Augusto
Comte, vivendo em uma época conturbada na sociedade francesa, tomou como ponto
de partida para seu pensamento a realidade história da época. O sistema feudal
vivia a decadência enquanto uma nova ordem industrial e científica tomava as
rédeas da organização social. O confronto entre essas duas formas de
organização da sociedade provocavam o que Comte chamava de “desagregação moral e intelectual da
sociedade do século XIX”. Esse confronto seria responsável pela crise
vigente, pois a unidade social deveria ser formada por um conjunto de
princípios, ideias e sentimentos partilhados por todos, o que não ocorria na
época. Comte então sugere uma reforma intelectual, a qual não ajudaria somente
a entender aquela sociedade da época, mas sim interferir na ordem social para
permitir seu melhor desenvolvimento.
A partir daí, dando enfoque às disciplinas
científicas ele percebeu que elas sempre passavam por estágios de
desenvolvimento do conhecimento, os quais seriam: o teológico – que
representaria a ordem -, o metafísico – que representaria o progresso - e por
fim o positivo que seria o auge do conhecimento – representando a ordem e o
progresso juntos -, no qual “a observação
dos fenômenos seria submetida a leis invariáveis e gerais da natureza”. Conquanto,
as disciplinas se tornam positivas gradualmente, seguindo o critério de
hierarquização dos fenômenos, levando em consideração seu grau de generalidade,
simplicidade e independência. Assim eles são classificados em fenômenos:
Matemáticos, astronômicos, físicos, químicos, biológicos e por fim sociais. O
que, então, distinguiria a pesquisa positiva seria o método de investigação
dessas disciplinas, observando a atuação das leis naturais, as quais deveriam
ser imutáveis seguindo uma análise que Comte denominou de “física social”. Essa nova maneira de conduzir a pesquisa científica
proporcionaria ao cientista à homogeneização e a unidade lógica do
conhecimento.
A
filosofia positivista, além de contribuir para o estudo das ciências também
determinaria uma ordem social. Para Comte, numa sociedade industrial era
natural que os ricos detivessem o poder econômico e político, já que na sua
visão tudo era traçado a partir de méritos morais. O esforço e o mérito,
portanto, justificariam essa dominação. Contudo, Comte não despreza a classe
operária, pois ela seria de extrema importância na manutenção da ordem e possibilitaria
o progresso com o seu trabalho. Na visão do positivista, a sociedade se
assemelha com um organismo, no qual cada parte, cada pessoa, teria uma função
no todo. Seguir essa ideia da divisão do trabalho seria pré-requisito para a
manutenção da ordem e para alcançar o desenvolvimento, ou o progresso, dessa
sociedade.
Comte
vê o Estado como responsável por garantir a unidade, a divisão do trabalho e,
consequentemente, a ordem e o progresso. O
Estado centralizador e coercitivo seria responsável por realizar as “profilaxias”
na ordem social, e evitaria as perturbações na divisão do trabalho e na
hierarquização social.
O
positivismo foi de extrema importância para o desenvolvimento e pensamento da
época, influenciou, por exemplo, o republicanismo no Brasil e até hoje se
mostra presente no território nacional. Os “rolezinhos”, nos quais jovens da
classe baixa adentravam nas catedrais de consumo da classe média-alta
brasileira, foram considerados uma perturbação na ordem, como analisaria também
Comte, e foram contidos pelo Estado. Assim pode-se ver que a influência
positivista e muitas de suas propostas, como a de “profilaxia”, ainda podem ser
observadas na sociedade contemporânea.
Ana Luiza Cruz A. - 1º Diurno.