Francis Bacon escreveu sua obra “Novum Organum” no contexto da crise do século XVI. Esta criou a necessidade de novos métodos práticos da ciência para a resolução dos problemas enfrentados, como a fome e a peste negra - daí surge a elaboração do "novo método" pensado por Bacon, que surgiria como apoio na resolução da crise.
O novo método consistia na revogação da filosofia grega tradicional, pois o autor julgava que esta não possuía alguma aplicabilidade prática, uma vez que a principal função da ciência seria garantir o bem comum, e a filosofia não o fazia. Assim, pregava que a sociedade deveria ir além dos mecanismos utilizados pela filosofia para buscar o conhecimento, sem nunca se satisfazer com esse, pois sempre há o que descobrir. Principalmente, pregava ir além do método cartesiano, aliando a razão característica dele à experiência, por julgar que a primeira ainda poderia se equivocar.
Tal novo método foi batizado por Bacon como o plano "Instauratio Magna". Apesar de não ter se concretizado por completo, ascendeu como um importante fator no fundamento da ciência moderna e também do Direito, por ter instituído a exigência de provas concretas na avaliação da veracidade dos fatos.
Outro aspecto transcendente da obra de Bacon é a concepção de "saber é poder", que surge com o autor, e tem crescido ao longo do tempo. É um dos principais fatos sociais que regem a sociedade contemporânea, uma vez que vemos o nível de conhecimento científico cada vez mais avançado, e quem o domina atinge as posições mais elevadas dentro de sua área. Também há o considerável aumento no investimento em pesquisa científica como prova da importância de tal concepção.
Em suma, o Novum Organum de Bacon, mesmo não tendo se realizado por inteiro, consistiu em uma das inovações mais importantes da época, se impondo contra a falta de obras práticas da filosofia e construindo a verdadeira base para as ciências atuais.
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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domingo, 25 de março de 2012
O “Instauratio Magna” de Bacon
O autor acreditava que o conhecimento deveria produzir bens úteis e clareza no pensar. Isso tornou-se um novo método que conseguiu erguer-se parcialmente no mundo atual.
O efeito de sua obra será dividido em duas partes. Uma que mantém-se firme e outra que não perdurou no mundo contemporâneo.
A primeira está pautada no pilar "saber igual a poder" e que fica muito evidente no contexto das relações bélicas e técnico-científicas do mundo moderno. Exemplos de dominações entre Estados e incremento do poder político-econômico são consequências muitas vezes diretas do avanço do conhecimento e saber nas ciências exatas, humanas e biológicas.
A segunda, que não parece atuar no palco das relações modernas, encontrava-se no método de como efetuar a linha de pensamento. Segundo Bacon, deveria-se ignorar os ídolos tipificados em sua obra e despir-se de raízes culturais, religiosas, fantasiosas, etc. Prova-se estar morta pelo número infinito de litígios e conflitos com embasamento religioso, cultural e muitas vezes de fundo racista e preconceituoso. Infelizmente a alavanca criada por Bacon para desenvolver e melhorar nossos sentidos no plano racional carece de adeptos.
Francis Bacon ainda é um metafísico.
O pensamento de Francis Bacon, exposto em seu livro “Novum Organum”, propõe que seja elaborado um novo método científico pautado na experiência. Pois Bacon acredita que a ciência tem de ser útil ao homem ao invés da concepção grega que toma a ciência, muitas vezes, como uma mera atividade para o desenvolvimento do intelecto. Deste modo, um leitor pouco atento, acreditaria que Bacon é um autor extremamente racional e crítico da metafísica clássica. Porém podemos tomar Bacon como um assassino da metafísica e influenciador direto do raciocínio que a ciência atual utiliza?
É certo que Bacon, rompe bastante com a metafísica grega ao longo de sua obra. Mostrando que a lógica aristotélica está muito mais próxima de ser considerada um tipo de arte do que ciência propriamente dita. E por isso ele é considerado o pai do empirismo. Todavia não podemos esquecer de resaltar que ele ainda é um filosofo metafísico. E, portanto, seu novo método ainda esta um pouco distante do da ciência contemporânea.
Isto ocorre, pois por mais que Bacon passe a sensação, ao longo de sua obra, de que seu método é o correspondente a “verdade” (ao “real”). Ele se esquece de que a sua concepção de “verdade” é ainda aquela bastante metafísica que fora dada pelos filósofos gregos. Pois seu novo método científico voltado para a experiência, utiliza a causalidade.
E graças à percepção do filosofo David Hume, a concepção de causalidade é transformada em uma crença que não, necessariamente, é lógica. Além disso, segundo Rudolf Carnap, enunciados como “real”, “verdadeiro” e “Deus”, muito utilizados no “Novum Organum” pertencem à classe de palavras sem sentido, isto é, palavras que carecem de ligação com quaisquer características empíricas. O que aproxima Bacon ainda mais da metafísica.
A busca pelo perfeito
Contrariedade Tão Antiga quanto o pensamento
Apesar do momento de grande desenvolvimento cientifico em que nos encontramos, tais questões tão antigas quanto o próprio pensamento ainda nos rondam, colocando em perspectiva o nosso real conhecimento.
Separar o joio do trigo
Na dúvida, experimento!
Francis Bacon e o planeta
Bacon em sua obra Novum Organum, propõe um método de desenvolvimento científico em que a mente se põe como senhora da natureza. Em que o homem deveria domar a natureza em seu favor, ao propor a escravização dos recursos naturais, Bacon abre porta para quiçá o maior problema enfrentado atualmente pela humanidade.
O desenvolvimento científico proporcionou melhores condições de subsistência às pessoas. E desta forma, abriu espaço para que o contingente populacional crescesse de forma que se torna insustentável explorar os recursos naturais somente em favor do homem. A idéia de separar o bem estar do homem ao dos demais elementos da natureza é um grande erro.
Não se pode pensar o homem como ser autônomo e soberano em relação aos demais recursos terrenos, pois ele é parte integrante e completamente dependente do bem estar do bioma em que se insere. Esta idéia arrogante de superioridade trouxe o planeta a um estágio crítico de devastação, que já impossibilita a vida em diversas localidades como ilhas usadas pra testes nucleares. E isto se torna ainda mais grave quando as pesquisas para meios de reverter os danos causados ou para meios de desenvolvimento sustentável, em sua maior parte, ainda engatinham.
O pensamento Baconiano que tanto contribuiu para o desenvolvimento científico chegou ao seu ápice, hoje a exploração indiscriminada de recursos naturais em favor da ciência se torna impraticável, de certa forma o pensamento de Bacon em relação ao modo de se lidar com a natureza necessita de ser superado.
"Somnium"
O Fundador da Ciência Moderna
A finalidade do conhecimento a que Bacon se referia era de fazê-lo útil ä sociedade. Sendo assim, havia a necessidade que essa produção de conhecimento fosse baseada em algo concreto, como pesquisas e experimentos. Dessa forma ele colocava em xeque a filosofia pela mera filosofia, ou a contemplação pelo mero ato de contemplar, tanto pela necessidade de respostas de tal forma úteis ao avanço da sociedade, quanto pelo fato de cada indivíduo ser em parte incapaz de um julgamento essencialmente correto, uma vez que somos influenciados pelos nossos “ídolos”, ou seja, pelas nossas incorretas percepções do mundo.
Com essa introdução de uma nova forma de pensamento e pelas diversas críticas äs formas antigas, Bacon conquistou olhares simpatizantes. Tal aceitação foi tamanha que, ao deixar clara sua visão renascentista, Francis Bacon foi considerado o fundador da ciência moderna.
Revolução e Intransigência
Sem freios se vai mais longe
O acesso da verdade
Podemos nos perguntar o que a filosofia dos gregos produziu para beneficiar a vida? “Os gregos, com efeito, possuem o que é próprio das crianças: estão sempre prontos para tagarelar, mas são incapazes de gerar, pois, a sua sabedoria é farta em palavras, mas estéril de obras.” Para Bacon a mente produz muito, mas são poucas as ações. Uma coisa é certa, a partir do momento que existe a necessidade as ideias se transformam em ação.
A percepção de mundo para Bacon ocorre sempre através da observação da natureza, porém esta observação não pode ocorrer através dos sentidos, os quais são algo enganador. A verdadeira interpretação da natureza se cumpre com experimentos adequados, sobre os quais os sentidos fazem-se necessários. Sendo assim, os sentidos julgam os experimentos e estes julgam a natureza.
Ademais, a verdadeira interpretação do mundo deve abandonar qualquer tipo de idolatria, pois a existência de ídolos leva o homem a agir por intermédio dos sentidos, o que consequentemente obstrui a mente humana a ponto de ser difícil o acesso da verdade.
Matheus da Silva Mayor
O saber realmente é um poder
Saber é Privilégio
Adeus, Contemplativistas.
A partir desse pressuposto, Francis Bacon fundamenta sua visão indutiva, que dialoga com o cartesianismo acerca da busca possível de vencer os defeitos do conhecimento por meio de uma reforma do entendimento e das ciências, propondo para isso meios plausíveis de desvinculação com o “equivoco pré-concebido”.
Dentre tais meios, Bacon faz uso da instauração de um método para que consigamos aplicar o pensamento lógico, tornando possível filtrarmos os dados recebidos da experiência sensível a fim de que desenvolvamos procedimentos adequados à aplicação prática e tangível dos resultados obtidos no meio teórico.
Também faz-se possível observar no obra baconiana um enorme apresso ao empirismo, no qual as experiências, controladas e objetivadas, constituirão a verdadeira interpretação da natureza.
Em suma, nota-se que devemos cultivar o desapego aos conhecimentos contemplativos, que não encontrarão respostas ou sugestões para o avanço cientifico, mas que cultivemos o apego a busca pelo conhecimento novo, instrumental e útil, por meio da exploração e experimentação de formas desmedidas, a fim de que consigamos a consolidação de um conhecimento propriamente verossímil.
Fracis Bacon x Filosofia Clássica
Extinção da ciência estéril
Utopia de Bacon
Atualmente, vivemos do senso comum e dos "ídolos", que segundo Bacon, são as falsas percepções do mundo. Somos influenciados pelas paixões, pelos sentidos, pelas relações pessoais e ainda pelas supertições e misticismos. Em partes o autor tem razão, mas a sua visão de mundo pode ser considerada como pessimista, porque é natural que nem todas as indagações gerem algo de concreto.
A ciência evolui de acordo com as necessidades da humanidade e a filosofia antiga apesar de não ter produzido algo real, gerou uma série de questões atemporais, a maioria delas ainda não possuem uma resposta certa. De qualquer maneira, Bacon revolucionou a ciência moderna e contribui para uma nova visão de mundo, mas é bem provável que a sua ideia de dominação e interpretação completa da natureza demore muito para se concretizar, porque a humanidade ainda precisa evoluir muito para compreender algo tão complexo.
Jéssica Duquini