A
Necropolítica é uma forma que o estado com o poder nas mãos pode deixar o indivíduo
viver e tem poder para matar, mas embora brilhantemente conceituado na obra de
mesmo nome e perfeitamente explicado pelo nobre professor Jonas em aula, o tema
não é desconhecido aos corpos dos
milhões de pessoas mortas por várias formas de governo, a exemplo o
holocausto, que aconteceu no centro econômico mundial que é a Europa, ou
Massacre de Changjiao que menos famoso e não punido refletiram o extremo a que
a necropolítica pode chegar, mas ainda mais alarmante é saber que esse mesmo
conceito é difundido em nossa sociedade atual, onde o mundo passa por uma
pandemia e temos um governo que pratica a necropolítica velada e dá a ela novas
dinâmicas a cada ato, o governo pratica a desinformação, incentiva medidas que
agravam a transmissão da doença e vai além, simplesmente ignora os protocolos
científicos orientando a população a tomar medidas que já mataram quase um
milhão de pessoas no país, que em
esmagadora maioria eram pessoas pretas, pobres e idosos.
Nesse
diapasão o professor traz luz a um fato político muito interessante em nossa história
recente, quando o então Ministro da Justiça Sergio Moro apresenta seu pacote
anticrime no Projeto de Lei 882/19 exalando
boas intenções aos cidadãos abrangidos e protegidos pelo estado, onde ele
pretendia expandir o conceito de excludente de ilicitude para policiais que
matam pessoas no exercícios de suas funções, sob forte emoção fossem sumariamente
absolvidos, hoje essas excludentes existem, mas para determinados casos, o que
ainda levanta margem para uma série de execuções que são perpetradas por
policiais em serviço e que quando são descobertos, por câmeras, mostram uma
realidade de inquérito totalmente diversa dos fatos reais, mas o ponto é que o
nobre candidato que se intitula uma terceira via, queria dar licença irrestrita
para policiais assassinarem pessoas de forma legal, e friso, que o público alvo
desses assassinatos são pessoas pretas, pobres que vivem as margens da
sociedade, daí a necessidade de fugir brevemente ao estudo central da aula,
pois a mesma tem o viés de fazer com que o estudante de direito faça conexões
entre a obra e a realidade que o cerca.
A
necropolítica é uma ferramenta muito útil ao capitalismo, pois possibilita a
uma minoria acumular riquezas enquanto a massa preta e pobre se ocupa em não
morrer de fome, deixando para uma segundo plano a luta de classes, pois não se
faz revolução com o orgulho quebrado, quando não se come há dias, e nesse
sentido a necropolítica faz o controle social e delimita onde essas pessoas vão
morar, o que vão comer e mata milhares de pessoas diariamente, o chamado estado
de exceção e estado de sítio, não precisa ser formalizado pelo Presidente da
República para existir, basta retirar condição humana do indivíduo, e não se
considerar mais essas pessoas dentro do padrão como pessoas, e a partir desse
momento independente do nome que se dê teremos a necropolítica implantada. A
política racional que se baseia na razão, exprime a ideia que os humanos são
racionais e que onde não houver razão deve se haver a subjugação, a exemplo os
animais, criando assim um contingente de pessoas descartáveis, criando um
mecanismo de acumulo de capitais de uma minoria branca e elitizada que perpetra
horror físico e psicológico contra uma maioria acuada.
Mas
existem maneiras de se fazer um contramovimento em face dessa necropolítica
existente e um deles é a valorização as etnias negras como sujeitos históricos e parte
fundamental do desenvolvimento do país, e não como sujeito caricato e sem
iniciativa como é retratado, como indivíduo carente e que sempre a espera que
alguém o salve de si próprio, da inclinação natural ao vicio e ao crime, difundidos
pela necropolítica.
A implementação e
valorização da cultura negra e africana na grade escolar foi implementada em
2003, e foi somente ai que se iniciou um processo étnico racial em matérias como
história, língua portuguesa e artes e ganhou-se muito, pois mostrou ao próprio
negro que ele foi fator determinante para a evolução e que seu esquecimento
enquanto história fazia parte do processo de subjugação do negro como povo,
como cultura, como poder, tirar lhe a participação na história foi fundamental
para a imposição da necropolítica de hoje.
Um exemplo de como o
enaltecimento do indivíduo e a inclusão dele no conceito histórico muda sua
postura em face ao mundo é a própria polícia militar, mas neste caso usado em
favor da necropolítica, onde o indivíduo pobre entra na corporação e a
ele é doutrinado que faz parte de uma organização histórica, com grandes heróis
que deram a vida pela sociedade e que ele tem um inimigo social que deve ser controlado,
subjugado ou exterminado, que ele, agora parte de algo maior, não pertence mais
aquele meio do qual veio, agora ele faz parte de uma classe que deve trazer
ordem aquele desequilíbrio social cuja culpa é do preto e pobre, o estado tem
total consciência do poder da ferramenta do enaltecimento histórico e
acolhimento do indivíduo, pois produz um agente que que muitas vezes é preto,
continua pobre, mas que age de maneira autônoma com pouca ou nenhuma supervisão,
espalhando a sua própria gente o terror, a violência, o assassinato, amarrando
seus irmãos a veículos e arrastando em via pública, e o estado consegue esse
resultado pagando um salário baixo, fazendo com que aquele agente tenha dois ou
mais empregos, mas que ainda assim não se veja mais como um pobre, como parte
do povo periférico, mas como parte da elite que tem a missão de resolver os
problemas da sociedade exterminando quem não se encaixa no padrão, os policiais
pretos e pretas tornam se assim capitães do mato e Chicas da Silva, numa
corrente diabólica social que recairá sobre a si e seus próprios filhos, que
por um lado serão protegidos minimamente por seus pobres pais mas por outro
receberão o estigma social da cor e da origem, sofrendo racismo e dificuldades
propagados pelos mesmos.
Mas ai vem o
questionamento, se os militares, a quem destinamos tanto desprezo chegaram a
essa conclusão, criando um modelo que prova que o negro e pobre pode ser
conscientizado em pouco tempo e inserido em um grupo e a partir daí começar a
produzir por si só e sem vigília, porque não usar um sistema semelhante nas
grades curriculares tradicionais para que o aluno saiba que fez parte da história,
que seu povo trouxe o capitalismo nas costas e fez dele esse sucesso, que ele não
é só o agente que lubrifica as engrenagens do capitalismo, mas seu consumidor
final, pois a massa dos produtos são destinados as classes pobres, pois por óbvio,
as classes ricas são uma seleta minoria que despreza produtos nacionais,
pessoas nacionais, políticas nacionais enfim o brasil, e não me refiro somente
a direita burguesa, mas a esquerda que prefere produzir suas notas de repudio
da Europa.
O povo negro é parte
fundamental e indispensável para a continuidade da sociedade e tem total
direito e obrigação de lutar pelo seu real lugar histórico e espacial e negar
esse direito ao negro e pobre somente fundamenta que essa luta ainda precisa
ser de fato travada por cada um dos integrantes da raça.
NOME: ANTONIO JAIR DE SOUSA JUNIOR
TURMA DIREITO: MATUTINO XXXVIII
1* ANO