Vai trabalhar vagabundo
Vai
trabalhar, vagabundo
Vai trabalhar, criatura
Deus permite a todo mundo
Uma loucura
Passa o domingo em família
Segunda-feira beleza
Embarca com alegria
Na correnteza
Vai trabalhar, criatura
Deus permite a todo mundo
Uma loucura
Passa o domingo em família
Segunda-feira beleza
Embarca com alegria
Na correnteza
Prepara o teu documento
Carimba o teu coração
Não perde nem um momento
Perde a razão
Pode esquecer a mulata
Pode esquecer o bilhar
Pode apertar a gravata
(Chico Buarque de Hollanda)
Carimba o teu coração
Não perde nem um momento
Perde a razão
Pode esquecer a mulata
Pode esquecer o bilhar
Pode apertar a gravata
(Chico Buarque de Hollanda)
Na
música Vai trabalhar vagabundo de Chico Buarque, o compositor aborda de maneira
lúdica a ética ascética do trabalho, presente no protestantismo analisado pelo
sociólogo Max Weber para edificar os esteios do ideário capitalista.
Em
“A ética protestaste e o espírito do capitalismo” o sociólogo apregoa a maneira
como a ética do trabalho e acumulação própria do calvinismo influenciou o modo
de produção capitalista. De tal sorte que para tal, parte no sentido oposto do
pensamento marxista, no qual o modo de produção é a causa central da cultura,
ou seja, para Weber, a cultura (a ética protestante) é a causa do modo de
produção.
Nesse
confronto de ideias é razoável pensar: a mudança do modo de produção é causa ou
consequência da mudança do modo de pensar?
Ainda
assim, Weber não procurou em seus escritos desdizer a obra do materialismo histórico
marxista, mas propor um princípio diferente para um processo que culmina num
ponto comum para ambos sociólogos, ilustrado no cotidiano atroz dos “vagabundos”
que enxergam o domingo de descanso como uma loucura, concedida por Deus.
Marcus Vinícius de Faria.
Marcus Vinícius de Faria.