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terça-feira, 26 de março de 2024

Furar fila é o reflexo do país

  De acordo com Auguste Comte, a história segue uma linha reta de progresso, isto é, a história não permite que haja retrocessos ao passar do tempo. Sem dúvidas, um ponto de vista emblemático, que não se faz presente na sociedade contemporânea, haja visto os inúmeros atrasos do povo brasileiro, da qual não se pode chamar de avanço histórico. E mais especificamente nos casos de imoralidade da Unesp Franca, onde na fila para o restaurante universitário, pode-se ver a qualquer momento pessoas entrando na frente das outras (furando fila), um completo Desrespeito e quebra dos princípios de ordem e progresso (expressos na bandeira nacional).
  De fato, o conjunto de ideias positivistas ainda impera no brasil, não só simbolicamente, como no caso de nossa bandeira, mas também no imaginário popular. Uma relação famosa desse imaginário é a ideia central de uma ordem que não deve ser alterada, a família por exemplo, ou hierarquias das quais não deve-se questionar. Grande parte dos brasileiros acreditam nessas máximas, e inúmeras são as formas positivistas de pensamento que permeiam os homens da modernidade. Mas algo chama a atenção nesse sistemas de ideias: A questão da animalidade social coexistir com o positivismo nacional. 
  Aos olhos da lógica, pode-se supor que "ou o povo não está vivendo sobre a ótica Comtiana, ou essa ideologia é falha, pois não está trazendo nem ordem, nem progresso a nossa sociedade". A partir disso, podemos investigar essas duas opções e chegar a um resultado coerente. 
  A primeira opção certamente coloca-se como a mais plausível, e diz respeito ao povo não seguir os métodos do positivismo, somente usa-los de fachada, e por isso, estaria com problemas de anomia. Nesse contexto, há problemas gerados pela falta de ordem, como no caso já citado, o ato de furar fila, que é só a ponta do "iceberg", com seus problemas mais profundos sendo a existência de milícias, traficantes, crime organizado no controle de territórios brasileiros, casos frequentes de corrupção governamental, o aumeto da violência em diversos estados. Havendo também complicações mais simples, como quando um caminhão de cerveja caiu na estrada, e as pessoas desceram dos seus carros para pegar latas de bebida e levar para casa, ou em festas municipais, quando as pessoas brigam como animais para pegarem bolo. 
  Diante a todos esses fatos, se Comte vivesse no Brasil de 2024, certamente teria maior convicção de suas ideias, pois veria a necessidade clara de ordem. Comte também acharia estranho, um país cujo lema primeiro é ordem, e o estado não tem coragem de combater o crime organizado, além de permite, com leniência, a existência de facções que expressamente destroem a ordem vigente, causando mortes e destruição. 
  Em suma, vemos a hipocrisia de brasileiro que se dizem a favor da nação, das ideias positivistas, mas são os representantes da ruptura cívica e moral, furam filas, fazem sua pequena corrupção no famoso "jeitinho brasileiro", apoiam governos criminosos e nem se dão conta que são eles mesmos, elementos de desordem e retrocesso.
Isidore Auguste Marie François Xavier Comte (1798-1857)


---Vinicius de Oliveira David- Unesp Franca- 1°ano Direito Matutino---

“Ordem e progresso” e a família tradicional brasileira: o positivismo estrutural no Brasil


A atual bandeira da República Federativa do Brasil foi implantada em 19 de novembro de 1889, logo após a Proclamação da República, e é considerada um símbolo nacional. Tal bandeira se destaca pela frase “Ordem e Progresso”, inspirada nos ideais positivistas de Auguste Comte. O sociólogo defendia em sua “física social” que o progresso constituiria uma das condições essenciais da civilização moderna, e que esse dependia exclusivamente da ordem para se concretizar, como expresso no lema “Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim”.

Dessa forma, a bandeira brasileira e o seu lema positivista – que preza pelo progresso contínuo da humanidade - acabaram por ditar determinados padrões na sociedade, estabelecidos desde o século XIX, e que se desenvolviam antes mesmo do momento do auge da corrente filosófica positivista e da criação da bandeira nacional. A ordem, que fundamenta a ideia positivista de progresso, se traduz na sociedade brasileira no conservadorismo ou até na passividade dos cidadãos frente a questões políticas e sociais; e na repressão estatal histórica de movimentos abolicionistas, operários, estudantis, feministas, entre outros, pela violência; de modo que os movimentos sociais eram e ainda são, muitas vezes, vistos como perturbações à ordem do país e, portanto, ao seu progresso. Como ironizou Lima Barreto quando a República brasileira nasce sem qualquer participação popular direta: “O Brasil não tem povo, tem público”.

Assim, no positivismo, defende-se a supremacia da sociedade em relação ao indivíduo, de modo que a ideia de felicidade estaria indubitavelmente relacionada ao bem público. Este, por sua vez, seria atingido através de uma harmonia social, proveniente do cumprimento do papel social determinado pela moral, ou seja, da aceitação dos “lugares sociais” e dos seus papéis. Portanto, o ideário popular de progresso está fundamentado na manutenção da ordem generalizada no país, nos campos social, político, econômico, religioso, entre outros; o que propiciou a exaltação da extrema direita, conservadora, em diversos momentos da história do país, como no governo de Jair Bolsonaro.

Sob uma premissa de louvor ao progresso, os conservadores negam novas estruturas sociais que surgem justamente com a evolução da sociedade e com a época contemporânea. Nesse aspecto, uma aspiração do governo anteriormente citado era a conservação da “família tradicional brasileira”, formada essencialmente por um casal heterossexual, unidos por matrimônio, pai e mãe de um ou mais filhos, como a representação fundamental de um padrão de núcleo familiar “estável”, “normal”, pautado nos valores católicos, no patriarcalismo e na monogamia, que seria supostamente capaz de garantir a ordem, o progresso e a felicidade social no Brasil, nos moldes positivistas. Tais conservadores, até nos tempos atuais, insistem em difundir o ódio e o preconceito para com casais homossexuais, poligâmicos e tantas outras formas de relacionamentos e identificação pessoal, e não os aceitam como uma representação, também, de humanidade, de amor e de família.

Contudo, apesar de princípios positivistas ditarem grande parte do Brasil e serem difundidos e venerados por inúmeros cidadãos, destacam-se, na atualidade, principalmente, movimentos pela justiça, liberdade e pelo respeito às diferenças sexuais, de gênero, étnicas, religiosas, dentre outras, ressaltando que essas não são e jamais foram uma perturbação à ordem social e ao progresso da nossa nação.

 

Luísa Rosenburg Mendes, 1° ano, Direito Matutino, RA: 241222842

Mills e o racismo contemporâneo

 Na temporada 2022/2023 do futebol europeu, as notícias de jornais foram inundadas com matérias relacionadas ao futebol e racismo, com destaque para o jogador brasileiro do Real Madrid, Vinícius Junior. Os jogadores, por sua vez, se expressaram contra as agressões verbais vindas das arquibancadas usando da frase de Haile Selassie “Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho nos olhos, haverá guerra.”. O principal time acusado dos atos racistas (Sevilla) foi multado em 5 mil euros e conduziu a expulsão de um torcedor, pena um tanto quanto leve para a escala que os acontecimentos tomaram e suas repercussões.

Esse triste episódio de racismo pode ser interpretado pela visão sociológica de Charles Wright Mills, na sua visão, tudo o que o homem pensa e procura fazer está limitado pela esfera na qual se encontra dentro da sociedade a qual pertence. Dentro do contexto analisado, os torcedores espanhóis, que foram os autores das falas racistas, foram influenciados por essa teoria do comportamento social. Decerto, nem todos os torcedores concordam com essa projeção de ódio, mas é fato que o pensamento individual ganha força ao se incluir em grandes massas.

Ademais, deve-se levar em consideração o racismo estrutural vigente na atualidade, o qual é passado de geração em geração desde o período colonial. Da mesma forma que as esferas sociais impactam na forma de agir do indivíduo, essa também atravessa o tempo, sendo que essa cultura é transmitida pela família e meio social, mesmo que não propositalmente, ou seja, por meio de ações que são reproduzidas pela próxima geração.

Portanto, a fim de que o racismo cesse em escala mundial, as mais diversas bolhas da sociedade precisam ser reformadas. Assim, da mesma forma que o racismo penetrou na sociedade contemporânea de forma intensa, ele será, gradualmente, mitigado.