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sexta-feira, 1 de abril de 2022

Entre o método e o credo

Ainda que Descartes e Bacon tenham dado as origens fundamentais do método científico já no século 17 revolucionando a forma como o ser humano entende o conhecimento e o categoriza, essa forma de legitimação do saber ainda não se tornou universal entre as pessoas. O exemplo mais claro disso é o fato de que até os mais altos membros do Governo, os quais se espera um comportamento pautado na razão, ao invés de optarem pela ciência, ou seja, pela forma mais segura de interpretar os acontecimentos, acabam por tomar decisões baseadas somente em suas posições ou esperanças pessoais. O resultado disso foi, em um exemplo mais recente, as 660 mil mortes por COVID-19 até Abril de 2022.

Aqueles que, com razão, criticam os seguidores da cega intuição, frequentemente são rechaçados por significativa parcela da população. Existe um paradoxo enorme em nossa sociedade, de um lado, a descredibilização da ciência por muitos, e do outro, o fato de que essas pessoas provavelmente só estão vivas e possuem diversos luxos justamente por causa daquilo que criticam. Sendo ainda mais claro, a alta rejeição da instituição vacina frequentemente vista é um erro enorme, visto que essas próprias pessoas tomaram diversas vacinas durante sua vida e foram exatamente elas que provocaram grande parte de sua qualidade de vida atual. Isso sem citar as diversas outras contribuições imensuráveis da ciência.

Concluo dizendo que o progresso proporcionado ao ser humano pelas mãos e mentes de diversos pensadores como Descartes e Bacon foi gigantesco e essencial para a forma como o mundo existe hoje. A ciência moderna foi o alicerce de muitas coisas maravilhosas e praticamente mágicas, ela definitivamente não deve ser ignorada ou trocada por achismos.


João Pedro Menon- 1º Direito Matutino


 O Negacionismo supersticioso contra a Razão

O que foi dado ao homem, além de sua incrível capacidade de se reinventar, é a sua capacidade para discernir. Por mais que seja lógico, há quem ainda negue a verdade fundamentada pela razão, partindo de preceitos e superstições. Neste viés, em tempos tão desenvolvidos, os movimentos negacionistas são notórios obstáculos para o desenvolvimento do ser humano em sociedade.

René Descartes e Francis Bacon defendiam a utilização do Método Científico como principal meio para a busca do conhecimento, sendo improvável achar a verdade somente através da fé e do senso comum, portanto fundamental o desapego das ciências tradicionais e das opiniões a que se deu antes crédito por especulações e misticismo. Neste sentido, pode-se afirmar que a sociedade atual se desenvolveu até o presente momento somente com a superação das tradicionalidades em busca pelo reinvento e melhoria do homem. Todas as grandes vitórias da humanidade são advindas das desconfianças do especulativo e pela vontade de explorar os campos os quais o ser humano se insere. Contudo, a falta de ousadia por parte de grandes grupos, desde o início do que conhecemos como sociedade promoveram os atrasos para alguns avanços, como por exemplo o movimento anti-vacinas, presente atualmente, este dificulta a disseminação de conhecimentos medicinais comprovados através do estudo empírico. É preciso salientar que crenças e superstições impedem o desenvolvimento do bom senso e a capacidade de discernir a verdade da mentira, visto que o indivíduo precocemente estabelece a sua verdade através do senso comum. Com isso, o movimento citado não somente nega tudo aquilo defendido por Descartes e Bacon, como contradiz tudo até então conduzido pelas ciências empíricas que permitiram a sociedade alcançar importantes mudanças para saúde.

Ademais, é preciso reafirmar as concepções lógicas e fundamentadas na razão para promover avanços à sociedade. O rompimento com correntes supersticiosas e equivocadas promovem o desenvolvimento do coletivo e do homem individual. Tudo aquilo acerca do ser humano deve ser conduzido pela razão em virtude da dúvida do que já se é ultrapassado, a superação do negacionismo científico é imperiosa para a condução do conhecimento.


Isabella Carvalho Silva

1º Ano de Direito Matutino

2022

A verdade no mundo atual

A verdade no mundo atual

A filosofia acompanha a sociedade há anos, e desde os tempos antigos os homens tentam encontrar respostas verídicas sobre o porquê das coisas, assim desenvolvendo métodos e teorias em que eles acreditavam ser os melhores para obter o real conhecimento. Desse modo, em meados do século XVII, os filósofos René Descartes e Francis Bacon propõem novas maneiras de encontrar a verdade, pautada na experimentação e observação, ao contrário da filosofia antiga que se baseava em princípios e dogmas estabelecidos. Contudo, apesar de toda sua importância, na atualidade tem-se o pensamento de que tal metodologia não se aplica mais no cotidiano, apenas no âmbito acadêmico ou que simplesmente ficou obsoleta.

Hodiernamente, mais do que nunca, lidamos com uma sobrecarga de informações. Todos os dias somos bombardeados por notícias em variados canais midiáticos e para não cairmos em falsas notícias, os métodos de Francis e René nos ajudam a discernir entre o real e o falso. Segundo Descartes, filósofo racionalista, a busca ao conhecimento deve ter como principal base a dúvida, isto é, não se deve acreditar firmemente em nada que lhe foi empurrado e é necessário  seguir quatro passos por ele traçados para alinhar os pensamentos ao nível da razão, sendo eles: observar, dividir as informações, ordenar do fácil ao mais difícil e, por fim, retomar os elementos. Dessa maneira, consoante Descartes, poderíamos alcançar a razão corretamente.

Já para Bacon, o melhor caminho para seguir é o da indução e experimentação. Francis também nos alerta sobre os ídolos, que segundo ele são empecilhos que nos impedem de chegar à verdade através do método empírico indutivo, Bacon lista quatro tipos de ídolos:  ídolos da tribo (confusões dos nossos pensamentos), ídolos da caverna (falsas noções), ídolos do foro (falsas informações vindos da comunicação ) e ídolos do teatro (falsas ideologias)

Em suma, apesar dos dois pensadores apresentarem  visões divergentes, nos apresentam maneiras de nos livrarmos da mentira, maneiras essas que em sua máxima são atemporais e nos ajudam a não sermos enganados por falsos discursos e falsas notícias.

Júlia Lemes Araújo- 1°ano noturno

Racionalizando um zumbi


Na minha frente, havia um zumbi. O que era humanamente impossível, mas ali estava. Uma criatura aparentemente morta, a pele parecida com couro, não fossem as feridas abertas e com sangue pútrido coagulado, a pele pálida e manchada, os olhos cegos, os grunhidos, os movimentos erráticos, e o fedor de carne se decompondo, cheiro de podridão (eca).

Mas veja bem, é um zumbi, não pode ser real. Sim, posso vê-lo logo adiante, embora isso não signifique que ele seja de verdade. Me lembro bem de filósofos que estudei no ensino médio (alguns mais do que outros) e cujas teorias diziam o quanto nossos sentidos são falhos e limitados. Talvez fosse mero fruto da minha imaginação, um sonho (não, seria mais um pesadelo), ou até mesmo uma ilusão implantada por um gênio maligno. Não importa, o ponto é: tal monstro não existe. Certeza. Puro paralogismo. É mais provável que eu esteja alucinando do que esse (não) zumbi esteja vindo em minha direção.

Entretanto, apesar de não ser racionalmente possível a visão que estava tendo, não parecia ser uma mentira. Até porque, as reações do meu corpo pareciam muito fidedignas e sinceras para um mero devaneio. Quando vi aquilo, senti minha boca secar, meus membros ficarem paralisados, meus olhos se arregalarem e se fixarem na ameaça à frente. Meus batimentos cardíacos aceleraram, meu corpo se curvou e tensionou, minhas mãos tremiam e suavam excessivamente, tinha certeza que havia empalidecido, minha garganta estava trancada, nem se quisesse eu poderia gritar e, se tentasse, minhas cordas vocais se rasgariam. Era o mais absoluto terror. Foi aí que minha mente se desprendeu do meu corpo e eu pude bater um papo contigo, caro leitor.

 Sinceramente, se for uma pegadinha, passou dos limites. Mesmo que eu vivencie todas essas sensações, não é nem um pouco viável que um cadáver consiga andar, quanto mais matar alguém ou comer um pedaço de cérebro como se fosse um picolé. Sim, é preferível imaginar que o vermelho ao redor da boca da besta seja groselha, não sangue. Mas então eu estaria permitindo que preconceitos, fantasias e coisas que aceitei como veracidade inquestionável me impedissem de enxergar a verdade, não é mesmo? Apenas porque nunca vi um morto-vivo, não posso afirmar sua inexistência. Além disso, minha própria experiência (neste exato momento) garante o contrário.  O resultado final desse raciocínio é que o zumbi é real e que, portanto, morrerei em breve. Não gostei.

A criatura andava até mim e me encarava como quem estava prestes a se deliciar num churrasco. Não que a ideia de virar uma refeição me agradasse, mas eu não conseguia fugir. A paralisia penetrava meus membros. Só era capaz de listar as perguntas que queria fazer. Você é real? Você existe mesmo? Não é só uma coisa que eu vejo numa paralisia do sono? Eram questionamentos cujas respostas eu realmente necessitava.  Está com fome? Zumbis comem apenas cérebros? Meu cérebro te interessa? Você tem tanto mal gosto assim? Eu nem consigo conciliar minha mente e meu corpo, esse órgão em particular deve ser bem insosso.  Não obtive as respostas que queria, só recebi gritos, mordidas e dor. 

Seria uma honra continuar a debater contigo a possibilidade de um zumbi existir, sobre como e quanto a razão e a experiência colaboraram para alcançar a verdade, ou sobre como o fato de minha consciência não estar em conjunto ao meu corpo influenciou o resultado de toda essa história, mas, infelizmente, não poderei. Os filósofos não me ajudaram: pensei demais, agi de menos e, portanto, morri.


Micaela M. Herreira – Direito noturno 1o ano

Como os "ídolos da tribo" seguem vivos

 

Bacon, inaugurando a modernidade, tinha certeza de que o conhecimento passaria a ser útil à humanidade e, pensando de maneira lógica e racional, os homens dominariam a natureza. Assim seria o futuro previsto pelo pensador e descrito por ele em sua “Nova Atlântida”: um mundo em que o conhecimento seria verdadeiro e serviria aos homens.

Não é preciso fazer uma profunda análise dos dias atuais, mais de meio milênio depois do que escreveu o filósofo sobre os ídolos, para dizer que suas previsões não se concretizaram. Pelo menos não por enquanto. Mais ainda, o encontro das verdades está longe de acontecer em um mundo em que outra teoria de Bacon - dessa vez que dizia respeito a sua época e cujo assunto ele acreditava que seu novo método seria capaz de extirpar: a teoria dos ídolos - vem se provando ainda atual e forte.

Se nos séculos XVI e XVII o primeiro dos modernos dizia que a ciência era atrapalhada pelos ídolos - falsos conhecimentos ou noções erradas da realidade - o que pensaria ele ao ver atualmente a força que as fake news vêm ganhando? A cada dia uma nova mentira é transmitida como se fosse verdade e algumas pessoas tomam essa informação falsa como incontestavelmente real. Para explicar porque isso acontece, os "ídolos da tribo", de Bacon, se mostram assustadoramente atuais.

Para ele, graças a esses ídolos, o ser humano possui a enorme tendência de moldar a realidade ao que já é tido por ele como verdade. Assim, tudo aquilo que condiz com o que a pessoa crê torna-se, para ela, uma verdade absoluta e incontestável - independentemente de ser ou não verdadeiro -; ao passo que toda e qualquer informação que contrarie os conceitos pré-concebidos é automaticamente colocada na categoria de mentiras, de pontos de vista a serem combatidos e, se houver poder para isso, censurados – mesmo que, racionalmente falando, essa informação se trate de uma verdade.

Essa é a mais pura demonstração de como a humanidade age, ainda hoje, sob a influência dos ídolos da tribo, aqueles que são inerentes à natureza humana e que Bacon tinha convicção de que seriam combatidos pela nova forma de se pensar que ele estava inaugurando, a qual tornaria, finalmente as teorias e filosofias úteis à humanidade ao mesmo tempo em que possibilitaria a ela uma liberdade quanto aos ídolos e suas falsas ideias para a construção de um conhecimento que realmente significasse poder, atingindo, assim, sua máxima “knowledge is power”.

Maria Júlia Magalhães Leonel, 1º ano Direito Matutino

 dadá SUPERMERCADOS ou Caminhada Mental ou A Natureza Aterrorizante da Arte

 

DO PORQUÊ

 

A música (não quero um pano) de fundo deste poema

(sim, caro leitor, você está lendo um poema (viva à metalinguagem))

é futurista.

Mas se o Senhor realmente existir no Paraíso,

Marinetti não pisará em terra tupiniquim!

 

A escrita mecânica é REAL!

Um brinde ao surrealismo!

- Desculpe, madame, mas o Sr. Freud não está disponível para jantar esta noite.

 

“Não estou falando de Berlim. Nos arredores, imaginem! 3ª série, ouçam este problema. Lembro-me dele porque me chocou. Um aloprado custa ao Estado 4 marcos por dia. Um aleijado, 4 marcos e meio. Um epiléptico, 3 marcos e meio. Considerando que a média é de 4 marcos por dia e que há 300.000 doentes, quanto pouparia o Estado se esses indivíduos fossem eliminados? Não posso acreditar! Foi exatamente a minha reação! Não posso acreditar que uma criança de 7 anos tenha de resolver este tipo de equação. É um cálculo difícil. Proporções, percentagens... Precisam de alguma álgebra para resolver estas equações. Para nós é matéria de colegial. Não. Basta apenas a multiplicação! Disse que havia 300.000 aleijados? 300.000 vezes 4. Se os matássemos todos, poupávamos 1.200.000 marcos por dia. É fácil! Exatamente! Bravo! Mas você é adulto. Eles têm 7 anos. São, de fato, de outra raça!” [i]

 

Tudo isso é culpa da lógica absoluta grega.

Se querem a minha opinião,

(como me leem, creio que querem (como sou egocêntrico))

ela é em maior medida de Aristóteles.

 

DO CORPO (MAS EU GOSTO É MESMO DE FILME QUE TEM CENA DE GENTE PELADA)

 

Que tempos são esses! Na minha época, quando alguém tinha um problema difícil, desembainhava-se a espada para subjugar toda a Ásia Menor.

Hoje, bem... as pessoas preferem ir à França (porque Paris vale realmente uma missa).

Tic, toc, tic, toc, tic, toc, tic, toc

Hoje 4 mulheres morreram de morte matada;

que conste dos autos que seus nomes eram Miquelina, Maria de Lourdes, Aida e Francischella.

 

Desde a modernidade há hora para tudo

hora para nascer

hora para morrer

hora para ter filhos

hora para expulsar o filho de casa quando ele fala que é gay

hora para fuder

hora para comer o macarrão talharim nº 3 Renata do domingo

hora para enterrar tio em dia de semana

 

agora pra’quelas (alguém pegou a referência de Drummond?) boas em

filosofia existencialista: qual o sentido da vida?

a estudante de ciências biológicas responde categoricamente:

5’-3’!

é por isso que o governo não financia mais pesquisa nesse país

só uma idiota para tentar entender tais questões metafísicas com base na genética

mas não sejamos tão críticos, afinal estes questionamentos são sempre

um assunto delicado (que deveria ser banido das relações sociais).

 

Será que está realmente lendo esses

versos vagabundos, Vossa Malvadeza?

Naturalmente que se não estivesse,

não poderia se indagar sobre isso

nesse mundão sem porteira.

 

O insano entende o insano;

a extrema direita, a extrema esquerda;

o capitalismo, o comunismo;

São Paulo, Tupã;

Descartes, Bacon;

Anita Malfatti, Monteiro Lobato...

“Entre o xerife e o bispo, não sei qual a maior maldição para o honesto povo inglês!”[ii]

 

DO FIM (DAS PRIORIDADES)

 

o grande erro

a miséria mora ao lado

The End.




Aluno: Thiago Ozan Cuglieri

Curso: Direito

Semestre/Período: 1º/Noturno

 

 

 

 

 

 



[i] Adaptado de “A Vida É Bela”, 1997, Itália, Direção: Roberto Benigni

 

[ii] Extraído de “Robin Hood”, 2010, Grã-Bretanha/EUA, Direção: Ridley Scott

Uma Gota de Filósofos num Oceano de Sociedade

    Desde o princípio, a essência humana se alicerça nos mais diversos embates de ideias e propósitos. Tal fato, continua a se reverberar na atual sociedade. Contudo, deve-se perceber que a maioria dos debates acabam por ser supérfluos e inúteis para a realidade. Francis Bacon já criticava esta pratica 400 anos atras. O tempo, como Descartes muito bem analisa em sua obra, é um bem único e que não deve ser perdido; desta forma, para uma sociedade melhor é preciso que se foque a luz da razão em pontos verdadeiramente necessários para o desenvolvimento social.

    Este foco tem que ser levado muito mais a sério no momento atual do país. Num momento prévio à eleições o pragmático é, no mínimo, essencial para ser avaliado nos discursos dos candidatos. Não pode haver espaço para pura ideologia num ambiente sério de decisões que afetam a vida de todos. Os ideais de Bacon têm que valer, não se pode deixar cegar pelos ídolos que se criam a partir do próprio indivíduo e que justificam o floreio de coisas absurdas como a discussão da existência de um poder secreto comunista no Brasil.

    Para uma evolução e melhora da sociedade tem de haver o espírito inquieto e humilde de Descartes. O confronto com o pré estabelecido tem de ocorrer para que se possa analisar o que de fato é pertinente e o que já não traduz a vontade popular. Abandonar o que julga-se ser correto para uma análise completa a partir de bases solidas faz se necessário para uma reestruturação e revolução no modo de agir do todo.

    Em última instância, é interessante analisar como as ideias de pensadores formuladas há quase meio milênio permanecem extremamente contemporâneas. Mesmo com tantos eventos ocorridos através do tempo, é perfeitamente possível encaixa-los na vivência atual de um país distante e bem diferente do que eles escreveram suas obras. Seriam gênios visionários ou apenas a humanidade tem o habito de permanecer a mesma? 


Enzo Gonçalves Peres

1° Semestre Direito Matutino