Emile
Durkhein foi um grande filósofo francês, consolidando sua reputação ao publicar
obras sobre o funcionalismo e o fato social. Assim como Auguste Comte, a
sociedade era o objeto prevalente em seus âmbitos de estudo. Porém, ele
discordava de Comte em muitos aspectos, escrevendo críticas que geraram muito
material para a seus livros.
Nascido à luz de uma revolução no pensamento
da sociedade pelo surgimento de novas ideias sobre como guiar o funcionamento
da mesma, como o capitalismo e o socialismo, Durkhein escreveu, em sua primeira
obra, “Suicídio”, sobre como o individualismo estava consumindo as pessoas da
época. Ele dissertou sobre a mudança de estilo de vida com a prevalência do
capital, uma vez que, agora, as pessoas se importariam cada vez mais com si
mesmas, colocando o bem individual acima do coletivo. Isso dava a elas o poder
de decisão sobre com quem iriam casar, qual seria o seu emprego e sua religião,
dentre outras opções. Caso tudo corresse bem, seria feliz; porém, se falhasse
em uma coisa que escolheu para si, o indivíduo entraria em estado de depressão,
se culpando por tudo de errado que aconteceu, mesmo que, por vezes, não seja dele
a culpa.
Concomitante a isso, a ideia de fato social é
de algo que ocorre exteriormente ao indivíduo, ou seja, que nos molda e
influencia sem que possamos ter controle. Por isso, nem tudo que prejudica um ser
humano é causado por ele, mas o capitalismo e a ideia de libertação pela
capacidade de decidir tudo por conta própria criam essa visão equivocada nas
pessoas.
Ademais, o francês critica seu conterrâneo,
Auguste Comte, quanto à análise das coisas. O Positivismo de Comte sugeria a
criação de um pré-conceito, baseado no que cada um acha de uma coisa, para
depois ter contato com ela, já com ideias enraizadas. Durkhein afirma que,
primeiro, é necessário conhecer, ter contato com algo, para depois depreender
ideias sobre aquilo. Isso evitaria, em muitos casos, o preconceito cultural e
étnico presente em nossa sociedade, o qual se limita a escutar e validar apenas
as vozes dominantes, e impedir a expressão do oprimido. Tal fato é estudado e
conceituado pela escritora portuguesa Grada Kilomba, em sua obra “Memórias de
plantação: episódios e racismo cotidiano”. Nela, a autora conduz uma linha de
pensamento que questiona: “quem pode falar?”. E, desde sempre, a resposta foi: “A
subalterna não pode falar”, pois, se expressar como é a sua condição, vai
reacender o debate e revoltar as pessoas, e a classe dominante não quer
revolta, pois gosta de tudo como está. Os governantes romanos não criaram a
política do “pão e circo” porque queriam o bem da população; eles a criaram
para ocupar as pessoas com outras atividades, tirando o foco das atitudes do
governo.
Matheus Barboza Galatte, 1° ano matutino