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quinta-feira, 21 de março de 2024

Moral positiva: progresso ou regresso?

 A questão moral sempre existiu em todas as sociedades, pois ela se estabelece como um guia social, assim cada povo tem sua moral que pode ser tanto cultural como religiosa, em que há a determinação das decisões, critérios e valores de uma população. Nesse sentido, é possível estabelecer um paralelo entre a moral e o positivismo tratado pelo sociólogo Auguste Comte, em que para o autor existem leis gerais da sociedade, essas leis, muitas vezes, são guiadas excessivamente pela moral, porém esse excesso pode ser prejudicial para a sociedade, em razão de que pode ser guiado por juízos de valores. Logo, surge o Positivismo que tem uma base moral, mas segue a razão e a ciência a fim de que mediante uma centralidade moral posso haver o progresso da sociedade.

   Desse modo, se cria a falsa imagem de que o Positivismo é o sinônimo de desenvolvimento e que através dele existirá uma sociedade justa e progressista, entretanto essa forma de pensamento trata o conhecimento como fatos observados e sempre buscando o bem da maioria, consequentemente, colocando as minorias em um lugar de insatisfação e exclusão. Diante disso, é necessário ressaltar um exemplo de uma visão positiva prejudicial à sociedade: é fato na sociedade em que a maioria dos crimes têm como julgados a população negra marginalizada, para um positivista, que vê apenas fatos, o problema da criminalidade é a população negra marginalizada, então, a única solução seria acabar com essa população, para que se possa alcançar o bem da maioria com a diminuição de crimes, assim, ignorando e prejudicando a minoria. Portanto, essa solução não é nada humanitária visto que a solução não é ver fatos sobre fatos e sim a raiz do problema para que se possa pensar em todos e não apenas na solução mais fácil para o geral em razão do progresso. 

     Diante do exposto, o positivismo e a moral, muitas vezes, podem andar juntos ou separados, porém a moral positivista, em muitos casos, leva a uma conservação de um modo de viver que exclue quem não o segue. Apesar de sua  contribuição que trouxe a sociologia como ciência, ela se mostra um regresso por conservar um pensamento que exclui e marginaliza . 

        Maria Clara Sousa Sanches - 1 ano de direito

A CORRUPÇÃO NO BRASIL A PARTIR DO FUNCIONALISMO

 

Émile Durkheim foi um sociólogo francês reconhecido por ter fundado o Funcionalismo, corrente que compreende a harmonia e a estabilidade como as bases para o bom funcionamento da sociedade. Com isso, o pensador apresentou dois tipos de solidariedades responsáveis por manter a coesão social: a Solidariedade Mecânica e a Solidariedade Orgânica. Neste texto, vamos priorizar a mecânica, a qual deriva das semelhanças entre os indivíduos, o que cria a chamada consciência coletiva.

Segundo Durkheim, é justamente o senso de igualdade (de pensar e agir) que faz com que os indivíduos se sintam parte do todo e contribuam de maneira positiva para a vida em sociedade. Um crime, de acordo com o sociólogo, nada mais é do que uma transgressão violenta da consciência coletiva, causando ojeriza nos demais indivíduos e enfraquecendo a coesão social. Dessa forma, faz-se necessária a aplicação de uma pena ao transgressor, não para corrigi-lo, mas principalmente para ratificar a força da consciência coletiva e manter a solidariedade social. Caso contrário, a coesão enfraqueceria e a sociedade entraria num estado de anomia, caracterizado pela desintegração das normas sociais.

Atualmente, o Brasil sofre com uma mazela que advém desde o período colonial: a corrupção. Tal problema tem se tornado cada vez mais latente, escancarado e – o pior – institucionalizado. Alvo de promessas políticas e discursos demagógicos, a corrupção, além de tornar o Estado mais ineficiente e dispendioso, é um ato que atenta contra a consciência coletiva e que deveria ser devidamente punido para manter a solidariedade da nação brasileira firme.

Entretanto, apesar de alguns casos culminarem em sanções, a grande impressão da população é que a maior parte dos corruptos nunca são sequer investigados, quiçá punidos, pelos seus atos. Assim, é nítida a instauração de um estado de anomia no país, derivado, justamente, do enfraquecimento da consciência coletiva causado pela noção de impunibilidade. Com isso, a sociedade brasileira torna-se mais frágil, e seus indivíduos perdem o desejo de contribuir positivamente para o seu desenvolvimento, principalmente no que tange o valor da honestidade.

Portanto, em função desse declínio, pode-se compreender uma gama de ações desonestas por parte considerável dos brasileiros no cotidiano, como sonegar imposto, furar fila, falsificar documentos, pirataria e várias outras. Vale ressaltar que este texto não pretende justificar tais atitudes, tampouco colocar a impunibilidade da corrupção como sua única causa. Porém, ao trazer o pensamento durkheimiano para a realidade brasileira contemporânea, entende-se melhor como o fraco combate à corrupção no Brasil impacta diariamente na consciência social e, consequentemente, nas atitudes do brasileiro médio.

 

Tiago Zanola Ferranti, 1º ano - Matutino, RA: 241221366

Voz tem cor ?

 A sociedade atual, em todos os seus aspectos, enfrenta o racismo, não se é possível ver televisão ou escutar uma música sem que o racismo fique escancarado. Casos em realitys shows como o Big Brother são um retrato da sociedade, em que, um exemplo entre milhares que ocorreram no programa, são as ex participantes negras: Domitila e Lumena que são ativistas da luta negra e foram e são, frequentemente, inferiorizadas e têm todos os dias suas falas, discussões e opiniões consideradas sem valor, tanto entre outros participantes como nas redes sociais, além de,muitas vezes, terem sido consideradas agressivas e arrogantes por apenas terem a mesmas atitudes que pessoas brancas de impor sua opinião. 

   Desse modo, é notável que quando uma pessoa negra tenta se expressar e falar sobre a sociedade racista que ainda existe, sua opinião sempre é colocada em pauta como drama ou exagero, a partir disso se abre o questionamento: em quais lugares de autoridade e representatividade as pessoas negras estão presentes? É evidente, os lugares que não estão, a falta de pessoa negra nos cargos de representatividade da nossa sociedade, nos centros artísticos e nos centros acadêmicos, demonstra o racismo estrutural que permanece em toda a contemporaneidade. 

    Diante disso, cabe ressaltar o discurso da escritora Grada Kilomba que faz o questionamento: "Quem pode falar?", a escritora trata sobre as dificuldades do negro em se expressar dentro de um regime colonialista e racista e a ausência da voz do colonizado, muitas vezes, por carecerem de motivação para o ativismo político, pois através da opressão se cria a falsa consciência de que o corpo do negro e suas falas são impróprias para o ativismo político, para os centros acadêmicos e para os lugares de representatividade, portanto, quando pessoas negras tentam se expressar, assim como, no reality show BBB, ao invés de serem escutadas e terem suas demandas atendidas, são invalidadas. Isso demonstra como a luta negra esta distante de acabar e os negros devem persistir para conseguirem conquistar um lugar de fala dentro dessa sociedade racista. 

 maria clara sousa sanches 1 ano de direito