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domingo, 19 de agosto de 2012

Não se adapte, se puder


É equivocado chamar de capitalismo o sistema econômico vigente durante  fim da idade media e inicio moderna, uma vez que não surgiu em qualquer lugar, e vai muito além da busca pelo lucro. O capitalismo vincula-se não apenas a perspectiva da troca, mas, sobretudo às possibilidades de dinamização racional do investimento. E isso fez com que se tornasse uma riqueza com mobilidade.
O principal fator que diferencia o modo de produção capitalista de qualquer outro na historia é a ideia de racionalização. A racionalização e a ciência impulsionam a sociedade para o progresso, há interesse capitalista ligado à sua aplicação prática na economia. Com todas as mudanças observadas na sociedade, o Direito teve que se adaptar para oferecer um respaldo jurídico e mobilidade do capital. O Direito deve acompanhar as mudanças, ir de acordo com o desenvolvimento do homem e das ciências.
Nota-se que o racionalismo proposto se caracteriza pela ânsia de “dominação do mundo”, em oposição à “conformação ao mundo” do racionalismo oriental.  O que era próprio do calvinismo, disseminou-se por todo o mundo pela expansão do capitalismo. Com isso nota-se que “Quem não se adaptar sua maneira de vida as condições de sucesso capitalista é sobrepujado, ou pelo menos não pode ascender”.

Marina Precinotto da Cruz, Primeiro ano, Direito Diurno.

Foi Deus que quis

Arrumar justificativas para os atos é uma boa ideia para livrar-se do peso na consciência, ou da culpa por tê-los feito. Não é preciso ir muito longe, é comum ouvir a frase "mas não foi minha culpa, é que..." e outras do mesmo gênero. Os pensadores ao longo dos anos tentaram adequar suas vidas à ética social vigente na ocasião, ou o contrário. Pode-se dizer que essa mesma lógica uniu o protestantismo ao capitalismo.

Uma religião que envolve a predestinação e a riqueza como sinais de uma boa resposta de Deus ao trabalho empenhado em vida, concilia os valores capitalistas de uma forma tênue. Os resultados dos esforços pessoais são colhidos aqui mesmo. Se há lucros, é por que se está seguindo o caminho certo. Se não os há é por que alguma razão há para não os merecer.

Outro ponto interessante é a valorização do trabalho e depreciação do ócio. Antes, o ócio era considerado necessário para a dedicação a atividades intelectuais, artísticas e políticas. Contrariando esse pensamento, o protestantismo afirma que o trabalho é a fonte da virtude. Deixar de trabalhar é o mesmo que desviar de um fim bom. Dessa forma, fica plausível manter funcionários com jornadas de trabalho intermináveis e salários curtos e é aceitável continuar trabalhando nessas condições acreditando que sua vida simplesmente foi planejada para ser dessa forma.

Sendo assim, a busca por um alívio da consciência dos burgueses encontrou esteio no protestantismo que, ao mesmo tempo, serviu de consolo para os operários. E é muito fácil lidar com a conformidade dos submissos, principalmente quando há razões com princípios divinos que permitem e suportam sua alienação. Só restava torcer pra nascer predestinado na próxima vez.

A ética da pobreza e desigualdade



Ao contrário de Marx, que parte do âmbito econômico e das relações sociais de produção para a explicação do capitalismo, Weber propõe o entendimento do sistema por meio do âmbito espiritual. Desta maneira, é proposto que princípios éticos foram responsáveis por proporcionar um desenvolvimento econômico. Em sua obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo” ele aponta os fundamentos dados pelo protestantismo para que o homem procure obter lucro.
A ética do protestantismo se diverge da católica na medida em que considera que as boas ações do sujeito nada influenciam em sua salvação, já predestinada. De acordo com os protestantes, o sucesso nos negócios e o acúmulo de riquezas seriam indícios dessa salvação. Desta maneira, o protestantismo seria responsável pela criação de uma nova ética: a ética do trabalho. A expressão “espírito do capitalismo”, segundo Boltanski e Chiapello, seria um “conjunto de crenças associadas à ordem capitalista que contribuem para justificar essa ordem e a sustentar, legitimando-os, os modos de ação e as disposições que são coerentes com eles”.
De uma maneira brilhante, o diretor Jorge Furtado dirigiu o premiado curta metragem “Ilha das Flores”, de 1989. O filme trabalha a estrutura de uma sociedade capitalista, que possui como único fim a obtenção de lucro, e as desigualdades provenientes desses fatos. O curta caracteriza a sociedade capitalista e descreve os seus elementos de maneira irônica e envolvente, levando-nos a refletir a respeito dos valores e dificuldades presentes em nossa contemporaneidade, e analisar os problemas sociais, econômicos e políticos envolvidos. O filme aborda como a posse, o dinheiro e o lucro, ou a falta dos mesmos, são determinantes nas posições que os indivíduos ocupam. Sendo capazes de determinar que seres humanos fiquem abaixo de porcos na prioridade da escolha de alimentos.
                O curta possui certo caráter documental e humanista, características que podem ser percebidas pelas primeiras frases da obra “Este não é um filme de ficção, existe um lugar chamado Ilha das Flores. Deus não existe”, demostrando a postura histórica e realista do problema, não dando espaço para superstições. O link da obra completa, que possui aproximadamente 10 minutos de duração, segue abaixo.

http://www.youtube.com/watch?v=Hh6ra-18mY8

Ligitimação e adaptação capitalista


                Para viver em uma sociedade capitalista como a atual é necessário adaptação ao sistema, e suas inúmeras relações econômicas criam as regras para a correta adaptação.  
                Em “A ética protestante e o espírito do capitalismo” Weber já indica dois elementos que não devem ser ignorados para aqueles que vivem em sociedades capitalistas, a religião protestante, agora neste texto com foco no Calvinismo e o próprio espírito do capitalismo. Dentro do espírito do capitalismo existem fatores cruciais para seu entendimento e posterior adaptação como a existência de classes sociais interdependentes e necessariamente desiguais, as relações de mercado como base para as outras relações como as políticas e públicas e a existência e busca por todos de uma propriedade privada sendo que esta última se enquadrou perfeitamente a religiões protestantes como o Calvinismo.
                A religião calvinista pregava em uma de suas principais idéias o acumulo de dinheiro honesto como caminho para a salvação, portanto, ao surgimento da idéia capitalista uma religião que se opunha ao “não lucro” do catolicismo era altamente desejada e também necessária, formando assim, um casamento de idéias que permitiam que um novo sistema se consolidasse com legitimação divina, algo muito prezado nos séculos XVI e XVII por exemplo.
                Mas não só legitimação religiosa é necessário ao capitalismo, a existência de uma alta racionalidade, observada por Max Weber em sua obra, é necessária para os avanços tecnológicos, da ciência e dos meios de produção que são nada mais, nada menos que geradores de capital e objetos de conforto, poder econômico e controle social.

A doutrina religiosa que ultrapassou o campo religioso


            O calvinismo foi uma das religiões mais seguidas após a Reforma Protestante, principalmente pela burguesia, pois prega que algumas pessoas possuem o direito a vida eterna, desde seu nascimento, não podendo ser adquirido no decorrer de sua vida, e essa predestinação absoluta se revela em suas condições de vida mais abastadas, ou seja, a vida de um predestinado à vida eterna é muito próspera desde sua vida terrena. Essa concepção rompeu com a idéia católica de que a vida na Terra não era boa, pois era na vida após a morte que as recompensas viriam, por esse motivo a burguesia, que é movida pela razão e busca sempre o lucro acabou adotando de forma veemente essa doutrina religiosa e a aplicando em sua vida, tanto profissional quanto pessoal.
            Max Weber, em sua obra “O espírito do capitalismo”, mostra como o calvinismo foi influente na disseminação do capitalismo e como mesmo quando não se adota a doutrina calvinista como religião se aplica ela como forma de vida. A racionalidade burguesa encontrou uma forma de afirmação quando foi criada uma religião que a embasasse, então quando o capitalismo passou a ser o modo de produção que o mundo adota as pessoas passaram a adotar ideias calvinistas impregnadas no modo de vida dos grandes burgueses da época e esse modo de vida, que adquiriu um sentido mais amplo do que o da própria religião, acabou se adaptando e se perpetuando em todas as gerações futuras.
            O mundo capitalista exige que se difunda a idéia de que qualquer um pode alcançar o sucesso, mediante o trabalho, dando base para seus mecanismos de exploração e aprimoramento, e esses são conceitos que extrapolam o âmbito religioso e passa a ser adotado por todos aqueles inseridos no mundo em que vivemos.
            A doutrina calvinista influencia até hoje no modo como vivemos no mundo capitalista e estamos adaptados aos seus mecanismos de realização, então não é estranho perceber que os lugares onde o capitalismo começou a ser implantado no mundo foram os países com grande parte da população protestante, principalmente calvinista, e que aplicaram suas ideologias religiosas para todos os campos de suas vidas e perpetuaram-nas no cotidiano do mundo, além de serem os mais ricos na atualidade. Então o calvinismo pode não ser unicamente a base da nossa forma de viver, baseada na valorização do trabalho, mas foi grande responsável pela vida que temos hoje. 

Capitalismo justificado pela fé


O capitalismo gera a racionalização da humanidade e isso nunca havia ocorrido antes na história. Há uma separação da vida “pessoal” e da vida “profissional”, as empresas ganham uma personalidade jurídica e respondem por seus atos, tudo isso por causa de uma visão lucrativa.
Nesse contexto a Igreja Católica perde forças, porque condenava o lucro, ao contrário do protestantismo com base no calvinismo. A nova religião apoia a ascensão material e diz que a riqueza é um sinal de benção e salvação no mundo divino, por causa disso, ganha vários adeptos. Assim o capitalismo ganha mais força, porque há uma justificativa religiosa para sua prática, a acumulação ganha uma conotação positiva e virtuosa. 

Bom burguês, bom malandro




Nós temos atualmente, dois ótimos modelos estereotipados de burguês, e de malandro, que nos são oferecido pela mundialmente famosa, Disney.
O primeiro, o famoso "Tio Patinhas" é o retrato do burguês. Mesquinho e ostentador está sempre buscando o lucro a qualquer custo, pelo simples "prazer" de enriquecer, pois na prática acaba não gastando ou usufruindo muito de toda sua fortuna. Tem incrustado em si o espírito do capitalismo, sendo que no passado, na busca por capital teria cometido atos como a expulsão, e exploração de tribos africanas em suas terras, para a extração de diamantes de uma mina que lhe pertencia. A Disney se vale desse personagem para descrever e criticar de certa forma o "burguês clássico", que é muito racional e esforçado, porém imoral e mesquinho.
O "Zé Carioca", por outro lado, é a expressão da malandragem. Criado nos anos 40, para uma maior integração Brasil-Estados Unidos, o personagem é o retrato do malandro carioca. Não gosta de trabalhar, é caloteiro e vagabundo. Porém, muito amigável, logo faz amizade com "Pato Donald", que seria o turista americano conhecendo o Brasil. Zé também é alienado, porém muito esperto. Fanático por futebol, samba e cachaça. Expõe ao mundo a visão estadunidense sobre o brasileiro, e o malandro em geral.
As revista "Disney Comics", apesar de obviamente infantilizadas, são manifestações legítimas de cultura. Ao serem analisadas com mais atenção, notamos em suas páginas diversas críticas fundamentadas, e principalmente análises profundas sobre assuntos sérios, como a exploração pelo lucro, e a "malandragem", como a prática de pequenos delitos para a sobrevivência. Tais assuntos são abordados de forma leve e cômica, para o maior interesse e entendimento infantil, além de suavizar o tom crítico e cético que possui na realidade.

Weber, Capitalismo e Protestantismo.



Capitalismo: Organização econômica em que as atividades de produção e distribuição, obedecendo aos princípios da propriedade privada, da competição livre e do lucro, produzem uma divisão da sociedade em duas classes antagônicas, porém vinculadas pelo mecanismo do mercado: a dos possuidores dos meios de produção e a do proletariado industrial e rural (MICHAELIS).

O conceito de capitalismo, assim como descrito acima, resume todo um sistema econômico em duas partes principais: primeiro, a existência de uma propriedade privada vinculada ao mercado de trabalho; e, em segundo lugar, o antagonismo de classes. Apesar de depararmo-nos todos os dias com esse conceito em prática, é raro pensarmos como foi o processo que resultou em uma sociedade capitalista. Quais seriam os fatores que contribuíram para esse fato?

Para Max Weber, em sua obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, o elemento que diferencia o capitalismo de todos os sistemas anteriores é a racionalização. Foi a partir dessa consciência racional, tanto do homem quanto do mercado, que a estrutura se consolidou. O racionalismo aqui expresso é o de entendimento do mundo, e não o conformismo que caracteriza a sociedade oriental.

Além do aspecto econômico, Weber utiliza-se da religião em sua obra. A relação entre capitalismo e religião (no caso, protestante) seria autenticada através das ideias calvinistas surgidas no século XVI. O protestantismo, forma de superar o dualismo religioso no mundo, viria a propor também uma moral pratica na sociedade. O lucro, tão criticado pela Igreja Católica, era permitido aos fiéis protestantes como graça divina aos escolhidos. Com essa visão, a culpa de se obter lucro foi, gradativamente, sendo substituída pelo orgulho de enriquecer.

Weber utiliza-se de certos axiomas de Benjamin Franklin para defender que a conduta é necessária para adquirir creditos no sistema capitalista e assim obter vantagens. O indivíduo, para se manter no sistema, é submetido a padrões de atitude e pensamento, que tornam a consciência interna e externa do homem muito próximas e gerais na sociedade.

Para Weber, portanto, o protestantismo e o capitalismo se interligam de maneira a influenciar um ao outro, criando sociedades hegemônicas. A racionalização foi o fator chave para a consolidação desse gênero econômico. Nas palavras do autor, quem não adaptar sua maneira de vida as condições de sucesso capitalista é sobrepujado, ou pelo menos não pode ascender, comprovando a força coercitiva do capitalismo sobre os indivíduos, existente até os dias atuais.

Sono tranquilo


Max Weber, em sua obra "O espírito do capitalismo", disserta a respeito de como tal "sistema econômico" assenta-se não apenas na ideia do lucro, mas também na expectativa de dinâmica social, de avanços tecnológicos ou científicos. No livro, existe ainda a discussão sobre o protestantismo e a noção de acúmulo de dinheiro - visto como algo benéfico pelo autor e não como uma atitude gananciosa e egoísta.
No entanto, até que ponto podemos pensar que a riqueza é uma dádiva de Deus? Até que ponto podemos seguir adiante com nossas vidas sem nos lembrarmos daqueles que, segundo a referida diretriz religiosa, não foram agraciados pelo sobrenatural?
É muito conveniente para os que detêm os meios de produção acreditar que não há nada de errado com a desigualdade presente na sociedade; para a classe média crer que o consumismo é um direito justo e para os ricos agir como se o poder lhes fosse algo natural e óbvio.
A verdade é que o protestantismo garante um sono tranquilo, afinal, é mais fácil colocar a cabeça no travesseiro pensando que uma entidade maior abençoa suas posses e sua vida, pensando que as pessoas as quais estão na miséria por algum motivo merecem isso. Com esta mentalidade fica fácil até ignorar os números, fica fácil ignorar que mais de 60% dos africados é infectado pela AIDS e que a maioria desta população vive uma realidade subumana. 



Em seus escritos, Weber faz reflexões sobre o capitalismo e a nova ética econômica universal trazida por ele. Ele explica essa ânsia por acumulação e lucro não são novidades desse sistema econômico, mas a palavra que o identifica é 'racionalização'. Segundo Weber, essa revolução na cultura do homem foi responsável por originar um novo modo de agir. E é essa racionalização da vida humana que permite acumular riquezas para as próximas gerações.
Ao refletir sobre esses pensamentos de Weber, é possível identificar na sociedade moderna certas características que dão sustentação às suas suas ideias. Cada vez mais o ser humano usa da razão, e somente dela, para explicar tudo ao seu redor. Isso nos tornou pessoas demasiadamente céticas e mais distantes umas das outras. Não esperávamos, porém, que esse ceticismo ao invés de facilitar, tornaria nossa vida mais difícil, pelo simples fato de que deixamos de acreditar. Deixamos de acreditar nas pessoas, nos sonhos, na fé. Talvez devêssemos rever essa transformação que o mundo moderno causou (e ainda causa) no nosso modo de ver a vida.

Maria Cláudia Cardin - 1° ano Direito Diurno

A racionalização capitalista


Max Webber, em sua obra “O espírito do capitalismo”, tenta compreender o funcionalismo do sistema econômico capitalista. Para Weber, o capitalismo inaugura uma nova característica em sua composição, a racionalização das atividades econômicas, aliada a crítica ao lucro à curto prazo e ao gasto exacerbado, sendo a ânsia pura e simples por lucro uma característica não capitalista.

O maior exemplo capitalista é o personagem norte americano Tio Patinhas, que usa a razão de modo a acumular suas posses, desvinculando os interesses fúteis e pessoais dos interesses do empreendedorismo, valorizando-os. E é esse o princípio essencial do capitalismo, a separação dos interesses pessoais dos interesses empresariais.

O capitalismo se pauta pela racionalização contábil, jurídica e do homem, que são os pilares da razão humana. A racionalização contábil  é baseada na desvinculação dos interesses pessoais dos interesses empresariais. A racionalização jurídica é baseada em meios que assegurem a segurança aos investimentos capitalistas, marcada pela mudança constante do Direito de modo a criar as condições necessárias para a administração da riqueza capitalista, havendo assim uma padronização mundial de modo a facilitar o desenvolvimento capitalista. A racionalização do homem é baseada na necessidade da adoção por parte do ser humano de novos comportamentos e condutas, sendo o homem moderno e racional marcado pelo pensamento do trabalho para acumular, acumulação por pura acumulação. 

Religião e Racionalidade

"O espírito do capitalismo" de Max Weber trata da ética protestante do capitalismo, e fundamenta-se em mostrar como a religião protestante influenciou não só no aspecto espiritual, mas no lado racional do homem daquele período. Isso porque o protestantismo, ao contrário do cristianismo, não via a acumulação de capital como um pecado do homem, mas sim como uma virtude humana, aqueles que por meio do seu trabalho conseguem lucrar e guardar esse lucro tem a salvação. 
As religiões oriundas da Reforma Protestante valorizavam muito o trabalho como forma de salvar a alma, o ócio era visto como um vício e era condenado pelos religiosos, defendendo, portanto ações sociais a fim de reduzir ou acabar com o desemprego.
O calvinismo tinha como uma de suas principais idéias a predestinação; alguns homens nasciam predestinados ao trabalho e consequentemente ao lucro, que era visto com "bons olhos" já que era resultado do trabalho, que afinal, era uma virtude da humanidade. Entretanto, outros homens eram predestinados ao ócio, eram então, condenados a miséria, tudo estava escrito já. 
Dessa valorização do trabalho e do lucro fottalecem-se as sociedades capitalistas, isso pois burgueses adotam essas idéias religiosas já que o cristianismo condenavam a acumulação de capital. Sendo assim, essa ética religiosa se espalha pelo mundo, principalmente Estados Unidos e Inglaterra, fazendo com que esses países se tornassem potências econômicas.
Essa ética religiosa foi a maneira encontrada para estimular condutas humanas, tanto no aspecto religioso como na vida material, é a "racionalização da religiosidade" , pois é por meio do protestantismo que as condutas das pessoas são moldadas, ressaltando a valorização do trabalho como forma de salvar a alma e o lucro apenas como consequência de um trabalho aceito por Deus. 

Arma em defesa da ética


          É possível identificar entre as pessoas a influência de dois modos de encarar a vida. Um deles é o modo baseado em tradições, superstições e dogmas, que acompanha a humanidade desde muito antes da Idade Média deixar a Europa e que, seus resquícios de existência ainda ecoam pelo mundo. Outro tipo é aquele influenciado pela racionalidade burguesa, que permeia as relações humanas contemporâneas de poder, ordem, justiça, trabalho etc.
          A ética calvinista que originou a racionalidade burguesa de hoje, inverteu conceitos humanos em relação às tradições. Um cidadão ocidental antes vivia influenciado pelos desmandos da Igreja Católica, hoje o fator influenciador se despersonifica, perde o caráter de instituição religiosa, mas possui ainda mais eficácia nos termos de seu domínio. Capitalismo. Essa palavra dá nome a algo que de início se apropriou da ética protestante e que está em constante mutação, englobando para a ceara de seu domínio qualquer tipo de movimento de oposição.
          A racionalização de vários segmentos da vida é um exemplo de como é mantida a dinâmica capitalista. Uma vez que o burguês e seu empregado possuem a mesma ética já assimilada universalmente, ambos estão sujeitos aos efeitos da racionalização. A ciência que é utilizada tanto pelo burguês como pelo empregado, passou por um processo de racionalização. Os investimentos que foram massivamente feitos em pesquisas no campo científico, por exemplo, vieram de alguém que tinha interesse na exploração da patente dos remédios envolvidos na cura de determinada doença.
          O Direito também está incluído nesse jogo que possui dois lados. O positivo pois traz o aperfeiçoamento de tecnologias e inovações em diversos campos. E o lado nefasto relacionado com a exclusão de boa parte das pessoas que estão distantes desses recursos. O papel do Direito está em dar garantias de exploração a empresas que desenvolvem determinada tecnologia. Ele da condições de exploração com exclusividade para aqueles que investiram.
          É possível identificar que no Capitalismo há a utilização de meios jurídicos para a defesa da própria ética capitalista. O Direito assume em várias situações a característica de arma em defesa do interesse burguês. Por mais desigual que essa dinâmica possa parecer, há consentimento social pois, se algum dia alguém que antes era excluído da posição de riqueza e prestigio mudar seu status quo, essa pessoa se utilizará dos mesmos recursos jurídicos para proteger o capital conquistado, mostrando os valores racionais que se desprenderam do protestantismo e que hoje estão arraigado em todos.

              A racionalização, surgida com a modernidade é a característica marcante do espirito do capitalismo. Para que o acúmulo de capital se de, ela assume diferentes aspectos: o contábil, separando o bem empresarial do particular; o científico; o jurídico, reconhecendo a propriedade privada, a propriedade intelectual, patentes, etc.; e a consciência do homem. È nesta última que Weber vai se aprofundar, e encontrar influências religiosas do protestantismo no espírito do capitalismo, isto entre os diversos fatores possíveis. Essa nova abordagem, coloca em ênfase a religião, se diferenciando de abordagens como de Marx e Engels.
            Segundo seu pensamento, O protestantismo, vai agir no ethos, na cultura e na adoção de certas condutas racionais. Dentre as diferentes vertentes protestantes, o luteranismo é descartado, pois mesmo valorizando o trabalho como edificante, possui conotação tradicionalista, no sentido de garantir a subsistência e, não o acúmulo de capital. Já o calvinismo motiva o surgimento desse espirito, por acreditar na predestinação como forma de salvação eterna, indicada pelo sucesso material. É importante lembrar, que a Bíblia , a base do pensamento cristão, não incentiva a acumulação de riquezas, pelo contrario, em Mateus 19:24 Jesus diz : “...é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus”.
         Todo essa racionalização tão bem descrita por Benjamin Franklin e, a impregnação capitalista na forma de ver a vida, leva o homem  a inverter os valores , a trocar o fim pelo meio e , chega a fazer da aquisição material um prazer doentio. Talvez seja a hora de se repensar nos valores que regem nossas vidas! Quais são os seus?

Jéssica Duquini

Dominamos e fomos dominados


A ética protestante ou a ética do racional é fruto do abandono da religião como base fundamental para sua construção e é o aspecto que norteia a produção e a existência moderna, sobretudo pós-moderna. O homem deixou de ‘se deixar guiar’ pela religião e pelos valores que ela priorizava e, aos poucos, a sociedade experimentou o vazio desses valores e de outros ideais – não em sua totalidade, claro. Toda essa mudança ocorreu em prol da necessidade da nova dinâmica econômica, do ritmo capitalista.
Não que os avanços nas comunicações, nas ciências médica e farmacológica, nos transportes e em outras áreas, bem como a grande e geral racionalização provocada, sejam negativos. No entanto, essa dominação de mundo não se revela tão positiva e vantajosa frente o crescente número de patologias da atualidade. Alguns diriam que o aumento da longevidade tenha proporcionado o experimentar de novas doenças e situações pelo homem, mas não se explicaria o aumento das patologias de fundo emocional e psicológico entre crianças, adolescentes e adultos; tampouco as doenças ligadas ao estresse, à má alimentação, o sono irregular, etc.
Além disso, não é incomum o estranhamento de gerações anteriores frente à postura das gerações atuais, vazias de sentido, de ideologia, de atitude – quase apáticas perante alguns aspectos da realidade, principalmente com a política e a economia. O homem atual pode ter mesmo conquistado em muito esse mundo, mas não sabe o que fazer com essa conquista ou qual o seu propósito. A ampliação econômica e consumista parecem não preencher esse vazio.
E essa nova ética foi tão bem engendrada dentro do capitalismo que é algo proposital, um ciclo vicioso. Num primeiro momento preza-se pela frugalidade e pelo contencionismo econômico. A vida contida e voltada apenas para esse foco leva o homem a um profundo sentimento de vazio apesar de todo o sucesso econômico. Então, o próprio capitalismo estimula o consumo como remédio para esse vazio existencial, numa ação quase contraditória. E, depois de descompensados os gastos, vem os economistas e entendedores do mercado e da economia doméstica pregar o velho contencionismo e a conhecida frugalidade.
O capitalismo transformou os homens e fez com que a maioria deles esquecesse o que existia antes, o que preenchia e guiava a vida antes do ‘mercado’. 

A BRASILIDADE, SUA MALANDRAGEM E SEU CAPITALISMO



A BRASILIDADE, SUA MALANDRAGEM E SEU CAPITALISMO


O racionalismo weberiano é tido como essência fundamental ao pleno desenvolvimento do capitalismo. Desenvolvimento, esse, que só encontraria condições sólidas de florescimento em culturas protestantes onde o apreço pela disciplina, o louvor ao trabalho e o culto à poupança fariam parte da psique local. O Brasil, em corrente oposta, desenvolveu seu próprio espírito de capitalismo refutando à racionalidade weberiana e sua disciplina, rigor e frugalidade.O capitalismo brasileiro, possui características próprias que representam uma antítese à totalidade da teoria weberiana sobre o progresso econômico pautado em profundas raízes  protestantes.

Se nos EUA, na Alemanha luterana e na Inglaterra a disciplina do trabalhador, o respeito à hierarquia e a formalidade de conduta profissional e pessoal marcaram a ascensão da riqueza burguesa, no Brasil, ocorreu o contrário. Em uma cultura marcada pela flexibilidade, desrespeito ao império da normatividade, por espontaneidade, o jeitinho brasileiro traduziu o funcionamento da sociedade brasileira desde sempre. O homem comum, ao contrário do idealizado em culturas anglo-saxônicas, foi representado na forma do “malandro”. Enquanto, nos EUA e em outros países, a idolatria ao mito do self-made man permeava todas as esferas sociais, no Brasil, o malandro tornou-se símbolo nacional em um país marcado pela síndrome de vira lata. Disseminou-se a ideia nos sambas de Martinho da Vila, no pornô chanchada dos anos 70, na literatura de Jorge Amado, Nelson Rodrigues; na brasilidade de Chico Buarque. O ideal do malandro tornou-se, então, modelo social. Se o brasileiro não era rico, disciplinado e culto como europeus e americanos ele teria outras qualidades; ele saberia fazer música, criar uma família desfavorecida,seria um homem superior preparado para encarar todos as dificuldades oferecidas por instabilidades políticas ,crises econômicas, desigualdade social, preconceito racial, opressão policial. Na figura de Bezerra da Silva, a malandragem atingiu o seu ápice, e nela,  o mito do pobre trabalhador reflete a origem do espírito do capitalismo à brasileira.O brasileiro, portanto, seria descrente de seu país, mas crente em si e no sonho do país do futuro.

A malandragem retrada tanto por Bezerra como por diversos artistas evidenciaram a vocação do país para as indústrias criativas. Na música, no cinema, na teledramaturgia, na moda, no design, na publicidade o país é símbolo de excelência. Através de um passado imprevisível e quadros socioeconômicos voláteis, o brasileiro se tornou o mais adaptável dos povos. E essa característica, a da fácil adaptação, da flexibilidade, foi fielmente incorporada ao discurso do mito do malandro. Isso se deu de tal forma que o brasileiro comum sentiu-se motivado a inovar, a ousar, a se arriscar, a empreender. Por meio de anti-heróis como Bezerra da Silva que o morador de comunidade carente, o trabalhador rural e a classe média, a última ainda que secretamente, encontraram luz para sonhar com um futuro melhor. Se a máquina irá substituir a função humana em praticamente toda cadeia industrial, ela ainda não será capaz de superar a capacidade de criativa de da mente humana. O rigor, a disciplina, a austeridade, o sacrifício da filosofia protestante sustentaram o modelo industrial de capitalismo, mas para o modelo pós-industrial necesita-sse de flexibilidade, criatividade, espontaneidade e diversidade, qualidades essas presentes na alma de todo “malandro”, de todo brasileiro.

As bases do capitalismo

Mediante uma filosofia econômica complexa e ideologias que passaram a serem difundidas após o feudalismo, Max Weber passa a analisar suas origens e a tentar entender os fundamentos que serviram de base para os preceitos econômicos de sua época e da época atual. Tendo chegado dessa forma na raiz do capitalismo, e as diretrizes que deram origem a essa forma econômica.

Weber passa a compreender então princípios do protestantismo que deram origem a relações econômicas que passaram a ficar intrínsecas nas gerações futuras, transcendendo ate mesmo os níveis culturais e sendo muitas vezes utilizado, ainda que sem intenção por outras culturas.

Tendo por base o racionalismo a ética protestante exigia que seus fiéis cultuassem ações comedidas e pensadas, valorizando o trabalho, e a organização. Dessa forma as doutrinas religiosas promoveram um crescimento econômico forte, já que forçou seus fiéis a assumirem uma postura mais dedicada e consequentemente mais produtiva. Sendo assim o homem passa a ser guiado pela sua crença a assumir uma postura racionalista, de analisar as situações e pensar no que seria viável ou não, excluindo dessa forma decisões que comprometessem o seu trabalho, ou melhor dizendo, que comprometessem seus objetivos.

A analise protestante era simples visava ações baseadas na analise previa, ou seja, não se compra um bem sem antes juntar dinheiro, sem antes economizar. Eram conceitos simples, mas que levavam a uma vida regrada e em uma busca cada vez maior de capital. Tais conceitos foram aderidos ao longo da historia, por mais que a cultura seja diferente, a religião seja diferente, a lógica passou a ser a mesma, e em busca de um objetivo, passou-se a utilizar os métodos racionais do protestantismo, e isso culminou na disseminação do capitalismo ao longo dos séculos.

Capitalismo, o clássico vilão.

     Em sua obra "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", Max Weber expõe uma crítica à ideia de que a acumulação de capital é algo egoísta e anti-ético, e apesar de sua teoria ter sido desenvolvida no começo do século XX ela ainda pode ser aplicada ao cenário contemporâneo.
     Ele parte da ideia de que o capitalismo não é o desejo pelo lucro por si só, ele vai além disso. Weber através de sua racionalização vê no capitalismo a possibilidade de se transformar a sociedade de modo mais dinâmico, e isso realmente acontece, é deixado para trás a economia doméstica e toda aquela estagnação. Através do capitalismo e do acúmulo do capital, a ciência e a tecnologia puderam avançar de modo nunca visto antes.
     O capitalismo sofre constantemente críticas insistentes, que apontam as disparidades sociais, a fome, a pobreza de muitos em contraste com a riqueza de poucos. Entretanto, não pode culpar-se o capitalismo em si, mas sim os homens que agem (ou não) a respeito desses problemas. O capitalismo nada mais representa do que a garantia de receber o referente ao trabalho efetivado.. Obviamente o capitalismo proporcionou uma mudança radical na mentalidade das pessoas, mas mesquinhez e egoísmo que engendram a pobreza do outro lado, não são frutos de um sistema econômico, mas de sua própria concepção de vida. O capitalismo apenas proporciona àqueles que trabalharam e se esforçaram, sua remuneração, e sim, essa remuneração varia, mas o trabalho e a dedicação também. Não é possível falar que o sistema capitalista é um sistema justo e honesto, assim como o próprio homem não é. 
      O capitalismo é visto como um bicho de sete cabeças que destrói e torna pobre uma grande maioria em nome da minoria, o que não se entende é que o capitalismo o sistema que permite a acumulação do capital para tornar boa a vida dos homens que batalham nessa "selva".
     Não se pode crer fielmente no capitalismo como fonte da salvação de todos os problemas,  mas é necessário se entender tudo que ele proporcionou e continua a proporcionar. E é extremamente cômodo para grande parte da sociedade culpar o "capitalismo" por tudo de errado que existe pelo mundo, quando na verdade a culpa é dos próprios homens, sendo capitalistas ou não.

Gerações de pastores





A racionalização do ser humano não ocorreu meramente pelo acaso ou como um evento cronológico, o que se deve considerar é que em cada período da história existiram pastores culturais, religiões e crenças conduzindo as classes sociais, principalmente a oprimida, para manter o sistema em ordem.
Na Antiguidade, o modo de viver e pensar eram singulares, assim como na Idade Média o catolicismo era robusto. Entretanto, com o declínio do feudalismo e o desenvolvimento do comércio, um novo modo de pensar e conduzir a humanidade surgiu, o qual está presente até os dias atuais.
Diferentemente de Marx, Webber dita que o fator cultural gera o econômico, sendo um pilar fundamental para o desenvolvimento financeiro. As expressões como "sou trabalhador" ou "Deus ajuda a quem cedo madruga" revelam que estas duas áreas do pensamento estão totalmente ligadas, tanto para formar uma mentalidade ou para conduzir um alienado.
A razão neste atual dogma é como a estrutura óssea de um corpo, fornece o alicerce e os movimentos, ajudando tanto na auto preservação como para sua expansão. Assuntos jurídicos, científicos, contábeis e até o homem foram racionalizados, os tentáculos do sistema vigente atingiram todos os setores.
Este dogma é o protestantismo, o qual prega padrões de conduta alinhados ao capitalismo, os princípios das pessoas ligadas ao modo de trabalho, um indivíduo é considerado "honesto" se obedece a todas as regras do sistema e trabalha 8 horas por dia sem nenhum questionamento, cabe decidir se a palavra adequada seria "honesto" ou ALIENADO.
O fato a ser observado é que sempre existirão pastores para conduzirem a humanidade, ao mesmo tempo em que um morre, outro surge para comandar, ou melhor, dominar. Se o meio cultural é o princípio de tudo, por que não temos um pastor que pregue a igualdade? Nada melhor que fazer esta pergunta para Hobbes...


João Pedro Leite - 1 ano Direito Noturno

Racionalização do mundo


Weber retrata em sua obra que a reforma protestante trouxe consigo um padrão de comportamento, uma ética que é encorporada como a ética da vida, que ultrapassa o âmbito religioso e dissemina-se universalmente, sendo tão forte a sua presença e esses preceitos são cobrados continuamente. Esse padrão de conduta é baseado em uma disciplina em prol da racionalização, de um equilíbrio, podemos notar que no final do século XIX EUA e Inglaterra eram potências mundiais, e tinham como religião predominante o protestantismo.
O capitalismo muda as relações em todos os sentidos, e por mais que o homem tenha resistido em uma sociedade pré-capitalista, há até a racionalização do "eu", surge a pessoa jurídica, um ente racional; com a racionalização contábil o homem separa a economia doméstica da empresa; há a racionalização científica, no sentido de empreender com a ciência, sendo esse o impulso da economia e que não teria êxito sem a racionalização jurídica, que baseia-se em um determinado sistema legal que faz o negócio perdurar, já que as chances de alguém empreender, inovar sem ter uma garantia jurídica são ínfimas. 
Weber acredita que o capitalismo é mais forte do que um embate de classes, é um embate cultural, que foi criado a partir do modo de vida de um grupo de pessoas, a ética do trabalho é a ética do burguês. Diferente dos católicos que enxergam como o que é do mundo é degenerado, o protestantismo quer abraçar o mundo, quer a sua racionalização, a sua dominação, para o acúmulo de riqueza, o qual é um sinal de predestinação, não é mesquinhez, nem avareza, é virtude, trazendo também a ideia de que o homem trabalhador é sinônimo de um homem honesto, quem não se adapta a essa maneira de vida, mesmo não sendo da religião protestante, ou não ascende ou viverá à margem.

O valor maior?



Max Weber em O Espírito do Capitalismo diz que há uma correlação entre a ética protestante e o capitalismo.Todavia nos cabe refletir sobre uma frase de Zygmunt Bauman: “A ética é possível num mundo de consumidores?”. Afinal o que Weber queria dizer era que com a permissão da usura e da valorização do trabalho pelo protestantismo ( “Ganhar dinheiro dentro da ordem econômica moderna é, quando for feito legalmente, o resultado da expressão da virtude e de eficiência em uma vocação”- O Espírito do Capitalismo, página 33), o capitalismo por sua vez foi fomentado. Já Bauman se questiona em sua frase se há ética no capitalismo. Pois, ao observarmos a capitalismo no Brasil vemos que 45% da riqueza nacional fica concentrada na mão de apenas 5 mil famílias, uma desigualdade inaceitável que temos nos mobilizar para diminuí-la. Outra frase que reforça o pensamento de Bauman é “Enquanto o capitalismo continuar vitorioso, a busca pelo dinheiro sobrepujará todas as considerações sociais” (Soros, George. A crise do Capitalismo. Página 150). Um exemplo que podemos dar em relação a essa frase de Soros  é enquanto há aqueles que compram carros de milhões de reais existem outros que não conseguem acumular 2 dólares por dia ficando abaixo da linha da pobreza segundo o Banco Mundial.
Segundo Weber há uma racionalização jurídica, que seriam mecanismos de direito que servem para a racionalidade capitalista, que poderiam ser exemplificados por acordos e tratados que estabelecem linhas imaginárias de fronteiras e são respeitados pelas pessoas como se fossem verdades incontestáveis como se o papel não pudesse ser fonte de uma opressão e enganação. Um exemplo no qual os papéis não são válidos nem confiáveis é o caso de grilagem no qual usa-se da racionalização jurídica para enganar as pessoas, já que elas acreditam que a posse das terras pertence ao grileiro o que não corresponde a realidade já que foi um furto de terras estatais.
Uma frase que sintetiza é a de Thomaz Freitas: “No capitalismo, portanto, o ser humano é transformado de fim em meio, de sujeito de todo processo econômico a mero objeto e instrumento, descartável, para o atingimento de um valor maior: a acumulação de capital”. Resta a dúvida se realmente a acumulação de capital é um valor maior.

"Pai Nosso" do Protestante


Capital nosso que estais no banco
Otimizado seja o vosso juros
Venha a nós o vosso lucro
Seja feita a vossa vontade
Dentro da empresa e do cartel

A mais valia nossa de cada dia nos dai hoje
Alienai os nossos operários
Assim como nós nos alienamos com o crédito que nos tem prometido
E não nos deixeis sem meios de produção
Mas livrai-nos da pobreza
Amém



Segundo a teoria weberiana, somos hoje todos protestantes ascéticos, no sentido de que obedecemos a um ethos da racionalidade capitalista. A racionalidade chegou a todos os setores da vida moderna e com um significado robusto e atraente, o de prosperidade. Combinou muito bem com o capitalismo moderno e propiciou seu desenvolvimento da forma explosiva como este se deu.

Podemos notar os reflexos desse espírito, na sociedade atual, na ânsia das pessoas pelo enriquecimento, pelo acúmulo sem barreiras. Não se trata mais, porém, de um acúmulo tão racional quanto aquele notado nas idéias de Franklin. É um acúmulo sem motivação de cunho religioso, visando à retidão, à compensação divina. Trata-se de uma ética, sim, no sentido de que impõe sanções perceptíveis aos transviados, mas uma ética baseada num status social hipócrita, na necessidade de parecer bom aos olhos da sociedade, segundo estereótipos doentios que essa mesma sociedade prega..


Os best-sellers de auto-ajuda confirmam esse espírito cada vez mais irracional, ironicamente advindo do racionalismo capitalista. São verdadeiros manuais de como devemos agir para sermos felizes, prósperos, milionários, legais, influentes, para termos um bom relacionamento, para encontrarmos um bom emprego... etc. O alto índice de vendas revela o quanto as pessoas foram envolvidas pelo espírito racionalista do desenvolvimento, a ponto de terem perdido seu próprio espírito crítico, tornando-se irracionais em muitas das coisas que fazem. São infelizes e não conseguem encontrar o motivo ou chegar à solução de seus problemas.

Os estereótipos doentios que criamos são sintomas da irracionalidade crítica, da falta de bom senso, que nos impede de sair desse ethos capitalista, racional apenas no sentido contábil, científico, jurídico e de conduta, de padronização de condutas baseadas nas “boas práticas” dos estereótipos.

A Ética do Trabalho


Elaborado com o intuito de se contrapor às interpretações materialistas do marxismo em voga, Webber em seu livro propõe uma compreensão do capitalismo que parte, ao invés do âmbito econômico (as relações sociais de produção, como fazia Marx), do âmbito espiritual, cultural, característico de sua compreensão sociológica.
 Daí porque a história do capitalismo é contada a partir do desenvolvimento da ética protestante, mais especificamente da doutrina calvinista, que sustenta como um de seus pilares a acumulação de capital como um sinal de salvação.
Dito isto o Protestantismo ascético é, para Weber, a efetiva revolução moderna, pois modifica a consciência do individuo e posteriormente a consciência externa, resultando na superação do dualismo religioso.
O protestantismo não causa uma fuga do mundo, mas sim uma incorporação do mundo espiritual ao mundo terreno, fazendo com que seus adeptos queiram a incorporação de seus benefícios do plano espiritual no plano humano acumulando e se beneficiando em vida. Desta forma contrariando a conformação ao mundo do racionalismo oriental, a ética protestante propõe é uma moral pratica no mundo, ou seja, de modificação e dominação do mundo. Para weber esse é o espirito do capitalismo, o trabalho pratico como forma de dominação do mundo.
Com isso a ética capitalista tornasse a ética do trabalho e do acumulo de capital, trabalho, para a acumulação de capital. A cultura moderna é a cultura do usufruto e do trabalho como um elemento para se acumular capital apenas com esse fim. Tal fato pode ser entendido na ética protestante onde quanto maior a acumulação de capital maior as chances de sua predestinação divina. Por fim Para Webber Weber a reforma protestante tem o sentido de não de uma forma de escapar ao controle religioso sobre a vida social, mas de fazê-lo mais rigoroso e estende-lo a todas as instancias da vida.


De Diógenes a Benjamin Franklin

          A RACIONALIZAÇÃO, intríseca às concepções arraigadas no âmago da HISTORICIDADE OCIDENTAL, perpetuou  acuidade capitalista no âmbito das relações sociais e econômicas. Destarte, aquela, execravelmente hipertrofiada na contemporaneidade, calca-se, devido a este estado, em pilares teóricos imbuidores de concepções da ÉTICA PROTESTANTE, a qual propaga que, abster-se do pecado é, de fato, cercear-se da vadiagem, renegando deleites "não proveitosos". Ora, a extenuada, após a REFORMA, DOUTRINA CATÓLICA, permitiu à CLASSE BURGUESA propagar ideários aptos a convergir e homogeneizar valores éticos. Atônito, o clero, insuflado de anacronismo e inépcia, delegou à INQUISIÇÃO o fútil chamuscar de hereges. Óbvio, não vingou isto.
          Emerge o LIBERALISMO. A FILOSOFIA MEDIEVAL, mística, sucumbe; o ILUMINISMO expugna a teologia e a metafísica da IDADE MÉDIA. Concomitantemente, a indepedência dos Estados Unidos da América - culminada por colonos PROTESTANTES -, fomentada pelos CONSTITUIONALISMO e JUSNATURALISMO, impugna, no âmago humano, a LIVRE INICIATIVA. O capitalismo, indubitavelmente, na recém-formada confederação, desenvover-se-ia à maneira grandiloquente. Também, a REVOLUÇÃO FRANCESA, ao declarar direitos universais, deflagra o poder ABSOLUTO para dar à luz um Estado dinâmico economicamente, de axiologia diversa.
            Veemente análise sociológica de Max Weber culmina em esplêndida obra: "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo". Nela, as peculiaridades racional e pragmática do OCIDENTE obtêm realce ao serem responsabilizadas pela ingerência, no pensar humano, de acumúlo material que, em concomitância com s princípios PROSTESTANTES, perpetuaria no banimento da heresia. CONTRATO, ORGANIZAÇÃO DA FORMA DE TRABALHO e DISCIPLINA são vocábulos que encarnam a nova Ordem global. O Direito assemelha esta inexorável conjectura, racionaliza-se, tal qual a ciência, o Homem e a contabilidade.
             O ASCETICISMO torna-se irrevogável, um Fato Social. Vargas, no Estado Novo, aplicaria demasiadamente esta doutrina, assim como o nazismo e o facismo de Adolf Hitler e Mussolini, respectivamente. O Self Made-Man, respaldado pelo American Way of Life pós-segunda Guerra Mundial, insurge no ambiente midiático e propagandístico globalizado, alienador. É bestializado o indivíduo não produtivo, "inútil". Arrefecer o frenético ritmo cotidiano é ideia deplorável. DEVE-SE ACUMULAR DEVE-SE INVESTIR, DEVE-SE EMPREENDER. É isso: os protestos de Diógenes foram olvidados; Benjamin Franklin, todavia, permanece em voga!
           

            
         

A racionalização do homem


O capitalismo sofre de um mal, a racionalização dos princípios da vida humana. Mais do que a pura obtenção de lucro, essa racionalização do modo de produção capitalista, abrange o meio econômico, cientifico, jurídico e humano. Esse aspecto do capitalismo ocidental foi um alvo de estudo de Marx Weber, em sua obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.
O ápice dessa razão se encontra na sua utilização como moral, ou seja, como meio de vida. Esse caminho é a base do protestantismo, que visa uma finalidade prática da vida. Se pensarmos nessa concepção, podemos ver claramente em religiões como na Calvinista, o principio capitalista como um ideal a seguir. A salvação predestinada, cuja representação terrena é o sucesso financeiro, vem para justificar um modelo de produção puramente racional, e conciliar a exploração prática da natureza com a ética, a religiosidade do homem. 
O racionalismo se torna parte do ser humano, e isso afeta todas as suas relações com o mundo em que vive. Com o advento da tecnologia, percebemos mais claramente como nos últimos anos, a sociedade se racionalizou e alterou o seu modo de ver o mundo. Locomover-se mais rápido, fluxo financeiro maior, interações sociais através de interfaces eletrônicas, são apenas alterações superficiais de uma lógica que se impregnou no cerne da sociedade. 
                                                                                                                      Murilo Martins
 Max Webber analisa em sua obra "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" as  nuances da relação entre a religião protestante e o desenvolvimento do espirito capitalista. Segundo ele os hábitos desse ramo religioso serviram de viga para o aparecimento desse comportamento ocidental. Dentre as mudanças vale lembrar a permissão da usura (juros), o uso legal de habilidades mundanas para gerar lucro (calvinismo) e o racionalismo aplicado nas atividades, como a matemática, administração e etc.
  Muito se questiona a eficácia dessa tese. Será que se o Brasil tivesse sido colonizado por protestantes, nós teríamos condições melhores? Talvez sim, mas não acredito nesse tipo de questão colocada dessa forma.  São vários fatores que determinam o espirito de uma sociedade, não apenas a religião. Até acredito que a religião católica traga atrasos no sentido econômico, por se preocupar mais com o metafisico do que com as questões materiais. Inclusive vale citar o exemplo maior: Jesus Cristo, que passa a imagem do homem sofredor, pobre, que não explora o próximo; assim como a maioria dos santos.
  Acredito que as preocupações de cada uma dessas religiões diferem muito no sentido de expor comportamentos diferentes nos fieis. Cada um traz consigo os preceitos religiosos para todos os campos de sua vida, seja ela politica, econômica, sexual, pessoal e etc. E isso acaba refletido como um todo pela sociedade, dependendo do número de pessoas adeptas. No entanto, como dito anteriormente, não é só isso que determina os rumos desse grupo. Um católico hoje em dia usa preservativos e não nega, assim como continua afirmando ser católico.
  O fator torna-se menos seguro de avaliação por permitir um certo afrouxamento. Aqui no Brasil, religião não é uma pauta radicalizadora e geradora de guerras.  Nós brasileiros dificilmente lidamos de forma mais dura, atualmente, com a religião de cada um. É uma sociedade aberta, seja isso para o bem ou para o mal.
 

Weber vai além.


                                                                        O nascimento do novo homem. Salvador Dalí.



   Não mais basta caracterizar o sistema capitalista, para que possamos realmente conhecê-lo é preciso penetrar suas entranhas e seus sustentáculos, desde a fundação ideológica até os processos legalista que mantêm seu império soberano. Weber o fez.
  

   Mergulhamos, ao degustar Die Protestantische Ethik Und Der Geits des. Kapitalismus, em um digressivo jogo de argumentos enxutos e claros que objetivam compreender a singularidade do ocidente, na qual o autor não só acredita, como sustenta que a origem do capitalismo advém de uma vertente religiosa/doutrinária chamada protestantismo.
    

   Estamos diante das entranhas, o que era, em principio, uma ética religiosa se desprende do sagrado, recebemos mundanamente e a cultivamos destilando vagarosamente nossa própria reestruturação racional, modificamos nossa consciência com as premissas da virtude do trabalho e da acumulação monetária engendrada pela ideia calvinista da predestinação. As estruturas mentais do capitalismo travam grandiosas batalhas e vencem a guerra.
     

   Depois de sucintamente percorrermos as entranhas, alcançamos os sustentáculos, logo notamos sua jurídica solidez, rebocada pelo concreto dos artífices do direito privado. O bedel da área em que estamos intitula-se pessoa jurídica e nos remete, de maneira verosimilhante, a exemplificação dessa consolidação artificial de pessoa na “common law ianque“ :
         

         AMENDMENT XIV
         Passed by Congress June 13, 1866. Ratified July 9, 1868.
      […] nor shall any State deprive any person of life, liberty, or property,       without due process of law; nor deny to any person within its jurisdiction the equal protection of the laws.

Os magistrados da época estenderam um direito que inicialmente fora criado para tutelar os escravos, em armas para sustentação do capitalismo, personalizado pela “legal person” e incorporado ao direito brasileiro pelo código civil.
 Dada necessidade de brevidez somos abortados da viagem com a conclusão de que a religião e o direito são importantes elementos da doutrina capitalista, logo para modificá-la, norteados por torná-la mais justa, podemos tomar o direito como ponto de partida, menos dogmático e mais zetético. 




Capitalismo protestante


Segundo Webber, o capitalismo tem certas peculiaridades quando comparamos a simples obtenção de lucro. Para Webber, o capitalismo não é composto pela insuperável ganancia, que, infelizmente, vemos hoje no sistema dito capitalista que predomina no mundo; mas sim o lucro baseado na ética protestante. Acumular capital seria um modo de demonstrar eficiência.

Contudo, existem métodos descritos por Max Weber que ainda são utilizados, como reinvestir o lucro na própria empresa (negócio), entre outros, para tentar se manter no mercado.

Não é o lucro pelo lucro, a auri sacra fames, o que realmente importa. As ações feitas na Terra são importantes para dar-nos um bom lugar no reino dos céus, segundo Calvino, por isso o autor baseia-se na religião protestante para afirmar que seu pensamento não é pecaminoso, mas sim, justo e necessário em épocas atuais (tanto quando foi escrito o livro quanto atualmente).

(A)Ocidentalmente tentaculados



Indubitavelmente, vive-se hoje em uma ordem mundial tentacular. Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional, blocos econômicos, uniões esportivas, redes televisoras, entre outros muitos, são dirigidos por quem tem maior poder político, isto é, nos dias de hoje, econômico. E, não de súbito, é fácil notar a presença de tais pólos de poder nos diversos cantos do mundo. Isso, por conseguinte, é um polvo, não obstante, influenciado também pelo Positivismo Comteano, não só pela percepção da palavra “ordem”, mas porque os “mais fortes” sobrevivem adaptando-se ao que está vigente em determinado momento.
Logo, em qualquer jogo, seja ele político, econômico, social ou até de tabuleiro, não basta dizer que se está apenas jogando, mas é necessário incorporar o espírito da coisa, segundo Weber. É exatamente da expressão “espírito do capitalismo” que ele releva no segundo capítulo de sua obra A ética protestante e o espírito do capitalismo, começando tal secção com várias frases, que relatam bons modos de ser um capitalista espiritual.
De certo modo, Weber foi pontual, já que hoje em dia, se alguém veste a camisa de um time só por vestir, é claro que este não é o time do seu coração. Pode ser que seja por mera aparência ou vaidade, mas o espírito amoroso por aquele time não esteve, em algum momento, encarnado no indivíduo. Só que, maestrinamente, Weber fez essa comparação com o próprio capitalismo, onde o lucro é só lucro, e não o objetivo final de todo o processo. Com isso, surge a crítica de um modelo, no qual a acumulação com o fim de apenas acumular para o futuro, é uma irracionalidade.
Mas, pensando bem, essa crítica contém um erro: o de que gastar logo após acumular uma certa quantia, não se enquadra nas características capitalistas, pois, atualmente, se os pais de uma criança não criam uma poupança para esta, os desejos futuros, como um carro logo após ela atingir a maioridade, serão amargamente anulados, a não ser que o salário desses pais for extremamente grande.
Portanto, é de extrema importância a leitura do texto analisado, não só do capítulo, mas da obra em si, já que a racionalização (jurídica, científica, do homem e contábil) foi um aspecto onipresente na obra Weberiana. Isso possibilitou uma certa “humanização” do capitalismo, no sentido de enquadrá-lo aos terráqueos e também um futuro estabelecimento da ordem mundial vigente, a qual está desenhada perfeitamente nos moldes do capital.

"Poço sem fundo"

Em sua obra "O Espírito do Capitalismo", Max Weber ressalta a universalidade dessa ânsia por acumular riqueza, afirmando que independe de cultura, religião, mas sim que está intrínseca à natureza do indivíduo, e é comum a todos.
Ele também afirma que a racionalização de tudo é o que promove esse capitalismo ocidental que conhecemos hoje, e que a gestão do espírito capitalista é não consumir, mas sim acumular e reinvestir para que se tenha cada vez mais.
Percebemos claramente e corretamente essas afirmações de Weber no nosso dia-a-dia. Realmente esse "espírito capitalista" ultrapassou os limites do sistema capitalista, ele se expandiu e tornou-se geral. Temos contato direto com essa ideologia de acumular, acumular e acumular cada vez mais.
As pessoas têm um objetivo tão fixo que ganhar de dinheiro e e ter cada vez mais dinheiro, que se esquecem que ele serve como moeda de troca para algo que lhes dê prazer, bem-estar. Deixam de "aproveitar a vida", de desfrutar do que gostam para acumular algo que, por si só, não tem valor algum, afinal o dinheiro nada vale se não for usado. Essa lógica acaba sendo um tanto quanto ilógica.
Os valores da sociedade mudaram, e o trabalho, o acumulo de capital significam virtude. O homem atual trabalha para ter cada vez mais, já o homem antigo trabalhava para suprir suas necessidades e só.
Portanto, vemos atualmente muito do que Weber expôs em sua obra. Esse espírito capitalista não é exclusivo do sistema capitalista, e nem surgiu com ele.

Novos Direitos de Propriedade


             Em “O Espírito do Capitalismo”, Max Weber discorre sobre o universalismo, que ocorreu á medida em que a ética protestante desprendeu-se do caráter religioso e cultural para tornar-se comum quanto ao espírito racional á quaisquer culturas ou religiões (embora umas ofereçam mais resistência que outras). A citada racionalização permite o acúmulo de riquezas para o usufruto futuro, e essa dinamização racional do investimento possibilitada pelo capitalismo é que destaca essa forma econômica.
            O capital então se torna maior quando racionalizado, o que resulta na valorização do empreendedorismo (“o artífice do improvável”). Um exemplo desse empreendedorismo, é a possibilidade de criar novos organismos através das células tronco, como é mostrado na reportagem a seguir:

“Empresas de saúde buscam alternativas para atrair classe A

Não é só a classe C que vem se beneficiando do crescimento da economia brasileira nesta década. Segundo estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas), de 2003 a 2011 as classes A e B cresceram 69,1%. Enquanto a classe C é disputada por planos de saúde que enxergam o mercado A e B como praticamente saturado, outras empresas do setor procuram abordar o topo da pirâmide social com produtos cada vez mais específicos - alguns até polêmicos.
                  Esse é o caso do Banco de Cordão Umbilical Brasil, ou BCU Brasil. A franquia, que tem raízes no México, aportou no Brasil em 2009 e já conta com 50 unidades em praticamente todos os estados do País. Seu trabalho consiste em coletar o sangue do cordão umbilical de recém-nascidos e preservá-lo para uso médico das células-tronco no decorrer da vida desses indivíduos
                   Segundo a responsável administrativa e de operações do BCU, a cirurgiã vascular Adriana Homem, a franquia partiu de cinco procedimentos mensais no início de 2011 para 250 atualmente - e espera chegar a 350 até o fim 2012.
                  A prática é alvo de polêmica. Tanto a Sociedade Brasileira de Hematologia quanto a Comunidade Europeia de Hematologia desaconselham o procedimento. "Há alguns casos, raros, em que pode haver tal necessidade, mas isso não justifica pagar pela preservação das células-tronco de cordão umbilical", afirma Patrícia Pranke, chefe do Laboratório de Hematologia e Células-Tronco da Faculdade de Farmácia da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e fundadora do Instituto de Pesquisa com Células-Tronco de Porto Alegre. Ela explica que o uso de células-tronco provenientes de cordão umbilical é recomendado principalmente para doenças genéticas e leucemia. Nesses casos, o comitê de ética europeu desaconselha o uso das células do próprio paciente e recomenda o uso das de terceiros - o que não é coberto pelos bancos privados, mas sim pelos públicos. 
(...)
                  A médica explica que o franqueado do BCU Brasil não precisa necessariamente ser médico, embora essa formação seja desejada. Ele vai ser responsável por administrar a coleta das células-tronco e por enviá-las para a cidade de São Paulo, onde serão armazenadas. Também é cobrada dos pacientes uma taxa anual para a preservação células-tronco.
                 A coleta é realizada por enfermeiros contratados, aos quais o franqueador oferece treinamento. Depois de treinado, o franqueado é avaliado sobre o comportamento médico da empresa. "Fiscalizamos para evitar que alguém crie expectativas irreais para os pais", explica Adriana Homem.
                O franqueador auxilia também no marketing, com treinamento de vendedores e o fornecimento de material gráfico e suporte operacional através de sites.
                Para ela, o sistema de franquias melhora a gestão da empresa por manter uma administração descentralizada, realizada de perto por cada franqueado. “

A partir de uma análise dessa reportagem, notamos, que o que antigamente era considerado imaterial, passou a ser propriedade de alguns, e com isso, nasce uma necessidade de flexibilização do Direito, para que então possa englobar e garantir essas novas formas de propriedade. Para isso, Weber propõe uma racionalização contábil (a empresa como fruto do empreendedorismo do homem no mercado e, assim deve haver uma distinção da pessoa física da jurídica), científica (transformação de teorias e ciências em algo concreto para que possam interagir com o mercado), jurídica (para empreender negócios com garantias jurídicas e de propriedade, é necessária a criação de condições adequadas ás gestões de riquezas em todo o mundo) e por fim á do homem (o homem deve adquirir novos padrões de conduta para encaixar-se na racionalização e manipula-la a seu favor).
O espírito que desencadeia tudo isso é a revolução moderna, que teve origem no protestantismo ascético, ou seja, os homens passaram a fazer na vida cotidiana um padrão de conduta que antes só era aplicado á vida espiritual: expressar a glória divina no mundo terreno, com a valorização da vida agora ("se não é bom, tem que se transformar em algo bom"). A riqueza e a prosperidade, por fim, passou a representar um sinal de salvação divina.
Uma reflexão sobre o racionalismo

     Max Weber, ao analisar o fenômeno do capitalismo e sua repercussão na sociedade, nos mostra o fator principal da perpetuação de tal fenômeno como sistema econômico: o racionalismo. Mais do que simplesmente pregar o acúmulo e o consumo desenfreado, o capitalismo conseguiu atingir formas para a constante renovação e dinamização. É notável, entretanto, que tal característica, com o passar do tempo, não mais se limitou ao campo econômico e passou a ser adotada em diversas partes da vida humana.
     Uma empresa, para atingir o máximo rendimento e consequentemente o lucro, precisa valer-se de uma estrutura deveras rígida, com horários bem definidos e invioláveis, eliminado, inclusive, quaisquer formas de obstrução ao seu funcionamento. A empresa, entretanto, por sua natureza artificial e por unicidade de objetivo, possui, de certa forma, uma justificativa, para essa postura; o problema ocorre quando esta postura é utilizada pelo homem em uma tentativa de racionalizar a própria vida.
     Dessa forma, não são raros os casos em que, para atingir um "melhor desempenho", pessoas abram mão de quaisquer formas de lazer e relaxamento, como que se tais coisas fossem potencialmente obstrutivas ao estudo ou ao acúmulo de dinheiro, agem como se a vida fosse dividida em duas partes: na primeira somente se acumula e trabalha, e na segunda, devido ao esforço prévio, desfruta-se dos prazeres da vida. Acontece que, a vida, imprevisível como é, nem sempre segue os rumos desejados por quem a vive, e, assim, corre-se o risco de  se levar uma vida cuja "primeira parte" foi a única parte.
     É evidente, portanto, que o ato da racionalização pode ser muito eficiente quando utilizado em determinadas situações da vida, sendo, inclusive, trunfo basilar do capitalismo. Nota-se, entretanto, que, quando utilizado na tentativa de regimento da vida, pode não só tornar enfadonha e sistemática a vida de quem o utiliza, mas também criar a ilusão de uma perspectiva que talvez nunca seja atingida.
   

A Ética Protestante como código de trabalho


Em seu livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo” Max Weber destaca o promitente desenvolvimento do capitalismo nos países adeptos ao protestantismo. Dessa forma, trata a ética protestante como seu objeto de estudo e busca analisar como esta foi capaz de proporcionar condições para tal feito. O livro propõe uma compreensão do capitalismo que não parte do âmbito econômico e das relações sociais de produção, como fazia Marx, mas do âmbito espiritual e cultural.  

Weber observa que a concepção de trabalho havia mudado a partir do surgimento do Protestantismo, o qual não condenava o lucro como fazia a Igreja Católica, mas o julgava necessário à obtenção de riquezas que por sua vez significavam a salvação, partindo-se do Princípio da Predestinação ao qual estavam baseados os ideais protestantes. Logo, o novo sistema político denominado Capitalismo conquistou grande número de adeptos burgueses o que favoreceu a harmonia entre essa ética religiosa e a economia mercantil.

A ideia do trabalho como forma de emancipação permanece até hoje, assim como a busca pelo lucro. Portanto, podemos analisar que a execução do dever através da realização do trabalho considerado uma tarefa ordenada por Deus transcende seu significado dogmático e religioso para atingir objetivamente o modo como atuam os indivíduos na sociedade.

Giovanna Cardassi 

Um novo modo de vida

"One life to live, one life to waste/ one chance to make the most of everything you have/ one life to give, one life to waste/ a glorious dawn awaits for those who take the chance”
The Queenstons


Iniciando sua obra chamando a atenção para o caráter singular da criação do espírito do capitalismo no ocidente, Max Weber, em Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, reflete acerca da formação desse sistema, que vem engendrar uma natureza completamente nova na modernidade, tendo a capacidade de se universalizar, no sentido de que, algo que é de uma determinada cultura, passa a ser parte do viver, do pensar e do agir em todo o mundo.

A modernização capitalista necessita da racionalização, e sem ela essa cultura seria impensável. Há de se ter, portanto elementos éticos e de conduta que possibilitem isso. Traz então a chamada ética protestante a ser uma ética universal, assim o que era a princípio uma ética religiosa, desprende-se dessa condição particular e, já hoje, é algo inerente à vivência de todos nós. Torna-se então comum à todos os homens e mulheres, o espírito racional do capitalismo.

Essa nova ética tem como novidade que os homens passam a fazer na vida cotidiana aquilo que faziam vislumbrando a vida espiritual, dessa forma trazem para o mundo terreno um determinado padrão de conduta que possibilitará não apenas o vislumbramento da vida após a morte como também a dominação do mundo físico. O que essa nova ética produz é uma perspectiva de eliminação do dualismo religioso, não existindo mais diferença entre o que é mundano e o que é espiritual, fazendo com que muito do que antes seria anti-ético se adaptasse muito bem à essa nova maneira de pensar.