueza necessária para o cumprimento da demanda social.

Em suma, Marx apresenta em sua obra uma crítica profundamente dialética sobre o desenvolvimento tecnológico de produção permitido pelo capitalismo e suas influências. Ao passo que notamos uma máquina que substitui, aliena, incapacita em termos e banaliza a força de trabalho proletária, temos também uma máquina geradora de riquezas em escalas jamais vistas e que pode, com o devido empenho servir ao bem comum dos mais diversos estratos da sociedade.

Sobre a subjetividade e a objetividade do trabalho

Antes da Revolução Industrial, durante a fase chamada pré-capitalista, os trabalhadores detinham os meios de produção e o conhecimento de todas as etapas do processo produtivo; prevalecia, dessa forma, a subjetividade do trabalho. Os trabalhadores possuíam uma visão integral do processo de fabricação do produto e do seu papel nesse respectivo processo, ou seja, sua finalidade na grande roda da indústria, ou ainda mais anteriormente, em seu grupo social. Além desse conhecimento e a participação integral, é importante frisar o lado subjetivo da especialização do trabalho, ou seja, nas manufaturas, cada trabalhador poderia “escolher”, de acordo com as suas habilidades individuais e ferramentas, o seu papel específico na produção como um todo, e isso é ainda mais claro no meio de produção artesanal.
Pode-se então citar Dejours para ilustrar a diferenciação da subjetividade e a objetividade do trabalho:
” A subjetividade do trabalhador tornou-se fragmentada na atual sociedade capitalista. A busca por pequenos gozos narcísicos, os novos modelos de produção e gestão, representados atualmente pelo toyotismo, e a disseminação de uma ideologia tipicamente alicerçada nos valores sociais e econômicos capitalistas, foram capazes de propiciar o sequestro da subjetividade do trabalhador e, consequentemente levá-lo a enfrentar condições físicas e psicológicas de trabalhos cada dia mais precárias.”
A apropriação dos meios de produção pela burguesia. Êxodo rural gerou um grande exército de reserva, discurso ideológico baseado na produção e consumo. -> Divórcio entre o produto e os meios-de-produção e o conhecimento.
Quanto a objetividade, o êxodo rural, consequência da maquinização do trabalho rural, gerou um grande exército de reserva pronto para atuar na indústria da cidade. Isso leva a um meio de produção mecânico, onde o homem se torna apenas um instrumento de produção para assegurar a manutenção do novo sistema capitalista da sociedade. No entanto isso gera insegurança ao trabalhador da cidade em relação à estabilidade de seu emprego, que sabe que pode ser facilmente substituído por novos maquinários. E então, já não tendo grande influência sobre o produto final, somente obedecendo ordens da classe que realmente detém os meios de produção (burguesia), e ainda desestimulado pela insegurança, a subjetividade dentro de seu trabalho diminui cada vez mais.


postado pelo grupo:
Gabriel Emir Maia Quadrado
Guilherme Augusto Cardoso
Kamila Meneghini Bradan
Lucas Takahashi Tashiro
Luis Felipe Hetem
Maira Barbim
Marina Ferreira Segatti
Matheus Grisolia Elias de Andrade

Direito Diurno

As engrenagens da dialética


A Dialética é um conceito baseado na ideia da existência de três eixos centrais. São eles: a tese, a antítese e a síntese. A tese consiste em uma afirmação; a antítese em uma contra- afirmação e a síntese em um resultado da oposição entre estes. É importante ressaltar que a síntese é estritamente relacionada ao contexto histórico no qual um fato é analisado.

Na capitulo XIII da obra em questão (O Capital), a tese estaria caracterizada pelos donos dos meios de produção. Com a incorporação do maquinário na sociedade industrial, percebemos um fortalecimento da tese. A produção cresceu muito e os operários passaram a trabalhar mais (intensificação do trabalho), sem um respectivo aumento dos seus salários e benefícios. Este aumento produtivo enriqueceu, portanto, somente os donos dos meios de produção (tese).

Com este fortalecimento da tese, a opressão sobre o proletariado, sendo este a representação da antítese, aumentou sobremaneira. A mão de obra era constituída de forma a não fazer distinção entre gênero e idade. Os operários trabalhavam sob carga horária abusiva, condições insalubres e baixa remuneração e tinham sua vida cotidiana e o viver de suas famílias alterado, o que causava descontentamento da população e fazia com que esta se revoltasse. Temos aí, portanto, uma intensificação da antítese.

A expressão do embate entre tese e antítese é a luta de classes, e à medida que ela se energiza, a consequência histórica muda juntamente com a síntese. Em um primeiro momento, no qual a tese prevalece absolutamente, o Estado é liberal e permite o crescimento apenas da burguesia, a síntese tem basicamente o conteúdo da tese. Durante o processo de enrijecimento da antítese, a burguesia se vê pressionada a ceder à demanda por meio de estatutos sociais, efetivação da garantia de direito fundamentais e a tutela de direitos coletivos.

É diante dessa análise que percebemos a importância da dialética marxista sobre a vida cotidiana e sua contribuição para a transformação do viver.

Grupo: Bruna Martins Federici, Carolina Sabbag Salotti, José Arthur Fernandes Gentile, Osvaldo Rodrigues Junior, Victor Nobrega de Abreu.

DIMENSÕES SUBJETIVA E OBJETIVA DO TRABALHO


Anteriormente à Revolução Industrial, o trabalho era desenvolvido por artesãos e produtores manufatureiros, cuja produção estava inteiramente submetida ao seu domínio, sobretudo organizados na forma das corporações de ofício. Nesse formato, o trabalhador tinha grande liberdade de criação, flexibilidade de horário e podia conhecer sua identidade no produto concebido por seu labor.

Com o advento da máquina a vapor e de tantas outras inovações tecnológicas, as relações de trabalho sofreram distorções: o homem perdeu seu papel ativo nos ditames da produção, ficando submetido ao ritmo imposto pelas máquinas e tornando-se o seu mero operador. Deixa de ter autonomia sobre a criação, partindo-se exclusivamente de modelos predeterminados, além de estar restringido a apenas fragmentos do processo produtivo. Como consequência disso, enxerga a sociedade sob uma visão reduzida, como se tentasse observar uma paisagem por uma ínfima fresta de uma janela. Como Marx explica: “O capital faz o operário trabalhar agora não com a ferramenta manual, mas com a máquina que maneja os próprios instrumentos”.

Na medida em que essas transformações ocorrem, o trabalho deixa de lado seu fim social de caráter subjetivo, isto é, que parte da iniciativa humana, e assume um aspecto objetivo que prioriza a dimensão econômica da atividade, vendendo, assim, a força produtiva do homem, bem como de toda sua família. “A maquinaria transformou-se imediatamente em meio de aumentar o número de assalariados, colocando todos os membros da família do trabalhador, sem distinção de sexo e de idade, sob o domínio direto do capital. O trabalho obrigatório para o capital toma o lugar dos folguedos infantis e do trabalho livre realizado, em casa, para a própria família, dentro de limites estabelecidos pelos costumes”.

Portanto, numa conjuntura em que o capital impera e determina a máquina como senhora do processo produtivo, o homem reduziu-se a um simples apêndice da mesma, sem ao menos ter consciência disso – o que é fruto da alienação que decorre do capitalismo e o sustenta, ao lado da mais-valia, instrumento de exploração e garantia do lucro do proprietário dos meios de produção.


Grupo: Ana Carla Pessin de Souza, Henrique Lima de Almeida, Laura Melo Zanella, Laura Soriano Infante França e Letícia Buranello Moura.

O Capitalismo e seus impactos sociais


A Revolução Industrial modificou a estrutura sócio-econômica da Europa, e, posteriormente, do mundo, com a passagem do capitalismo mercantil para o capitalismo industrial. A introdução da máquina provocou o expurgo dos camponeses em direção às cidades, que não conseguiram absorver tamanho contingente populacional, a exemplo dos cercamentos na Inglaterra.

A mecanização das forças produtivas trouxe profundos impactos sociais e familiares devido à reificação do proletariado que ela promoveu. Condicionados às vilas proletárias, sem condições dignas de vida, os proletários se empobreciam à medida que a acumulação capitalista se ampliava, no chamado processo de “pauperização” com o qual Marx trabalha. Ele defende a constante intensificação da mais-valia, com a qual o capitalista é favorecido sempre em detrimento do proletário.

A pauperização e o desemprego contribuem para a modificação das relações familiares e sociais. As longas jornadas de trabalho provocam o distanciamento entre os membros da família e entre os membros da própria sociedade, além do esgotamento físico e psicológico, afetando também a divisão sexual do trabalho então vigente. Os baixos salários geravam a necessidade de complementação da renda familiar pelas mulheres e crianças; as mulheres passam a levar uma jornada dupla de trabalho – nas fábricas e no lar – e se distanciam de seus filhos.

As crianças são forçadas a ingressar precocemente no mercado de trabalho, no qual exercem funções degradantes, inadequadas para sua faixa etária, o que se assemelha ao trabalho escravo. Marx lembra que muitas crianças eram traficadas ou alugadas por seus pais e orfanatos, criando um grande círculo de exploração infantil, muitas vezes anunciada até em jornais.

Tudo isso contribuiu para a deterioração da educação, que já não é mais considerada prioridade, em função da acumulação do capital e da exploração gerada por ela, ensejando uma cultura de consumo e exploração que promove a decadência da cultura das sociedades.

Vale lembrar que houve alguns movimentos em prol de modificações da estrutura capitalista, como o ludismo (quebra das máquinas) e cartismo (movimento operário organizado por maior participação política), mas que ficaram apenas na história, sem obterem grandes resultados.

No entanto, o regime capitalista modificou-se, uma vez que atualmente há leis trabalhistas e políticas sociais que barram parte da brutalidade do sistema, no chamado “Estado de bem-estar social”. Ainda assim, permanece a tendência de esfriamento dos laços familiares e sociais.

Grupo: Ana Cristina Alves de Paula
Edilberto Marassi
Gabrielle Ota Longo
Henry Suzuki

Tema da discussão: Família e relações socias

A influência das máquinas na vida cotidiana

O capitalismo criou um mecanismo que permitiu uma ampliação da produção, através das maquinas foi possível inserir mulheres e crianças nas fábricas.

A máquina, ao aumentar o material humano dentro do sistema de produção, amplia, ao mesmo tempo, o grau de exploração dos trabalhadores. O aumento da produção causou diminuição da qualidade de vida e estabeleceu condições precárias de trabalho.

Nesse contexto, havia “ruina física das crianças, dos jovens, das mulheres, submetidos diretamente pela maquina à exploração do capital nas fabricas mecanizadas”, como por exemplo, “a imensa mortalidade dos filhos dos trabalhadores, nos primeiros anos de vida” que havia.

Nos primórdios do capitalismo, teoricamente, a máquina deveria amenizar a exploração dos trabalhadores e melhorar as condições de trabalho que influem na qualidade de vida dos mesmos. Contudo, percebemos, que o que ocorreu foi o contrário, pois o trabalho foi ainda mais desvalorizado visando o aumento do lucro dos capitalistas com a mais-valia.

O contingente de pessoas em busca de empregos era grande. Apesar dos baixos salários, os trabalhadores se submetiam às péssimas condições, pois, se não fizessem, haveria quem os substituíssem nas fábricas. A remuneração insuficiente obrigava todos os membros da família a ingressarem no mercado de trabalho.

Amanda Mubarak de Oliveira, Maiara Motta, Melina de Araújo Lima, Thalita Moreira.

Família/Relações Sociais

Karl Marx dividia as esferas da sociedade em ‘Estrutura’ – a base material que compreende as relações de produção - e ‘Superestrutura’ – tudo o que deriva da estrutura, e é influenciado por ela (cultura, religião, política, Estado etc.). Sendo assim, as relações familiares, que fazem parte da Superestrutura, estão submetidas à lógica da Economia (Estrutura).

O surgimento do Capitalismo e as alterações provocadas por esse sistema transformaram a dinâmica familiar, tornando todos os membros da família, sejam eles homens, mulheres ou crianças, força de trabalho em potencial. Esse fato acabou por usurpar o sentido da família existente até então.

O valor do trabalho passa a estar vinculado ao tempo de trabalho, não somente à sua qualidade, fazendo com que os trabalhadores fossem submetidos a uma exploração sem limites, enfrentando jornadas de trabalho que se estendiam por um longo período do dia. Sendo o trabalho exploratório o único meio de sobrevivência, cada membro da família exercia uma função ou era inserida em um cargo.

A ânsia dos detentores dos meios de produção para que ela fosse intensificada impulsionou o desenvolvimento tecnológico. Ao longo do tempo, portanto, o trabalho braçal foi substituído pela maquinaria. O trabalhador passa a ser o apêndice da máquina, sendo que sua função passa a ser de controlá-la. Assim, “a maquinaria desde o início amplia o material humano de exploração, o campo propriamente de exploração do capital, assim como ao mesmo tempo o grau de exploração.” (MARX, Karl. “O capital”)

Na concepção de Marx, as relações sociais não passam de relações econômicas. Dessa maneira, o âmbito econômico regia o âmbito social. Da época da análise de Marx até os dias atuais, o Capitalismo se modificou, o que garantiu sua sobrevivência como modo de produção predominante. Sua estrutura, no entanto, conservou-se. Ainda hoje as relações econômicas determinam as relações sociais.