Contudo,na primeira metade do século quinhentista, René Descartes rompeu com a camada conceitual da escolástica ao edificar um sistema próprio, concebido por meio da dúvida, do questionamento criterioso e da razão. Em sua obra maior, Discurso do Método, Descartes lança as bases do seu pensamento filosófico, e, para tanto, define e descreve seu método utilizado como instrumento perscrutador do conhecimento.
O ceticismo metodológico cartesiano não só põe em xeque os preceitos da filosofia e metodologia clássica, como, também, constitui ferramenta funcional e criteriosa na procura de conhecimento verídico a partir das ciências. Assim, propicia espaço e método para a torrente de pesquisadores científicos que estavam a surgir e que, posteriormente, definiriam a ciência moderna.
É válido salientar que apesar da importância de Descartes para a derrocada de uma visão de mundo religiosa cristã, ele mesmo se definia como um católico e crente na figura divina.De fato, a existência de Deus é a segunda verdade universal para o filósofo do Discurso do método, a primeira é sua própria existência "Penso,logo existo", sua máxima irrefutável. E é por meio desta que prova-se aquela, pois, segundo Descartes, algo de natureza perfeita deve existir, e visto que não é o homem, pois este apenas duvida e não conhece, há de ser algo superior e, portanto, uma natureza que escapa da dependência da nossa. Conclui-se, então, que essa manifestação, a qual encerra em si todas as perfeições, só pode ser Deus.
Muito embora a importância capital de René Descartes, não deve-se aceitar sua obra e filosofia sem antes questioná-las criteriosamente e indagar-se a respeito de si mesmo e de todas as coisas, a fim de realizar verdadeira ciência.
Felipe P. Ravasio,1° Direito Diurno