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quarta-feira, 22 de julho de 2020

Espírito Positivo

 Criado por Augusto Comte, no século XIX, o Positivismo é um marco da racionalidade, visando o progresso da humanidade por meio da instauração da ordem. Por mais difícil que possa ser aceitar, é um fato que os ideais positivistas estão vivos na sociedade brasileira atual. Hoje, o Brasil conta com diversas tentativas de efetivação destes ideais, que só não foram devidamente colocados em prática, ainda, devido a oposição individualista e retrógrada que luta contra isso. O presidente do país reconhece a eficácia dos métodos, como quando defende a negação da criação de direitos específicos a certos grupos, compreende a importância do armamento da população e preserva o imediatismo de decisões.
 Para iniciar a análise, é importante que se tenha em mente que todos são iguais – isso está na Constituição – e, por conta disso, não há necessidade de se manter cotas ou criar leis para grupos específicos. Um defensor desta ideia é o ex-ministro da educação, Abraham Weintraub, que já declarou repudiar a expressão “povos indígenas”, pois todos fazem parte do “povo brasileiro”[1]; além do mais, os grupos indígenas produziram conhecimento – isso é inegável –, mas após tanto tempo, não são tão válidos assim, e por conta disso, o ideal é que sejam tratados como cidadãos brasileiros e passem a se identificar como tal. Seguindo esta lógica de igualdade, há o guru do governo, Olavo de Carvalho, que em sua obra O Imbecil Coletivo, defende a mesma ideia do ex-ministro, mas referindo-se aos homossexuais; considerando que o homossexualismo trata-se puramente de desejo, sendo uma opção, não transforma o indivíduo em um portador de necessidades especiais, na verdade, ele continua sendo um ser humano, portando, não há obrigação de um tratamento diferenciado.
 A solidariedade prevista por Comte é essencialmente humana; tendo isso em mente, é dever de cada indivíduo prezar e lutar pelo bem estar da sociedade. Como exemplos de ações benéficas para todo o conjunto, pode-se citar a importância do armamento dos cidadãos, como Jair Bolsonaro por diversas vezes defendeu; o armamento não visa o massacre humano, a intenção não é machucar inocentes – algumas pessoas acabam sendo mortas, sim, mas é algo comum, sendo o preço a ser pago pela estabilidade social e política –, mas manter a ordem, não dependendo, exclusivamente, da defesa oferecida pelo Estado. Desta maneira, a função social do indivíduo é se responsabilizar, individualmente, pela manutenção da ordem coletiva.
 Por fim, as decisões devem ser tomadas de acordo com as necessidades, de forma imediata, igualmente ao momento em que o presidente propôs a retomada da economia no contexto epidêmico: enfrenta-se um problema de saúde pública, mas isso não pode afetar todos os outros campos da sociedade, visto que o prejuízo pode ser muito maior; vidas serão perdidas, não há como negar, porém são consequências e é importante lembrar-se que, tanto a economia, como todo o restante da população, não podem pagar por isso. Assim, é de extrema importância este imediatismo, a fim de poupar estragos maiores.
 Desta maneira, é difícil aceitar estes pontos, já que, apesar de serem decisões racionais, muitos acham cruéis, comprovando o princípio de que a verdade é dolorosa, mas deve ser dita – e neste caso, aplicada. Como citado no início, a efetividade destas ações não ocorre devido a oposição atrasada e individualista, que além de não compreender a importância do progresso, também não aceita que se faça algo por toda a população brasileira, visto que este grupo opositor só prevê o bem estar de classes específicas – como homossexuais, negros e indígenas – que não aceitam-se, acima de tudo, como cidadãos brasileiros.


 [1] VELENTE, Rubens. Na reunião de abril, Weintraub disse “odiar” a expressão “povos indígenas”. UOL notícias. 14 de maio de 2020. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/colunas/rubens-valente/2020/05/14/reuniao-ministerial-governo-bolsonaro.htm>. Acesso em: 22 de jul. de 2020.



Ana Paula Rodrigues Nalin
Direito - Noturno

 OBS.: Esta atividade foi proposta pelo professor responsável, com o objetivo de que nós, alunos do curso de Direito do período noturno, defendêssemos os ideais positivistas, trazendo-os aos dias atuais. Assim, este texto, em nenhum momento, reflete minha opinião pessoal.

Positivismo e sua relação com os movimentos sociais


Positivismo e sua relação com os movimentos sociais

De certa forma, ao se pensar acerca do positivismo, vêm à mente a frase: ordem e progresso. De fato, Augusto Comte, ao propor tal modo de vida e de análise da sociedade, visava estudá-la como realmente é, prezando pela racionalidade e, portanto, pelo equilíbrio social. Assim, dentro dessa máxima, atualmente, vislumbram-se diversos movimentos sociais que não prezam por esses ideais. Logo, pode-se dar como exemplo o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), uma vez que buscam uma reforma agrária para a diminuição das desigualdades sociais. Como pensar em disparidades se cada um exerce seu exato papel na sociedade? Não há como romper com a coesão. É a lei natural proposta por Darwin: os mais fortes prevalecem e os mais fracos, infelizmente (ou até felizmente, por ser propriamente necessário) devem ser extintos. O coletivo precisa que as grandes propriedades continuem nas mãos de quem as sabe manejar, para que se estabilize a ideia de que uns devem deter o poder para comandar, haver organização e, por conseguinte, ordem. É a única maneira de se chegar ao progresso: assumindo seu papel como desprovido de terras, mas importante para o trabalho nestas. Portanto, uns devem se sacrificar para o bem da população em geral, afim de manter a sociedade nos eixos.
 Com efeito, observa-se que tal visão, proposta, hodiernamente, por Olavo de Carvalho, deve privilegiar, sempre, a sobrevivência da humanidade, acima de qualquer coisa. Utilizando-se de tal pensamento, chega-se à conclusão de que tais movimentos sociais, incluindo o de luta negra e LGBT, são puramente utilizados para causar adversidades na estabilidade social. Fazem uso do discurso vitimista de que sofrem preconceito e, portanto, não possuem direitos defensores de suas populações. Tal anomalia é tão absurda que esquecem do propósito fundamental da Constituição brasileira: igualdade perante à lei. Ademais, falando-se exclusivamente dos gays, lésbicas e transexuais, pode-se chegar à conclusão de que uma simples vontade, ou até fantasia, assumiu a necessidade de se pensar no bem coletivo, e, portanto, na reprodução humana. O falso moralismo pregado esquece de que a heterossexualidade carregou a sociedade até os dias atuais, sem dar espaço a meros desejos, já que a principal forma de manutenção da imobilidade social não é o prazer e, sim, o pensamento no futuro. Já os negros mantém sua mente voltada ao passado e deixam que suas paranoias de “serem olhados/tratados diferente” tomem conta de suas ações e, dessa forma, gerem revolta e abdicação por direitos. Não consideram que há diferença racial, ou de cor, como preferem, mas buscam proteção diferente dos brancos. Onde se baseiam tais ideais? Se não há diferença entre as cores, por que deve ter no tratamento e nas leis?
Por fim, é irrefutável que tais movimentos rompem com o positivismo idealizado por Comte, uma vez que não pregam pela ordem e, muito menos, pelo progresso. Perdeu-se, com a mentalidade difundida, o equilíbrio e a coesão, tornando-se formadores de opiniões pseudocientíficas, baseadas em achismos e inverdades. A humanidade já não tem seu sentido defendido e o desdém e a insanidade regem os pensamentos seguidos pelo povo. Fala-se tanto de organização e evolução social, mas não agem conforme para alcançá-los. A convicção de pensamentos corretos é tão absoluta que não se pode confrontar, ou estará sendo machista, racista e homofóbico, nunca verdadeiro, sensato e racional.
PS: O artigo acima não é de minha opinião e sim de concordância com o autor Olavo de Carvalho. É apenas um exercício proposto pelo professor Agnaldo.
Ana Júlia Lima
1°Ano Direito Noturno

Positivismo e a exclusão social

O positivismo é uma corrente filosófica que se originou na França no começo do século XIX. A necessidade da criação de uma ciência que explicasse uma complexa sociedade marcada por agitações socais, incluindo a ascensão da burguesia, o início de um governo liberal e diversas revoluções, impulsionou pensadores, como o Auguste Comte, a criarem essa teoria. Comte, ao recuperar o método científico de Francis Bacon e de René Descartes, apresentou leis fundamentais que sistematizariam a sociedade vigente e, assim, colaborariam para atingir a estabilização e o equilíbrio social. Sendo assim, o positivismo é conhecido pela criação de uma nova ciência da sociedade que visa um funcionamento harmonioso.
Entretanto, estudiosos apontam críticas para essa teoria, que não apenas foi utilizada durante o período de sua criação, mas também é utilizada atualmente por diversos governos. A ideia principal do positivismo não contempla as distintas identidades grupais presentes em uma sociedade, ou seja, idealiza um bem-estar social restrito a uma parcela da população.
Um exemplo utilizado para sustentar essa crítica é o uso do positivismo nos processos do imperialismo. Os colonizadores, como os portugueses no Brasil, recorriam a essa teoria como justificativa para levar aos povos teológicos e místicos (indígenas) o estágio positivo. Desse modo, os colonizadores dizimaram uma parcela da população indígena, impuseram a cultura europeia e, assim, apagaram as culturas locais que até os dias atuais sofrem com a marginalização; ou seja, o positivismo utilizado dessa maneira pode gerar consequências negativas para uma sociedade por diversos séculos.
Ademais, atitudes como as realizadas pelos portugueses durante o processo de colonização do Brasil também são observadas em governos contemporâneos, porém em uma escala distinta. A atual negação de políticas públicas para povos indígenas, com a justificativa de obrigar esses grupos a se inserirem na civilização de estado de progresso, que pela teoria todos deveriam estar, é uma ação pautada no positivismo que gera diversos problemas sociais. Essa ação foi realizada em julho de 2020 por Jair Bolsonaro, presidente do Brasil. Bolsonaro, ao vetar o acesso facilitado a auxilio emergencial e água a indígenas durante a pandemia do corona vírus, concretiza a principal teoria do positivismo de obrigar esses grupos a se inserirem na civilização urbana, que tem acesso a esses auxílios governamentais pelo acesso à internet, e de, portanto, excluir a cultura tradicional indígena dos povos brasileiros.
Sendo assim, é notória a necessidade de uma avaliação crítica de todas as teorias cientificas apresentadas. Mesmo que o positivismo tenha revolucionado o campo da sociologia e a administração governamental, essa corrente também possui falhas que devem ser estudadas, a fim de evitar consequências sociais negativas, como a negação da cultura indígena no brasil.

Referência: Brasil de Fato; Bolsonaro veta acesso facilitado a auxílio emergencial e água a indígenas na pandemia; 08 de Julho de 2020 às 08:49; Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/2020/07/08/bolsonaro-impoe-16-vetos-ao-plano-emergencial-contra-covid-em-territorios-indigenas >; Acesso em: 22 de Julho de 2020


Júlia Alves Bensi – Direito matutino

A lente positivista


August Comte, um filosofo francês, foi um dos responsáveis por criar a sociologia como uma ciência que pudesse compreender as mudanças e transformações pelas quais a Europa do século XIX passava. Além disso foi o edificador do Positivismo, uma corrente filosófica que se preconizou durante a segunda metade do século XIX e início do século XX pelo mundo todo.
Essa corrente tem como um de seus fundamentos o funcionalismo. Nele a sociedade é entendida como um organismo onde cada parte da sociedade, sem dissociação, tem uma função para manter a estabilidade e o bem da sociedade como um todo, colocando o interesse coletivo a cima do individual. Diante disso a moral social deveria ser medida pelo êxito do exercício da função social.
Diversos pensadores beberam da fonte desses pensamentos propagados por Comte, um deles foi o brasileiro Olavo de Carvalho. O idealista ao analisar a homossexualidade se usa da ideia do funcionalismo ao dizer que a família, por ser um dos pilares da natureza da espécie humana e fator essencial para a sua perpetuação, deve ser mantida. E pelo fato de fugir dos padrões utilitaristas, não é digna de direitos, pois estes seriam privilégios. Dessa forma o preconceito contra essa comunidade seria somente o exercício de liberdade de pensamento, não devendo ser repudiado
Assim percebemos que o amago do pensamento desenvolvido por Comte no início do século XIX persiste até hoje por meio de contextualizações contemporâneas conservadoras.


Paola Santos de Lima
Direito - Noturno
1°Período - UNESP

Positivismo: o verdadeiro desserviço social.

"Protestantes, evangélicos e católicos se veem ameaçados como indivíduos, família e igreja, já que a homossexualidade discrepa da vontade Divina para a humanidade, havendo Deus criado homem e mulher.", esse foi o argumento apresentado pela Frente Parlamentar da Família e apoio à Vida na sessão do STF em junho de 2019 na qual foi votada a criminalização da homofobia e da transfobia. Nessa votação, o Supremo Tribunal Federal decidiu considerar que atos preconceituosos contra homossexuais e transexuais devem ser enquadrados no crime de racismo, tal decisão deve ser vista como um enorme avanço jurídico, uma vez que a sociedade brasileira é marcada por uma intensa discriminação a quem não segue os padrões esperados e estipulados, ou seja, a heteronormatividade.
Tal frase também nos remete a questão da "moral positivista", que tem suas bases na moral religiosa, racionalizando-a e fazendo com que ela se adeque aos padrões de conduta esperados pelo positivismo, gerando uma "sociedade saudável", ou seja, que segue os valores conservadores em prol de manter as instituições, como a família e a igreja, bases para atingir a ordem e progresso. Assim, para o positivismo, a homossexualidade causa uma crise moral e científica, uma vez que vai contra as suas "leis lógicas" de promoção da imutabilidade e de uma falsa ideia de progresso, pois não aceita mudanças de paradigma na estrutura social, tendo o conservadorismo como o estágio mais avançado do conhecimento.
Atualmente, muitas das ideias positivistas voltaram a assolar a política brasileira e ganharam força com a ascensão da extrema-direita conservadora e militarista ao poder, a exemplo da eleição de Jair Bolsonaro à presidência da república. Muitas dessas ideias vieram a tona com Olavo de Carvalho, pensador idolatrado por Bolsonaro, com seu livro "O imbecil coletivo". Nele, Olavo dedica um capítulo inteiro, chamado "Mentiras gay", para tratar das questões homoafetivas e como elas impactam uma sociedade de cidadãos de bem. O autor vê a homossexualidade como uma deficiência e um desserviço a sociedade, uma vez que a heterossexualidade é uma necessidade para a perpetuação da espécie e a homossexualidade é vista apenas como um desejo ou uma anormalidade.
Assim, ele cria sua teoria do direito à repugnância das pessoas homossexuais. Tal proposição tem como base o direito de livre escolha e de liberdade de expressão, na qual ele propõe que se alguém tem o direito de ter um desejo sexual que vai contra as bases biológicas, outros podem ter o direito de aversão a esses indivíduos. Ao fazer essas afirmações ele nega a dignidade da pessoa humana e desconsidera que o Brasil é o país que mais mata homossexuais no mundo, de acordo com a ONU, e que a cada 20 horas um LGBT+ é assassinado ou comete suicídio no Brasil, de acordo com o Grupo Gay da Bahia. Portanto, ao disseminar esses discursos de ódio ele cria na população um sentimento de aversão a população LGBTQI+ que corrobora para o aumento da homofobia, dos suicídios e assassinatos dessas minorias. Dessa forma, a análise superficial positivista e olavista que apenas considera fatores biológicos e sexuais, acaba por naturalizar uma violência que sempre esteve presente na sociedade brasileira, gerando o verdadeiro desserviço social.
Julia Dolores- Primeiro ano Direito matutino.

O positivismo na sociedade contemporânea


            A construção de um sistema de educação voltada para formação técnica e que deixa de lado a valorização do ensino para criação de uma sociedade crítica, gerou um campo fértil para a ausência de questionamentos a respeito da sociedade em que estamos.  
           Um dos fenômenos sociais mais gritantes, é o olhar dogmático sobre a produção de conhecimento, e junto com tal, a utilização da própria opinião na construção dele. Auguste Comte trata de temas como a importância do conhecimento empírico, e deixa claro que estudar o objeto a fundo não é necessário. O individuo deve saber da existência do fenômeno, mas não precisa compreendê-lo em sua totalidade.
       Bebendo do positivismo de Comte, a obra de Olavo de Carvalho traz em sua construção a encarnação dos conceitos de superficialidade do conhecimento, exaltação do trabalho e valorização do coletivo perante a felicidade do indivíduo.
          Em “o jardim das aflições[i]” o autor fala sobre como a sociedade moderna vive de maneira “fantasiosa”, colocando as relações sociais construídas no meio urbano como grandes ilusões, e exaltando as relações construídas no meio rural, Olavo também exalta as obras “clássicas” em detrimento das produções contemporâneas. 
Em “Mentiras Gays”, Carvalho desenvolve sobre como as relações homoafetivas podem ser uma ameaça a humanidade, uma vez, que segundo o autor, a capacidade reprodutiva é afetada por relações homoafetivas, portanto afeta a perpetuação da espécie humana. É possível encontrar na narrativa anteriormente exposta, que tanto Olavo de Carvalho quanto Comte, entendem a felicidade individual como algo que ameaça a estrutural social.
           Segundo Sartre[ii], a visão positivista que Comte pregava, é um dos caminhos para a construção de uma sociedade que aos poucos flerta com o fascismo, pois não consegue compreender a importância da diversidade para a construção de um espaço social saudável, tampouco construir questionamentos sobre os acontecimentos que a rodeiam. E quando consegue tecer indagações, muitas vezes estas são quase que totalmente fruto da opinião da maioria que permeia o pensamento do ser. 
Percebe-se então que alguns ideais positivistas estão presentes na sociedade contemporânea, e potencializados por ferramentas de comunicação, uma vez que grande parte das discussões sociais com base na opinião dos autores (teorias da conspiração) são disseminadas por meio das redes sociais.  
 Por fim, segundo Giuliano Da Empoli[iii] a disseminação de discursos fantasiosos também é utilizada como ferramenta política, através da ventilação  dos mesmos, líderes como Donald Trump e Jair Bolsonaro conseguem justificar suas atitudes insanas, como por exemplo: Indicar o consumo de desinfetantes para o tratamento do COVID-19[iv] ou então recomendar um medicamento sem eficácia comprovada[v]  
           

Um positivista na presidência.

Foi no século XIX que Auguste Comte desenvolveu a filosofia conhecida como Positivismo que, além de muitos outros pensamentos, defendia a manutenção da ordem social, que se dá através da ideia de solidariedade e de que é necessário que cada indivíduo tenha um lugar seu na sociedade e cada um desses lugares, por sua vez, deve ser respeitado e seguido “a ferro e fogo”, ou seja, sem grandes mudanças. A ideia do pensador era que com a ordem alcançada através da solidariedade era possível chegar ao progresso da humanidade e das ciências.

Porém, com o tempo e com o surgimento de novas formas de pensar, foi possível constar que o pensamento positivista de que papeis sociais são igualmente importantes e que não podem ser descartados ou mudados colabora para a manutenção de esferas e de estruturas da sociedade que não são benéficas para grande parte da população. Ao invés de buscar melhorias e uma maneira de tornar as experiências e recursos mais acessíveis, o pensamento positivista mantém os oprimidos como oprimidos e os opressores sempre no poder

O termo “minorias sociais” tem ganhado força nas redes sociais, tanto da parte daqueles que se vem representados por esses grupos, quanto por aqueles que acreditam que a existência de movimentos em prol dessas pessoas seja uma ameaça a sociedade estabelecida, é então que surgem frases como “as minorias tem que se curvar às maiorias”, dita pelo presidente Jair Bolsonaro em sua campanha para a presidência.

O medo da mudança no “status quo” assombra aqueles que se beneficiam com a manutenção da sociedade como ela se encontra, pessoas que acreditam que se um outro grupo social ganhar notoriedade, o seu vai perder direitos. O  escritor Olavo de Carvalho, considerado uma das grandes influências de Bolsonaro, vê em novas correntes de pensamento e novas formas de se viver e ver o mundo uma ameaça a sua forma de pensar e agir, questionando, inclusive, a existência dessa opressão sofrida pelas minorias sociais. 

Ele e os seguidores dessa corrente de pensamento fecham os olhos diante da evidente onda de violência e privação de direitos que pessoas da comunidade LGBT sofrem, por exemplo, como citado em seu livro “O Imbecil Coletivo” no texto “Mentiras gays”, alegando que esse lugar social que a eles pertence seria facilmente modificado com a aceitação da natureza heterossexual do ser humano, o que ignora ideias da biologia já conhecidas da importância e da legitimidade da existência da homossexualidade.

Apesar de negar algumas das ideias científicas, os positivistas não negam ela como um todo, pelo contrário, utilizam ramos da ciência para justificar seu pensamento. No caso de Comte, a estática física como justificativa para a ordem social, no caso dos “olavistas”, a necessidade de reprodução, que não acontece em um relacionamento homoafetivo. O que esse pensamento ignora é o avanço das relações humanas e de novas formas de se viver em sociedade. Não existem justificativas para retardar o avanço social mantendo uma “ordem” que há muito vem sendo questionada e provada errada.

Por fim, o positivismo de Comte contribuiu para a implementação, por exemplo do termo “positivado”, que significa “deixar claro, preciso; afirmar, esclarecer” e é utilizada no campo do Direito. Por sua vez, as ideias positivistas mais contemporâneas, como as apresentadas por Olavo, trazem consigo a ideia de manutenção do conservadorismo, ideias de uma época que já não dizem respeito a conjuntura atual, a interpretação que é feita das leis hoje e da forma de se viver de todo um grupo de pessoas que não pode ser ignorado e deixado de lado por um “bem social” ou para se curvar a maioria.

Referências:
Vídeo Discurso Jair Bolsonaro sobre minorias: https://www.youtube.com/watch?v=BCkEwP8TeZY


Beatriz Araújo Gomes – RA 201223066 – 1 ano matutino.