Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade.
(Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
Karl Marx e Friedrich Engels são figuras
evocadas muitas vezes como o Deus judaico-cristão, seres onipotentes e oniscientes.
Estão presentes em discursos ardentes e motivadores de uma visão do futuro,
semelhante a pregações de líderes religiosos. Faixas e cartazes são levantados
pregando o fim do capitalismo, um fim trágico, feito por uma revolução bruta.
Nem se imagina que Marx e Engels usaram da arte da dialética para propagar as
suas ideias.
Foi justamente contra o idealismo
que os dois sociólogos lutaram, defendendo o Materialismo Dialético, Engels, na sua obra Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico, nos traça a
história da humanidade sob uma perspectiva material e racional, deixando de
lado a perspectiva ideológica abordada por Hegel.
Na formulação do socialismo, Marx
e Engels partem da análise dos fatos da nova sociedade. Frente às injustiças da
burguesia contra o proletariado, várias tentativas de anular esses agravos
foram estabelecidas, mas como viriam a serem chamados, esses socialismos eram
utópicos, não prosperariam por causa do seu desapego com a matéria, não
resolveriam a luta de classes.
Foi assim que enxergaram que o
proletariado, a classe oprimida, era a antítese da burguesia, a classe
dominante. Quando a burguesia se torna uma classe supérflua, então aí que o
proletariado, que realiza todas as tarefas da produção, teria a oportunidade de
tomar o poder, através da Revolução Proletária e começar a nova etapa da
sociedade, o socialismo, socialismo científico.
Desse modo o socialismo não é
fruto dos devaneios revolucionários de duas pessoas carismáticas, mas fruto de
uma observação e uma metodologia. Muito diferente da religiosidade com que esse
assunto é tratado na boca de muitos. Dessa forma não se justifica em nada essa ferocidade com que é tratado o socialismo. O socialismo é um programa, é um trabalho de duas mentes que longe de serem divinas, foram científicas.
Em sua teoria Marx faz um elogio ao iluminismo,
pois este é o responsável pela ruptura com o passado, porém o critica também
devido ao fato de ter se convertido em racionalidade burguesa.
Segundo Marx, o surgimento da moeda e do capital, que originou
a burguesia, ocasionou na mercadoria e em uma atribuição de valor ao trabalho.
Além
disso, também afirma que com a luta burguesa, foi gerada a destruição dos
privilégios de classe.
Engels,
por sua vez, acredita que a história está em transformação permanente, ou seja,
para se observar um fenômeno, é necessário observá-lo desde o seu processo de
surgimento até o de sua caducidade.
Esses
dois intelectuais citados acima criaram o Socialismo Científico que é uma
maneira de averiguar se uma sociedade possui as condições necessárias para a
instalação de uma sociedade com a ausência de classes, que seria atingida com
revoluções e uma ditadura do proletariado.
Contudo
esse modelo não foi muito bem aplicado na prática, como no caso da antiga URSS
e da China, onde o forte poder concentrado no Estado, ocasionou uma corrupção
por parte de seus líderes.
Na formulação do materialismo histórico dialético Karl
Marx e Friedrich Engels tem como base o materialismo antropológico deFeuerbach
e a dialética de Hegel, porém não concordam com toda a construção destas ideias,
sendo que Marx e Engels em “A ideologia alemã” farão severas critícas a
Feuerbach dizendo que o materialism é histórico e não antropológico, ou seja
mudanças materias causam em primeiro lugar mudanças na história e não no homem.
Nesta mesma obra criticam o idealismo hegeliano e os seus contemporâneosque concordam com esta ideia, os irmão Bauer, em especial Bruno Bauer.
Já
no âmbito social, de maior aplicabilidade cotidiana, tanto Marx como Engels,
mas principalmente o segundo, fizeram uma análise dos socialismos já elaborados
até então, considerados como utópicos, e elaboraram um novo, denominado socialismo
científico ou real. Engels vai enumerar os socialistas utópicos começando com Graco
Babeuf, na Revolução Francesa, passando por Robert Owen, Charles Fourier e Henri de Saint-Simon. Após esta análise,
concluem que para chegar a uma sociedade igualitária é necessária a dialética
(tese/antítese) e a luta de classes, pois “A história da humanidade é a história da
luta de classes”. André Mateus Pupin - Primeiro ano direito diurno.
Marx e Engels ao criarem sua teoria a partir da observação
do mundo empírico constataram que o trabalho antes de total propriedade do ser
humano desvencilhou-se deste e passou para a mão dos donos da fábrica.
O trabalhador virou operário; não foi somente uma mudança de
nomes e sim de função. Antes ele lavrava a terra, colhia o alimento e
preparava-o; antes ele curtia o couro e costurava a bolsa; agora ele somente
opera máquinas, não sabe direito o que faz na produção, o quanto produz e muito
menos o que produz.
O Vagabundo, personagem de Tempos Modernos, retrata muito
bem o que é o operário, não só pelo fato de realizar o mesmo trabalho e os
mesmos movimentos repetidas vezes, mas também por não ter um nome: ele trabalha
várias horas na fábrica, fazendo o máximo que pode e mesmo assim não tem
reconhecimento por parte do dono e ainda mais é conhecido como o vagabundo,
como se todo o seu trabalho ainda fosse insuficiente.
Marx e Engels ao desvendarem as leis do processo histórico
com o modelo tese/antítese propuseram uma saída para esse operário antes mesmo do
capitalismo atingir esse nível. A proposta de que a produção deveria ser
apropriada pelo social e não pelo dono da fábrica gerou um grande impacto na
sociedade da época. Entretanto, modelos posteriores demonstraram que o poder do
capitalismo é tão forte que nem o socialismo soviético conseguiu suplanta-lo.
A expressão americana Self Made Man, criada no século XIX e
expressão máxima do capitalismo moderno, corresponde ao homem que conseguiu
sucesso por si mesmo, por seus próprios esforços e sua própria dedicação,
traduzindo para o português, seria aquele homem que “se fez”. Através dela é
defendido o enriquecimento do homem hodierno, e através dela se estrutura toda a
sociedade atual.
Vendo a tirinha acima de Mafalda,
tal concepção capitalista fica muito bem exemplificada. Ao ler o artigo da
revista ela compreende que, para que um homem vença na vida, ele deve
enriquecer, saindo de uma posição econômica inferior e alcançando um patamar
superior na estruturação capitalista da sociedade. Assim ele seria um homem bem
sucedido.
Um Self Made Man seria um exemplo
de homem bem-sucedido. Ele enriqueceu através de seus próprios esforços e sua própria
luta. Contudo, até que ponto esse denominado Self Made Man realmente “se fez” unicamente por
seus próprios esforços?
Os
pensadores alemães Engels e Marx, fundadores do socialismo científico, refutam por
completo tal teoria. O sistema capitalista se baseia na exploração de classes. Um
homem só enriquece através do esforço do outro, da chamada mais-valia, dando
como bens individuais os bens coletivos. Nesse contexto, não é possível existir
um Self Made Man, um homem que progrediu unicamente por esforços próprios. Para
o enriquecimento, é necessária a exploração.
O Materialismo Dialético desenvolvido por Karl Marx e
Friedrich Engels consiste no entendimento de que a matéria – animais e serem
humanos – estão numa relação dialética com o mundo metafísico. Opõe-se ao
idealismo onde, da mesa de seu escritório, o filósofo pensa relações e
proposições para a sociedade. Os resultados no Materialismo Dialético vêm da
experiência, não do imaginário. Apresenta também uma crítica a sociedade
capitalista, burguesa, industrial e, principalmente, desigual de seu tempo.
A expressão do Materialismo Dialético na modernidade pode
ser vista na atual conjuntura de mercado, onde muitas indústrias priorizam o
bem estar e o interesse coletivos em detrimento do lucro individual e concentrado,
mostrando, talvez, uma tendência. Tal tendência expõe que a construção do
interesse coletivo possa trazer o melhor resultado para o indivíduo e consequentemente
para o conjunto.
Ainda existe luta
Em seus primeiros contatos com a
teoria socialista Karl Marx deparou-se com a teoria utópica de vários autores,
como as de Saint-Simon, Robert Owen e de
Fourier. Esses pensadores, apesar de idealistas, exerceram grande influência
nas concepções político-teóricas de Marx, que defendeu uma união entre a teoria
e a prática revolucionária em um processo denominado Práxis.
A teoria marxista foi muito além das
abstrações utópicas de seus antecessores, buscando uma teoria política que
abordasse aspectos econômicos, políticos e filosóficos. Dessa forma, Marx criou
um sistema teórico de grande complexidade que abordou diversos aspectos da
realidade socioeconômica do sistema vigente, dando início a um movimento que
perduraria até os dias contemporâneos.
A ideologia marxista que surgiu no
século XIX já foi dada como morta por muitos pensadores, que desacreditaram em
suas fundamentações devido a um possível caráter utópico do igualitarismo
social das classes. Segundo essa vertente as diferenças sócias seriam uma
característica intrínseca à sociedade e se mostraria com perfeição no sistema
capitalista atual. Contudo, assim como o capitalismo tem mostrado a sua resistência
perante a evolução histórica, o marxismo ainda resiste no ideário de muitas
correntes políticas e em algumas ações sociais contemporâneas. Os exemplos são
muitos, e mostram que, com o tempo, o socialismo científico modificou-se e
surge, atualmente, em frentes isoladas de luta.
A fábrica Flaskô, que foi tomada
pelos trabalhadores no ano de 2003 devido ao excesso de dívidas, é um exemplo
que, embora imperfeito, exemplifica uma vertente da luta marxista
contemporânea. A fábrica, que estava falida devido aos atrasos no pagamento dos
salários e encargos trabalhistas, iria ser fechada quando, por decisão de seus
trabalhadores, foi tomada e reerguida pelos próprios proletários. Atualmente, é
uma experiência extremamente inovadora no Brasil, pois funciona como uma
empresa coletiva onde as decisões são tomadas em assembléia e há programas de
educação dos trabalhadores e disseminação cultural. A experiência mostra que
ainda existe luta por uma sociedade em
que não há uma discrepância social tão acentuada ou, até mesmo, uma sociedade igualitária.
Se isso é possível, só o tempo mostrará.
Não é novidade que as ideias desenvolvidas principalmente por Karl Marx e Fredrich Engels são de suma importância para o entendimento de questões humanas, políticas, sociais e economicas presentes ao longo da história e até os dias de hoje.
Com isso, observa-se o desenvolvimento de uma nova ideologia, propagada inicialmete a partir de 1848, com a divulgação do Manifesto Comunista, um documento analisando a necessidade da união dos proletáriados para combater as injustiças causadas pelo sistema capitalista, se baseando na luta de classes entre operários e detentores dos meios de produção como meio para combater essa desigualdade socioeconomica.
Além disso, deve-se ressaltar que a implantação do sistema socialista necessita, de certa forma, do sistema capitalista, uma vez que no capitalismo há a produção em grande escala de alimentos, roupas, e outros produtos que seriam fundamentais para todos os indivíduos da sociedade. O socialismo não é a contraposição do capitalismo, onde primeiro deve ocorrer uma revolução burguesa, já que não dá para socializar a fome, a pobreza e outras injustiças do sistema capitalista.
Com isso, Marx parte de pressupostos reais para combater os problemas sociais. Ele afirma que a resposta para os males de qualquer época não está nas ideias, mas na própria história, definindo assim o materialismo histórico. Há também nos ideais socialistas e necessidade de combater a mais-valia imposta pelos proprietários dos meios de produção, já que numa sociedade mais "igualitária", a utilização do trabalho do proletário como fonte para a riqueza é algo inimaginavel.
Hegel, iminente filósofo
do iluminismo alemão, desenvolve o conceito de motor da história. A partir
desse conceito, a história da humanidade seria construída por meio de antítese
que em contrassenso com a tese gerariam uma nova tese e por assim em diante, fazendo o correr
da história, para Hegel o combustível desse motor seria a razão humana. Dessa
mesma forma, F. Engels e K.Marx também basearam seus estudos no motor da
história, contudo, para estes o combustível desse motor seria o desenvolvimento
material gerado por cada sistema.
Observado o iluminismo,
este deve ser considerado um avanço, pois rompeu com o passado, porém também
criou uma nova antítese, o que deveria ser razão humana, transformou-se em consciência
da burguesia. Essas análises históricas a cerca dos rompimentos da humanidade
com seu passado, levaram Engels e Marx a tirarem o socialismo do campo utópico e
trazerem este a um campo material, científico e histórico.
Dentro do modelo
capitalista, existem basicamente duas classes sociais, uma seria a burguesia,
classe detentora dos meios de produção, e outra seria o proletariado, que
despido dos meios produção têm somente a oferecer no mercado sua força de trabalho.
Dentro desse sistema, os não detentores de maquinarias o mesmo de terras ( se
está considerada com a mentalidade de meio de produção) acabam explorados no
mercado no qual sua mão-de-obra pouco vale. Porém, essa mão-de-obra pouco
valorizada é que gera toda a riqueza para o sistema, o trabalhador é quem gera
lastro para seu próprio salário, para os custos da produção e ainda para o
lucro do padrão, e fica apenas com uma parte infinitesimal do que produziu, a
está relação, dá-se o nome de “mais-valia”.
Para Marx e Engels, o
único instrumento que o proletariado possui para lutar contra a antítese na
qual o capitalismo se torna a cada dia, é a luta de classes. Assim como todo
modelo até hoje foi superado, o capitalismo também é apenas uma etapa de
desenvolvimento pela qual a humanidade precisa passar, porém a desigualdade
gerada pelo próprio sistema é o gene da sua própria destruição. Aos que odeiam
o capitalismo, o identificam como a origem de todo mal da humanidade,
desconhecem que esse é um degrau no qual, segundo Marx, a humanidade construirá
o desenvolvimento material necessário para o alcance do socialismo real. Só
pode haver socialismo em uma sociedade na qual o capitalismo já esteja
plenamente desenvolvido.
Engels e Marx são os
criadores do Socialismo Científico, o Socialismo já fora definido
por outros teóricos, que é um modo racional de analisar as
condições de instalação de uma sociedade sem classes, tal ideal
seria alcançado através da via revolucionária e da ditadura do
proletariado, porém, historicamente falando, a fase da ditadura do
proletariado nunca foi ultrapassada, vide a antiga URSS, que como
todos os regimes que caíram anteriormente, caiu por falhas internas
e erros administrativos que causaram o enfraquecimento gradual do
regime comunista. Outros exemplos seriam Cuba e China, extremos
econômicos, Cuba mal conseguindo manter-se graças ao embargo
econômico norte americano e a China, com seu Socialismo de mercado e
as Zee's, segunda maior economia do mundo. As experiências
socialistas do mundo não são muitas, a maioria fracassadas e a mais
bem sucedida é uma grande adaptação do modelo criado por Marx e
Engels.
Samantha Sayuri de Souza Yabiku - 1º ano Direito Noturno
Engels,
muito conhecido pela obra em conjunto com Karl Marx e pouco por suas próprias
influências no desenvolvimento produtivo
do segundo, faz elogio ao iluminismo por este romper com o passado, no entanto,
acredita que a razão iluminista se converteu em racionalidade burguesa.
No que diz
respeito a economia política , temos que esta explica a mudança de mercadoria,
isto é, a propriedade da terra só passa a ser possível com o capital, a moeda,
mostrando nitidamente o que seria a liberdade de mercado.
A burguesia
dessa liberdade de mercado, ao criar um instinto de liberdade, ainda oprime
outra classe, formulando a antítese, a contradição que a burguesia liberal
carrega. Assim, a ideia inicial, isto é, os primeiros socialistas são “homens
iluminados”.
Sendo
contra o excesso de utopia presente nesses primeiros socialistas, os adeptos do
socialismo científico criticam as concepções metafísicas, como as de Hegel,
cuja interpretação da história é idealista. Para Marx, a realidade tem de
originar as ideias, não o contrário e essa é a dialética materialista.
A Ideologia
Alemã, que possui as premissas da concepção materialista, nos explicita o fato
da mudança da sociedade no sentindo de que algum assunto, no ontem, pode ser
considerado uma antítese e, com o desenvolver da humanidade, vira tese.
Pensamento e Aproximação
As obras de Marx e Engels têm cunho socialista e não se restringem apenas a formas políticas. Começam por criticar outros socialistas, Owen, Saint Simon, Fourier, entre outros que para Marx e Engels são utópicos porque não conseguem aplicar suas teorias na sociedade, ficam só no campo das ideias. Marx, ao contrário, sempre esteve próximo a fatos do cotidiano. Trabalhou em um jornal e sempre estava por dentro das notícias de greves, assassinatos, entre outros. Daí sua busca do conhecimento para entender a sociedade e o mercado.
As ideias de Marx e Engels são tiradas da análise da sociedade, que não é abstrata, e sim real. Essa análise da sociedade consiste, sobretudo no estudo das fontes históricas, as culturas, experiências entre mais. Por exemplo, através do estudo histórico, percebe-se que a luta de classes sempre existiu, é anterior a Revolução Industrial e foi necessária para as mudanças ocorrerem. Essa aproximação afasta o idealismo e por fim a utopia.
O materialismo dialético a que se procura é justamente esse conflito de ideias burguesas com sindicatos, que geram uma nova realidade. Essa nova realidade vai se amadurecendo cada vez mais, no ritmo que o marxismo, na maioria das vezes, vai se opondo às ideias primeiras e criando novas concepções. E o produto disso é o socialismo
As ideias estendem-se á produção capitalista. A economia é a base da ordem social tendo maior destaque que outros aspectos, portanto, o materialismo e suas contradições também devem ser buscados no fator econômico. A crítica nesse sentido é direcionada no fim da produção, ora se todos trabalham é injusto que apenas um fique com o produto gerado (crítica à mais-valia). Além disso, as máquinas que deveriam facilitar e aliviar o trabalho dos homens, só o torna mais competitivo e desgastante.
Apesar de suas ideias aplicadas na sociedade, os próprios autores, acreditam que as mudanças sociais deveriam acontecer espontaneamente e sem um prazo programado para a concretização das ideias.
Karl Marx e Friedrich Engels,
filósofos que discursaram acerca do capital, foram os fundadores do conhecido
Socialismo Científico, sistema em que os proletários se libertariam do sistema
capitalista através de revoluções mundiais e pela ditadura do proletariado. Tal
nome, científico, é de notória importância pois baseia-se na razão, ao
contrário dos seus antecessores utópicos.
Ora,
tal denominação utopia provém de origem grega e significa “lugar que não existe”,
nome também que foi um livro de Thomas More. Nele, More discorre sobre um lugar
ideal, mais especificamente uma ilha, onde uma civilização convive em perfeita
harmonia. Assim, é de se esperar que os métodos utópicos sejam inconsistentes e
de poucas chances de ocorrência, como pode-se observar na experiência realizada
por Robert Owen, em que cooperativas foram criadas com a idealização do
aprimoramento humano, preparando-o para viver numa sociedade perfeita imaginada
por Owen.
Indo
além, mesmo nos países que conseguiram consagrar o Socialismo Científico como
Rússia e China, não ocorreu o que Marx e Engels tinham planejado. Com um forte
controle estatal, seus líderes abusaram do poder para promover um socialismo “personalizado”,
satisfazendo antes das vontades dos proletários, a vontade de seu líder. Stalin
e Mao Tsé-tung seguiram caminhos semelhantes, censurando os que iam contra sua
vontade e ditando o considerado melhor para seu país.
Portanto,
é impossível ignorar o elemento desencadeador dos fatos: o homem. Embora tantos
os científicos quanto utópicos tenham ideais de como se atingir a sociedade
livre de exploração, faz se mister que haja uma mudança interna para que os
resultados sejam duradouros e reais. Senão, ao fracasso está fadada qualquer
mudança externa à interna, como já foi provado inúmera vezes pela História.
O termo "Socialismo Real" tem sido utilizado ultimamente para se referir aos processos revolucionários que ocorreram durante o século XX, e que carregam alguma carga atributiva às ideias propostas por Marx e Engels.
As lutas de classes existiram desde que se criou o conceito de propriedade privada, remontando-se a um período anterior ao Capitalismo, já que havia esta propriedade até mesmo na sociedade romana. No entanto, com o desenrolar da Revolução Industrial, as disparidades entre as classes se tornaram mais evidentes e, com isso, surgiram alguns teóricos socialistas que imaginaram uma sociedade baseada no equilíbrio econômico-social das pessoas, tais como Charles Fourier e Robert Owen. Porém, apesar da dedicação e das boas intenções,
essas idéias socialistas careciam de fundamentos científicos, estes
pensadores idealizavam uma sociedade perfeita, mas viável apenas em suas
cabeças. No entanto, na segunda metade do século XIX, a luta dos
trabalhadores se eleva a um novo patamar. O aprofundamento do
desenvolvimento do capitalismo e o acirramento da luta de classes lança
novos elementos que serão estudados por 2 pensadores alemães, Friederich
Engels e Karl Marx. Em 1880, Engels lança sua obra com os ideais socialistas, mas pautando-se em uma análise científica da humanidade e seu desenvolvimento histórico. Ele cria o socialismo científico, que se utiliza de ideais racionais para se atingir o desejado objetivo. Com a ruína dos movimentos socialistas, principalmente com a queda do muro de Berlim e da URSS, houve uma ampla divulgação de que o capitalismo havia superado o socialismo proposto por Marx e Engels. Todavia, o Socialismo Real praticado naqueles países baseava-se em fatos como o unipartidarismo e a repressão, podendo-se afirmar, assim, que o Socialismo Científico imaginado pelos dois autores nunca tenha sido posto em prática, diferenciando-se daquele, pois enaltecia a soberania popular e clamava haver a necessidade de existirem meios de produção para serem utilizados beneficiando-se os indivíduos. Não se pode contestar a importância desses autores, uma vez que nenhum pensador conseguiu refutá-los, tentando apenas reproduzir a polêmica entre um socialismo ideal e o
que pode ser colocado em prática ignorando que isso já fora feito com a
fundamentação do Socialismo Científico pelos 2 autores alemães.
Após as revoluções liberais, a burguesia conseguiu ascender ao poder, tirando deste quem até então estava nele durante quase toda a Idade Média, que era o clero e a nobreza. Desse modo, todas relações sociais começaram a se alterar e as trocas comerciais começaram e evoluir de maneira muito gradativa, assim como a circulação do dinheiro.
Marx e Engels trabalhando como equipe, fazem uma profunda análise histórica para analisar as interações sociais e econômicas que ocorrerão e assim chegarão a conclusão de que o capitalismo iria sucumbir. Isso porque, no decorrer da história, de acordo com seu método de estudo, a maior parte dos fatos históricos foram motivados pela luta entre as classes
existentes na sociedade. As classes dominantes exploravam as classes
menos favorecidas, obtendo assim ganhos econômicos. Por isso, elas
desejavam manter o poder, enquanto as classes que realmente produziam a
riqueza, não usufruindo dela, desejavam mudar a situação.
Segundo a visão marxista, tudo que aconteceu na história da humanidade
foi motivado, direta ou indiretamente, pelo dinheiro ou busca de
privilégios de um grupo minoritário sobre os demais, majoritários.
E na época que o socialismo científico foi elaborado, massas proletárias estavam insatisfeistas com suas condições de trabalho e de vida, até mesmo crianças e mulheres era submetidos as torturantes jornadas de trabalho. Quando a massa trabalhadora, soube que era um processo natural as lutas de classes e que o momento onde a burguesia e eles iria entrar em confronto e que, aquela sendo derrubada uma sociedade mais igualitária e justa iria surgir, como uma transformação, causou uma tremenda agitação popular que foi o estopim de inúmeras revoluções e reivindicações da massa proletária; desde o século XIX até os dias de hoje.
Aluno: Cauê de Souza Rebouças Turma: Direito noturno
O ideal de Engels se
baseia na concepção de que se deve observar os elementos da mudança a partir da
historia real e concreta (empírica). Desta forma, o primeiro passo para Engels
seria o rompimento com a metafisica e o surgimento do materialismo dialético,
que se baseia na realidade vivida pelo proletariado.
Em certo ponto Engels
chega a fazer um elogio ao Iluminismo, pois ele rompe com o passado, mas ao
mesmo tempo gera uma contradição, pois surgiu da luta da burguesia para tentar
por fim aos privilégios das classes, e acabou por criar seus próprios
privilégios, sendo a liberdade criada nada mais que a liberdade de mercado.
O
ideal do Socialismo primitivo é o fim da diferença de classes (libertar toda a
humanidade, não só uma classe). Considerados utópicos por Engels os pensadores desse
viés eram: Henri de Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen. Estes acreditam
que não são as condições históricas que determinam a exploração de uma classe
sobre outra, mas sim o predomínio de uma forma de pensar e de agir.
O meio proposto por Engels
para superar o modo de produção capitalista é a apropriação do Estado pelo
proletariado, desta maneira os frutos da produção seriam de todos e não somente
de uma classe. Assim, se o Estado se torna representante de todos, ele se torna
supérfluo. Portanto nesta situação o Estado extingue-se. Para que isso ocorra,
não é necessário só que todos compreendam que a mudança é necessária, mas que
existam algumas condições para que a transformação ocorra, e que ela se torne
uma necessidade.
Libertar as forças
produtivas da propriedade privada gera benefícios a todos pela expansão
ilimitada da produção.
Por fim, Engels propõe o socialismo
como ciência, que tenha como função pesquisar as condições históricas para a
ação do proletariado. Assim, nas palavras de Engels, o homem “sai do reino
animal” e torna-se “senhor consciente e efetivo da natureza”.
De certa
maneira, os socialistas utópicos podem ser considerados pensadores
absolutamente ingênuos. Em alguns momentos expressaram opiniões como as de que
uma revolução socialista não apenas teria suporte da burguesia como poderia até
mesmo partir dela. É compreensível que se pensassem dessa forma, afinal não
fizeram nenhum tipo de análise profunda da história social do homem pera
elaborar tais afirmações. Engels e Marx, no entanto – principalmente o segundo –
embasaram seu pensamento com um estudo muito abrangente da história, o que
possibilitou que suas opiniões em relação a esse assunto fossem muito mais
relevantes, produzindo propostas e ideias palpáveis em vez de ingênuas
divagações. Diferente dos socialistas utópicos, Engels e Marx apresentaram
propostas práticas, com ideias palpáveis. Sempre elogiando a burguesia, eles
diziam que o proletariado devia basear-se nela no que dizia respeito à luta de
classes.
Eles
conseguiram, por meio de observação, apontar que a história da humanidade é a
história da luta de classes. As investidas da classe subjugada para tomar o
poder e reverter sua situação social são o motor da história, são os
acontecimentos que acarretam em reflexos seculares e em cicatrizes marcantes na
sociedade. De forma resumida, pode-se dizer que sob esse contexto, esse
processo teve início concomitantemente com o início da propriedade privada, ou
seja, a partir do momento que um homem tomou para si algo que anteriormente
pertencia a toda a comunidade. Esse acontecimento resultou na tentativa da
classe que não detinha propriedade privada – algo sempre relacionado a poder –
de possuí-la. A posse material é o cerne de todo esse método de análise,
reduzindo – ou quiçá sintetizando – os desejos humanos àqueles de caráter
puramente econômico.
Um dos métodos
de estudo utilizados por ele é o da dialética, ou seja, a análise das “teses”
que se tinha em determinado momento histórico e todas as antíteses que ela gerou,
comparando-as. Essas análise gera uma história que pode ser considerada
relativamente cíclica, repetitiva; um pêndulo alternando entre dionisíaco e
apolíneo, que se expressa em estados ora fortes ora fracos.
Atualmente, no
entanto, há uma distorção do termo socialismo, oriunda de uma massiva
propaganda por parte dos Estados capitalistas e da mídia, como por exemplo o Macartismo
nos Estados Unidos, que quase que literalmente demonizou o termo. Todavia, de
fato há uma relevante diferença prática entre socialismo científico abordado por
Marx e o socialismo real, que foi posto em prática. Entre o que Marx disse e o
que Stálin fez há uma vala imensa. Cheia de corpos.
No que diz
respeito a União Soviética, não entrando muito no assunto, o erro foi desde o
início, visto que Marx deixava bem claro que anteriormente ao Socialismo
deveria, obrigatoriamente, existir o Capitalismo; era um pré-requisito que o
país fosse industrializado. A URSS, no entanto, antes de 1917 era absolutamente
rural, com um nível feudal de desenvolvimento.
Poderia se
escrever um livro apontando os “erros” cometidos pelo soviéticos, e mais outro
explanando porque o que se têm na China e na Coreia do Norte não passa de uma
versão grotesca e distorcida do que Marx disse, podendo talvez até ser definida
como “errada.” No entanto o estrago já foi feito, a doutrinação realizada no
século XX foi fortíssima, de forma que se levaria anos de luta para a
regularização do termo, para que não fosse mais abominado e até mesmo maldito.
Para finalizar, um
pouco de música: Primeiramente, uma das maiores obras primas da história do
Rock: Animals. O álbum do Pink Floyd,
lançado em 1977, é baseado no clássico Revolução dos Bichos, de George Orwell.
O livro é um conto metafórico do que aconteceu na União Soviética, e chegou a
ser proibido em diversos países no século XX. Junto com 1984, forma o brilhante trabalho de Orwell relativo ao Socialismo Real. No álbum, a banda divide as pessoas em três classes:
Porcos, que são governantes que dominam por mentir para as classes mais pobre, interrompendo e atrapalhando suas vidas. Cachorros, que são trabalhadores que não ligam pra mais nada além de seu dinheiro; no livro na minha opinião a figura é melhor representada pelo cavalo Sansão. E por fim as ovelhas, que como o gado da nossa sociedade bovina, apenas ouvem o governo, sendo maleados conforme os interesses pessoais de cada governante.