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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Ética protestante: triunfo do capitalismo

Max Weber praticou uma sociologia que considerava a atuação do indivíduo no processo histórico e que tentava compreender a realidade a partir de conexões das mais variadas possíveis com o passado, não se pautando, portanto, em análises puramente econômicas, mas também culturais sociais e religiosas. Dessa forma, Weber buscou analisar o capitalismo.

Para Weber, o que diferenciava o capitalismo dos outros sistemas econômicos que surgiram ao longo da história era o fato de ele propor uma racionalização da atividade econômica, racionalização essa que tinha por finalidade a obtenção de mais lucro. Ou seja, a atividade econômica sem a finalidade única de satisfazer às necessidades dos indivíduos, mas de também fazer com que eles acumulem capitais.

Porém, apenas a racionalização do processo econômico não foi suficiente para transformar o capitalismo em um sistema hegemônico, pois, segundo Max Weber, a doutrina protestante se mostrou imprescindível no triunfo do capitalismo. Weber argumentou isso ao perceber que a ética protestante incentivava o trabalho e prosperidade econômica ao proferir que isso era um sinal de virtude divina. Isso foi constatado pelo sociólogo por meio de dados que comprovavam que os adeptos das religiões protestantes eram homens prósperos nos negócios.

O tradicionalismo cristão contrário ao lucro e a usura, portanto, encontrou na ética protestante um combatente a sua altura, pois ela foi responsável libertar os homens das amarras religiosas, que impediam o enriquecimento, e universalizou uma conduta antes condenada, conduta essa característica do capitalismo e que o tornou necessário e extremamente seletor ao ponto de eliminar da vida econômica aqueles que recusassem a fazer parte da lógica capitalista.

O Freeganismo contra o Espírito Capitalista

O espírito do capitalismo nos é apresentado no texto de Max Weber como um conjunto de preceitos que se relacionam com a ética protestante através das virtudes por esta defendida.

Para o capitalista, as virtudes são utilitaristas e buscam o lucro pelo lucro; o acúmulo cada vez maior de dinheiro, deixando de lado, se preciso, o próprio conforto para que se possa acumular mais.

Para o capitalismo o homem é virtuoso se trabalhar muito e gastar pouco.

A honestidade é tida como virtude, entretanto tem função prática e não só moral. O homem honesto honra as dívidas e isso lhe concede crédito quando necessário; A confiabilidade jurídica que sustenta o capitalismo deriva da ética protestante que prega a confiabilidade no pagamento de dívidas, e quando tal confiabilidade é ameaçada, crises podem surgir, como por exemplo a relacionada à aprovação de um pacote de medidas pelo governo americano para poder continuar pagando seus credores.

Max Weber afirma que o capitalismo não se implantou naturalmente e que teve de lutar contra a natureza humana, pois, segundo o autor, o acúmulo pelo acúmulo era visto como a mais vil avareza.

Recentemente um movimento social prega uma vida “anti-consumista” e afirma que o fim do homem não é o acúmulo de riqueza. Tal movimento é conhecido como “freeganismo”. O movimento adota práticas como a permuta de materiais, cultivo da própria comida, recuperação de objetos jogados fora e outras práticas que pretendem diminuir o consumo, se possível a zero, e viver de maneira leve e desprendida.

Muitos dos adeptos não trabalham, pois afirmam que o simples ato de trabalhar faz com que o homem se desvirtue de sua natureza, alguns trabalham por alguns períodos para acumularem o suficiente para subsistirem.

A ética do movimento é a representação máxima do “anti-espírito capitalista”. Mesmo que no passado tal espírito tenha sofrido repúdio , tenha sido visto como avareza e tenha conseguido superar tal visão, atualmente ele ainda repudiado por alguns pelos mesmos motivos.

A racionalização da fé a partir da reforma protestante

Com base em “A ética protestante e o espírito do capitalismo” de Max Weber, mais especificamente em seu segundo capítulo, é possível identificar a análise feita a respeito da forma com que o capitalismo foi tratado, principalmente quando se desvincula da moralidade católica e alia-se às novas visões da religião cristã.

Ao ganhar a religião como aliada, o capitalismo fortaleceu-se, pois passou a ser vista como meio para se conquistar a “graça divina”. A reforma protestante, portanto, criou terreno para que ocorresse a racionalização da fé, na qual a ideia de acumular capital liga-se à ideia de virtude.

Nasce, principalmente com o calvinismo, a ideia de salvação a partir do trabalho. Uma figura icônica que bem exemplifica o ideal “cultivador” do capitalista protestante é o Tio Patinhas. Típico “poupador”, o desenho influenciou a mentalidade de várias gerações e representa aquele que poupa dinheiro com o objetivo de ter mais.

Essa é uma mentalidade que domina os países anglo-saxônicos mas que não se restringem a eles somente. Historicamente, o modo de produção capitalista é diferenciado pela ideia de racionalização. As racionalizações são caracterizadas como: contábil, na qual há a separação entre empresa e economia doméstica; científica, em que o capitalismo depende das ciências; jurídica, na qual a racionalidade capitalista exerce função motora nas estruturas do direito e da administração; e do homem, em que a pessoa humana é parte do racionalismo econômico tanto quanto a ciência e o direito, por exemplo.

O capitalismo, portanto, a partir da reforma protestante, acabou racionalizando a fé por aliar o sucesso econômico com a busca pela aprovação divina. O “Deus ajuda quem cedo madruga” entrou no cotidiano mundial, e o espírito do capitalismo tomou forma própria, tomando parte não só do imaginário, mas da realidade daquele que quer enriquecer.

Nome: Jackeline Ferreira da Costa - 1º ano Direito Matutino


A busca pelo lucro

No texto lido essa semana, "Ética protestante e o espírito do Capitalismo" de Max Weber, podemos observar a grande mudança exercida pela ascensão capitalista. Contudo não me refiro apenas a mudança econômica, mas também a mudança cultural, de mentalidade que gerou frutos no convívio social e no modo de vida como um todo.

O acúmulo de capital, grande objetivo e grande pilar do capitalismo, para ser colocado em prática demanda um grande esforço do indivíduo unido de exímio determinação. Ou seja, para acumular capital o indivíduo deve abrir mão de vários confortos e prazeres em prol de um objetivo "maior", não momentâneo: o acúmulo, enriquecimento.

Entretanto este ato torna-se menos racional e mais fácil quando unido aos valores culturais. Países protestantes apresentam grande exito no meio de vida capitalista uma vez que tal religião engloba valores capitalistas e os justifica. O protestantismo ajudou a moldar o estilo de vida da população assim como sua cultura esta intimamente ligada com os valores e crenças dessa religião.

Sendo assim, mesmo que parte da população de um país protestante não siga tal religião ela convive com uma cultura moldada pelos valores provindos desta. Uma cultura que já leva as crianças a pensar em ter um "cofrinho" e cortar a grama dos vizinhos nas férias de verão por alguns "trocados". Tal cultura foi essencial ao capitalismo e ainda o é. Em adição, a reciproca também é válida, uma vez que o capitalismo incentiva o desenvolvimente e domínio daquela perante outras culturas.

A racionalização da fé: o lucro como ética pessoal e exigência divina

Do estudo realizado por Max Weber em sua obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo” pode-se depreender os principais aspectos do surgimento e evolução do capitalismo como postura econômica e os fatores e circunstâncias que desembaraçaram tal processo ou foram capazes, por sua natureza oposta, de retardá-lo.

Uma observação inicial do autor diz respeito à associação que usualmente se faz entre anseio por lucro e capitalismo, abordado na obra em sua versão moderna. De acordo com Weber, o primeiro comportamento, comum às mais diversas espécies de ser humano e às mais incomparáveis épocas, jamais poderia ser relacionado ao modo de produção referido, que requereria um diferencial para poder assim ser denominado. Tal diferencial seria a atribuição à uma simples tendência de um “caráter ético de uma regra de conduta de vida” (Max Weber, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo), ou seja, a racionalização de uma postura já anteriormente existente do homem, além da racionalização da produção, da administração empresarial e jurídica, entre outras.

Nesse ponto, então, Weber traz a discussão acerca da relação entre as filosofias das religiões católica e protestante e o possível desenvolvimento ou retração das práticas capitalistas modernas. Ao longo de toda a Antiguidade e Idade Média, a concepção dominante entre os homens era a de trabalhar o suficiente para que seus ganhos pudessem ser utilizados em sua subsistência, lazer e manutenção de qualidade de vida. A moral católica, então preponderante, servia também de alicerce a tal concepção, condenando lucros acima do necessário, como evidenciado, por exemplo, pela aversão à usura e pelos votos de pobreza. A partir do momento em que uma postura economicamente racional como a apresentada pelo capitalismo moderno ambiciona ampla aceitação e desenvolvimento, exige-se também uma libertação do espírito de humildade próprio da ética católica e a inserção dos preceitos protestantes de despojo e frugalidade visando a mera acumulação de capital, a ampliação dos limites do lucro.

A Reforma Protestante, vem, portanto, em um momento em que o advento capitalista pretende concretizar-se, assegurar não só a permissão não concedida pela Igreja católica, mas também a exigência religiosa e divina do progresso econômico, da desenfreada obtenção de lucro em detrimento do desfrute dos prazeres da vida. O ethos racional, inicialmente sustentado por tal fundamento religioso, serve, assim, ao surgimento dos princípios do capitalista moderno, até que, enfim, possa dessa base se desprender e tornar-se um pré-requisito para a permanência e ascenção no mercado, como hoje se configura.

It's evolution baby

It’s evolution baby
Um paralelo interessante pode ser feito entre a teoria de Max Weber sobre o espírito do capitalismo e a teoria da evolução das espécies de Charles Darwin.
Max Weber faz questão de analisar a ética protestante em sua obra, pois para ele tal ética constituiu o alicerce para a construção do espírito capitalista moderno. Após as publicações de Lutero, a doutrina que se desenvolveu deixava de ver a acumulação de bens como algo temerário ou avarento, mas passava a ver o sucesso na vida mundana como sinal de cumprimento de sua vocação. Ou seja, uma mudança de paradigma religioso fez com que uma nova igreja passasse a doutrinar crentes que tinham como objetivo (mesmo que não final, apenas intermediário, o cumprimento da vocação e a decorrente salvação eram os objetivos finais) o sucesso na vida mundana, ou, traduzindo em termos concretos para o caso dos comerciantes, tinham como objetivo o lucro em si mesmo, sem o despojo das riquezas acumuladas.
Max Weber continua sua análise afirmando que a ética protestante, que se adaptou tão bem ao capitalismo, podia surgir mesmo sem ele, reforçando seu ponto de que tal ética seria o espírito do capitalismo moderno, e não consequência do sistema econômico. Segundo sua análise, esse espírito não tinha nada a ver com a avidez por lucros, essa já existia há tempos, ele se diferenciava era pela avidez com que os que partilhavam dele trabalhavam, não só para manter suas condições de vida de modo que lhes fosse agradável, mas trabalhando incessantemente para acumular mais riquezas como um fim em si mesmo, algo que pode facilmente ser dito como irracional se não considerarmos o conceito de vocação do protestantismo. O autor também lembra que essa ética não foi de nenhum modo facilmente aceita na esfera moral da sociedade, sendo por muitas vezes considerada absurda, mas quando os produtos desses comerciantes chegavam ao mercado com um menor preço e em melhores condições do que os dos comerciantes do sistema tradicional, toda essa repreensão moral era esquecida (Tal qual hoje muitas vezes acontece no embate entre produtos com agrotóxicos x produtos orgânicos).
Weber conclui dizendo que após um número de comerciantes, mesmo que reduzido, começar a trabalhar conforme esse ética de frugalidade e de cumprir o seu dever, todo o resto deve acompanhar esse pensamento ou ser fatalmente passado pra trás no ramo dos negócios. E ainda faz um comentário importante, dizendo que após essa ética econômica ter sido estabelecida, mesmo que seus valores iniciais (vocação e salvação no protestantismo) se percam, ela continua vigente, pois se algum componente do mercado se recusar a praticá-la, outro que se sujeite a ela irá tomar seu lugar e também sua capacidade de se sustentar materialmente.
Agora observemos a teoria de Darwin: nos seus anos de isolamento nas galápagos, Darwin observou o formato dos bicos e os hábitos alimentares dos tentilhões. Com essas observações ele reuniu dados suficientes para desenvolver sua teoria da evolução, na qual ele dizia que os seres de cada espécie que tivessem características mais úteis em seu meio (no caso, a diferenciação de características se dava por meio de mutações genéticas) conseguiriam maior sucesso na busca de alimentos e mais chances de sobrevivência, teriam mais chance de procriar e assim passariam seus genes adiante, prevaleceriam.
Feitas essas considerações, podemos fazer o paralelo entre o embate cultural da ética protestante com a ética tradicional ou católica e a luta pela adaptação da teoria de Darwin. Como o modelo dos protestantes, devido a uma série de fatores peculiares (análoga a uma mutação), obteve mais sucesso no contexto capitalista, rapidamente o tomou ideologicamente e praticamente, tirando a base de sustento de qualquer outro modelo que tentasse combate-lo, o que acarretou no seu perpetuamento, tal qual uma espécie melhor adaptada.

Diferenças culturais formam o mundo e novas ideologias

  Max Weber defende que os homens não se movem necessariamente  pelos valores da classe social à qual fazem parte, vários outros fatores são tão importantes para a interpretação da ação social quanto os econômicos. O autor defende que os fenômenos não possuem uma única explicação, por isso a ciência social deve analisar os fatos priorizando os valores do indivíduo em questão.
  Toma-se como exemplo a atual situação de vários países islâmicos, quem em virtude da defesa de sua soberania e seus costumes não admitem a entrada de exércitos ocidentais para ajudar a controlar o caos interno despertado principalmente pela revolta da população perante o autoritarismo dos ditadores. Analisando-se pela cultura ocidental, negar ajuda externa em um momento desse parece algo insensato porém deve-se analisar o rigor dos costumes destes países, e a grande repercursão que pessoas com costumes diferentes poderia causar na sociedade e na vigência de tais costumes.
  O recente caso de  Anders Behring Breivik traz a tona um embate cultural, vinculado a ideias capitalistas como "desenvolvimento" e "progresso". Anders assassinou uma série de pessoas na Noruega e justificou seus atos através de um documento, entre os seus argumentos foi fortemente contra a miscigenação pois conclui,por exemplo,  que a “mistura de raças” do Brasil seria um dos fatores que geram a desigualdade social e o subdesenvolvimento do país.
  A ação social de Anders ao ser analisada em um país miscigenado como o Brasil causa completa indignação, já ao ser analisadas por neo-nazistas alemães ou em todo o mundo pode condizer totalmente com seus valores.
  É essas diferenças que Weber trata, a análise da ação social deve ser feita embasada nos costumes e valores do cidadão que a praticou e não do cientista que a está abordando.

Danielle Tavares, 1º noturno

Ao que bem lhe entender


Um Clero forte, influente, poderoso e mergulhado em grandes riquezas; uma população crente a não enriquecer, a doar, a ser generosa, a viver bem e dormir tranquila - e pobre. Antítese? Ainda pior, sabendo-se que era a própria Igreja Católica que impunha tais lógicas de vida ao seu povo.
Uma parcela da sociedade em ascensão, vibrando, enriquecendo, buscando mais riqueza; uma ideologia crescente, bela, adequada, pregando a riqueza, sem deixar a fé e o tão sonhado Paraíso de lado. A burguesia e a Reforma Protestante caminham lado a lado em busca do seu espaço, e este deveria ser o maior deles.
Weber nos mostra que nem só o fator econômico move a classe social do indivíduo, e, com isso, o seu juízo de valor. Há diversos fatores que envolvem toda essa trama, e a religião e cultura são partes integrantes disso.
No entanto, pensar "a qual fé você vai se adequar", qual doutrina você vai seguir, diante dos costumes que lhe convir seguir, soa um tanto quanto incorreto. A variável religiosa, a adaptação racional para a fé é uma lástima, é a prova de que não haveria uma doutrina correta aos olhos de Cristo, enquanto seu representante na Terra.
Capitalismo e fé podem, claro, seguir o mesmo rumo e se misturar e formar algo bom e evoluir e difundir e alcançar o patamar que desejam. Escolher entre dormir bem ou comer bem? Por que não ambos? Uma reforma era, sim, necessária, para trazer novos ideais e visões às pessoas. No entanto, os princípios iniciais bons não poderiam ser entregues e deixados de lado, simplesmente esquecidos. Deve haver uma síntese, um modo de, ao mesmo tempo, acumular riquezas para viver bem e utilizar as riquezas para o bem. Vivamos, então, mergulhados no capitalismo, mas não nos afoguemos, nem deixemos de ser felizes, honestos e nós mesmos.

Fé e Razão na base do Capitalismo


Em seu esteio usual de análise da ação individual, Max Weber, em "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", busca relacionar esses conceitos na sociedade capitalista ocidental, em especial Alemanha e Estados Unidos. Seguindo sua crítica ao materialismo histórico de Marx, o autor pensa na religião como uma outra influência ao desenvolvimento do capitalismo além dos interesses econômicos.

A religião pertence ao âmbito das tradições, uma das quatro influências do agir classificadas por Weber anteriormente, daí parte sua influência na ação individual e, conseqüentemente, na coletiva. No caso das nações capitalistas ocidentais, o cristianismo protestestante, destacadamente o calvinismo, veio a estimular no povo um comportamento acumulativo, próprio do capitalismo, devido às suas doutrinas, mais voltadas à vida prática que as da Igreja Católica, cujo foco da vida está no transcendente.

Reforça a visão do sociólogo o objetivo dos cristãos protestantes pela riqueza em si, não tendo em vista o conforto, como a nobreza católica, uma vez que, apesar dos lucros, mantinham uma vida simples. Esse comportamento, que alguém poderia considerar contraditório ou até mesmo absurdo, condiz perfeitamente com uma prática religiosa e não com interesses econômicos.

Weber, além de priorizar o aspecto cultural do capitalismo, vem ainda adicionar a este um caráter racional. O calvinismo prega a prosperidade no plano imanente como sinal de predestinação à salvação da alma no transcendente. Sobre essa base dogmática, paradoxalmente erige-se uma racionalidade voltada à otimização dos lucros através da ciência. E a aplicação de tecnologia, por sua vez, contribuiu ainda mais para o desenvolvimento dessa racionalidade.




Pecado CAPITAL

 Tema 1) Capitalismo: a racionalização da fé?      

        Max Weber, em sua obra " A ética protestante e o Espirito do Capitalismo" demonstra a ligação entre o surgimento e processo de formação do Capitalismo com o contexto histórico e religioso momentâneo.
       Baseada na ação social, a obra weberiana afirma que o fator econômico não é exclusivamente aquele que move o homem sendo, entretanto, determinante nas ações do mesmo. O capitalismo está firmado na acumulação de bens e geração de mais lucros à partir  de uma dinamização racional e não apenas de uma simples busca pela acumulação de riqueza.
      O relacionamento de valores culturais e religiosos é imprescindível para a análise do capitalismo moderno. E tanto o catolicismo como a Igreja Católica, como instituição, moldaram  e influenciarem profundamente na sociedade moderna em relação a não só esse mas, como tanto em outros aspectos. Um modo de vida simples, apenas para a subsistência era pregado para que os fiéis estivessem mais puros e próximos de Deus, a usura era considerada quase que um pecado. A vida dos cidadãos era toda em função de Deus, o que deveria receber o que havia de melhor, por meio dessa doutrinação, a Igreja conseguia lucros por meio de doações e dízimos, o que não condizia com o ensinamento pregado pela própria.O acumulo de bens, a usura e mais evidentemente a avareza eram considerados pecados. Em meio a essa realidade membros do clero viviam confortavelmente, obtendo riqueza de maneiras segundo os mesmo divergentes do divino.
        Com a evolução social, econômica e política e o surgimento de pensamentos baseados no crescimento burguês e na própria "semente" Capitalista, esse ideal pregado pelo catolicismo tornou-se inconveniente e o Protestantismo encaixou-se perfeitamente nesse novo contexto por colaborar com a racionalização do homem com o próprio meio de produção.A reformava protestante preconizava a moralização da vida, sendo que as condutas corretas deveriam estar presentes em todos os setores da vida dos homens. O trabalho na ética protestante é associado a acumulação para o esplendor da riqueza e do dinheiro. O esforço gera uma felicidade a abastança futura. Houve separação entre bens individuais e das empresas, entre o capitalismo e evolução científica e natural, entre capitalismo e estruturas jurídicas além dessa racionalização da fé.
         Para o avanço Capitalista, não era possível que estas tomassem caminhos e ideologias tão divergentes e coube a religião adequar-se a esse impulso econômico.A fé não é tão somente agente regulador do comportamento humano como também influente e determinante em diversos âmbitos sociais.

Capitalismo e Fé

Com a queda do Império Romano, em 467 d.c. e com a mistura cultural da população romana com a população bárbara devido às invasões, o feudalismo predominou na Europa durante um certo período.
A nobreza participante do Império decaído não tinha a intenção de deixar o poder e de perder todas as regalias bancadas pela população trabalhadora, desta forma, teve de articular, uma maneira de permanecer no topo da pirâmide de classes.
Baseou-se, portanto, na religião, para convencer o povo de que agora eles não mais trabalhavam e sustentavam o imperador, mas sim, trabalhavam pela imagem de Deus projetada na Terra e enviada para guiar todos daquela nação.
Continuando no poder, a nobreza e agora, o clero, necessitavam dos impostos pagos corretamente, pois os gastos públicos eram exacerbados. Exploravam a classe trabalhadora, e divulgavam a ideia de expansão de mercado, para que assim não ficasse tão óbvio tal exploração.
O capitalismo foi se desenvolvendo então, com esta ideia. A partir dos interesses do clero e utilizando da fé para que fosse mantido o status quo.
Os valores foram se transformando, uma vez que anteriormente, o acumulo de capital não era importante para a população, que vivia em sociedade feudal, com produção alimentar visando apenas a subsistência. Com a influência do clero, a população começa a ostentar o capital, assimilando-o com fé.
Atualmente, essa ligação ainda ocorre, infelizmente. Igrejas aproveitam da ignorância de certos cidadãos para explorá-los financeiramente, não deixando a "roda do capitalismo" parar nem por um instante, pois o desequilíbrio monetário do sistema é um dos objetivos deste modo de produção.

A Fé Racionalizada

A obra "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" de Webber nos mostra a religião protestante vinculada ao capitalismo o que podemos avaliar como um processo de racionalização da fé.

Podemos observar ao longo do tempo que a Igreja Católica pregava, por exemplo, a doutrina do preço justo na qual o comerciante deveria apenas cobrar o preço sem visar o lucro. Com isso a pregação de que as pessoas deveriam ter uma vida simples e sem exageros se concretizava. Ou seja o lucro excessivo era visto como algo imoral e pecaminoso, todavia, ao mesmo tempo em que a igreja pregava o não acúmulo de riquezas e a simplicidade da vida, ela mesma praticava atos em que acumulava dinheiro e riquezas usando, por exemplo,de indulgências e simonias contrariando aquilo que orientava.

Vendo isso o clérigo católico Martinho Lutero se revolta contra a igreja católica o que acaba culminando na Reforma Protestante. Reforma essa que resulta de uma associação entre a indignação de Lutero para com a Igreja Católica e o fortalecimento de uma nova classe: a burguesia, emergente nos contextos de Renascimento e Expansão marítimo-comercial

Podemos dizer que o protestantismo uniu o útil ao agradável porque essa nova religião abolia a ideia da imoralidade do lucro e do acúmulo de riquezas, ao contrário, estabelecia que lucros e riqueza eram virtudes e que aquele que acumulasse mais era mais abençoado por Deus, que por sua vez valorizava o trabalho e o ganho. Pode ser concluído que o a religião protestante atendia cada vez mais o interesse da burguesia crescente e que explicava o capitalismo de forma sagrada ou seja de forma em que os burgueses não se sintam "culpados" perante Deus por acumular riquezas.

É daí que surge o que se chama de racionalização da fé, uma racionalidade que se vincula ao capitalismo e é explicada através dos preceitos religiosos protestantes. Conclui-se então que o razão e a fé começam a andar no mesmo sentido e a fé passa a se preocupar mais com o mundo concreto e não está mais voltada para o mundo misterioso do sobrenatural.

Transformação pelo espírito do capitalismo

A revolução de camponeses a operários (fábrica unificada, tecelagem mecanizada), em tais casos, não foi geralmente trazida pelo fluxo de dinheiro novo investido na indústria, mas foi pelo novo espírito, o espírito do moderno capitalismo que fez o trabalho.

Usamos provisoriamente a expressão do espírito do capitalismo (moderno) para designar a atitude que busca o lucro racional e sistematicamente”, designar uma atividade aparentemente direcionada para o lucro em si, como uma vocação para com a qual o indivíduo sinta uma obrigação ética. Este foi o tipo de ideia que determinou o modo de vida dos novos empreendedores, seus fundamentos éticos e justificativas.

Com o surgimento do novo conceito de capitalismo, encontra-se um embate cultural. Dentro desse novo conceito de capitalismo, é possível notar uma economia individualista capitalista, racionalizada com base no rigor do cálculo, dirigida com previsão e cautela para o sucesso econômico almejado, mas que está em agudo contraste com a existência simples do camponês e com a do tradicionalismo privilegiado do artesão corporativo e do capitalismo aventureiro, orientado para a exploração das oportunidades políticas e da especulação irracional, que era marcado pelo antigo conceito de capitalismo.

Esse embate cultural caracteriza-se pela acumulação capitalista que não se vincula à satisfação de necessidades materiais reais: “Sombart, na sua discussão sobre a gênese do capitalismo, fez a distinção entre satisfação das necessidades e aquisição como sendo os dois grandes princípios orientadores da história econômica. No primeiro caso, a obtenção dos bens necessários à satisfação das necessidades pessoais [que se relaciona ao ultrapassado conceito capitalista], e no segundo, a luta para obter lucros sem os limites impostos pelas necessidades, tem sido as finalidades controladoras da forma e da direção da atividade econômica [que se relaciona ao emergente conceito capitalista]”.

Uma marcante característica desse embate cultural é o fato de as estruturas mentais próprias do capitalismo travarem lutas grandiosas para alcançar sua hegemonia. Obstáculos internos são encontrados por toda parte pela adaptação do homem às condições de uma economia burguesa capitalista ordenada. O mais importante oponente contra o qual o espírito do capitalismo, entendido como um padrão de vida definido e que clama por sanções éticas, teve de lutar foi esse tipo de atitude e reação contra as novas situações, que poderemos designar como tradicionalismo. Este é um exemplo do que queremos significar aqui por tradicionalismo: o homem não deseja “naturalmente” ganhar mais e mais dinheiro, mas viver simplesmente como foi acostumado a viver e ganhar o necessário para isso.

A tradição é aquela de se trabalhar de acordo com as necessidades reais: “O ganhar mais e mais dinheiro, combinado com o afastamento estrito de todo prazer espontâneo de viver é, acima de tudo, completamente isento de qualquer mistura eudemonista, para não dizer hedonista; é pensado tão puramente como um fim em si mesmo, que do ponto de vista da felicidade ou da utilidade para o indivíduo parece algo transcendental e completamente irracional. O homem é dominado pela geração de dinheiro, pela aquisição como propósito final da vida. A aquisição econômica não mais está subordinada ao homem como um meio para a satisfação de suas necessidades materiais”.

E dessa forma, podemos analisar o embate cultural ocorrido na transformação do próprio conceito de capitalismo.

Dogma e Razão: do catolicismo ao protestantismo

Tema 1 (Capitalismo: a racionalização da fé?)
Mais do que um movimento religioso, a Reforma Protestante expressa a superação da estrutura religiosa medieval e feudal, não apenas no que toca a fé católica, mas principalmente em seus aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais. Representando uma adequação de valores e concepções espirituais às transformações pelas quais a Europa passava. Ao se buscar os fatores que levaram às reformas, o primeiro aspecto que deve ser levado em conta é o desvirtuamento da Igreja e sua incapacidade de dar respostas aos anseios espirituais dos fiéis. A Igreja Católica era, na época, a maior possuidora de terras da Europa, e a instituição política mais poderosa, responsável, juntamente com a nobreza, pela manutenção da estrutura feudal.
No século XIII, a Igreja Católica adotou oficialmente celibato clerical, ou seja, a proibição dos membros do clero de casarem e terem filhos. Já que assim, não haveria herdeiros legítimos das terras ocupadas por cardeais e bispos, mantendo-as sobre o controle do clero e da nobreza. Foi daí que surgiu a tradição de que o segundo filho, das famílias nobres, ingressaria no clero católico, já que as terras cultiváveis na Europa eram cada vez mais escassas, e a Igreja era a única instituição que sempre tinha terras a doar. Dessa forma, o alto clero era composto apenas por nobres, e as investiduras (nomeações para a ocupação de cargos na alta hierarquia da Igreja) não analisavam aspectos como a vocação ou formação religiosa do membro a ser nomeado, pelo contrário, essas investiduras eram feitas levando-se em consideração o grau de riqueza, de poder e os benefícios que a aliança pudesse trazer a Igreja.
Essa prática, conhecida como investiduras leigas, gerou um clero inadequado às suas funções religiosas. Um exemplo disso foi o nicolaísmo, termo que provém de um bispo francês, Nicolau (que chegou a ter 32 filhos com 8 mulheres diferentes), e evidencia o desregramento dos membros da Igreja Católica. Além disso, a busca por uma renda capaz de sustentar o luxo em que vivia o clero, levou a Igreja a intensificar a venda de “relíquias sagradas” (prática conhecia como simonia) e a venda de indulgências (absolvição pelos pecados cometidos).
A reação dos fiéis a esse desvirtuamento se deu através de manifestações como o crescimento das heresias, termo empregado para designar todas as manifestações de pensamento religioso discordante dos dogmas impostos pela Igreja Católica. Ao contrário de uma primeira impressão, as heresias constituem-se numa prova de fé e não de falta de fé. Foi esse contexto que originou uma série de movimentos reformistas protestantes que marcaram a Europa no século XVI e teve origem na Alemanha, liderada por um então monge agostiniano chamado Martinho Lutero. Em 1517, Lutero fixou na porta da catedral de sua cidade um documento intitulado “95 teses Contra as Indulgências”. Nele, Lutero criticava violentamente as práticas, acima mencionadas, e se opunha a certos dogmas da Igreja Católica. Com isso, o atrito deixava de ser uma mera questão de críticas ao comportamento da Igreja, e passava a se tratar de uma negação à sua doutrina.
Num quadro de crescimento do comércio, os dogmas da Igreja, de condenação à usura e ao lucro excessivo representavam um forte obstáculo para a burguesia, uma camada em ascensão que tinha interesse em romper com os entraves impostos pelo catolicismo e adotar uma nova religião para a qual suas práticas não sejam pecado e sejam consideradas como dignificantes do homem: o protestantismo. Em "A ética protestante e o espírito do capitalismo", Max Weber procura estabelecer a relação entre os princípios do protestantismo e a realidade econômica e social da Europa, marcada pelo capitalismo. Para Weber, a reforma Protestante não tem o sentido de uma forma de escapar ao controle religioso sobre a vida social, mas de fazê-lo mais rigoroso e estendê-lo a todos os pontos da existência humana.
Weber afirma que o capitalismo não é a ânsia pura e simples por lucro, e vincula-se sobretudo às possibilidades de dinamização racional do investimento. Assim, os fatores que diferenciam o modo de produção capitalista de qualquer outro na história estão ligados à ideia de racionalização, que tem como pressuposto básico uma rigorosa ética pessoal, observada com severidade. Para Weber, o espírito do capitalismo não está no sentido material de se “aproveitar a vida”, mas no sentido da frugalidade, do trabalho árduo, do despojo. Acumular capital liga-se à ideia de virtude e eficiência, e não à ganância, desonestidade ou desvio de caráter. Desse modo, emergia a ideia de trabalho como um valor em si mesmo. Foi sobre esse prisma que o protestantismo ganhou força e se espalhou pela Europa, sendo, mais tarde, adotado na Suécia (Reforma Calvinista), na Dinamarca e na Noruega.

O protestantismo e a perda do conteúdo capitalista

Max Weber busca na obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo” mostrar de que modo e em que escala a conduta religiosa contribuiu para a formação do modelo econômico atual. Segundo Karl Marx, a economia é a estrutura da qual deriva uma complexa superestrutura (religião, direito, política, ideologias); Weber, na obra estudada, consegue fazer grande oposição mostrando que uma conduta essencialmente voltada para o espiritual consegue gerar conseqüências nos mais variados campos seculares.

A racionalização do trabalho e as técnicas base do capitalismo já existiam e eram utilizadas antes da Reforma. O que mudou, então, foi a finalidade do trabalho, para os católicos era a simples sobrevivência material, trabalhava-se o suficiente para viver bem e aproveitar a vida dentro do que era permitido pelos dogmas da religião. Com Lutero, surge a idéia de vocação, o homem deve seguir a vocação a ele dada por Deus; Calvino, e a doutrina da predestinação fizeram com que o homem buscasse incessantemente sanar a dúvida: Sou ou não um escolhido de Deus?

A espiritualidade puritana ultrapassa limites (existentes no catolicismo) no que pode ser chamado de ascetismo, a vida do crente é guiada pela vontade de se sentir um escolhido e útil à glória de Deus. Não se conta mais com o perdão dos pecados, ou qualquer tipo de conforto externo proporcionado por um sacerdote, o crente é que tem de, sozinho, buscar a convicção de sua salvação. À qualquer transgressão era indicado ao fiel que simplesmente se empenhasse mais na sua vocação. O refreamento dos prazeres seculares e de gastos que não servissem para o aumento da glória de Deus, juntamente com o empenho no trabalho e a busca do sucesso profissional como um sinal da benção de Deus, fizeram esse “self-made man” investir cada vez mais nos negócios. O trabalho e o dinheiro passaram a ter um fim em si mesmos, e não mais finalidade de sobrevivência. Esse é, portanto, o espírito capitalista.

O espírito capitalista é um resquício presente, hoje, independente da religião. A idéia do capital com fim em si mesmo é algo praticamente inato do homem moderno, pensamento colocado em nossas mentes desde crianças, pela mídia e pelos pais. O capitalismo foi criado, sem intenção, com a ajuda desses formadores de opiniões (Calvino, Lutero, etc.) e ganhou, logo, vida própria, sendo hoje independente e moralmente auto-suficiente, os que não a ele se adaptam são eliminados. Weber contribuiu, de certa forma, na compreensão de algo que está na base do sistema atual, a associação de felicidade com dinheiro, algo que teve influências lá atrás, no medo do homem protestante e no seu afinco ao trabalhar para se sentir “salvo” e se moldou com o esvaziamento de seu conteúdo ascético e manutenção de sua forma.

Racionalização do capitalismo

Em sua obra: A ética protestante e o espírito do capitalismo, Marx Weber analisa o moderno capitalismo que surgiu no final do século XVII e no começo do século XVIII. Entretanto deixa de fora da análise o capitalismo rudimentar, já que a ànsia pura e simples por lucro não é novidade.

Weber faz uma análise a partir da Reforma Protestante, já que foi a partir dela que houve uma nova forma de conceber a economia. Pois até então na tradicional Igreja Católica Romana, a devoção religiosa estava normalmente acompanhada da rejeição dos assunto mundanos.
Enquanto no protetantismo, o lucro era visto como sinal de fé e salvação.

Passa a existir então uma racionalização da vida economica, há uma procura racional pelo ganho econômico, pois há idéias e hábitos introduzidos pela religião que o favorecem, já que a nova maneira de conceber o trabalho, o lucro acabam influenciando a economia.

Não devemos nos esquecer que naquela época a religião era considerada fundamental e predominante. Ou seja o início desse capitalismo moderno teve uma motivação religiosa(pois esta influenciava os diversos aspectos da vida humana, incluindo a economia) e não econômica.

O capitalismo e a racionalização da fé

O surgimento e firmação do capitalismo trouxe a necessidade de mudanças em vários pilares da vida em sociedade. Os valores eram muito diferentes dos vistos até então, gerando a necessidade dessas adaptações. O homem capitalista que surgia então, era aquele que racionalizava todo o seu modo de vida, buscava acumular bens e reinvesti-los afim de expandir cada vez mais a sua riqueza. Essa visão, entretanto, não condizia com a visão da igreja católica, que foi a grande detentora do poder na Idade Média. Antes, as pessoas tinham suas vidas ditadas pelo modo católico. Havia um alheamento católico das coisas mundanas, e isso levava à indiferença quanto ao empreendimento material, ou seja, a real felicidade não estava em aproveitar a vida terrena, em acumular o máximo de bens possíveis a uma pessoa, em expandir os negócios, em buscar melhorias cada vez maiores na vida, não condizia com a ideia capitalista de vida. Tudo que se fazia na terra, o era feito visando a salvação no ultimo dia da vida, não se pensava a vida no agora, mas sim no futuro, no dia no juizo final. A fé que era pregada, levava a conformação com a realidade que se apresentava, e abandonava a ideia da prosperidade.
Houve então a necessidade de uma reforma religiosa, que surgisse uma religião que concordasse com a ética capitalista, que considerasse a prosperidade, o aumento de riquezas como algo do alto, como um ato que agradasse a Deus. A reforma protestante veio para racionalizar a fé dos homens, veio para adaptar e infiltrar o capitalismo na vida da sociedade até o mais profundo nível. Agora as idéias capitalistas não eram mais idéias dos homens, elas condiziam com o que Deus considerava bom. O mercado, a troca, o acumulo de bens, a dinamização dosa investimentos veio a se tornar parte de uma filosofia religiosa. A fé racionalizada não considerava mais o trabalho árduo, o despojo, afim apenas de acumular mais e mais bens como algo mau, mas como algo consentido por Deus. Se conformismo, o não acumulo de bens, antes significavam a salvação, agora o acumulo, a prosperidade eram dados por Deus e eram o sinônimo da salvação eterna. Se você agisse como um capitalista, automaticamente seria um homem considerado virtuoso, eficiente.
Essa racionalização e adaptação da fé, ao invés de afastar a religião da vida social, teve a função de criar uma religião ainda mais interferente e rigorosa na vida das pessoas, pois agora condizente com os valores capitalistas, era infinitamente mais importuna e levada a sério.

A religião como fator de mudança na sociedade

O acúmulo de dinheiro,por parte da população, e consequentemente o início do capitalismo tiveram grande influência de uma religião: a protestante. Enquanto para os católicos obtenção de bens e dinheiro era condenada, para os seguidores do protestantismo não era.

A crença por parte dos calvinistas foi decisiva para o crescimento de alguns países, como os Estados Unidos. Esse crescimento foi tanto economicamente, como territorialmente. Para a salvação de seus seguidores, a doutrina protestante dizia que era necessária a acumulação de bens, fazendo o possível para reduzir os gastos e assim juntar cada vez mais. Eles também acreditavam na predestinação de seu povo, ou seja, que eles eram os escolhidos por Deus e Este os ajudaria a melhorar de vida. Isso foi um fator decisivo na história norte-americana: eles acreditavam na conquista do oeste, pois essa seria a vontade de Deus.

A ética dos protestantes foi realmente decisiva para uma racionalização da fé, sendo que seus seguidores ,diferentemente dos católicos , buscavam o lucro e o sucesso na vida mundana. Sendo assim, teriam sidos os escolhidos e se salvariam, não por praticar bons atos, como ajudar o próximo ou fazer caridade e sim pelo dinheiro que conseguiram juntar durante sua vida.

Reformulando valores

A fé cristã emana durante períodos da história, ilustrando na maioria deles, seu grande valor perante a sociedade. Atualmente esta se encontra bastante difundida, porém seu caráter vem a cada dia se racionalizando em decorrência da enorme mudança da mentalidade humana a partir do sistema capitalista.
A sociedade pré-capitalista se via condenada pela Igreja católica em práticas voltadas para a obtenção do lucro, à cobiça, usura, o luxo. Sendo que esta se via praticando atos como a corrupção do clero, venda de indulgências, entre outros fatores que propiciavam descontentamento perante a população e gerava riqueza a seus membros, contradizendo o que pregavam.
Inúmeras críticas fundamentaram a criação de um novo movimento, a Reforma Protestante. Esta continha teses de moralização da vida, defendendo de forma rigorosa alguns preceitos que são à base da vida cotidiana. A nova religião, o Protestantismo, além de favorecer a nova classe ascendente, burguesia, continha ideais mais adequados ao sistema capitalista.
O trabalho árduo para esse novo modelo de pensamento, promovia a acumulação de bens, que significava não mais um desvio de conduta ou algo imoral e anti-ético, como pregavam os católicos, mas uma virtude, demonstrando a eficiência do trabalhador. Estes então visavam à acumulação, não consumiam totalmente o que era produzido. Esse caráter racionalista se dava de modo universal, assim como dizia Weber, os que não o seguiam, deviam ser excluídos do mercado.
Weber também afirma que é a acumulação que gera o capitalismo, pois esta o antecedeu. Os interesses da burguesia passaram ser atendidos a partir disso, promovendo riquezas e crescimento da mesma. Além da racionalização que começou a se dar em inúmeros âmbitos, como a do próprio homem, e desde então a da fé. Passando assim a fazer parte do cotidiano humano, não só na moral, mas também influenciando a economia, o progresso, estimulando-o e não mais interferindo de maneira negativa.

O desencantamento do mundo

A história é feita de sucessivos contrastes. Novos fatores vão progressivamente ganhando espaço num contexto até desconfigurá-lo e compor uma nova realidade. Nessa lógica se deu a transição do mundo feudal para o capitalista. O primeiro sustentado pelo encantamento: a fé, o mítico, o sobrenatural. A glória era transcendental, e não mundana. O outro, em oposição, se estruturou sobre o racional, a ciência, o cálculo, a técnica. O homem foi posto no centro e a vida mundana adquiriu maior destaque. A ponte entre esses dois mundos, o caminho percorrido para que se configurasse uma realidade tão diferente da anterior, tem um nome: racionalização. Esta configura o processo de retirada do manto dogmático que cobria todas as esferas da vida e apontamento da capacidade cognitiva do homem como meio de explicação dos fatos.
Assim, tendo as esferas que compunham a realidade medieval passado por tal processo de racionalização, em relação à fé, principal delas, não poderia ter sido diferente. Nesse ponto, destaca-se, então, a reforma protestante. A forte ligação entre a ética protestante e o espírito capitalista é apontada e analisada pelo autor alemão Max Weber. Quanto a ele, cabe aqui um parêntesis: aponta que a realidade social é formada por infinitos nexos causais, ou seja, é fruto de uma série de fatores combinados; diante da impossibilidade de analisá-los em sua totalidade, o sociólogo destaca os aspectos que julga serem mais relevantes. Nesse sentido, Weber aponta a reforma protestante como o fator decisivo para o surgimento da lógica capitalista. Assim, o capitalismo é, de forma bem simplista, fruto da racionalização da fé.
Em sentido contrário ao que até então era pregado pela igreja católica, o trabalho passou a constituir o mais alto instrumento de ascese e a representar a própria finalidade da vida. A riqueza passa a ser o empreendimento de um dever vocacional, não só moralmente permitida como recomendada. E a oportunidade do lucro passa a ser vista como uma disposição de Deus, um chamado que deve ser aproveitado com o propósito de cumprir a própria vocação. De acordo com a mentalidade ascética, quanto maiores as posses, maior a responsabilidade de conservá-las e aumentá-las por meio de fatigável trabalho para a glória de Deus. E é aí que a fé se liga à razão e aos princípios capitalistas.
Logo, se como afirmei, a racionalização é a ponte que marca a passagem do mundo feudal para o capitalista, o trabalho como vocação, o ascetismo mundano, a vida frugal e a austeridade - princípios do protestantismo - são seus tijolos, que foram colocados pouco a pouco, fazendo a ponte se estender até atingir o momento seguinte - na ordem cronológica - a realidade capitalista.

O novo papel da religião

Tema: Capitalismo: A Racionalização da Fé

A racionalização da fé pode ser vista como um fenômeno historicamente consolidado ou mesmo fruto da própria racionalização do homem em meio à objetividade prática do capitalismo. Há históricos que consideram que esta racionalização surgiu antes mesmo do próprio conceito de capitalismo ser formado. Esses históricos observaram que há séculos, no importante momento histórico de crise e queda romana, a elite patrícia desse Império não poderia sair prejudicada e não aceitaria a ideia de cortar os padrões luxuosos com os quais viveram durante toda a ascensão e ápice de Roma. Essa elite, portanto, conseguiu uma forma de manter esse padrão, o qual foi se aproveitar da grande repercussão da fé cristã e se tornar parte da elite de um clero, ocupada em trabalhar para arrecadar dinheiro em nome de Deus, e não mais em nome da figura do imperador, que já não era tão vangloriada. Percebemos, portanto, que nessa versão, a tradição de arrecadar dinheiro em nome da Igreja advém, na verdade, de uma fonte menos emocional e mais racional, a qual, mais para frente, se encaixou muito bem nos moldes capitalistas. Há, porém, aqueles que acreditam que a igreja só foi se misturar com os ideais capitalistas após este ter se espalhado de tal forma que atingiu a maneira de pensar das pessoas e automaticamente se difundiu com a maneira de elas levarem a fé: antes se tributava por motivos de moral religiosa, emocional; agora se contribui por motivos econômicos, racionais.

De qualquer maneira, independente da razão histórica, a Igreja manteve o hábito de condenar o acúmulo de capital, a avareza. Toda essa influencia cristã na vida das pessoas se tornou uma cultura na qual o homem que vive de guardar dinheiro é, de maneira pejorativa o “pão duro” ou “mão de vaca”. A fé foi utilizada como forma de arrecadar fundo para a igreja, de aumentar seus patrimônios e bens. O homem cristão seguidor, se tornou o cristão colaborador.

Há alguns anos, tivemos a oportunidade de observar um exemplo prático dessa teoria: Edir Macedo, padre e dono de uma das maiores igrejas do país, foi envolvido em escândalos relacionados à usurpação de bens doados a igreja para fins extras religiosos. Ele foi acusado de misturar os bens adquiridos pela igreja com os bens investidos para movimentar uma emissora de televisão também propriedade do padre. Tomou grande repercussão, pois teria sido desvios grandiosos, já que, por ser uma igreja que toma grandes proporções no país inteiro e é conhecida também por influenciar a doação de bens à igreja, arrecada bastante capital.

Conclui-se, portanto, que por relações históricas ou por simples cultura capitalista, a fé atualmente, na maioria das vezes, é utilizada para justificar o nosso papel na sociedade econômica, e não mais na nossa cultura religiosa.

Capitalismo: a subversão da ordem natural

Max Weber defende a ideia de que a sociologia deve compreender a ação social em si, e não interpretá-la perante ideologias próprias, pois o ponto de partida do cientista social não são seus valores, mas sim os valores do objeto interpretado. Segundo Weber, os homens não se movimentam devido a sua classe social, pois existem diversos elementos que influenciam o agir, tais como os aspectos culturais e religiosos, sendo o econômico apenas um desses elementos.

Quando Weber analisa o capitalismo em suas conexões ele conclui que não é a ânsia pelo lucro que gera o capitalismo em si; a ambição de lucrar sempre existiu e isso não se caracteriza como capitalismo. O que de fato caracteriza o capitalismo é o desenvolvimento de ideais universais, a internacionalização dos padrões, a interdependência mundial, a dinamização racional no investimento, na qual se investe como forma de produzir mais capital, e é aí que podemos perceber uma inversão da ordem natural. A ideia de deixar de fazer para acumular não é uma ideia de fácil aceitação, mas devido à tradição, aos aspectos culturais e até mesmo religiosos, como no caso dos protestantes, torna-se comum. E é por isso que o capitalismo não é uma simples questão econômica, ele é um estilo de vida, um modo de pensar e agir. Além disso, o capitalismo tem necessidade de expansão, logo, tenta impor seus ideais a todas as culturas, o que gera conflitos, como por exemplo, os conflitos entre ocidente e oriente no que diz respeito ao tratamento dos direitos humanos.

Podemos também exemplificar essa racionalização do capitalismo citando o mercado financeiro, onde nem é mais preciso da produção para se gerar mais dinheiro. As pessoas se arriscam investindo seu dinheiro em produtos que muitas vezes nem sairam do papel para tentarem estar a frente. É o ápice da racionalização do capitalismo.
Justamente por isso, capitalismo tornou-se muito dependente do avanço da ciência e de novas técnicas, o modo de produção capitalista foi o único a aplicar a ciência, e por isso a ciência moderna se associa ao desenvolvimento do capitalismo. Ademais, a base jurídica é essencial ao capitalismo, pois garante a propriedade privada, o cumprimento dos contratos e todas as regras formais que o regem.

Tema 2: Capitalismo: um embate cultural?

A compreensão sociológica e o lugar da ação social

Segundo Max Weber, o objeto da sociologia envolve uma reconstrução do sentido subjetivo original da ação e o reconhecimento da parcialidade da visão do observador, baseada em um juízo de valor. Seu método principal consiste na elaboração de “tipos ideais”, isto é, elaborações conceituais do objeto examinado, que permitam comparações e a percepção de semelhanças e diferenças com os fenômenos estudados. Seu objeto de investigação é a ação social, que é todo comportamento cuja origem depende da expectativa ou reação da parte receptora da ação. Por exemplo, a ação social se manifesta quando alguém escreve uma carta, esperando que outro a leia.

Diferentemente do discurso positivista, em que a ordem social se impõe sobre o individuo como força exterior e coercitiva à ele, o individuo de Weber age levado por uma motivação, que se torna social na medida em que leva em conta outros indivíduos.

Embora insistisse na metodologia rigorosa, Weber também rejeitava a fé positiva de que a ciência social pudesse alcançar o empirismo das ciências naturais. A realidade social, criada pelos atos humanos e pelos significados que os seres humanos a eles atribuem, é complexa e imprevisível demais para ser explicada de maneira adequada, ou mesmo plenamente compreendida.

A Racionalização da Fé

Tema escolhido: Capitalismo, a racionalização da fé?

Quando analisamos a obra “A Ética Protestante e o Espirito do Capitalismo”, de Max Weber, sobretudo o segundo capítulo desta obra, “O Espírito do Capitalismo”, percebemos claramente a associação de tal sistema à religião protestante, demonstrando um processo de racionalização da fé.

Ao longo da história, pudemos perceber a pregação da Igreja Católica a favor da ideia de que as pessoas levassem uma vida simples e modesta, trabalhando apenas para suprir suas necessidades materiais básicas, sem se preocupar com a obtenção e o acúmulo de bens. Na verdade, a aquisição de lucros e riquezas sempre foi considerada uma imoralidade pelos católicos. Os juros, por exemplo, eram condenados e, até mesmo, um pecado capital, a avareza, foi instituído para expressar o descontentamento da Igreja em relação ao acúmulo de “divisas”.

No entanto, esta pregação acabava por revelar uma hipocrisia que crescia no seio de tal religião: ao mesmo tempo em que o acúmulo de bens era condenado, este era almejado pelos próprios pregadores católicos. Padres, bispos e outros se valiam de muitas práticas, até mesmo, imorais para obterem riquezas. É neste contexto que podemos entender a simonia e a venda de indulgências, por exemplo. Além da hipocrisia supramencionada, é de fundamental importância que destaquemos que os preceitos católicos eram contrários a muitas das ideias de uma nova classe que emergia no contexto das Grandes Navegações e do Renascimento: a burguesia. Diante deste quadro de crise da Igreja Católica, nasceu, então, com o Renascimento Religioso, uma nova maneira de se pensar a fé: o Protestantismo.

As igrejas protestantes acabaram com a ideia de que a riqueza e o acúmulo eram imoralidades. Elas passaram a pregar que a obtenção de bens e a poupança destes eram, na verdade, demonstrações de virtude e eficiência. Começaram a valorizar muito o trabalho e o crédito, estendendo o controle da religião a todas as instâncias da vida cotidiana. Tínhamos, portanto, como pode ser demonstrado pelos preceitos protestantes anteriormente mencionados, uma nova religião que atendia, quase plenamente, aos interesses de crescimento e de prosperidade da burguesia.

Assim, além da racionalização contábil, que dissociava os bens da empresa dos bens individuais; além da racionalização científica, que associava o capitalismo aos avanços das Ciências Exatas e Naturais; além da racionalização jurídica, que ligava os ideais capitalistas ao Direito e à Administração; e além da racionalização do homem, que buscava neste uma nova mentalidade, o capitalismo passou a contar também, graças à Reforma Protestante, com a racionalização da fé. Um novo tipo de racionalidade vinculada ao capitalismo e traduzida por preceitos protestantes.

Fonte: Disponível em < http://iveraldopereiragmail.blogspot.com/2011/05/fe-e-razao.html>. Acesso em: 15 ago. 2011.

Diante do exposto, fica fácil percebermos que a razão e a fé deixaram de seguir caminhos completamente opostos, contrariando a imagem exposta acima. O capitalismo, ao influenciar as ideias protestantes, “conseguiu a façanha” de racionalizar a religião, de racionalizar a fé, de fazê-la se desvincular um pouco dos ideais referentes somente ao “mundo sobrenatural”, voltando-a também para a sustentação dos interesses racionais e materiais da vida em sociedade.