Revisão da Lei de Cotas
A palestra ocorrida no dia 24 de junho de 2021 teve como contexto o anúncio, por parte do Governo Federal, de uma revisão na Lei de Cotas, implantada em 2012, prevista para 2022. Participaram dela os estudiosos da temática Juarez Xavier e Dagoberto Fonseca. Ambos dispuseram-se a abordar a questão sob uma perspectiva histórica.. Dentre as temáticas abordadas pelo primeiro estava o fato de que, enquanto na maioria das demais nações as cotas servem a uma minoria numérica, no Brasil elas abarcam a maior parte da população, pois tal país contém a segunda maior população negra do mundo. Além disso, ele construiu relações entre a postura dos políticos brasileiros, que formalizaram o racismo como crime somente em 1988, o conceito de beleza vigente no país, que considera feio, e por isso menos digno, o afrodescendente, e a existência de cotas para brancos na ocupação dos postos de trabalho e das habitações centrais das cidades, que se apresentaram de diversos modos ao longo da história brasileira. Por fim, o pensador discutiu a introdução de autores como Achille Mbembe na bibliografia básica a partir de requisições dos cotistas que adentraram a universidade em 2012 e nos anos posteriores e o fato de que, para se pensa em uma diminuição das cotas raciais, é essencial que haja provada melhoria na condição socioeconômica de vida da mulher negra, grupo mais numeroso e mais oprimido no Brasil. Já o segundo, apontou como problemática a mortandade de jovens negros, em idade reprodutiva, tanto na África colonial quanto no Brasil contemporâneo. Ademais, ele prosseguiu comentando que esse grupo construiu universidades em solo brasileiro desde 1930, mas só pode usufruir delas no século XXI, e que a sociedade nacional é composta de vampiros que têm sobrevivido às custas de sangue negro e indígena. No final de suas colocações, ele ressaltou que os jovens cotistas apresentam excelentes rendimentos, e elevam as médias dos cursos em que ingressam. Ao final do evento, ambos responderam perguntas dos espectadores. Dentre os ditos nesse momento estavam que os bancos de heteroidentificação das universidades corroboram o impedimento ao boicote à Lei de Cotas e que a polêmica entre os usos de "preto" e "negro" não passam de tentativas racistas para criar divisionismos na comunidade afrodescendente. Finalmente, foi discutida a questão da postura do Governo Bolsonaro diante da multietnicidade do Brasil.
Maria Paula Aleixo Golrks - Primeiro semestre de Direito matutino.