o último, de rico pouco tinha
o primeiro, rico em vida
Enrico era faxineiro
Rico, homem de negócios
Enrico
andava de bolso vazio
cabeça cheia
de sonhos: uma casa, filhos formados,
descanso e paz no fim do dia
a vida sempre seguia
Rico tinha a
carteira pesada
tanto quanto
pesavam suas preocupações “o que fazer com os filhos?”
a vida sempre tão travada,
só mudando onde não precisava
Enrico
visualizava os anos seguintes
planejava,
poupavarecebia e pagava
vivia na simplicidade
dispensava requintes
Rico do
futuro nada concebia
emprego
mudavacidade também
medos cresciam mais e mais
sábio seria acumular mais um pouco
não vejo
mais “Enricos” entre nós
viver apenas
o hoje não dá maismoldar o tempo que vem depois, inútil
no mundo tomado pela efemeridade
entregamo-nos como a uma enfermidade
"Ricos" somos nós
mas ricos em nada somos
dinheiro, viagem e tecnologia
o que realmente importa já não está de pé
ficou no século passado, com Enrico
DERIVA: Sennett só quis nos dizer que
ainda é
preciso respirar.
Marco Alexandre Pacheco da Fonseca Filho - 1ºano Direito Matutino
Publicação baseada no texto da aula 10: Richard Sennett, "A corrosão do caráter" - cap.1 ("Deriva")