Em seu estudo " O Espírito do Capitalismo", Weber destaca as origens do capitalismo e também os impactos que este trouxe nas relações do homem com o trabalho, com a religião e com a sociedade. A autobiografia de Benjamin Franklin é muito citada, visto que sua vida possui inúmeras virtudes de um capitalismo moderno.
Weber, através de exemplos, mostra a diferença da relação do homem com o trabalho baseada no tradicionalismo e da baseada em princípios capitalistas modernos. Na concepção tradicionalista, o trabalhador é mais atraído a trabalhar menos do que a ganhar mais, e o empreendedor está mais preocupado com o seu consumo do que com a otimização da produção. Entretanto, o "espírito capitalista" prega outra filosofia, a qual é baseada no aumento do capital através da diligência no trabalho.
Mesmo com o consequente aumento na produção devido ao desenvolvimento do capitalismo, é questionável a melhora da qualidade de vida da sociedade como um todo. quanto maior for a consciência capitalista , que é individualista, maior serão as desigualdades sociais.
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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segunda-feira, 20 de agosto de 2012
O Racionalismo de Weber
Segundo Weber, a racionalização é a característica principal do capitalismo. O uso da razão nas relações econômicas permite ao homem distinguir entre os seus bens particulares e os bens da empresa. Também encontramos a racionalização científica, através da qual a tecnologia desenvolvida permite ao homem aproveitar melhor os recursos naturais existentes, por exemplo, a energia eólica, hidráulica, etc.
O capitalismo se sustenta em determinadas regras e normas, as quais possibilitam a existência e continuidade do sistema capitalista. Isto é o que Weber chama de racionalização jurídica.
Além disso, a racionalização do comportamento humano é de fundamental importância para a existência do capitalismo. Weber afirma que existiram obstáculos espirituais que dificultaram o desenvolvimento de uma conduta econômica adotada pelo homem ao longo de sua história.
Deste modo, Weber adota o Protestantismo como uma forma do indivíduo modificar sua consciência e a partir daí adotar qualidades que permitem o pleno desenvolvimento econômico. Através do Protestantismo, a idéia da salvação do homem se modifica, pois a posse de bens materiais não se torna mais um pecado. O homem não precisa mais se conformar com a humildade, agora ele pode dominar o mundo.
Weber e o capitalismo
Em análise ao texto “espírito do capitalismo”, Weber procura analisar o capitalismo em suas
conexões.
Para ele, não é apenas o advento da burguesia com a ânsia pelo lucro que vai gerar o capitalismo em si, pois essa busca incessante por mais riqueza sempre existiu. Ele também denota que foi a cultura ocidental quem criou a ideia dessa inversão racional do dinheiro como forma de produzir outros bens para produzir mais capital. O dinheiro como fim em si mesmo, ou seja, em mais dinheiro. Afirma ainda, que a dependência do capitalismo do avanço da ciência e da técnica se direciona no sentido da aplicação da ciência na economia, uma vez que a filosofia antiga que só servia para contemplar. Já no aspecto fundamental da racionalização jurídica, a ambição por lucrar não é capitalismo. O direito seria a "mola mestra" do mesmo, pois garante a propriedade e a sobrevivência do capitalismo, promovendo o cumprimento de contratos e as regras básicas dos investimentos. E isso é o que garante que o capital não será sorvido pelo Estado ou por hordas de bárbaros.
Para ele, não é apenas o advento da burguesia com a ânsia pelo lucro que vai gerar o capitalismo em si, pois essa busca incessante por mais riqueza sempre existiu. Ele também denota que foi a cultura ocidental quem criou a ideia dessa inversão racional do dinheiro como forma de produzir outros bens para produzir mais capital. O dinheiro como fim em si mesmo, ou seja, em mais dinheiro. Afirma ainda, que a dependência do capitalismo do avanço da ciência e da técnica se direciona no sentido da aplicação da ciência na economia, uma vez que a filosofia antiga que só servia para contemplar. Já no aspecto fundamental da racionalização jurídica, a ambição por lucrar não é capitalismo. O direito seria a "mola mestra" do mesmo, pois garante a propriedade e a sobrevivência do capitalismo, promovendo o cumprimento de contratos e as regras básicas dos investimentos. E isso é o que garante que o capital não será sorvido pelo Estado ou por hordas de bárbaros.
Para finalizar, percebe-se que, enquanto
para Marx as grandes lutas eram para se desvencilhar da opressão do capital,
para Weber era para se libertar do trabalho excessivo, não o sentido político
da opressão, mas cultural.
No texto de Max Weber “O espírito do capitalismo” ele
tenta compreender a singularidade do Ocidente, afirmando que em qualquer lugar
as pessoas apresentam um mesmo padrão de comportamento e conduta, e ainda que
aquilo que surge em uma região específica se dissemina no mundo. Assim, nota-se
já uma diferença para Marx, que pensava que os modos de produção que determinam
os comportamentos.
Weber ao discutir sobre o capitalismo, afirma que o amplo
interesse e a ganância por lucros, não são atitudes referentes a este processo,
afirmando que tais atos já existiam, e eram usados por garçons e prostitutas,
por exemplo. Além de também afirmar que a troca não era algo inovador.
Para ele quem é capitalista tem o objetivo de fazer o
capital se movimentar e circular por si só, permitindo uma dinamização racional
do investimento, e que o que é inovador é a racionalização da moeda, a partir
da troca.
Usando a ideia de
racionalização, Weber diferencia o modo de produção capitalista dos outros que
já existiram. Primeiramente há a “racionalização contábil” onde acontece a
separação da empresa da economia doméstica, ou seja, os bens da empresa são diferentes
dos bens do indivíduo, portanto o direito cria a empresa jurídica e a pessoa
jurídica. Há também a “racionalização científica” em que o capitalismo fica
dependente das ciências exatas e da natureza. Há a “racionalidade jurídica” em
que as estruturas do direito e da administração são usadas como modo de
gerenciar, e torna possível o fato do modo capitalista se perdurar no tempo,
garantindo, por exemplo, a propriedade. E assim há também a “racionalização do
homem” que é necessário para que o homem adote os modos de condutas e
comportamentos impostos. Assim quando se modifica a consciência de individuo, o
passo seguinte é a mudança da consciência externa.
Para Weber o racionalismo ocidental
tem como características a dominação do mundo, em contraposição á conformação
ao mundo do racionalismo oriental.
Essa racionalização não é só
do empreendimento, mas se transforma na racionalização da vida. Isso é
cotidiano, a classe trabalhadora incorporou como ética de vida, o que o weber
chamou de ascetismo (padrão de comportamento baseado na disciplina).
Racionalização inversa
Racional: que tem a faculdade de
raciocinar; conforme à razão, razoável, lógico.
Justamente pelo fato de o
homem ser racional explica-se o porquê de se seguir um padrão de conduta,
talvez até mesmo sem questionamentos. Trata-se apenas de seguir o fluxo
contínuo da humanidade, dos seus semelhantes: roupas iguais à todos, mesmos
padrões comportamentais, mesmos pensamentos. E assim se segue a vida, a morte e
futuras gerações.
O estranho mesmo é estar
dentro de toda essa ética comum a todos, todos esses comportamentos e se
estudar sobre isso, questionar. Você sempre fez parte desse todo, e tentar
compreender justamente o porquê você segue ou porque nunca se questionou é
muito estranho.
É como se fosse necessário que todos
os seres humanos, com a mesma ética, tivessem de ser acordados ao som da
seguinte voz: “O negócio é o seguinte, você é racional, não questiona o mundo a
sua volta, apenas tem que se manter nesse mundo, consumindo, trabalhando,
acumulando dinheiro. Já pensou se parasse de trabalhar? Se pudesse fazer o que
realmente gosta? Se pudesse viajar para onde quiser? Por que não pode? Por que
não tenta?.”
Entretanto, a resposta mais
provável que seria dada: “Não posso largar tudo, essa é minha vida, meu viver,
meu cotidiano, tenho família, filhos.”.
Toda essa conduta metódica,
de se ter um cotidiano, e manter-se assim por toda uma vida, não mudará. A
questão que foi colocada não é a mudança física, e sim a mudança nos
pensamentos. O pensar, repensar. Repensar sua vida, repensar suas ações. Por
que age de tal forma? Por que está em consenso com tudo? A questão era E SE, e
não FAÇA.
Voltando-se a ideia do ser
racional. Racional seria aquele que produz para sua própria manutenção, e não o
que produz para acumular. Aquele que vive bem e saudável e não o que está
doente por causa de problemas causados justamente por trabalhar tanto. Racional
aquele que não massacra seus semelhantes só para possuir mais, e sim o que vive
em harmonia. Racional o que questiona, é razoável. Percebe-se então que essa
extrema racionalização da vida, do homem, faz do homem não tão racional assim,
ao contrário, ela “desracionaliza” o homem, transformando-o em até mesmo
irracional, que age conforme instintos criados, e esquece o que é ser humano.
Trata-se de uma ética que
não é racional, ela destrói, ao invés de construir, ela prende ao invés de
libertar pensamentos. E bem, essa ética é a que se segue pelo sistema conhecido
como capitalismo, é segundo Weber “O espírito do capitalismo”, é justamente o
que caracteriza o próprio capitalismo, é ele que molda vidas, costumes, e até
mesmo culturas.
Júlia Godoi Rodrigues
Weberianismo, mas nem tanto.
Indubitavelmente, a constituição de uma nova ordem mercantil com a maximização da racionalização dos lucros e da perspectiva capitalista a partir do Renascimento com seu procedimento futuro no Iluminismo e fundamentalmente nos processos de Revolução Industrial e Globalização Capitalista é um processo que carece de um novo verniz para a humanidade, isto é, de uma nova cultura moral que pudesse estar alinhada com as novas demandas e principalmente resolvessem alguns pontos da então cultura ocidental.
A Reforma Protestante de 1500 é sobretudo o evento no campo da superestrutura, tendo óbvios laços com o a estrutura econômica (pois não há mudanças ideológicas abortadas dos processos econômicos) que mais dinamizou a vida política européia a partir do Renascimento.
Todavia, a visão Weberiana, que a constitui (a Reforma) como locomotiva da modernização capitalista equivoca-se ao mudar a centralidade do processo histórico e os seus principais sujeitos:
A cultura jamais será a vanguarda formuladora de uma processo histórico, esta, enquanto elemento histórico e político só pode vir a reboque de mudanças no cerne da sociedade, cerne este composto pela estrutura político-econômica.
A constituição da história, neste sentido não se faz de forma casual, mas sim explicada historicamente pela leis que move a civilização, a luta de classes. Não é coincidência o surgimento do Protestantismo. O processo de modernização, já inaugurado anos antes pelos autores renascentistas já indicavam a necessidade de se reconstruir pontos ideológicos da cultura ocidental rompendo com a negação pejorativa do trabalho de origem judaico-cristã, romper com essa perspectiva católica é papel fulcral para a racionalidade dos meios produtivos e desenvolvimento produtivo mais avançado.
Portanto é projeto burguês para ascensão e manutenção do poder constituir uma nova ideologia de homem, assim como os reis que herdaram o processo do fim do Império Romano do Ocidente incentivaram um modelo superestrutural de humanidade que beneficiassem e estivessem em alinhamento com o seu projeto de mundo.
A Reforma Protestante, e especificamente o Calvinismo e suas derivações regionais são elementos à reboque desta nova constituição burguesa de homem, não sendo sinônimo de racionalização e nem a única forma de racionalizar ideologicamente a perspectiva moral do indivíduo dentro do processo de produção.
Uma forma convincente que deu certo historicamente, mas, restrita a um sujeito-tempo histórico e aquém da lei que move a humanidade e dos processos estruturais.
Carpe Vitae Protestante
Carpe Vitae
Protestante
Ao
contrário de sua irmã, da qual se originou, a principal diferença da igreja
Protestante para a Católica é que a primeira muda principalmente o foco sobre a
divindade da vida terrena e da espiritual. Na Católica, a vida espiritual
estava em orações e cânticos e a vida material servia como o lastro de um navio
a afundar e impedir o pleno desenvolvimento espiritual de seus fiéis. A visão
escatológica de mundo Católica não criava desejos de luxo, mas de uma vida de
humildade a ser recompensada no céu. Por outro lado, a Protestante usa da
dignação e exaltação do trabalho e dos dons herdados, como canto, habilidades
manuais, talentos possuídos e úteis como presentes divinos que devem ser
agradecidos. O trabalho é então produto de Deus e um meio de se aproximar a
Ele. A riqueza é a recompensa pelo espírito empreendedor nos negócios e
comedido na vida privada.
O
capitalismo por ter surgido na Europa, devido principalmente ao continente ter
passado por eventos históricos peculiares como a presença de reinos
fragmentados, principados e ducados, suas rotas de comércio, o desenvolvimento
manufatureiro e a necessidade da estabilização de preços de produtos idênticos
em lugares variados criou o princípio da inflação e o que veio a ser a
economia-mundo capitalista. Nesta há o foco no trabalho e no dinheiro.
Diferente do passado quando havia a troca e a barganha, agora tudo dependia da
força ilusória ou real de uma moeda.
Dessa
forma, a cultura Protestante, principalmente a Calvinista, com seu foco e seu
apoio irrestrito à obtenção de dinheiro e ao trabalho impulsiona seus fiéis a
encontrar um meio pelo qual o trabalho, os produtos e os serviços se tornam
mercadorias ao invés de serem instrumentos da subsistência como ocorria na alta
idade média. Assim, a religião que induz seus praticantes a valorizar a vida na
terra, e as maravilhas as quais esta pode proporcionar (como os produtos que
chegam pelo mediterrâneo) cria o ambiente perfeito para o desenvolvimento de
uma economia globalizada, unida e baseada no poder da moeda, trabalho e consumo.
Raul da Silva Carmo. Aluno do 1º Ano do Curso de Direito Noturno da UNESP Turma 2012-2016.
Weber e os valores humanos
A compreensão sociológica de Max Weber entrou em
conflito com o materialismo dialético de Marx e Engels quando o primeiro autor
criticou a metodologia dos últimos dois. Ao afirmar que a concepção
materialista da história e o “denominador comum” do marxismo eram resultado de
uma necessidade dogmática de encontrar um princípio universalmente válido,
Weber conseguiu desmascarar a desfiguração causada pelo materialismo, que foi e
ainda é considerado em muitos casos um mandamento ético, assim como os
elementos incondicionais de uma religião, e revelou as possibilidades de
aparecimento dos valores culturais, tradicionais e religiosos como
transformadores das ações sociais.
A partir daí, Weber, ao escrever sobre os tipos de
ações humanas relacionadas aos valores, emoções, tradições e objetivos do
homem, conseguiu, na obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo”
criticar mais uma vez o marxismo, colocando o “espírito da acumulação” como
gerador do capitalismo, sendo assim, uma transformação econômica, que para Marx
seria originada pela constante luta de classes, foi, na verdade, executada por
uma condição de valores humanos, um embate cultural e moral que construiu uma
nova idéia de acumulação de capital.
A abrangência do sentido que Weber empregou às ações
sociais, pautado nos valores culturais e tradicionais, proporcionou um embate
com um dos principais pilares de sustentação do conceito da luta de classes. O
autor expôs que o simples trabalhador possui a oportunidade de crescer dentro
do capitalismo ao se associar com a burguesia, utilizando o sistema capitalista
como veículo de ascensão econômica e social, porém não o fazia porque seus valores
estavam consolidados pela tradição e, principalmente, pela religião, o que não
existe dentro da teoria marxista, já que, segundo esta, a exploração da classe
operária, cenário do famoso mecanismo da “mais-valia”, é fator decisivo de
criação de uma sociedade estamental moderna.
Por fim, pode-se citar que Weber trás a diferenciação
do modo de produção capitalista de quaisquer outros: a racionalização. É este
mais um fator a se adicionar aos conceitos weberianos de transformação pelos
valores humanos, expressão que se concretizou como o instrumento de
desenvolvimento da ética protestante e do espírito do capitalismo.
Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come
Fica evidente Em A Ética Protestante e o Espírito
Capitalista de Max Weber, que a burguesia ao instituir seu sistema não fez só
uma Revolução econômica e política, mas para a manutenção desse poder fez uma Revolução
Cultural capaz de enraizar valores antes ignorados pelos indivíduos e modificar
a essência de algumas virtudes. Por exemplo, a honestidade recebeu importância
por assegurar o crédito. Na Grécia Antiga dava-se muito valor ao ócio que
possibilitou a criação da Democracia, que mais tarde com alguns valores
modificados foi incorporada pelo Capitalismo. No entanto esse sistema colocou o
ócio como pecaminoso e deu um valor extremo à racionalização da vida, do tempo
instaurando uma ética do trabalho que deveria ser seguida por todos sob pena de
exclusão social.
Weber ao analisar a valorização do “FAZER DINHEIRO” me faz
lembrar a imagem dos milhares de
retirantes nordestinos- retratados por Portinari e Graciliano Ramos em suas
obras - que deixaram suas terras, abandonaram suas antigas vidas para, em busca
do “FAZER A VIDA”, procurarem melhores condições de sobrevivência nos grandes
centros urbanos. E é ai que o capitalismo se mostra cada vez mais maquiavélico,
pois com a ajuda de uma indústria da seca consegue aliciar aquelas vítimas do
sertão para que trabalhem em suas indústrias, ou seja, se mostra eficaz quando
o assunto é racionalizar...racionalizar tempo, trabalho, sonhos e até a seca. Aliás tudo isso a propaganda de
um modo de vida que deve ser tomado como ideal. Esses milhares de Fabianos
passam a trabalhar mais e mais e mais, o suor de suas caras constrói grandes
metrópoles com todas as inovações que as cidades devem ter. Contudo a situação
cotidiana em suas casas não muda, permanecem a fome, a humilhação ( não mais de
um senhor de terras, um coronel, mas agora de um senhor da cidade); continuam a
viver sem condições mínimas de saneamento. Os meninos não frequentam uma
escola, se educam nas ruas, Sinhá Vitória continua sem a sonhada cama de couro,
sem conforto e Fabiano continua a ser visto como um animal, não só por si mesmo
mas agora por toda uma sociedade urbana e, definitivamente, isso não é positivo
mais. Não há para onde fugir, as garras do homem ganancioso, seja ele um grande
latifundiário ou seja ele um grande burguês, sempre vão lhe alcançar.
Jéssica Thais de Lima
Já estamos condicionados a pensar que quando formos adultos, teremos que trabalhar para
nos sustentar e alcançar tudo o que desejamos materialmente. Mas tal ideia nem
sempre foi tão natural como a vemos atualmente, pois o trabalho estava relacionado
a uma imagem negativa. Aliás, a palavra “trabalho” deriva de “tripalium” –
instrumento romano de tortura.
Se pensarmos nos
períodos históricos anteriores, observaremos que o trabalho era realizado por
escravos na Antiguidade e por servos na Idade Média, ou seja, tratava-se de uma
ação desonrosa e, sendo assim, deveria ser praticada por aqueles que tinham
menor prestígio social.
Foi somente com o
surgimento do Protestantismo que essa concepção mudou. O Protestantismo trouxe
consigo uma ideologia que justificava a ação dos homens da época – em que
surgia também o mercantilismo - de acordo com os seus preceitos religiosos. Por
exemplo, a obtenção do lucro – condenada pela Igreja Católica naquele contexto –
passa a ser aceita segundo o Protestantismo, que se apoiava no Princípio da Predestinação,
o qual pregava que a graça divina era percebida através da riqueza. Pensando em
tal princípio, o trabalho ganha um novo significado: o de que esse liberta,
traz prosperidade e, assim, indica a graça de Deus.
Essa nova ética
religiosa adequou-se melhor ao novo sistema político-econômico que surgia – o Capitalismo
– e conseguiu grande número de burgueses – classe emergente que detinha o poder
econômico – como adeptos. Com uma ética religiosa em harmonia com a economia
mercantil e pré-capitalista, Weber observou que os países predominantemente protestantes
possuíam melhor desempenho com relação à economia e que tal ética muito
contribuiu para o desenvolvimento e firmamento do Capitalismo.
Afinal, nos dias
atuais, independente da religião que se tenha, dificilmente desvinculamos a
ideia de que o trabalho nos emancipa, de que o lucro é necessário ou de que
aquele que mais se esforça será, de alguma forma, recompensado. Achamos o fato
de trabalharmos para viver (quando o contrário também não acontece) e de presenciarmos
bonificações para aqueles que foram considerados como “trabalhadores de
destaque” algo completamente natural, sem ao menos pensarmos no surgimento de
tal pensamento que hoje já nos é intrínseco. É por esta razão também que há
quem diga que hoje somos todos protestantes.
O capitalismo e sua influência no mundo contemporâneo
A obra a “Ética Protestante
e o Espírito do Capitalismo” de Max Weber faz uma análise envolvendo economia,
religião, modernidade. Uma das principais características, segundo Weber, que
diferencia a produção capitalista de qualquer outro modo de produção é a ideia
de racionalização, podendo ser de quatro tipos: contábil, científica, jurídica
e do homem.
Interessante se
faz lembrar o quanto a religião calvinista marcou presença nesse novo
capitalismo. Ao contrário da religião católica em que o lucro é visto como algo
negativo, no protestantismo há um estímulo para que os fiéis produzam e acumulem
dinheiro. Assim, se ao final da vida uma pessoa conseguiu juntar muito capital,
esse acabaria sendo o sinal enviado por Deus de salvação da alma.
Interessante se
faz lembrar o quanto essas ideias econômicas e de racionalismo influenciam as relações
humanas atuais. Rubem Alves no livro “Estórias de quem gosta de ensinar” nos
traz um questionamento acerca desse tema: “Uma sonata de Scarlatti é útil? E um
poema? E um jogo de xadrez? Ou empinar pipas?/ Inúteis./ Ninguém fica mais
rico./ Nenhuma dívida é paga./ Por que nos envolvemos nestas atividades, se
lhes falta a seriedade do pragmatismo responsável e os resultados práticos de
toda atividade técnica? É que, muito embora não produzam nada, elas produzem
prazer. / O primeiro pai fazia ao filho a pergunta da utilidade: ‘Qual o nome
do meio de produção em que você deseja ser transformado?’ O segundo,
impossibilitado de fazer tal pergunta, descobriu um filho que nunca descobriria
de outra forma: ‘Vamos brincar juntos, no domingo?’.”
Esse trecho da
obra de Rubens Alves é uma grande oportunidade para pensarmos na educação dos
jovens e das crianças atualmente. Muitos crescem sem um espírito crítico, e sim
são moldados apenas para ser uma medíocre máquina de produção de dinheiro. Estendendo a influência da economia
capitalista e do racionalismo para outras áreas percebemos o quanto as relações
sociais estão mais frágeis e o seu processo de construção cada vez mais
obscurecido pelo extremo individualismo, competitividade e o esquecimento do
outro.
A ética que engorda a porca
"Aquele que mata um porca prenhe, destrói sua descendência até a milésima geração". Essa é a metáfora utilizada por Benjamin Franklin para a multiplicação do dinheiro.
Essa ética, esse modo de agir em relação ao capital é o que Weber descreve como "espírito do capitalismo", a racionalização do uso do dinheiro. Segundo essa prática moderna, o capital deve ser utilizado de modo racional para que gere novo capital. Dinheiro pelo dinheiro, pura e simplesmente. Deve-se alimentar bem a porca para que esta gere novos porcos e esses porcos, por sua vez, mais porcos dando início a um negócio que gerará cada vez mais lucro para o dono dos porcos.
É uma prática que faz sentido, não há dúvidas. No entanto, os objetivos de Weber são de determinar da onde ela surgiu e como se espalhou de forma tão eficiente pelo mundo, uma vez que não é um modo de agir necessariamente prazeroso. De fato, é um costume que mata o uso espontâneo do dinheiro. É retirado do ser humano a opção de não acumular capital, de dispor do mesmo da forma que lhe bem entender, mesmo que isso gere algum prejuízo. O indivíduo ou empresa que não se adequa a esse modo de produção não possui lugar no mercado pois é enxergado como irresponsável e displicente. Não é à toa que, ao se deparar com alguém que vive com o mínimo possível, não o veja com bons olhos independentemente se ele gasta o resto do seu dinheiro com futilidades ou com doações a instituições de caridade. O simples fato dessa pessoa não acumular capital parece fugir à realidade.
Mas como isso chegou tão longe? Auxiliado pela ética protestante, segundo Weber. O modo de agir pregado pelo protestantismo foi o parceiro que impulsionou a propagação do espírito capitalista pelo mundo. Segundo a ética protestante, o mundo é repleto de vícios e pecados e é preciso "lutar a boa luta da fé" (Timóteo 6,12), manter-se no caminho sem prestar atenção às distrações. Desse modo, Deus lhe concederá suas graças, das quais deve se tomar conta e multiplicar como na parábola dos talentos (Matheus 25,14-29). Desse modo, portanto, o capital é elevado de coisa mundana para o status de graça divina e o trabalho se torna a atividade que manterá o servo do Senhor no caminho certo.
No entanto, com a evolução das práticas capitalistas, a ética protestante se desprendeu da própria religião que lhe deu origem, passando a ser uma prática cultural do ocidente. Hoje, esse mesmo modo de agir frente ao acúmulo de capital se agregou a diversas religiões e culturas, a princípio, hostis em relação a ele. Se vive hoje em uma realidade cultural global de engorda da porca.
Essa ética, esse modo de agir em relação ao capital é o que Weber descreve como "espírito do capitalismo", a racionalização do uso do dinheiro. Segundo essa prática moderna, o capital deve ser utilizado de modo racional para que gere novo capital. Dinheiro pelo dinheiro, pura e simplesmente. Deve-se alimentar bem a porca para que esta gere novos porcos e esses porcos, por sua vez, mais porcos dando início a um negócio que gerará cada vez mais lucro para o dono dos porcos.
É uma prática que faz sentido, não há dúvidas. No entanto, os objetivos de Weber são de determinar da onde ela surgiu e como se espalhou de forma tão eficiente pelo mundo, uma vez que não é um modo de agir necessariamente prazeroso. De fato, é um costume que mata o uso espontâneo do dinheiro. É retirado do ser humano a opção de não acumular capital, de dispor do mesmo da forma que lhe bem entender, mesmo que isso gere algum prejuízo. O indivíduo ou empresa que não se adequa a esse modo de produção não possui lugar no mercado pois é enxergado como irresponsável e displicente. Não é à toa que, ao se deparar com alguém que vive com o mínimo possível, não o veja com bons olhos independentemente se ele gasta o resto do seu dinheiro com futilidades ou com doações a instituições de caridade. O simples fato dessa pessoa não acumular capital parece fugir à realidade.
Mas como isso chegou tão longe? Auxiliado pela ética protestante, segundo Weber. O modo de agir pregado pelo protestantismo foi o parceiro que impulsionou a propagação do espírito capitalista pelo mundo. Segundo a ética protestante, o mundo é repleto de vícios e pecados e é preciso "lutar a boa luta da fé" (Timóteo 6,12), manter-se no caminho sem prestar atenção às distrações. Desse modo, Deus lhe concederá suas graças, das quais deve se tomar conta e multiplicar como na parábola dos talentos (Matheus 25,14-29). Desse modo, portanto, o capital é elevado de coisa mundana para o status de graça divina e o trabalho se torna a atividade que manterá o servo do Senhor no caminho certo.
No entanto, com a evolução das práticas capitalistas, a ética protestante se desprendeu da própria religião que lhe deu origem, passando a ser uma prática cultural do ocidente. Hoje, esse mesmo modo de agir frente ao acúmulo de capital se agregou a diversas religiões e culturas, a princípio, hostis em relação a ele. Se vive hoje em uma realidade cultural global de engorda da porca.
A moral do empreendedorismo capitalista segundo Weber
Ao escrever 'A ética protestante e o espirito do capitalismo' Max Weber define o protestantismo, em pleno século XVI, como fator favorável, se não necessário, ao desenvolvimento e disseminação do capitalismo pelo Ocidente, não só como modulo cultural como enquanto valor cultural e, inserido no cenário religioso, moral. A seu ver, o protestantismo aproxima, e não afasta, a fé do cotidiano do homem, promovendo a influencia religiosa num mundo cada vez mais desvinculado do antigo sistema feudal.
Se, por um lado, o protestantismo anula a presença da Igreja enquanto instituição, reafirma, segundo Weber, sua influência ao inserir-se na economia em seu sentido mais básico, englobando novamente a produção e o sustento ao passo que redefine a moral Ocidental. É pelo protestantismo e sua exaltação dos frutos do trabalho, e não seu usufruto, que nasce a exaltação empreendedora que desencadeia o desbravamento do novo mundo, a intensificação das relações comerciais e, num período posterior, a industrialização.
Assim, para Weber, é a aceitação do anseio pelo acúmulo de capital, como promovida pelo protestantismo ao desvincular a moral Ocidental da visão católica tradicional, que permite ao homem perseguir a 'dominação da natureza' e o rompimento de fronteiras em seu próprio bem enquanto sociedade. Não obstante, embora o capitalismo se desenvolva a partir do 'espirito de acumulação' , ganha, em virtude de sua dinâmica e racionalidade inerentes, autonomia própria, suplantando a estrutura cultural que lhe desencadeou para exaltar essa mesma racionalidade.
Tempos Modernos
“Hoje o tempo voa, amor, escorre pelas
mãos.”
Com a nova
lógica capitalista, a classe dominante passou a desejar acumular apenas por
acumular e, para garantir que seu lucro sempre aumentasse, criou alguns mecanismos
de dominação. Um deles foi impor a ideia de que o trabalho dignifica o Homem.
Assim, desde
pequenos, somos forçados a acreditar nos bordões capitalistas aliados à logica
protestante, como “Deus ajuda quem cedo madruga” e “tempo é dinheiro”. Podemos
perceber isso pelo fato de que, se ficamos um dia sem estudar ou trabalhar, observando
a natureza, nossa mente cria o chamado “peso na consciência” e nos sentimos mal
por aproveitar a – efêmera – vida. Se alguém querido nos chama para sair, não
podemos, porque o outro dia é “dia de branco”. Se somos convidados a observar
as estrelas e a lua, me desculpe, deixemos para outro dia, tenho que estudar! E
assim, sucessivamente, a vida vai se esvaindo, como areia entre os dedos.
Há um relato de
Jean de Léry no qual um índio tupinambá questiona o porquê de o Homem branco se
esforçar tanto para trabalhar e acumular riquezas. “Esse Homem não morre?”
indagou o índio. Devemos nos fazer a mesma indagação. Esforçamo-nos tanto para
trabalhar em nome de um futuro – que nunca chega – melhor, que nos esquecemos
de que um dia morreremos e então, em nome do interesse de mais-valia, teremos deixado
de aproveitar a vida, que é única!
É claro que
isso não significa deixar de trabalhar, afinal, temos que sobreviver. Mas será
que vale a pena fazer horas extras, trabalhar nos finais de semana e levar trabalho
para casa em nome do interesse dominante? Certamente, não queremos propor uma
solução simplista para este assunto, que exige um estudo muito mais
aprofundado. O que se pretende aqui é deixar um gancho para que pensemos em não
nos preocupar tanto em gerar lucro para os outros, mas aproveitar a vida,
porque ela passa. E rápido. A cada minuto, nos aproximamos mais da morte. Tempo
não é dinheiro, é vida!
Devemos,
portanto, a princípio, começar a nos preocupar mais em passar mais tempo ao
lado daqueles que amamos e aproveitar o que a vida tem a nos oferecer. Afinal,
como diria Lulu Santos, “não há tempo que volte, amor!”.
Irracionalidade do viver
Podia
ser mais uma conversa normal entre amigos no Facebook – se é que se pode dizer
o que é normal ou anormal. Porém, há tempos atrás, a conversa despreocupada
transformou-se em exposição de opiniões. E, nessa semana, na aula de Sociologia,
vi cada palavra daquela conversa ecoar em minha mente. Palavra por palavra...
A
conversa despreocupada sobre atores de filmes de comédia romântica deu lugar,
quase que de repente, ao assunto “futuro”. O fato de eu, na época, estar estudando
para entrar na faculdade fez com que eu não fizesse apenas argumentações sobre
o futuro geral, do país e do mundo. Fez com que, além disso, eu adicionasse
expectativas de meu futuro pessoal, principalmente ligadas à carreira
profissional.
Sonhos... Sonhos gananciosos.
Sonhos fixos. Sonhos metas. Sonhos racionais. Sonhos que externaram a minha
preocupação em obter êxito tanto profissional quanto financeiro. Sonhos que
levaram o meu amigo perguntar: “O que você
espera da vida? Que seu trabalho te defina como pessoa? Por que você não vai
ter longas caminhadas descalça na praia com a brisa do mar batendo no seu rosto?”.
Era
madrugada e meus pensamentos que já não estavam fluindo com tanta rapidez se
emaranharam. Eu, naquelas palavras, de forma até inconsciente, tinha sido a
personificação do que tratamos na última aula de Sociologia. Eu queria
trabalho, sucesso e dinheiro. Nem que, para isso, eu tivesse que, se não deixar
de usufruir meu tempo de forma mais prazerosa, ao menos limitá-lo.
Racionalizá-lo, como já dizia Weber. Racionalizá-lo da mesma forma que os
protestantes calvinistas pregavam na época de consolidação do capitalismo e que
se tornou, posteriormente, uma ética universal.
Racionalização
do tempo. Racionalização da vida, porém irracionalidade do viver. Muitos de nós
ainda hoje vivemos não com o objetivo de aproveitar o que conseguimos, e sim
com o de trabalhar para tentar mostrar à sociedade nosso caráter, mesmo sabendo
que não somos definidos apenas com esse fator. E mais: não só somos levados a
esse comportamento como, por sermos taxados negativamente se agirmos diferente,
dificilmente fugimos desse padrão. E assim, muitas vezes, limitamos nosso
viver.
Max Weber, ao longo de sua vida, realizou vários estudos sobre economia, história e as diversas religiões. Desenvolveu teorias sobre a sociedade e seu funcionamento e, partindo da ideia de que o homem é influenciado pelo ambiente em que vive, dedicou grande parte de seus estudos à religião e à influência que ela exercia sobre o sistema econômico.
No livro, A ética protestante e o espírito do capitalismo, Weber retrata a íntima ligação entre as doutrinas protestantes, especialmente as calvinistas, e o desenvolver do capitalismo. Diferentemente das doutrinas existentes até então, a teoria de Calvino da predestinação pregava o acúmulo de capital como forma de salvação; isso, para Weber, teria sido o agente essencial para o fortalecimento e o crescimento do capitalismo.
Para alcançar algum desenvolvimento econômico, seria necessária a união entre o desejo de lucro e a racionalização; as forças "sobrenaturais" das antigas religiões eram substituídas por uma visão mais racional do mundo e das relações econômicas.
Uma nova ética foi sendo criada, a ética do trabalho. O indivíduo passa a trabalhar pelo trabalho, o lucro não é visto como forma de adquirir bens e conforto, mas sim uma maneira de obter mais e mais capital. É preciso deixar de lado a preguiça e as tentações do mundo, evitando a perda de tempo, para garantir uma vida regrada e atingir a tão esperada salvação.
O protestantismo pode não ter sido o grande criador do capitalismo, mas com toda certeza criou bases para o seu desenvolvimento e fortalecimento.
A Sociedade Anônima
Em sua obra “O Espírito do Capitalismo”, Max Weber
expõe como a ética protestante influenciou na formação e desenvolvimento das
bases do capitalismo. O protestantismo, especificamente o calvinismo, enxergava
o acumulo de capitais como um sinal da predestinação divina desde que esse
viesse como fruto do trabalho.
Além do lado religioso Weber ressalta a racionalidade
do capitalismo, principalmente na racionalização do homem, baseada em
comportamentos e condutas os quais regem o pensar e o agir humano. Essa racionalização
empurra o homem moderno para a acumulação de bens o que por sua vez o leva a
necessidade de acumulação de capital, fortalecendo assim a mentalidade
capitalista.
A indagação resultante desse estudo está na forma
com que enxergamos o capitalismo e o seu desenvolvimento na atualidade. Há uma
banalização da humanidade em favor de um maior dinamismo social, o que
fortalece o sistema econômico, é comum nos apresentarmos com nossos cargos ao invés
de nossos nomes, títulos e status ainda regem a sociedade tornando o mundo cada
vez mais impessoal e objetivo.
A vocação capitalista
Percebendo
grande desenvolvimento capitalista em países protestantes, Max Weber buscou
entender como a ética protestante proporcionou condições para tal feito, pondo essa
ética como seu objeto de estudo.
O
estudo da ética protestante mostra-se também de fundamental importância para a
compreensão da transição para modernidade, tendo o protestantismo revelado
verdadeira ruptura ao passado.
A
ética vigente anteriormente à modernidade é vista como uma ética de valores,
extremamente atrelada à tradição, na conjuntura dos mundos grego, com Platão e
Aristóteles e cristão, com Santo Agostinho e São Tomás de Aquino; Esta, então,
foi paulatinamente substituída pela ética da responsabilidade.
Toda
via é válido esclarecer que uma relação de ação e reação, causa e efeito nunca
foi posta por Weber tratando-se do protestantismo e o capitalismo, ou seja, não
existe a lógica do protestantismo como condição prévia para o capitalismo; Mas,
sim, que a ética em pauta proporcionou condições para que o capitalismo se
desenvolvesse como forma econômica predominante no Ocidente.
Vocação,
um termo cheio de conotação religiosa, mas é usado com sentindo diferente do bíblico,
é usado como valorização do trabalho habitual, da execução do dever. É neste
simples conceito que se encontra todo o dogma protestante, pois é posto como
único modo de vida aceitável para Deus o que se cumpre as tarefas imposta por
sua atual posição no mundo. Tornando, assim, o trabalho vocacional uma tarefa
ordenada por Deus, em que cada um deve se adaptar a ela.
LUÍS FILIPE R. RIBEIRO - NOTURNO
Ser não é ter
“Tempo é dinheiro”, ”dinheiro gera dinheiro”; essas afirmações, citadas por Max Weber no capítulo “O Espírito do Capitalismo”, estão extremamente presentes no dia a dia dos cidadãos contemporâneos. A sociedade atual está plenamente aderida ao modo de vida capitalista. A valorização do trabalhador, não a do trabalho, é uma característica crescente no Brasil.
Não se valoriza o trabalho em si no Brasil devido a razões históricas. Países que foram colônias e que viveram a realidade da escravidão veem no trabalho algo negativo e, acabam por valorizar o ócio; como é o caso do Brasil, que inclusive tinha seu povo visto como o povo da “vadiagem”.
Vargas, em sua gestão, achou ser importante reverter essa visão do povo brasileiro, e passou a incentivar o Brasil a criar uma imagem de trabalhador em prol da nação, da economia nacional e da individual de cada cidadão.
Criada essa valorização do trabalhador, os brasileiros passaram a associar o trabalhador ao bom cidadão; associar trabalho a caráter. Essa associação, porém, é equivocada. Não necessariamente aquele que é desempregado não “presta” , ou o trabalhador é uma boa pessoa. Juntamente à valorização do trabalhador, surgiu um repudio ao desempregado; é como se o fato de trabalhar servisse de escape pra situações ruins.
Um cidadão rouba alimentos no supermercado, e quando é pego pela polícia alega com forte argumento: “Sou trabalhador, sou pai de família; mas estou sem dinheiro” ; pronto, é como se amenizasse a sua culpa pelo ato. De fato, já enraizou-se no Brasil essa valorização do trabalhador.
Essa imagem porém, ainda é de certo modo preconceituosa. Por exemplo; uma moça vai apresentar o namorado aos pais, logo o pai pergunta: “O que você faz da vida?” esperando por uma resposta dizendo que tem um bom emprego, se a resposta não é a desejada o pai já diz que o rapaz é “vagabundo” e por aí vai. Mas, se é o homem quem vai apresentar a namorada à família, essa pergunta não será a principal; certamente o pai estará mais interessado na aparência da moça ou outros atributos do que o cargo que esta venha a desempenhar.
Enfim; o caráter vai muito além do que o cargo que a pessoa exerce, não se pode mensurar algo imensurável. O trabalho só irá resultar em dinheiro; o que se deve esperar de alguém não é um valor monetário, mas sim um valor ético.
A crise européia e o pensamento de Weber
Em meados do século XIX, nascia na
Alemanha o renomado intelectual e importante pensador Max Weber. Este, em sua
obra “A ética protestante e o espirito do capitalismo”, analisou profundamente
a ligação entre o pensamento cultural e o ímpeto socioeconômico que de muito
influenciou a história ocidental.
De fato, mais de um século após a
publicação de seu texto na Alemanha, podem-se observar exemplos dos fenômenos
previstos na forma em que os governos europeus administram-se e seus
governantes discursam neste período de crise econômica.
Ainda que as raízes dessa crise
possam ser traçadas desde a década de 90, por motivos diversos desde a
especulação imobiliária no mercado americano até a crise do crédito no sistema
bancário; há que se analisar o contexto do ponto de vista religioso-cultural,
tal qual Weber fez em sua obra.
Ora, o euro é uma das mais
importantes moedas em circulação e foi estruturado sobre o Marco Alemão, que
era uma das divisas mais fortes em poder de compra até sua extinção. Beira o
óbvio, geográfico e histórico, as similaridades das nações que o adotaram:
Tradicionais economias, com forte indústria, grandes habilidades comerciais e
culturalmente influenciadas pelo protestantismo (seja de Calvino ou Lutero).
Esses países são os que, hoje, lutam para manter a União Europeia e sua
representatividade no mercado mundial.
No outro extremo da crise da
Europa, encontram-se os países de matriz voltada para o catolicismo (romano e
ortodoxo), agrupados no acrônimo PIIGS: Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e
Espanha. Países estes, que senão integrando o mercado comum europeu, usando uma
moeda forte e com acesso a ótimas oportunidades de crédito, estariam afundados
na lama.
Ainda que exista diversos motivos
que façam esses grupos destoarem de forma tão extrema, é possível delimitar a
influência do fator cultural sobre a forma que organizam suas economias,
inclusive em tempos de crise.
A população dos países da chamada “EUROPA
RICA” (aqueles de maior proximidade com o Mar do Norte, incluindo a França) se
caracteriza por um alto grau de frugalidade, planejamento econômico familiar
voltado para a poupança e capacidade de cortar despesas em tempos de vacas
magras. Tal pragmatismo reflete-se em sua administração publica esta
extremamente austera, cautelosa em seus investimentos e compromissos
financeiros, com um sistema previdenciário bem administrado e sem grandes
déficits nas contas estatais. Não faltam, assim, paralelos com a doutrina cristã
protestante que teve seu berço nesta região.
Por outro lado, os países mediterrâneos
juntamente da Irlanda, não fossem as seguranças possibilitadas pela
participação no mercado comum europeu, pelo uso de uma moeda forte e acesso a
crédito facilitado, seriam países com economias ainda mais enfraquecidas. Desde
sua inclusão na União Européia, estes países - com indústria pouco
significativa e muito menos eficiente – esbanjaram gastos, executaram obras dispendiosas,
elevaram seus gastos com importações, inflaram o serviço publico, reduziram a
jornada de trabalho e o tempo de contribuição com a previdência. É importante
acrescentar que nestes países o catolicismo é extremamente forte e sua doutrina
em muito reflete na mentalidade destes povos.
De todas as formas de se observar
uma crise econômica, o viés cultural ainda se mostra de suma importância para a
construção de uma analise mais holística, menos ortodoxa. E, neste sentido, Max
Webber possibilitou uma forma de se pensar a realidade que não se atêm ao fator
econômico, mas também a outros aspectos da experiência social.
"Coma ou durma bem"
Para iniciar sua obra, “A Ética Protestante e o Espírito
do Capitalismo”, Max Weber introduz uma relação entre os detentores dos meios
de produção e a religião em que são adeptos, o protestantismo. Apoiando-se em dados históricos, Weber
observa tal fato e busca uma resposta a tal assimilação, encontrando amparo de
esclarecimento no que ele chama de burocracia religiosa. A religião protestante
tem, como tendência, um caráter intrínseco a racionalidade econômica, algo
notoriamente ausente no catolicismo. A propagação de uma intensa religiosidade
aliada ao espírito mercantil da época uniu o útil ao agradável aos
protestantes, que viam na prosperidade econômica e no acúmulo de capitais um
sinal de salvação, caracterizando a si mesmos como “os escolhidos de Deus”. Aos
pobres, eram-lhe atribuídos o destino do inferno. Tal declaração feria e se distinguia
paradoxalmente da doutrina católica, que pregava a simplicidade na vida terrena
para a obtenção da salvação eterna.
Para exemplificar a racionalização empregada no sistema
capitalista, mesmo que ainda rudimentar da época, Weber menciona algumas
peculiaridades. Dentre elas, o método aplicado pelos empreendedores que,
buscando aproximarem-se dos consumidores, investem na política de “preços
baixos” estimulando, assim, o hábito do consumo e a constante ânsia por aquisições
materiais, além da luta contra a concorrência. Desse modo, a riqueza adquirida
é reinvestida em negócios, favoráveis somente ao detentor do meio de produção,
visando a obtenção de mais lucro mediante empréstimos e juros.
O Passo dado por Weber.
Com o fim da Guerra Fria e a rápida globalização, o sistema capitalista adquiriu tamanha complexidade, que hoje, é muito difícil expor qualquer tese a respeito dele. Isso porque, talvez, muitos autores que dedicam linhas a esse assunto estão presos em contextos e conceitos muito antigos. Ou, ainda, em decorrência da falta de sensibilidade que alguns autores apresentam, omissão essa que os impede de perceber como alguns valores que parecem ser parte do sustentáculo do capitalismo podem, facilmente, se permutarem ao longo das páginas da “internet”.
Em contra partida, existem certas obras que conseguiram conceituar, uma ou mais partes, do que entendemos hoje como capitalismo. Dentre essas obras podemos citar a obra mais conhecida do sociólogo alemão Max Weber, a qual recebe a cunha de “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”. Esse livro é de extrema importância para aqueles que buscam entender o sistema mutante em que vivemos.
Weber ao longo de suas premissas vai mostrando ao leitor, como a ética das religiões protestantes foi sendo moldada para fazer parte da ethos do capitalismo. Ethos essa que encontra respaldo dentro das ideias: de Franklin, do rico tio patinhas ou do pobre Julius (pai do Chris na série “Todo mundo odeia o Chris”). Além do mais, Julius e tio Patinhas, são a prova de que essa ética que começou sendo religiosa se espalhou pelos quatro cantos do mundo e das classes, sendo ainda hoje a ética que orienta aqueles indivíduos que buscam aumentar suas riquezas dentro de nossa sociedade.
Todavia é bastante indevido acreditar que essa ethos seja a única dentro de nosso sistema. Uma vez que, se essa fosse à única ethos, como explicaríamos a ideologia consumista que está presente nas músicas “pop” que tanto vendem, como por exemplo, “Party Rock Anthem”?
O fato é que devemos nos utilizar dos ensinamentos de Weber para entendermos uma das facetas do capitalismo, mas que essa faceta não é a única. Aliás, o que torna o capitalismo tão atraente é a sua capacidade de produzir novas ethos a partir de ideias que antes eram contra ele. Pois, o que são as conquistas dos trabalhadores senão a digestão das ideias comunistas pelo capital? E o que é esse gênero “pop” senão a mutação da ideologia de liberdade da época do “On the Road”?
Em suma, se queremos entender o sistema capitalista não basta entender uma parte dele e generalizá-la. É importante, buscar entender todas as partes que vão nascendo enquanto ele se expande. Nesse sentido Weber deu um passo decisivo para a compreensão desse grande mutante, mas um passo ainda distante de ser o último.
Weber, em A Ética Protestante e o
Espírito do Capitalismo, analisa a disseminação do capitalismo, sobretudo no
Ocidente, através de uma óptica diferenciada. Ao contrário de outros
estudiosos, tal análise é feita observando como a ética protestante auxiliou no
processo desta disseminação.
O Protestantismo ascético é, para Weber,
uma revolução moderna, responsável por modificar a consciência individual e,
posteriormente, a coletiva a partir do momento em que ele é uma moral prática
no mundo.
A ética religiosa protestante, ao
proferir que a riqueza não é algo condenável e que, o trabalho e a riqueza são
predestinações divinas, casa-se perfeitamente com o ideal do capitalismo, pois
o ato de acumular alia-se agora à idéia de virtude e não mais à idéia de
pecado. Tal fato pode ser confirmado na seguinte passagem: “Ganhar dinheiro
dentro da ordem econômica moderna é, enquanto for feito legalmente, o resultado
e expressão de virtude e eficiência em uma vocação”.
A racionalização do homem é fundamental
para o avanço do espírito capitalista por fazer emergir a ideia do trabalhar
por trabalhar, da riqueza geradora de riqueza, aumentando assim o acúmulo de
capital. Dessa forma, o que era uma ética religiosa passa a ser uma necessidade
real, pois “quem não adaptar sua maneira de vida às condições de sucesso
capitalista é sobrepujado, ou pelo menos não pode ascender”.
É possível notar esta ética religiosa
presente em todos os lugares, independentemente da crença, pois o
Protestantismo deixou de ser apenas uma religião e passou a ser também um
padrão de vida, vivenciado por todos aqueles que estão inseridos no âmbito
capitalista.
Caixões com gavetas.
Max Weber, em sua obra “O espírito
do Capitalismo”, comenta sobre o raciocínio lógico capitalista, a chamada racionalização
da vida humana, presente desde o âmbito jurídico até ao científico. O espírito
do capitalismo faz o ser humano ser mais racional em suas atitudes e decisões.
O capitalista não desperdiça dinheiro com futilidades e busca sempre o acumulo
de riquezas e lucros.
Diferentemente de religiões que pregam que "caixão não tem gaveta", ou seja, não se deve acumular riquezas, religiões
protestantes, especialmente o Calvinismo, têm em seus princípios o espírito do
capitalismo e consequente racionalização. O ócio é condenado e o trabalho e
consequente acumulação de riquezas, tido como virtude e forma de salvação da
alma.
Um dos
maiores exemplos de capitalista é a personagem Tio Patinhas, dos quadrinhos da
Disney. A personagem tem fortunas guardadas em casa, mas é incapaz de dar uma
moeda para seus sobrinhos comprarem uma bala.
É como
um cantor norte-americano disse: “Fique rico ou morra tentando.”
Racionalização engatilha o capitalismo
Em seu texto "A ética protestante e o espirito do capitalismo" Max Weber trabalha com a ideia de singularidade do ocidente pelo seu engendramento de estruturas próprias, mas que muitas vezes apresentam uma linha de desenvolvimento de significado e valores universais peculiares do ocidente. Essa universalização de valores ocorre principalmente no ambito da racionalização pela globalizaçao de elementos fundamentais e de uma etica abrangente que acaba por sobressaltar-se sobre a religiao. Weber trabalha intensamente a ideia de racionalizaçao diretamente ligada ao capitalismo, já que acredita que o capitalismo só existe pelo racionalismo de poder-se acumular.Assim, trabalha a ideia que a ansia pura por lucro não é capitalismo pois existiu em outras culturas, mas o acumular ao inves de adquirir para usufruir dos beneficios terrenos que o dinheiro pode trazer.
Max Weber acredita tambem que a racionalizaçao traz ao capitalismo uma dinamizaçao que tem como caracteristica crescer com elementos proprios, e que se vincula ao capitalismo da mesma forma que a perspectiva de troca. Sendo que essa dinamizaçao foi resultado de uma necessidade da agilidade criativa, onde o que fosse pensavel, passasse a ser possivel levando a uma racionalizaçao tambem das pessoas, por meio do vigor produtivo moderno e ciencia.
Weber tambem propoe em seu texto que os fatores que diferenciam o capitalismo de qualquer outro modo de produçao existente na historia é sua vinculaçao com a ideia de racionalizaçao, que segundo este se dá pela racionalizaçao de 4 elementos: contabil - superaçao da economia domestica como pilar basico do capitalismo; cientifica - dependencia capitalista das ciencias exatas e das ciencias da natureza; juridica - estutura do direito e da administraçao como molas mestras da racionalidade capitalista; e do homem - embora dependente da ciencia, da tecnica e do direito racional, o racionalismo economico depende tambem da disposiçao do homem em adotar certos tipos de conduta racional. O autor tambem acredita que a reforma protestante como a descoberta do novo mundo, que impulsionaram a expansao e desenvolvimento capitalista é tambem caracterizado pelo racionalismo, devido a etica protestante calvinista, objetivo deixa de ser a salvaçao na transcedencia, mas sim o prazer terreno. ou seja, maior valor na vida terrena. Ademais, homem passa a desprezar o ocio antes tao valorizado, e passam a se preocupar em trabalhar para acumular. Dessa forma, passa-se a se preocupar nao com o que será mas com o que é, modo de pensar que preocupa o autor.
Logo, o autor Max Weber trabalha em sua obra a relaçao do racionalismo com a existencia, dinamicidade e efetividade do capitalismo no ocidente e no mundo de uma maneira mais completa.
Max Weber acredita tambem que a racionalizaçao traz ao capitalismo uma dinamizaçao que tem como caracteristica crescer com elementos proprios, e que se vincula ao capitalismo da mesma forma que a perspectiva de troca. Sendo que essa dinamizaçao foi resultado de uma necessidade da agilidade criativa, onde o que fosse pensavel, passasse a ser possivel levando a uma racionalizaçao tambem das pessoas, por meio do vigor produtivo moderno e ciencia.
Weber tambem propoe em seu texto que os fatores que diferenciam o capitalismo de qualquer outro modo de produçao existente na historia é sua vinculaçao com a ideia de racionalizaçao, que segundo este se dá pela racionalizaçao de 4 elementos: contabil - superaçao da economia domestica como pilar basico do capitalismo; cientifica - dependencia capitalista das ciencias exatas e das ciencias da natureza; juridica - estutura do direito e da administraçao como molas mestras da racionalidade capitalista; e do homem - embora dependente da ciencia, da tecnica e do direito racional, o racionalismo economico depende tambem da disposiçao do homem em adotar certos tipos de conduta racional. O autor tambem acredita que a reforma protestante como a descoberta do novo mundo, que impulsionaram a expansao e desenvolvimento capitalista é tambem caracterizado pelo racionalismo, devido a etica protestante calvinista, objetivo deixa de ser a salvaçao na transcedencia, mas sim o prazer terreno. ou seja, maior valor na vida terrena. Ademais, homem passa a desprezar o ocio antes tao valorizado, e passam a se preocupar em trabalhar para acumular. Dessa forma, passa-se a se preocupar nao com o que será mas com o que é, modo de pensar que preocupa o autor.
Logo, o autor Max Weber trabalha em sua obra a relaçao do racionalismo com a existencia, dinamicidade e efetividade do capitalismo no ocidente e no mundo de uma maneira mais completa.
A alma generosa do capitalismo
Em sua obra “A Ética Protestante e o
Espírito do Capitalismo”, Max Weber centrou-se na assimilação do surgimento do
capitalismo sob o âmbito da esfera ocidental. Necessita-se frisar que suas
reflexões foram propostas em pleno século XX, entretanto até hoje se mantém
plausíveis e instigam o real surgimento do sistema que vivemos. Weber
reverberava que o lucro não era mola propulsora do capitalismo, até mesmo no
cenário dos hebreus poderíamos perceber essa característica, da onde extrai-se
a premissa que a ânsia por ter capital é igual em todos os homens.
Weber concebe o capitalismo como um
sistema impulsionado pela racionalização, abrangendo desde a esfera científica
até jurídica (materializada na velocidade de análise de processos por meio da
internet). Uma conceituação seria muito precipitada, mas esse pode ser
assimilado como uma intensificação das transações comerciais e o aspecto
organizativo das relações de trabalho. Somando-se esses dois alicerces,
presume-se o principal fator de permanência do capitalismo: sua constante
maleabilidade.
Weber desenvolve o conceito de ética
protestante, na verdade extrai o mesmo da percepção calvinista de
predestinação. No qual o acúmulo de capital que era visto como um pecado
capital, torna-se uma virtude buscada de modo incessante. Se antes a salvação fundamentava-se
na defesa da fé, mesmo que você fosse morto por leões no coliseu romano, agora
sob a ótica calvinista, o enriquecimento materializa sua salvação e o martírio torna-se
algo desnecessário. Ou seja, a racionalização invade a esfera religiosa e busca
como principal pilar esse aspecto de predestinação.
Por fim, sob a ótica weberiana, o
empreendedorismo tornou-se o responsável pelo surgimento e solidificação do
sistema capitalista, advindo da mudança do estereotipo de acumulação de
capital,que passa a ser concebido como algo virtuoso. Diante do que foi exposto
anteriormente, poderia-se concluir erroneamente que o esbanjamento de muitos
bens materiais é fruto dessa ânsia,mas novamente enfatiza-se o aspecto de
somente acúmulo e não desperdício com aparentes futilidades. O capitalismo, de
modo extremamente astuto, muda essa percepção e implanta na sociedade
gradativamente o consumismo compulsivo, conferindo acomodações e zonas de
conforto em incessante melhoramento, no qual se você não aderir a essa logística,
será segregado.
Ética protestante moldando o novo ser social
Desde a formação das primeiras sociedades, por mais que diferissem suas configurações, os homens se reuníam em torno da religião, talvez por esta sempre ter servido como uma maneira de explicar fenômenos da vida e da natureza, e conforto para situações de incerteza. Com isso, culturalmente, foi sendo afirmada uma certa dependência do ser com a religião, fazendo com que esta se tornasse um poderoso meio de influência da sociedade.
Nesse viés entra um dos principais assuntos discutidos por Max Weber em seu livro "O Espírito do Capitalismo": a ética protestante. Com a ascensão do capitalismo, alguns dos valores por ele estimulados, como a busca do lucros e a acumulação de riquezas batiam de frente com princípios do principal credo da época, o catolicismo, e também com a tradição de se trabalhar visando as necessidades reais, já que o capitalista deve ir além disso. A ascensão do protestantismo foi estimulada, então, justamente por ser condizente com a configuração de tal modo de produção, uma vez que conecta a ideia de acumulação de capital à virtude e eficiência do ser humano, pois este se dá através de trabalho, vocação.
Desse modo, visto que o protestantismo acaba por modificar a consciência dos homens, eles são ainda mais dominados pela sede de capital, colocando este como finalidade última em sua vida, segundo Weber, e esse é o motor do capitalismo. O espírito capitalista então se consolida cada vez mais, o ímpeto de "não gastar", e sim acumular, racionalizar, moldando o novo tipo de homem que, se não seguir as regras, será marginalizado da sociedade, e assim sobreviver na economia de mercado torna-se fundamental.
Protestantismo e o Capitalismo
Max Weber apresenta, em sua obra, uma análise da relação que
a religião possui na vida secular, notadamente, no aspecto econômico. As igrejas
protestantes, diferentes da católica na qual demonizavam o lucro, valorizam,
até hoje, o trabalho. A “riqueza” e o bem-estar econômico são mostras de uma
certa aprovação divina em certas seitas protestantes. Nesta ordem, o autor
tenta mostrar uma ligação dos países mais desenvolvidos com a religião
predominante do Estado. No caso das igrejas protestantes, a mente do crente já
está condicionada a ética do trabalho e, consequentemente, ao lucro. Portanto,
de uma forma bem simplificada: o país com maioria protestante tem, por sua vez,
maioria de trabalhadores visando lucro, formando uma economia mais lucrativa,
digamos assim. Essa ética do trabalho mostra um espírito pré-capitalista.
Ou seja, Weber tenta nos mostrar que, a ética protestante seja ela pautada em Lutero ou Calvino, contribuiu imensamente para a formação do espírito capitalista.
Arthur Gouveia Marchesi
Arthur Gouveia Marchesi
Produção racionalizada
O modo de produção capitalista não se difere diante dos demais modos de produção pelo lucro mas sim pela sua vinculação à racionalização. Weber divide a racionalização do capitalismo em quatro segmentos: racionalização contábil em que a há separação dos bens da empresa e os bens do individuo; racionalização cientifica em que há a dependência do capitalismo com as ciências exatas e da natureza; racionalização jurídica que sustenta o capitalismo por meio do direito e da administração e a racionalização do homem que é dependente faz com que o homem adote certos tipos de conduta.
O protestantismo serviu como uma forma de modificar a consciência dos indivíduos e logo mais a consciência externa dessa maneira o protestantismo terá como moral a “dominação do mundo” diferenciando-se das demais religiões orientais que se submetem ao mundo.
Juntamente com a racionalidade o empreendedorismo seria primordial para a consolidação do pensamento capitalista.Assim o capitalismo é pautado em uma maneira universal do agir aliado com a ética protestante que não vê o lucro como anticristão,tem-se uma ética capitalista que está baseada no trabalho e na acumulação. No momento em que o trabalho se tornou parte da ética capitalista ele passou de um elemento simplesmente econômico para se tornar um elemento político e social, logo tornou-se comum escutar dos trabalhadores a seguinte frase: “Sou um homem de bem, tenho trabalho.”
Acumular capital é vincular a virtude e a eficiência porém não vincula-se a sanar as necessidades materiais, assim a gestação do espírito capitalista era o de não consumir, mas ganhar, acumular, reinvestir e principalmente racionalizar antes de tudo.
O segredo do sucesso.
As religiões protestantes conquistaram tantos seguidores não só pela reforma que elas ofereciam ou pelo descontentamento geral com a igreja católica, mas o "segredo" de seu sucesso foi, principalmente, o fato delas pregarem um estilo de vida que servia perfeitamente com o modo de produção burguês.
O que é melhor para um mundo em plena revolução industrial do que o pensamento "o trabalho é o que dignifica o homem"? Aos poucos a ideia de que somente pelo trabalho se obtém uma vida digna saiu dos sermões calvinistas e, junto com a dinâmica capitalista, tomou o mundo, desprendendo-se de qualquer vinculo religioso.
Hoje em dia a ideia de que o trabalho é o caminho que nos leva à vida que queremos está intrínseca à nossa cultura. Aquele que prefere por não trabalhar ou fazer apenas o suficiente por sua sobrevivência é considerado um "vagabundo", alguém que não se encaixa e não serve para a dinâmica social e econômica da sociedade atual.
O homem deve ser um empreendedor de si mesmo caso queira ser bem visto aos outros. Ele deve saber vender não somente as suas ideias, mas à si mesmo, caso o contrário ele é considerado um fracasso. À ideia de sucesso atrelam-se muitas outras responsabilidades. "É preciso ser inteligente, é preciso ser conhecedor, é preciso saber falar bem, é preciso ser criativo, é preciso ter compromisso, é preciso saber se vestir bem". E quem não segue esse padrão de qualidade "nunca vai ter sucesso na vida".
Não se deseja mais o ser humano perfeito, mas o profissional perfeito.
Scrooge e o Espírito do Capitalismo
O capitalismo exige que todo e qualquer indivíduo, para
conquistar uma vida verdadeiramente realizada e boa, se trabalhe
incessantemente. Não só isso, mas não permite aos indivíduos o privilégio de desfrutar
dos frutos advindos do próprio suor – ou do suor alheio, diga-se de passagem – já
que o verdadeiro capitalista, inserido completamente nessa mentalidade, não
pode deixar sequer por um instante de investir na obtenção de mais e mais
capital.
Desta forma, se todo o ideal capitalista se fizesse
concretizado na sociedade contemporânea, certamente o conceito de “aproveitar a
vida” estaria ainda mais subjugado à “bitolação” da necessidade incessante de
trabalhar. Chega a ser difícil acreditar que é possível aumentar ainda mais a
valoração do inquestionável “trabalhar” - “obviamente necessário para que se
alcance a felicidade” – sobre o dispensável “aproveitar”, que a cada dia se faz
mais marginalizado nas necessidades das pessoas.
Para que se possa ilustrar um mínimo de como se faria uma
sociedade completamente dominada pelo inescrupuloso “Espírito do Capitalismo”,
serve muito bem de exemplo imaginar uma cidade onde todos os habitantes fossem
como as personagens Ebenézer Scrooge, de Charles Dickens (1812-1870), e Tio Patinhas,
das indústrias Disney. Não haveria sequer a remota possibilidade de um sorriso
ser vislumbrado por motivo que não o acúmulo de mais dinheiro. O brilho de uma
moeda caída no chão da rua seria justificativa mais do que suficiente para que
se iniciasse uma briga generalizada entre os moradores da triste cidade.
De toda forma, é difícil que o “curtir a vida” seja
completamente excluído da vida das pessoas. Principalmente no Brasil, onde o
festeiro espírito da malandragem se faz quase que onipresente. Tomara que isso
continue assim. Ninguém gostaria de conviver só com Scrooges no dia a dia.
Só resta uma pergunta: será que, assim como os Fantasmas dos Natais Passados, Presentes e Futuros, o Espírito do Capitalismo também irá fazer visitas a pessoas como Ebenézer e Tio Patinhas para fazê-las refletir a respeito da vida?
Capitalismo por Weber na atualidade
Na obra de
Weber, este faz uma análise sobre o capitalismo e nela trabalha de uma maneira
diferente das de outros pensadores da epoca para falar sobre tal assunto. O
autor aborda a visão do capitalismo atrelada ao protestantismo, que é uma
religião em que o lucro não é visto como algo errado e que é fruto da exploração
dos outros, como diz a teoria de Marx e Engels, e sim uma forma de virtude,
algo bom.
A visão do
autor sobre o capitalismo também se destaca também no pensamento sobre a
racionalização, ou seja, o capitalismo faz com que o ser humano seja mais
racional, e define quatro tipos de racionalização, a do homem, a contábil, a
cientifica e a jurídica.
Voltando a
discussão tomada anteriormente, o autor acredita que o capitalismo seja algo
bom, não maldoso, e acredita, devido ao protestantismo, que o lucro é a forma
de resposta de que seu trabalho está sendo bem feito, e que seu papel na
sociedade está sendo cumprido de forma justa e correta. Tal visão poderia
encaixar-se e servir de exemplo nos dias atuais devido a grande quantidade de
jovens que engrenam em uma faculdade e emprego, ou simplesmente vão fazer uma
atividade visando o lucro, e acabam se prejudicando e ficando frustrados, tanto
com o emprego em que estão e com sua condição financeira indesejda.
Conclui-se então
que o pensamento de Weber no contexto atual e suas influências protestantistas
caberiam como excelente ajuda para aqueles que desejam ser bem sucedidos e que
enxergam o capitalismo como uma forma não maldosa, porem que exige muito das
pessoas para se ter resultado, como tudo que existe.
O socialismo está ultrapassado
Ledo engano acreditar que o socialismo ainda é uma opção. É visível
que quanto mais se intensifica o capitalismo, mais ele se torna unânime. Isso
se deve, entre diversos fatores, principalmente à dinamicidade desse modelo.
Max Weber explica esse fato a partir da ideia de racionalização, a qual
diferencia o modo de produção capitalista de qualquer outro já ocorrido na
história.
O sociólogo Max Weber, dentre suas obras, cabendo destaque à
Ética protestante e o espírito do
capitalismo tenta compreender a essência do capitalismo, valendo-se de análises
das religiões protestantes que se utilizaram desse modelo para criar suas
teorias. Assim sendo, o autor atinge a máxima ao afirmar que tal modelo
vincula-se, sobretudo, às possibilidades de dinamização racional dos investimentos,
isto é, a partir de uma proposição racional tenta maximar o objetivo almejado.
O autor apresenta o calvinismo e a ideia de predestinação como
fatores que engendram essa ética racional, e, ao fazê-lo, acabou por acentuar a
capacidade de influência do capitalismo em áreas que originalmente ele se
mostrava incabível, provando sua flexibilidade. Dessa forma, pode-se afirmar
que cada vez mais o capitalismo se firma como modelo hegemônico. E, assim, mais
o socialismo se figura como uma alternativa inviável, uma vez que o próprio capitalismo
pode se adaptar a partir de características socialistas, principalmente no
plano social - algo que, diga-se de passagem, já está ocorrendo (como, por
exemplo, as melhorias ocorridas no plano trabalhista e social do proletário) -,
para de manter predominante. Afinal, é essa mesma ética racional que permite
tais mudanças e com um único objetivo: firmar o modelo capitalista como modelo
vigente.
O espírito infeliz do capitalismo
Há quem diga que a felicidade possa ser comprada, que esta e dinheiro seriam sinônimos. Porém, pelo menos no que se indica no espírito do capitalismo, não há nada que comprove essa máxima, ou, pelo menos, a presença de uma relação entre esses dois fatores.
A classe social típica desse modelo econômico, a burguesia, demonstra, pelo menos no início de sua existência, a falta de relação entre o "aproveitar a vida" e o espírito do capitalismo. O burguês tinha piscina em casa, mas não a usava, não tinha tempo. Ele podia até ter um campo de golfe em seu quintal, mas não tinha tempo para jogar.
Um grande fator que disseminou toda essa cultura de trabalho direcionado à acumulação de capital foi a ética protestante que não tinha o sentido não de uma forma de escapar o controle religioso sobre a vida social, mas de fazê-lo mais rigoroso e estendê-lo a todas as instâncias da vida. Os protestantes mudaram a visão de conformação de mundo, para de dominsção do mundo; ou seja, os homens deixam de se dedicar à vida eterna e passam a se dedicar à vida mundana.
Esse protestantismo ascético, junto com todo o processo de racionalização necessário para o sucesso do capitalismo construiu todo esse aparato atual que mantém as pessoas sempre insatisfeitas com o que tem, já que acumular capital liga-se à ideia de virtude e eficiência; e acumulação nunca tem fim.
Portanto, o espírito do capitalismo não inclui o "aproveitar a vida", mas sim o trabalho árduo e próprios do ascetismo da ética protestante; ou seja a busca pela acumulação de riquezas, nunca sendo o suficiente, nunca sendo completo, nunca trazendo a felicidade verdadeira. Não dá tempo.
Murilo Thomas Aires
A classe social típica desse modelo econômico, a burguesia, demonstra, pelo menos no início de sua existência, a falta de relação entre o "aproveitar a vida" e o espírito do capitalismo. O burguês tinha piscina em casa, mas não a usava, não tinha tempo. Ele podia até ter um campo de golfe em seu quintal, mas não tinha tempo para jogar.
Um grande fator que disseminou toda essa cultura de trabalho direcionado à acumulação de capital foi a ética protestante que não tinha o sentido não de uma forma de escapar o controle religioso sobre a vida social, mas de fazê-lo mais rigoroso e estendê-lo a todas as instâncias da vida. Os protestantes mudaram a visão de conformação de mundo, para de dominsção do mundo; ou seja, os homens deixam de se dedicar à vida eterna e passam a se dedicar à vida mundana.
Esse protestantismo ascético, junto com todo o processo de racionalização necessário para o sucesso do capitalismo construiu todo esse aparato atual que mantém as pessoas sempre insatisfeitas com o que tem, já que acumular capital liga-se à ideia de virtude e eficiência; e acumulação nunca tem fim.
Portanto, o espírito do capitalismo não inclui o "aproveitar a vida", mas sim o trabalho árduo e próprios do ascetismo da ética protestante; ou seja a busca pela acumulação de riquezas, nunca sendo o suficiente, nunca sendo completo, nunca trazendo a felicidade verdadeira. Não dá tempo.
Murilo Thomas Aires
Adaptações
O grande pensamento desenvolvido na obra 'A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo' gira entorno do conceito econômico desenvolvido no período, que resultou em alterações profundas e irreversíveis ao próprio pensamento e comportamento do homem.
Com a prática capitalista desenvolvida como nunca visto anteriormente, as alterações no âmbito econômico levaram o homem do período a transições em sua vida religiosa, moral e social. Deve-se entender que a ética protestante justificou e defendeu a camada ascendente de burgueses e comerciantes, em sua busca de desenvolvimento econômico, pois antes desse pensamento eram religiosamente oprimidos no sentido de que essas ações terrenas culminariam em uma pós-vida eterna de penalidades.
Assim sendo com as mudanças no pensamento humano acarretam-se alterações em seu comportamento social e moral, através desse estudo notamos como realmente funcionam os mecanismos institucionais religiosos. Imagina-se que é descendente o poder, que a influência vem da ordem superior atingindo aos seguidores porém a complexidade da realidade humana ultrapassa esses parâmetros determinados; assim, nota-se que as instituições religiosas que perduram são as que na aparência agem dessa forma mas na realidade são alteradas conforme as mudanças ocorridas.
Para melhor ilustrar esse raciocínio, é possível colocar em pauta assuntos atuais como a posição da Igreja Católica perante assuntos tais como o uso de métodos anti-concepcionais, a homossexualidade, o aborto, abusos sexais envolvendo membros de diversas igrejas, entre outros tão atualmente discutidos. Aparentemente tem-se uma imagem de que, o pilar religioso de grande parte da população ocidental é sólido e intransponível, porém só o fato desses assuntos serem atualmente discutidos e não mais tidos como um tabu nesse âmbito já indicam que para a sobrevivência dessa instituição ocorre uma constante adaptação.
E a obra estudada retrata uma dessas adaptações religiosas, nesse caso, para a manutenção da Instituição religiosa porém ao mesmo tempo correspondência aos interesses morais do período desenvolveu-se uma ética que permite a esse novo homem agir de tal maneira economicamente ainda sim sentir-se em uma boa posição moralmente, ou no caso, iluminado divinamente para o sucesso.
Com a prática capitalista desenvolvida como nunca visto anteriormente, as alterações no âmbito econômico levaram o homem do período a transições em sua vida religiosa, moral e social. Deve-se entender que a ética protestante justificou e defendeu a camada ascendente de burgueses e comerciantes, em sua busca de desenvolvimento econômico, pois antes desse pensamento eram religiosamente oprimidos no sentido de que essas ações terrenas culminariam em uma pós-vida eterna de penalidades.
Assim sendo com as mudanças no pensamento humano acarretam-se alterações em seu comportamento social e moral, através desse estudo notamos como realmente funcionam os mecanismos institucionais religiosos. Imagina-se que é descendente o poder, que a influência vem da ordem superior atingindo aos seguidores porém a complexidade da realidade humana ultrapassa esses parâmetros determinados; assim, nota-se que as instituições religiosas que perduram são as que na aparência agem dessa forma mas na realidade são alteradas conforme as mudanças ocorridas.
Para melhor ilustrar esse raciocínio, é possível colocar em pauta assuntos atuais como a posição da Igreja Católica perante assuntos tais como o uso de métodos anti-concepcionais, a homossexualidade, o aborto, abusos sexais envolvendo membros de diversas igrejas, entre outros tão atualmente discutidos. Aparentemente tem-se uma imagem de que, o pilar religioso de grande parte da população ocidental é sólido e intransponível, porém só o fato desses assuntos serem atualmente discutidos e não mais tidos como um tabu nesse âmbito já indicam que para a sobrevivência dessa instituição ocorre uma constante adaptação.
E a obra estudada retrata uma dessas adaptações religiosas, nesse caso, para a manutenção da Instituição religiosa porém ao mesmo tempo correspondência aos interesses morais do período desenvolveu-se uma ética que permite a esse novo homem agir de tal maneira economicamente ainda sim sentir-se em uma boa posição moralmente, ou no caso, iluminado divinamente para o sucesso.
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