Ao
propor a apropriação dos métodos das ciências naturais para as ciências
sociais, Comte busca descobrir as leis imutáveis que regeriam a sociedade.
Neste aspecto, não interessaria ao pesquisador buscar a compreensão das “causas
geradoras” dos fenômenos sociais, mas apenas as correlações entre os fenômenos.
Tendo
estes princípios do positivismo em vista, vamos compreender a diferenças entre correlação
e relação de causa e efeito.
No
gráfico acima temos uma curva de correlação entre duas variáveis em função do
tempo. A variável à esquerda é a “Taxa de divórcio”, já a variável à direita é
o consumo de margarina. Ambas as variáveis apresentam comportamento semelhante
ao longo do tempo, ou seja, apresentam alta correlação. Mas a pergunta que
permanece é: esta correlação sugere uma relação de causa e efeito? O consumo de
margarina é a causa do divórcio?
Outra
forma de se analisar correlações é através do chamado gráfico de “Regressão
linear”, visto abaixo.
Conforme
exemplo de Bizzo (1995), se considerarmos que a reta no eixo horizontal é o
tamanho do pé de uma determinada população e o eixo vertical é o resultado de todas
as alturas desta mesma população, obteremos um gráfico semelhante ao de cima. A
nuvem de pontos vermelhos concentradas em torno da reta azul demonstraria a forte
correlação existente entre os dois caracteres biológicos (altura das pessoas e
tamanho do pé), sendo que a reta central (azul) representaria o “padrão da raça”,
segundo termo definido por Galton. Se considerarmos que tal população é a
população ariana, temos neste gráfico a justificativa matemática do nazismo. Neste contexto, os pontos vermelhos
circunscritos em preto seriam os “outliers”, ou os indivíduos que deveriam ser,
segundo o nazismo, impedidos de se reproduzir, ou até mesmo excluídos da sociedade, uma vez que tornariam a raça
ariana mais “impura”.
Esses
dois gráficos nos sugerem cautela ao analisar um gráfico de correlação, pois,
ele pode ser apenas fruto do acaso (Primeiro gráfico), pode ser utilizado
para naturalizar as desigualdades existentes em uma sociedade ou até mesmo usado para justificar a dizimação de uma população inteira. Ou seja, ao
contrário do que o positivismo defende, é imperioso buscarmos as relações de
causa-efeito e propormos modelos que expliquem estas correlações.
Referência
Bibliográfica:
Bizzo,
Nélio. Eugenia: quando a biologia faz
falta ao cidadão. Cad. Pesq,, São Paulo, n.92, p. 38-52, fev. 1995.
Aluno: Luiz Henrique de Moraes Mineli (Noturno)
Aluno: Luiz Henrique de Moraes Mineli (Noturno)