A sociedade humana se estrutura de maneira que se
busca o ótimo desenvolvimento do bem-estar, que pode ser, por vezes, distinto
do que se considera bem-estar social. Nesses momentos, majoritários quando se
busca analisar as sociedades empiricamente, ocorrem grandes distinções entre a
qualidade de vida dos mais variados grupos e indivíduos. A natureza humana,
egoísta, faz com que ocorra este movimento de elitização do bem-estar, que é
inevitável e, defendo, imprescindível. Por que imprescindível?
O princípio da igualdade é erroneamente considerado
pelos leigos e, infelizmente, se repete tal despreparo para os estudiosos
sociais. Não apenas se preconiza tratar os iguais como iguais, no que se torna
claro pelo próprio nome que se dá ao princípio, mas tratar como desiguais os
que efetivamente o são. Apesar disso, ocorre, é evidente, uma maximização deste
evento social que é a desigualdade. A reincidência exacerbada de disparidades
sociais permite que se desenvolva, na sociedade, concentração de renda e
violência, por exemplo.
A violência, objeto deste pequeno texto, decorre,
portanto, de um fato social e, assim, do âmbito público. Além disso, ocorrem
aberrações individuais. Que busco dizer com este termo? Não se vê e, nunca se
viu, em sociedade qualquer de todo decorrer da história, um caso no qual a
violência foi nula. Psicopatas e indivíduos violentos, cleptomaníacos e outras deturpações
à ordem social existem até mesmo em sociedades mais “igualitárias”. Esta causa
é individualista.
Ao se tratar a violência por estes dois âmbitos, o
individual e o social, se pode observar a existência e influência de ambos. Entretanto,
quando se observa a segunda modalidade de violência, é possível orientar os esforços
que devem ser empreendidos pela esfera pública no sentido de minorar os efeitos
das disparidades sociais e a incidência do fato social que pode ser denominado “desigualdade”.