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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Capitalismo & Racionalismo

O que é capitalismo ? Esse, entre outros conceitos do mercado e economia, é um termo subjetivo e de difícil definição. Sendo assim, abre espaço para uma gama de explicações a depender do ponto de vista.
Nesse contexto, Max Weber no “Espírito das Leis”, percebeu a peculiaridade do conteúdo e resolveu tecer e investigar gradualmente o conceito, para que no final tentar se aproximar do seu objetivo.
Primeiramente, percebemos a ênfase que o autor da à racionalização. Sim! Weber acredita que tudo que estiver envolvido no assunto, é alvo de racionalização. E a partir disso, desenvolve sua investigação tendo por baluarte os quatro principais tipos de racionalização: Contábil, Cientifica, Jurídica e do Homem. Sendo assim, vale a pena ressaltar a importância do direito, pois ele garante a propriedade e o cumprimento do contrato. Tal afirmativa pode ser comprovada com um tema da atualidade, ou seja, o embrião da crise nos Estados Unidos, em tese, tal fato é derivado da ameaça dos norte-americanos em não cumprir contratos. Além disso, a ciência revolucionou o capitalismo, gerando uma dependência mútua entre eles, porque o capitalismo foi o primeiro a usar ciência e a ciência passou a ter utilidade prática na economia.
Em outra concepção, a Reforma Protestante ganha destaque. Ela é visto como uma forma de aplicar os preceitos religiosos de uma maneira mais rigorosa e útil em todos patamares da vida.
Diferentemente do catolicismo, essa nova ética associa trabalho ao acúmulo, não transmitindo vergonha ao trabalhar e objetiva economizar ao máximo, pois é sinônimo de virtude e eficiência. Essa perspectiva é concretizada tanto em uma série criada nos anos 90, “ Os Simpsons”, quanto em milhares de filmes norte americanos que bombardeiam a nossa cultura anualmente, onde ilustra a vida cotidiana sem uma empregada doméstica para ajudar nos afazeres ( custa dinheiro) e o esforço da família toda para acumular o ‘primeiro milhão’.
Conclusivamente, percebemos que essa nova perspectiva do capitalismo trouxe uma racionalização da fé também, visando não uma melhora de vida dos seus súditos e sim, uma estimulação ao trabalho para acumular riquezas visando uma vida simples de costumes ,sem mesquinharias, pois tudo isso é o tipo ideal de uma vida digna e honrosa.

O bolso divinizado


Desde o princípio das civilizações, a busca do ser humano pelo metafísico, seja para a explicação dos fenômenos naturais, seja para a justificativa das disposições sociais, é fator comum a todas elas. Nesse contexto, o papel das religiões tem sido a institucionalização da fé, uma forma de vincular certo número de fiéis, organizados sob mesmos preceitos morais e dogmas, a um plano superior- ao plano divino.
Porém, o que acontece, com o advento da Reforma protestante, como Weber expõe no capítulo 2 de sua obra "A ética protestante e o espírito do capitalismo", passa-se a associar à salvação um valor até então condenado pela religião predominante - a católica -, isto é, a adoção do acúmulo de riquezas (vale ressaltar que este deveria se dar através de muito trabalho, sendo este sempre lícito) . Nota-se, portanto, o caráter burguês da nova religião, não de todo imprevisível, visto que, embora fosse uma classe social crescente e ascendente, encontrava-se às margens do catolicismo.
Assim, a fé adquire um aspecto materialista, mundano, que acompanhava o sistema econômico à época em desenvolvimento.Nota-se, assim, que o homem não deveria moldar-se a ela, mas o contrário: ocorreu a racionalização da fé para que esta se submetesse aos padrões do capitalismo. O sistema de acumulação burguês encontrava-se, então, em melhores condições para ampliar suas ambições (ou ganâncias) : se, repentinamente, Deus passa a permitir o acúmulo, por que temer fazê-lo?

Postagem baseada no Tema 1 - Capitalismo: a racionalização da fé?