Ao analisarmos a obra “Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico”, de Friedrich Engels, percebemos a visão deste autor a respeito de alguns assuntos centrais. O primeiro deles seria a dialética. Friedrich acredita que a história natural é um reflexo da dialética, uma vez que está em constante transformação. Em relação a este tópico, há divergências, sobretudo, entre as ideias de Engels e as de Hegel. Na visão hegeliana, a história está em constante desenvolvimento, sendo regida por “leis históricas”, que determinam inícios e fins a partir do período analisado. Hegel defende também que a única coisa que realmente existe é a mente e que o real é, na verdade, uma projeção das ideias. Engels, ao contrário, acredita que as respostas para os males não estão nas ideias, mas sim na própria história, sendo um defensor do materialismo. Ele acredita que as leis históricas devem ser desvendadas para que as vicissitudes de nossa sociedade sejam resolvidas satisfatoriamente.
Outra ideia de Engels que merece destaque é a concernente ao socialismo. A visão “engeliana” sobre este sistema é muito diferente da visão dos socialistas utópicos, entre os quais merecem destaque Henri de Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen. Para estes, o socialismo seria uma verdade a ser alcançada, uma verdade a ser revelada por algumas pessoas especiais existentes na sociedade. Engels, de maneira oposta, via o socialismo como algo calcado na realidade, como uma verdadeira consequência do desenvolvimento da história e não como um produto da genialidade do ser humano.
Podemos facilmente compreender as ideias socialistas de Engels se as enquadrarmos na luta de classes existente no contexto da “revolução industrial”. Engels desenvolve todo o seu pensamento usando, como base da sociedade, a economia, tanto no que se refere aos problemas desta sociedade, quanto no que é concernente à solução destes problemas. O autor em questão destaca a existência de dois polos distintos em nosso meio social: um repleto de bens materiais, a burguesia, que governa unicamente em benefício próprio e que enriquece, sobretudo, por meio da mais-valia; e o outro com ausência de recursos, o proletariado, que é extremamente explorado pelos burgueses.
Mas o destaque maior de Friedrich está na falta de conhecimento do trabalhador sobre o processo de produção. Na visão de Engels, o produtor passa a ser, no mundo capitalista, apenas um meio de obtenção de lucro, um simples operador de máquinas, que não conhece os métodos de produção e que vê os produtos serem mais valorizados do que os produtores.
Disponível em : <http://www.f5comunicacao.com/design.php#ancora>. Acesso em 29 mai. 2011.
Também é de suma importância a menção de que o avanço tecnológico, na visão de Friedrich, em vez de diminuir o esforço e o trabalho do operário, acabou fazendo com que este trabalhasse mais, sem ter o respectivo aumento de salário e de benefícios. É também de relevante destaque o fato de prevalecer na sociedade a “Lei de Darwin”, segundo o autor em questão, de acordo com a qual “o mais forte domina o mais fraco”, uma vez que não há espaço para todos no processo produtivo de uma sociedade capitalista, prevalecendo, portanto, aquele que detém maior força.
Por fim, Engels acredita que, ao tomarem conhecimento do processo de produção, os operários alcançariam o poder, e, como pensariam em todos sem distinção de classes, a figura do Estado se tornaria desnecessária e acabaria desaparecendo. Sendo esta ideia uma das mais importantes para a sua concepção socialista.
Diante da análise do exposto, verifica-se a importância da leitura das obras deste autor para o conhecimento dos seus pensamentos. Afinal, a discussão “entre o capitalismo e o socialismo” é muito marcante em nossa sociedade ainda hoje, sobretudo na universidade. Não seria coerente participarmos de tais discussões sem termos contato com as ideias centrais dos principais ideólogos destes sistemas.