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segunda-feira, 25 de junho de 2012

A complexidade de Weber


          Depois do contato com o pensamento de Weber, é possível perceber a riqueza de seu conteúdo que abre novos horizontes para a compreensão da ação social, e que ao mesmo tempo traz um hermetísmo que distância leitores, e que, dentro de seu método, consegue uma análise menos geral das próprias ações sociais.
          Do ponto de vista do dogmatismo do materialismo histórico, há uma grande crítica no sentido de não considerar essa análise eficaz na explicação de todos os fatos sociais. A partir dai é perceptível que Weber mostrou um caminho a seguir que não ficasse iludido apenas com questões econômicas, mas que tentasse enxergar mais a fundo as dinâmicas socias.
          É fácil perceber a influência tradicional em um morador da zona rural que acredita nos poderes de um determinado santo para a obtenção de determinada graça. Existe um fundo de tradição religiosa que acompanha essa pessoa desde o seu nascimento e que influência nas suas ações. Assim sendo impossível o enquadramento daquela em uma visão puramente material.
          Analisando algo mais amplo e não tão específico, em a “Ética protestante e o espírito do capitalismo” Weber defende que o desenvolvimento do capitalismo nos Estados Unidos da América derivaram, antes de tudo, de uma concepção moral que permitia a acumulação racional do capital.
          Ora que com uma análise nesse sentido, é possível entender como a influência lusitana no Brasil foi e ainda é desgraçada. analisando pontualmente a questão política, é possível evidenciar a queixa de um estado profundamente corrupto, em obras de Eça de Queiroz fazendo menção ao estado português e que facilmente poderia se enquadrar na realidade  brasileira.
          Muitos criticam Weber sem nem mesmo estuda-lo, e isso ocorre em parte pela complexidade de seu pensamento. Em contrapartida, Weber está presente ainda hoje no campo de pensamento sociológico justamente por defender uma análise mais completa em relação aos fatos sociais que não é restrita e limitada, e que possui pontos positivos no sentido de defender a não contaminação da análise pelos valores do pesquisador, fato que atrapalha de forma gritante uma análise segundo a visão marxista.
A importância dos nossos valores
Segundo Weber, a decisão de uma ação é característica humana guiada por valores. Todas as vezes que precisamos tomar uma determinada decisão ponderamos sobre alguns fatores ligados a duas categorias: fim e meio. Perguntamo-nos se determinados meios são apropriados para se alcançar os objetivos pretendidos. Podemos ponderar também sobre a possibilidade de alcançar aquilo que queremos, considerando os meios disponíveis. A partir dessas possibilidades, podemos criticar a proposta do fim requerido.
Ainda segundo o autor, podemos comprovar e constatar as consequências que teria a aplicação do meio requerido e, assim, prever eventual lucro do fim. Qual seria o "custo" do alcance do fim desejado? Homens que agem com responsabilidade devem refletir entre fins e consequencias de determinada ação.
Não cabe a ciência tomar as decisões em função das ponderações. A escolha é própria do homem que pratica a ação.  Weber afirma: "ele pondera e escolhe, entre os valores em questão, aqueles que estão de acordo com sua própria consciência e sua cosmovisão pessoal". Todas as ações humanas são carregadas por valores inerentes a sua pessoa. Esse fato é muito importante, por exemplo, para os julgamentos realizados nos tribunais de justiça. Se não fossem as diferenças culturais e valorativas entre os juízes, todas as decisões seriam as mesmas e, assim, teríamos simples leitores de normas.
Matheus da Silva Mayor

Eu tenho...mas não conte pra ninguém.

     Max Weber, sociólogo, economista e doutor em Direito, foi uma grande personalidade alemã, com importante participação na transição do primeiro Império alemão para a célebre república de Weimar. Uma de suas mais importantes obras se chama "A ética protestante e o espírito do capitalismo", onde estuda a relação íntima da religião protestante, com a ascensão do capitalismo. Neste texto buscarei o caminho inverso, procurando descrever a (teórica e irônica) incompatibilidade da religião católica com o capitalismo, e seus efeitos culturais na cultura brasileira do século XXI.
     Como é de conhecimento geral, o Brasil foi colonizado, primeiramente e predominantemente por Portugal. Com isso, a cultura lusitana foi fortemente incorporada na brasileira. Um ponto fundamental dessa cultura era a predominância da religião católica, muito forte em Portugal. A religião católica, diferente de outras, prega em seu livro fundamental (a bíblia) a ideologia de "não-ostentação" como podemos verificar em várias passagens, como esta: “Guardai-vos, não faças as vossas boas obras diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; de outra sorte não tereis a recompensa da mão de vosso Pai que está nos céus.” (Mateus 6:1)
     Contradições a parte, essa ideologia existe, e foi incorporada a cultura brasileira. Ainda hoje, apesar de sua gradual diminuição, ainda há aquela quase que "vergonha" de possuir bens, ou de possuir boas condições de vida. Sempre há o receio de parecer arrogante ao trocar um automóvel, ou construir uma nova casa.
     Onde estou querendo chegar com isso? A intenção é de demonstrar a contradição dessa ideologia com o capitalismo. Obviamente o capitalismo é mais bem aceito em uma sociedade que se orgulha em mostrar suas conquistas, ou que não se importa de possuir mais capital ou bens que muitas outras pessoas.
     Buscando o caminho contrário que o protestantismo, muito aceito em países como Inglaterra e Alemanha, busquei demonstrar um dos motivo da maior aceitação e prosperidade do capitalismo nesses  países como Inglaterra (e suas colônias) e Alemanha, protestantes em essência, que em países como Portugal e Espanha, com suas respectivas colônias. Muitas vezes os motivos e explicações sobre economia são explicados através de análises culturais que econômicas propriamente ditas. 

O impasse weberiano na Ética Protestante

Indubitavelmente a contribuição de Weber para o modo de pensar ciências humanas foi crucial. Independente da proposição e do fundo político mergulhado na sua leitura sociológica, a obra weberiana traz novos paradigmas para a sociologia. Tais paradigmas ficam evidentes na sua obra magna "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo". Nesta obra em que Weber vai formular a intersecção da formação e desenvolvimento do capitalismo moderno, desde a acumulação primitiva de capital até o investimento nas reformulações das forças produtivas e nos meios de produção, com a ética e o modus operandi protestante que nasce com a Reforma de 1500.
Um clássico da sociologia, a "Ética" é o livro que melhor sintetiza esta proposição weberiana. Uma investigação insaciável que vai buscar na formação de uma religião atributos que façam-a mais propensa à economia capitalista. Encontra em Benjamin Franklin esse espírito capitalista:


“Lembre-se que o dinheiro é de natureza prolífica e geradora. 
O dinheiro pode gerar dinheiro, e seu produto gerar mais, e assim por diante. Cinco 
shillings circulando são seis; circulando de novo são sete e três pence e assim por diante, 
até se tornarem cem libras. Quanto mais dele houver, mais produz a cada aplicação, de 
modo que seus juros aumentam cada vez mais rapidamente. Aquele que mata uma porca 
prenhe, destrói sua descendência até a milésima geração. Aquele que  “mata” uma coroa, 
destrói tudo aquilo que poderia ter produzido, até muitas libras”

Todavia, ao correlacionar os dois fenômenos (o crescimento do protestantismo e a evolução capitalista) Weber dirá que a coincidência de proposições ideológicas dos dois é que possibilitou a intersecção tão cômoda e exitosa. O que para os marxistas é na verdade uma necessidade do capital e da classe burguesa de construção sócio-cultural no imaginário social para Weber não passa de uma feliz coincidência. E brota-se a divergência no âmago da leitura weberiana. Coincidência ou um movimento previsto por quem mantem a dominação de classe?

René Descartes, pai da ciência moderna, foi o precursor do racionalismo. O filósofo propunha uma ruptura com a filosofia tradicional de Platão e Aristóteles, pois, segundo Descartes, faltava à filosofia tradicional um caráter pratico, e deste modo inaugurar uma forma racional de compreender a filosofia. Para tanto, fazia-se necessário adquirir um conhecimento verdadeiro, o qual seria alcançado mediante duvidas sistêmicas, deste como Descartes pregava: “rejeitar como totalmente falso tudo aquilo em que pudesse supor a menor duvida”. Para o filosofo, a experiência sensorial era uma fonte de erro e por isso, somente a razão humana era capaz de adquirir um conhecimento verdadeiro. Este modo cartesiano de pensamento, ainda está em voga, seu ideal objetivista de mundo, o qual propõe o conhecimento obtido através da investigação cientifica em contraposição ao habito, e, ou, senso comum, é a base da ciência moderna.
Marina Precinotto da Cruz, direito diurno

"QUERER NÃO É PODER"


Não quero me casar. Não quero ter filhos. Não quero fazer faculdade. Não quero trabalhar. Não quero respeitar os mais velhos. Não quero agradecer, nem pedir por favor. Não quero vestir o que está na moda. Não quero e não vou fazer nada disso. Em tese, todas essas negativas são possíveis, todavia na pratica, não. Tal fato ocorre pois a sociedade exerce tamanha influencia sobre o individuo que este torna-se refém, uma vez que se não seguir os seus costumes será certamente excluído. O homem é educado desde seu nascimento para que siga todos os mandamentos e ditames sociais, com a assimilação destes, toda e qualquer atitude fora destes padrões causará estranhamento. Tal fenômeno social foi intimamente estudado por Émile Durkheim, o qual acreditava que a sociedade é opressora e que impõe aos indivíduos maneiras de pensar, tipos de conduta, os quais são assimilados pelo seu poder coercivo. Com isso, o individualismo é sucumbido e seus ideais deixam de ser produzidos por sua consciência e passam a ser apenas transmitido por gerações passadas. Há um afastamento do que o homem acredita e o que ele faz, por pressão de toda sociedade, por isso a frase não deve ser “Não quero me casar” e sim, “Não queria”, pois quando a sociedade chega e diz “querer não é poder”, a frase deve mudar.
Marina Precinotto da Cruz, direito diurno

Visão Holística em contraposição ao senso comum


Max Weber tinha uma visão sociológica a qual preconizava o estudo da ação social, compreendendo o sentido e o valor que o geraram, método chamado pelos críticos de individualismo metodológico. Todavia para uma analise dessa ação social fazia-se necessário um afastamento dos dogmas e preceitos pré- existentes do sociólogo, pois somente desta maneira poder-se-ia ter uma analise confiável. Nota-se com essa atitude que Weber abominava o determinismo e o adágio do senso comum, o qual é carregado de valores intrínsecos a sociedade. O sociólogo alemão, também discorre sobre a importância da analise individual, em contraposição a uma analise de classe como muitos sociólogos antecessores a ele pregavam.  Para ele o papel da ciência não é determinar qual caminho o individuo deverá seguir , nem criar regras que guiem o mesmo.  O papel desta, segundo Weber,  é apenas oferecer uma analise individual, sem juízo de valor, para que tenha se possa  ter uma visão holística da ação social.

Marina Precinotto da Cruz, Direito diurno

Weber busca em sua obra firmar a sociologia como ciência, despir a análise sociológica do que havia de ideologia e interesse político. Weber alega que a introdução de valores pessoais garantia a sociologia um caráter não confiável que poderia torná-la uma matéria completamente sem valor em âmbito acadêmico.
Weber propõe um método de analise que seria capaz de fugir do determinismo seja ele dos outros métodos ou até mesmo dos preconceitos gerados pelo senso comum, o método Weberiano baseia-se na comparação de um arquétipo pronto e traçado com o que é prático e real, sem que aquele que analise interfira com seus pressupostos na analise final. Dessa forma Max Weber busca tornar a sociologia mais precisa na análise de cada caso, retira-la do âmbito de aspirações políticas e evitar que se torne uma fórmula repetitiva que se aplica a tudo da mesma maneira.
É importante ressaltar que a leitura Weberiana dentro do jurídico é de extrema importância pois é a partir dela que correntes como direito preventivo, o direito de pena mínima ou qualquer direito que busque uma visão mais holística podem se consolidar, o direito como ferramenta de transformação social efetiva e não simplesmente uma ferramenta coercitiva é possível por caminhos Weberianos.

Conhecimento é Resultado

Conhecimento é Resultado
Muitas vezes não reparamos a complexidade que existe por trás de cada produto que consumimos diariamente - e não devemos nos ater somente ao complexo da produção, - mas a questões subjetivas e de planejamento que são anteriores ao processo de fabricação.
O planejamento de um produto poderia ser comparado a uma questão puramente dialética: a resposta a uma necessidade objetiva. Contudo, essa resposta é suficiente para responder a questionamentos que surgem quando vemos produtos como esse a seguir?


NESTLÉ EveryDay Pure Ghee is 100% Shudh [pure] Ghee which is untouched by hand and hygienically packed.Image
Nestlé "Everyday Ghee Puro é Ghee 100% Shudh (puro) o qual é intocado por mãos e higienicamente embalado.


Ao vermos a embalagem nota-se dois fatos importantes: primeiro os escritos em Hindi e segundo a Marca Nestlé. Ghee é nada mais nada menos que uma manteiga a base de leite de vaca, sagrada na Índia. Há até um canto sagrado para o Ghee. 
Se analisada somente pelo viés econômico, provavelmente a campanha de venda do Ghee da Nestlé não funcionaria. Afinal, considerando seu tipo ideal de consumidor, os gerentes poderiam pensar que os Indianos já estão ocidentalizados, e que tinham capital o suficiente para a compra do produto. Estaria fadada ao fracasso. Mas em vez disso, compararam seu tipo ideal e maior de consumidor com as particularidades da Índia hindu. É aí que entra em jogo a particularidade religiosa: Ghee é intocado por mãos. Como uma casta poderia comer um produto SAGRADO, sabendo que foi tocado por mãos impuras ou ocidentais?
A Nestlé contornou esse problema.
Outro exemplo, é o Bhuna Jeera Raita. Raita é um prato típico, feito artesanalmente pelas donas-de-casa indianas.


NESTLÉ Bhuna Jeera Raita is a unique proprietary product from NESTLÉ. It offers all the innate goodness of Dahi with real Jeera – a delicious meal accompaniment which tastes exactly like home-made Raita. It aids in digestion and is low in Fat (only 1.5% fat). 

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Nestlé Bhuna Jeera Raita é um produto exclusivo da Nestlé. Oferece todas as vantagens inerentes ao Dahi com legítimo Jeera - um delicios acompanhamento para refeições que tem exatamente o mesmo sabor que o Raita feito em casa. Ajuda na digestão e é pobre em gordura (Apenas 1,5%
 de gordura)


Observando as particularidades culturais e gastronômicas de uma sociedade basicamente vegetariana, a empresa desenvolve mais um produto que se adequa economicamente (mais prático, higiênico e barato, além de ser saudável) e também culturalmente.
Com base nesses dois exemplos, podemos ver que a Nestlé, gigante multinacional, faz jus ao seu título, pois sabe aplicar as teorias na prática e obter lucro com isso. Não se ateve somente à luta material pela sobrevivência, à economia, mas também a fatores subjetivos e específicos, reconhecendo que o materialismo não é a única roda que gira o mundo.
Weber defendia essas idéias. A ação tradicional além da economia motiva a compra dos produtos. “Ele [o indivíduo] pondera e escolhe, entre os possíveis valores em questão, 
aqueles que estão de acordo com sua própria consciência e sua cosmovisão pessoal” - Weber.
Reconhecendo que a complexidade humana vai além das necessidades econômicas podemos ter muito sucesso na análise de fenômenos sociológicos, e sucesso quando a utilizarmos para obter resultados da sociedade.
Um último exemplo de como Weber está presente, se configura na ação emocional de identificação que a Coca-Cola promove nesta campanha:
http://blogideias.com/2012/04/coca-cola-muda-pela-primeira-vez-o-nome-impresso-em-sua-garrafa.html


Portanto, que sejam conhecidas e analisadas diversas teorias, para que não ocorra um dogmatismo feliz "a se contentar com as hipóteses mais frágeis e com as formulações mais genéricas, pois já foi satisfeita a sua necessidade dogmática, segundo a qual as ‘forças’ 
econômicas são as únicas ‘autênticas’, ‘verdadeiras’ e ‘sempre determinantes em última instância” - Weber


Fonte: http://www.nestle.in/brands/Pages/brands.aspx

A necessidade de Max Weber em terras tupiniquins!



         Nossa nação fora muito influenciada, devido em parte ao seu processo histórico e em outra ao caráter de seus partidos políticos, por, principalmente, dois grandes nomes da sociologia: Comte e Marx. Teorias como as de Weber, embora estejam presentes na cultura brasileira como na obra “Os Donos do Poder” de Raymundo Faoro, participam de maneira minoritária.
         O resultado disso é que as ideias desses dois autores, que segundo Weber não passam de “tipos ideais”, acabam ganhando dentro das universidades um caráter intocável e inquestionável, o que prejudica tanto o desenvolvimento das ciências humanas como também acaba por deslocar o indivíduo da realidade.
         Um exemplo que justificaria a importância das ideias de Weber em nosso país é justamente o da “unidade brasileira”. Durante séculos escritores renomados de todas as escolas da literatura brasileira, buscaram produzir uma obra capaz de unir o Brasil de extremo a extremo. E não apenas escritores, políticos sempre buscaram algum traço cultural que pudessem utilizar para conseguirem o apoio de toda nação. Porém, como fica evidente em “Macunaíma”, o Brasil não possui um caráter que o una perfeitamente. O próprio Macunaíma, para poder representar todo o país necessita ser um herói mutante, que muda suas características de acordo com a região que se encontra.
         Tal exemplo é a prova de que as teorias sociológicas que buscam representar todo o país, seja pela luta de classes ou por outra qualquer teoria generalizante, estão longe de explicar o que, realmente, é o Brasil. Sendo mais útil, por essa razão, considerar as ideias de Weber, utilizando tais teorias apenas como “tipos ideias” para a construção de algo com maior cientificidade.

Para Max Weber,  o juízo de valor é o que gera ações e que essas podem ser classificadas em quatro categorias diferentes, há a ação racional com relação a um objetivo, a ação racional com relação a um valor, a ação afetiva e ação tradicional.

Em sala, foi nos dado o exemplo para a ação com relação ao objetivo de um jovem que mora na favela e que se esforça para entrar na universidade mesmo com todas as adversidades que o circunda. Nesse ponto em Weber, consigo enxergar Durkheim, apesar de ambos terem linhas teóricas diferentes. Ou seja, mesmo que esse jovem trilhe um caminho em busca de um fim ( a universidade), a coerção social continuará existindo pois continuará seguindo  padrões, entrará para uma instituição que o educará para agir em sociedade como a sociedade quer. Por mais que Weber preze a questão individual, não se pode negar a questão do todo social de Durkheim.

 Compreender o Ser igual e o Ser igual diferentemente
Pensando-se em todos os seres humanos que encontramos na rua na saída de casa até ao trabalho: são vários; são homens e mulheres; crianças, jovens, adultos e idosos; estão de chinelo ou não; estão de carro ou não; alguns são ricos outros mais pobres; são diversos! Cada um possuí sua característica física diversa do outro, entretanto, se colocássemos essas pessoas enfileiradas, nuas e com os cabelos raspados, seriam muito mais parecidas, sem as roupas, sem os cabelos, a semelhança seria cada vez maior.
Em nenhum momento dessa análise observativa e até talvez um pouco taxativa, conversamos com essas pessoas. Se fossemos entrevistar essas pessoas, elas diriam onde nasceram, o que gostam de comer, se e onde trabalham, quais suas crenças, quais são seus medos, enfim, diriam quais são basicamente os seus valores, inclusive, qual seria a sua posição em todo o sistema de classe do mundo capitalista.
A partir desse momento, mesmo enfileirados e nus, deixaram de ser parecidos, agora suas diferenças são extremas, com valores diferentes. Porém, se a separação tivesse somente levado em conta as classes sociais chegaríamos a um grupo de pessoas com certas semelhanças: pois não tem como destituir o determinismo do materialismo histórico, esse determinismo existe, mas não é o único fator que se deve levar em consideração. Dentro desse grupo de pessoas com a mesma classe social, existe também pessoas opostas levando-se em conta outros aspectos!
Os seres humanos não podem ser, de maneira alguma totalmente iguais... Embora vivam na mesma sociedade, na mesma condição social, no mesmo emprego, na mesma casa... Cada um possuí seus próprios pensamentos, seus sentimentos, sua fé. Talvez obviamente o determinismo social convirja para pessoas de certa forma serem muito semelhantes, mas nunca iguais.
E se a compreensão de determinada sociedade se faz necessário para certo pesquisador, ou a um cientista social o tipo ideal é apenas o primeiro passo para toda essa complexidade da vida humana, seguido de toda uma análise compreensivista. Talvez, esse método seja um pouco mais complexo e leve mais tempo para se concluir, mas é somente dessa forma que se chegará a uma verdade (no caso, inclusive cientifica).
Além disso, essa compreensão não deve partir apenas por parte de pesquisadores, mas também por parte de todos os outros humanos que querem conhecer as sociedades humanas. Ou conhecer apenas um idoso que fica sentado na praça todos os dias... ele existe muito além de um salário mínimo... perdeu a mulher, os filhos o abandonaram, ficou doente e apesar de tudo ainda possui suas crenças, seus valores.




   Em sua obra, Weber discorre sobre o papel da ciência, criticando a ideia determinista que se aplica a esta, afirmando que não é papel da ciência dizer qual a trajetória do ser social, tampouco criar regras e ideais obrigatórios que sejam aplicados à prática.
   Além disso, ele não analisa a classe de indivíduos, e sim o indivíduo por si só, defendendo a ideia de que, independente da classe a que ele pertence, escolherá por meio de seus valores e de sua concepção de mundo o modo de agir que julga correto. Portanto, para o autor, que deixa de lado a neutralidade do conhecimento e do pesquisador, o juízo de valor é imprescindível à ação social.
   Por fim, Weber critica o conhecimento geral das leis como fim da análise sociológica, repelindo a ideia de que as leis são o fim, e não o meio dessa análise, por serem incompatíveis com a busca da verdade, sendo a interpretação a partir das leis gerais vazia e despida de realidade concreta. Em vista disso, conclui-se que, quanto mais gerais as leis, menos contribuem para a compreensão da realidade. 

Weber e o conhecimento



         Weber começa explicitando a objetividade do conhecimento, alegando que a principal função da sociologia é compreender o sentido da ação social.
         Dessa forma, cabe ao cientista social compreender, interpretar e explicar os fins dessa ação - incluindo também espaço para as influências econômicas, deixando ainda espaço para as outras demais influências possíveis, estabelecendo as chamadas conexões. Weber também faz uma crítica à ciência determinista afirmando que a ideia de ciência social está separada da ideologia e da política, pois aquela serve para compreender. Podem até estar presente numa mesma pessoa, mas não na prática.
          Apesar de tais padrões, Weber faz uma análise das diferenças geradas pela dinâmica social, alegando que cada momento histórico coloca novas questões a serem respondidas e os valores mudam juntamente com a dinâmica social. Faz ainda, uma crítica ao dogmatismo do materialismo histórico, defendendo que não apenas a economia dever ser utilizada para a explicação das mudanças numa sociedade.
        Por fim, comenta sobre o "Tipo Ideal", dizendo que este é o verdadeiro meio para a análise e obtém-se o mesmo mediante a acentuação unilateral de um ou mais pontos de vista, fazendo dessa maneira uma construção metodológica para fugir da opinião generelizada.

A partir da dicotomia entre „o que é“ e o que „deveria ser“, pode-se encontrar um caminho a ser seguido. Nao porém um caminho em direcao a um fim último, que toma o que “deveria ser” como fim, um telos, que engendra, uma série causal, mas antes como um ponto de partida. A construcao do tipo ideal é aqui somente o início do processo que visa uma análise sociológica mais satisfatória e para isso parte de um conceito genérico para investigar os valores sociais e culturais que movem e determinam as acoes de um individuo específico. Mas talvez ainda possa caber a pergunta sobre a construcao deste tal tipo ideal em questao. Quais seriam os fundamentos primeiros para a construcao deste ponto de partida? Nao existiria um problema em conceber, primeiramente, uma nocao prévia e genérica exatamente do objeto a ser investigado? Talvez aqui se encontre o dilema de que a própria acao de observar do observador já contém em si uma construcao, já modifica o objeto a ser investigado, ou seja, da dificuldade de eximir os conceitos morais e culturais do observador na própria análise sobre o objeto a ser observado.

A inovação weberiana


 

 

 Weber, posterior e contemporâneo -respectivamente- às teorias marxista e durkheimiana, pode observa-las atentamente e critica-las, aperfeiçoá-las. Assim, diversos conceitos weberianos se mostram mais maduros, com uma ótica mais ampla sobre a sociedade e representa a maturação de uma sociologia como ciência humana, e não como cópia metodológica das ciências exatas.
 O sociólogo propõe que compreendamos o outro a partir das concepções e cultura deste e não com uma visão etnocentrica, que poderia resultar em análises equivocadas. Mas qual a importância dessa concepção? Na verdade, a relativização do que concebemos por verdade, mentira, certo, errado, importante ou irrelevante é o principal conceito a ser seguido, porque todos esses fatores são produto de diversos aspectos, cultura, aprendizados, experiências, religiões e entre muitos outros a que um ator social está sujeito e inserido, e mesmo o cientista é um ator social e, portanto, também possui seus valores próprios. Desse modo, se fossemos analisar um ser humano que possui as mais diversas diferenças para com o cientista que o analisa, não haveria uma analise científica e sim um julgamento de valores, que poderia ser tão equivocado se o mesmo ser humano analisasse o mesmo cientista, é um estranhamento recíproco. E essa é a proposta weberiana, que tentássemos compreender as concepções alheias para poder analisar o outro em sua própria cultura.
  Além disso Weber propõe, tal qual sociólogo pedra angular, uma ciência empírica sem a necessidade de fórmulas e certezas como nas ciências exatas. Foi um cisma com a auto-depreciação que as ciências humanas sempre se submeteram por pressupor que a metodologia das ciências exatas era superior e, portanto, a melhor para se analisar o fenômeno social, por exemplo. Ele propõe que cada ator social pode ser influenciado por aspectos de grupos sociais, de sua classe econômica etc mas que jamais deixa de ser único e portanto suas ações não podem ser esquadradas e postas em fórmulas, porque nada mais é que uma ciencia empírica, um estudo pautado no acaso, na vida.
Desta maneira, Weber fundamenta esse distanciamento do cientista para eliminar as visões etnocêntricas e também propõe uma análise científica-humanística própria, respeitando as diversidades de cada ator social e   clarividenciando as diferenças entre as ciências humanas e exatas e entre suas metodologias
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O método compreensivo de Weber





Ao defender o método compreensivo em sua obra, A ética protestante e o espirito do capitalismo, Weber ressalta o caráter interpretativo da sociologia, que deve buscar subjetivizar o ato social, em detrimento de seu caráter empírico, ainda que esse caráter esteja fundado numa lógica determinista baseada no controle dos modais de produção, como proposto pelo socialismo histórico de Marx. 


Não obstante, ao afirmar que a ação social é dotada dotada de sentido e deriva de um conjunto valores inerente a cada sociedade, crítica o dogmatismo do denominador comum marxista, pois não só nasce o ato social de causas outras que não materiais como afirma ser o próprio capitalismo estreitamente relacionada à valores religiosos, nesse caso, o protestantismo.


Nessa linha, classifica o ato social segundo quatro categorias causais, podendo esse ser ter origem na emoção, na tradição, no cumprimento de uma meta ou nos valores da sociedade na qual o indivíduo encontra-se inserido. É da comparação entre as leis e essa gama de fatores que nasce, segundo Weber, o verdadeiro fruto da sociologia.

Assim, são as leis tipos ideias estabelecidos pela sociologia como instrumentos no estuda da sociedade, e não seu fim, não havendo uma fórmula concreta capaz de prever seu desenvolvimento, mas um conjunto subjetivo que a compreenda, trazendo para o plano da abstração a vasta complexidade do real que permeia nosso mundo.


Yuri Rios Casseb

Valores = Ação


Max Weber, sociólogo alemã, pregava que a função da Sociologia é a compreensão do sentido da ação social, determinada por um sentido e movida por valores, desvendando assim os fatores que implicam nas ações humanas. Seu ideal era compreensivista, ou seja, compreendia os indivíduos e seus valores, fato também conhecido como individualismo metodológico. Para Weber, cada individuo escolhe um modo de agir a partir de seus valores, não sendo papel da ciência dizer o que o ser humano deve e vai fazer. 
De acordo com suas idéias, não há um “denominador comum” na sociedade, ou seja, não há um fator que promove a mesma ação dos indivíduos, criticando assim, o fato da economia ser considerada o denominador comum da sociedade e o fato que move as ações humanas, fato considerado no Marxismo, em que é a partir da estrutura econômica que os seres humanos agem.
Weber atua como um analista social, fazendo uma síntese das influências sofridas pelo individuo. Portanto, se não pode e nem deve entender o modo de vida e o modo de agir do ser humano baseando-se apenas nos métodos econômicos do Capitalismo, pois por trás de toda ação do individuo, há a intensa influência de seus amplos valores e crenças

Weber e a jurisprudência



Para Weber, a função essencial da sociologia é a compreensão da ação social, o sentido que a determina e os valores que a movem, e para a melhor compreensão da ação social ele a divide em quatro: racional com relação à fins, racional com relação à valores, tradicional e afetiva.
Esse tipo de estudo deveria ser aplicado com maior frequência no nosso direito, possibilitando sentenças mais justas, que não privem ninguém de sua liberdade por muito tempo sem que seja necessário, é possível verificar a eficiência desse método ao observar à sentença da juíza Marilena Soares no filme brasileiro "O meu nome não é Johnny" que conta a história real de João Guilherme, jovem de classe alta que acaba se envolvendo no tráfico de drogas.
Ao verificar o que levou o réu a determinada ação é possível ter a percepção de seu real caráter, e, com certa margem de erro, é possível também concluir se é possível ou não recuperá-lo sem grandes penas.
Se, esse método fosse aplicado pelos juristas, muito provavelmente, pessoas que roubam manteiga, ou leite para dar à  seus filhos teriam penas mais leves, que podem ser pagas de forma alternativa, evitando que esses, que não possuem um caráter essencialmente ruim, não convivam com criminosos realmente perigosos, vindo a se tornar um deles, o que seria um grande serviço à sociedade.
Com isso é possível concluir que o método de Weber é realmente aplicável, e seria de ótimo uso, principalmente na área do direito, melhorando a jurisprudência brasileira.



do fanatismo da Ku Klux Klan à Igreja Maradoniana




A visão weberiana da análise sociológica, diferentemente da marxista, prega o uso do método não para o rigor da interpretação política, mas para a proposta de uma interpretação mais objetiva e menos ideológica. Weber, antes de tudo, defende o distanciamento da ciência de valores pessoais para a preservação da neutralidade de método e de análise. O cientista social seria, portanto, muito mais um mero interpretador de dilemas já postos e acabados do que um analista político e econômico. Para ele, as leis da ciência são  meios e não fins em si. Criam-se, assim, referências metodológicas; um padrão como ponto de origem , de partida e não como conclusão a ser atingida. O tipo ideal, a referência analítica weberiana, aparece como ferramenta para à pluralidade de conceitos, como instrumento de superação ao dogmatismo limitante do materialismo histórico de Marx.

O tipo ideal, consequentemente, é material para quaisquer análises sociológicas. Se, por exemplo, busca-se traçar o perfil médio de um cristão praticamente, no mundo ocidental, o resultado final seria variável de acordo com o método aplicado. Ao se fazer uso da dialética marxista, o indivíduo objeto de investigação, ou seria um burguês conservador crente na religião como mantenedora da tradição, dos bons costumes e da ordem, ou, um trabalhador alienado pelo ópio da promessa divina; não seria nada muito, além disso, ou branco ou preto, metaforicamente. Por outro lado, por meio do tipo ideal weberiano, vê-se uma capacidade mais realista e abrangente de conceituação. Se para a dialética marxista, provavelmente, o cristão religioso ou seria o conservador burguês ou o trabalhador corrompido, para Weber, o cristão seria, inicialmente, um indivíduo enquadrado em certo perfil, mas nunca estritamente isso. O tipo ideal, como dito anteriormente, é o início da classificação, o princípio da pesquisa, nunca seu fim.
O tipo ideal, assim, encontraria possibilidades múltiplas à formação de um perfil médio, por exemplo, para o cristão ocidental. Ele poderia ser idealmente, branco, mas com o tempo se transformaria em elemento negro, indígena ou oriental. Ele poderia ser, idealmente, um segregador racial, membro da KKK, mas com o tempo passar a ser identificado dentro de uma cultura libertina, uma cultura de surfistas , como a da igreja Bola de Neve.O cristão ideal , poderia, idealmente, ser um defensor da masculinidade à moda antiga e ao estilo de Clint Eastwood e de John Wayne, no entanto, poderia transformar-se em um travesti membro da Igreja Cristã Metropolitana , essa voltada para o público gay e para trabalhadores da indústria do sexo.Esse cristão objeto de estudo, poderia, idealmente, ser um idolatra dos mais variados tipos de santos, entretanto, poderia também transformar-se em devoto da Igreja Maradoniana.

O tipo ideal, em conclusão final, é recurso ilimitado ao estudo social. Ele é mais atual do que nunca no sentido que permite uma análise complexa e multifacetária do fenômeno sociológico contemporâneo. É ferramenta flexível, no tempo e no espaço, ao enxergar uma sociedade onde a unidade proletária, burguesa e ideológica, como um todo, é cada vez mais sutil. É uma arma para o período atual onde nada é mais branco e preto, mas tudo muito cinza, verde, azul, laranja e sem cor.



Parece ser característica própria do homem julgar os seus semelhantes a partir de estereótipos, sobretudo nos dias atuais, em que vivemos em uma sociedade de aparências, na qual é mais importante você “ter” do que “ser”.  Ainda nos dias de hoje, percebemos que as pessoas possuem, muitas vezes, uma visão determinista com relação à sociedade, visão esta que é condenada por Max Weber.

É comum encontrarmos adeptos da opinião de que o meio e as circunstâncias são fatores responsáveis pela formação do indivíduo. Sendo assim, escutamos afirmações generalizadas como por exemplo “todo favelado é bandido”, “todo político é corrupto”, “todo universitário é filhinho de papai”, entre outras. Ou seja: uma visão determinista leva a afirmações generalizadas, que por sua vez levam a conclusões errôneas e nos distanciam da verdade. É por esse motivo que Weber é contrário a esse tipo de análise social.

Pensando nas Ciências Sociais, a verdade científica, para Weber, só será alcançada através da comparação entre os fatos e aquilo que ele chama de “tipo ideal”. O tipo ideal seria apenas uma ferramenta para a realização da análise social, obtido com a observação unilateral dos fenômenos sociais, colocando em evidência características gerais e frequentes de um determinado grupo social.

Weber também questiona a explicação dos fatos sociais a partir de aspectos econômicos, somente. Para ele, não basta analisar as relações econômicas para explicar a sociedade, pois, primeiramente, a ação humana se dá por meio de um juízo de valor. Assim, o indivíduo pode agir com relação à tradição de seus hábitos e costumes, à busca por um objetivo individual, às suas paixões ou a um valor.

Se considerarmos o seu método como correto, teríamos que buscar, então, avaliar o indivíduo e compará-lo com as características estipuladas ao grupo a que pertence, além de analisar o que realmente move as suas ações além das influências das relações econômicas presentes na sua realidade. Desse modo, não poderíamos ter uma opinião já formada, de maneira preconceituosa, que determinasse como são os indivíduos analisando apenas o seu grupo social, mas deveríamos considerar as suas vontades e os seus valores, ou seja: a sua individualidade. Isso parece ser uma tarefa cada vez mais difícil, pois, com a imposição da cultura e valores americanos, o mundo - que, com a globalização, deveria ser multicultural ao invés de impor uma única cultura: a da Nação considerada mais poderosa - parece passar por uma padronização da sociedade que se sobrepõe a grupos sociais, etnias ou nacionalidades.

A Verdade na Ciência



O senso critico é uma ferramenta de extrema importância para a emancipação intelectual do ser humano, no entanto Weber atenta para o problema da utilização pelo homem de valores próprios no desenvolvimento cientifico. Sua ponderação está ligada ao fato de que ele considera o juízo de valor como sendo o elemento propulsor das ciências, mas que depois de cumprido seu papel inicial deveria ser desconsiderado no decorrer da pesquisa, pois essa deve objetivar a busca da verdade livre de conceitos individuais.
    
A busca pela imparcialidade no meio cientifico pode parecer utópica, pois a própria aplicação da imparcialidade, em quaisquer atividade do cotidiano é praticamente impossível. O ser humano tem extrema dificuldade de se livrar de seus preconceitos e crenças o que faz com que mesmo nas mais ínfimas atividades diárias haja sempre um juízo de valor envolvido. São esses preceitos que, segundo Weber, atravancam o desenvolvimento científico impedindo-o de atingir seu desenvolvimento pleno.

O ponto central acaba recaindo sobre a dificuldade de se definir o que é verdade e se de fato existe mesmo uma verdade absoluta. Questão essa cuja resposta exigiria uma verdade que por essência seria dúbia. Há então, uma busca no meio científico por uma verdade, não aquela absoluta, mas uma verdade que dentro dos preceitos pré-estabelecidos atenda as necessidades do objeto de pesquisa.

Giovanna Cardassi 

Uma concepção pura


      As ciências naturais tem procurado explicar as relações causais entre os fenômenos, enquanto que as ciências humanas tentam compreender processos da experiência humana que são vivos, mutáveis, que precisam ser interpretados para que se extraia deles o seu sentido. Nesse caminho Weber vê como objetivo primordial da sociologia a compreensão da relação de sentido da ação humana, ou seja, conhecer um fenômeno social compreendendo como um fato com sentido que aponta para outros fatos significativos.
      Para que o sociólogo possa analisar um fenômeno social, principalmente se tratando de generalizações, é necessária a utilização de um instrumento de análise sociológica a fim de criar algo novo, o tipo ideal ou puro, que servirá como uma ferramenta que orientará a verificação e a sua ação, como uma espécie de parâmetro da ação social.
     O tipo ideal é um trabalho teórico indutivo, uma concepção mental da realidade, com o objetivo de sintetizar o que é essencial na diversidade social. Admite a conceituação de fenômenos e formações sociais e identificar e comparar na realidade observada suas aparições. Ele permite comparações e a percepção de semelhanças e diferenças. Por exemplo, quando pensamos em ditadura temos em mente um conjunto de características em nossa mente dando origem a um todo idealizado, o tipo ideal. Ao observar um sistema político afrontamos com esse tipo que temos em mente para classificar esse sistema como ditatorial ou não.
   O objetivo ao se utilizar o recurso do tipo puro não é de esgotar todas as possibilidades das interpretações da realidade empírica, uma vez que qualquer fenômeno estará, em potencial possibilidade, a conceituação de diversos tipos ideais. Esses tipos ajudaram Weber a desenvolver sua visão da sociologia, que em grande parte ainda é válida até hoje. Por isso, o conceito dos tipos ideais ainda é amplamente utilizado pela sociologia, antropologia e ciências relacionadas até hoje.

Um novo olhar


O período histórico onde se inclui Max Weber é o inicio da Alemanha unificada. Apartir do momento pelo qual a sua terra natal passava Weber focou o seu estudo na relação desse novo pais que se formava com o mundo a sua volta. Então surge um novo angulo para o estudo da ciencia social, focando os motivos para as açoes e seus autores, diferente do que era feito por seus antecessores .
Da nova visão criada por weber se destaca o olhar unico, onde cada pessoa é um individuo e deve ser julgado por conta de seus próprios valores. Estudando os indivíduos a partir de esteriótipos o estudo de weber da muito valor as singularidades de cada individuo, que seria onde cada um deles se diverge do ``tipo ideal´´. Aparitr dessas singularidades que compreendemos a ação social definida por weber.
Vicente SG Videira

A Pluralidade Social


Max Weber não procura formular “leis gerais” e “tipos ideais” para explicar a sociedade, mas sim utilizá-los como ferramenta para compreendê-la. Criar teorias tendo como fim a formulação de tipos ideais pouco contribui para as ciências sociais, esta é apenas o primeiro passo para que a sociedade seja compreendida.
 Após formular os tipos ideais, o sociólogo deve chocá-los com a realidade, encontrando casos em que o “tipo ideal” não se aplica. Essas divergências devem ser estudadas para que se atinja a Verdade Científica.
Ou seja, Weber é contra a visão de uma sociedade dividida em classes, onde cada classe é homogênea, as particularidades dentro de cada divisão ideal devem ser estudadas, apenas assim a sociedade poderá ser compreendida realmente. De fato não existem classes homogêneas, pois o pensamento humano pode ser dividido em muitas esferas (econômica, cultural, política, etc.), possibilitando combinações das mais diversas formas, inviabilizando qualquer tipo de divisão que explique perfeitamente a sociedade.


Morte Às Receitas De Bolo Sociológico



“jamais pode ser tarefa de uma ciência empírica proporcionar normas e ideais obrigatórios, dos quais se possa derivar ‘receitas’ para a prática” (Max Weber)

Weber, através de sua obra, critica a ideia de que a sociologia se estabelece através de padrões pré-determinados que devem ser aplicados para quaisquer situações analisadas. Disserta de forma a defender que os dogmas presentes nas outras ideologias estão errados. Desta forma, a sociologia se faria movida por valores e determinada por um sentido específico.

Direciona parte de sua crítica ao determinismo presente no conceito de materialismo histórico, já que esta apresenta diversos dogmas “incontestáveis” dentro da própria teoria. Os dogmas citados são aqueles que estabelecem todo ocorrido na sociedade humana como causa direta de ações da economia e do mercado, ou seja, tudo se faz como resultado das chamadas “forças econômicas”. Com isso, Weber considera que o conceito de “econômico” chega a ser desfigurado, para que, assim, seja possível considerá-lo amplo o bastante para suprir qualquer ocasião do cotidiano.

Portanto, Weber traz a ideia de que a sociologia não pode se fazer como “reclusa” a um certo contexto, tendo de ser sempre universal. Não só isso, mas também deve se fazer como livre de “receitas” e moldes, sendo, tal ciência, estabelecida por cada caso especificamente, com seus mínimos detalhes em foco e as generalidades como base.

Meu domingo weberiano



Hoje, tive que acordar cedo. Uma anormalidade: é domingo! O dia amanheceu frio, o que dava ainda mais preguiça de levantar. Com muito custo, saí de casa. Hoje foi o dia do concurso público da Câmara da cidade, eu tinha um horário a seguir. Encontrei-me com minha amiga, e fomos juntas até o local de prova, conversando. Tudo me lembrava dos dias de vestibulares, só que com uma pressão menor. Bem menor...
Chegamos ao local de provas. Cada uma de nós se dirigiu à sua sala. A fiscal conferiu meu RG com os dados da inscrição, falou para que eu entrasse e assinasse a lista de presença que se encontrava com a outra fiscal. Assim o fiz, e, logo depois, me virei para as carteiras em busca de alguma que estivesse livre e em um lugar que me agradasse. Fui até o fundo da sala e me sentei. Logo, uma mulher jovem que estava na minha diagonal puxou conversa. Perguntou – e também as respondia, falando de si mesma - se eu tinha estudado, para qual cargo me candidatara, se eu já tinha feito outras provas nesse estilo e...
                E, sem querer, eu não estava totalmente na conversa. A última aula de Sociologia invadiu a minha mente. Max Weber, o sociólogo da complexidade... Os tipos sociais, desmistificados com uma análise mais detalhada da situação. O exemplo do professor, daquela sala, daquele grupo da faculdade do qual faço parte. O meu novo exemplo: aquela sala de aplicação de provas de concurso. Que tipo social poderíamos formar a partir daquele grupo de pessoas que se encontravam na sala? Quão genérico ele seria? Eu entenderia a complexidade do todo se fizesse uma leitura superficial daquelas pessoas, baseadas em um conceito prévio, obtido apenas da minha observação? Ah, e que insistentes foram meus olhos em observar cada pessoa que entrava na sala, enquanto estava nesses pensamentos!
A conversa (?) prosseguiu, agora, também com a participação de uma menina ainda mais jovem que eu, que tinha se sentado na minha frente. Era realidade, era fato: a diferença entre nós três se mostrava já nas poucas primeiras palavras ou até visualmente. Grupo social, oportunidades de escolaridade. Cor. E, da minha análise inicial um tanto quanto racionalista demais, determinista demais, nada sobrou. Sobrou apenas um pensamento: a individualidade de cada ser HUMANO.
Quando terminamos a prova, já era hora do almoço (se é que o almoço tem uma hora determinada – o fato é que estávamos com fome). Eu e minha amiga resolvemos almoçar juntas. Dentre os mais diversos assuntos da nossa conversa, mais uma vez Weber se fez presente em meu dia, porque em cada uma de nossas falas era visível que, apesar de, aparentemente podermos ser enquadradas no mesmo “tipo social”, nossas convicções, nossa educação, nossa cultura, a combinação entre dualidade entre razão X emoção e os mais diversos fatores nos diferenciava, nos individualizava. Tornava-nos únicas. Pessoas diferentes, com ações sociais diferentes... Esse é o pensamento de Weber, que pode ser contraposto com o de Durkheim: enquanto este último coloca a sociedade sobreposta ao indivíduo, Weber coloca o indivíduo sobrepondo à sociedade.
Complexo... Pensamentos complexos da sociologia. Pensamentos complexos que só o são porque a sociedade, em si, é complexa, não?! E esses pensamentos complexos acompanharam toda a minha individualidade que voltava para casa...

“Favelado, preto, pobre? Ladrão”. É esse o discurso, ou o tipo ideal, que ouvimos na maioria das vezes a respeito de pessoas negras hipossuficientes que moram na comunidade.   
Contudo, será correta essa visão do senso-comum determinista? Será que só pelo fato de um cidadão negro estar caminhando sozinho a noite, ele furtará quem cruzar seu caminho? Será que uma criança hipossuficiente negra está fadada a se utilizar de meios ilegais para conseguir seu sustento?
Estamos cansados de ver nas notícias casos de políticos corruptos, que roubam o dinheiro público. E eles são negros ou pobres? O salário mensal de um deputado federal é de aproximadamente 26 mil reais, além disso, o Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil mostrou que apenas 2,1% deles são negros. Roubar o dinheiro do povo acarreta em muitas consequências fatais, como pessoas morrendo nas filas do SUS, 14 milhões de analfabetos e cadeias superlotadas. Esses sim são os verdadeiros bandidos, que desviam o dinheiro da população e a mata indiretamente, e não o cidadão que mora na favela.
Assim, devemos repensar nossos – pré - conceitos a respeito de negros pobres que moram na favela, pois antes de serem os vilões, muitas vezes eles estão morrendo por conta de alguém que a classe dominante colocou no poder e nós fechamos os olhos para a desigualdade, deixando-nos ser guiados apenas pelo senso-comum.
Como já diria Marx, “proletários do mundo todo, uni-vos!”. Logo, em vez de pré-julgar, deveríamos nos juntar a esses “ladrões” e, com o perdão do trocadilho, roubar o poder dessa escória. 

Inovador método científico

O alemão Max Weber foi um dos pais da Sociologia e notável inovador principalmente ao conceber um inédito método científico no seu texto "A objetividade do conhecimento na ciência política e social". Em tal obra o sociólogo afirma que não há necessidade de o investigador esconder a sua cultura e os seus valores durante a pesquisa, mas sim que, quando colher os dados do objeto estudado, não os contamine com as suas visões de mundo. Bom seria se a ideia central de parte desse pensamento se aplicasse efetivamente no nosso cotidiano, principalmente nos julgamentos que fazemos das pessoas, os quais tornam-se muitas vezes errôneos quando os baseamos em nossos valores, ou seja, ocorre o famoso preconceito. Olhar o outro através dos nossos olhos é muito fácil e prático, em contrapartida a chance de conceber um julgamento falho é muito grande, sobretudo porque o ser humano não se caracteriza apenas pela sua casca em que os olhos veem, mas também pelo seu interior extremamente individual e complexo.

Essa mesma carga de complexidade e individualidade se aplica ao atos dos indivíduos dentro da sociedade, os quais são conceituados por Weber como ações sociais. Segundo o sociólogo, tal conceito é o alvo de estudo da Sociologia e para isso ele desenvolveu um inovador método científico que pretende atingir esse fim pondo de lado o determinismo e enfocando mais na carga individual dessas ações sociais, as quais podem ser fruto, entre outras coisas, dos valores e das emoções da pessoa em questão.


Em 1904, na Alemanha, era publicada a obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo” do economista e sociólogo Max Weber. Livro este em que o autor busca detalhar a relação entre o advento do capitalismo e a consolidação da ética dos cristãos protestantes.
Inicialmente, Weber dedica-se à detalhar e delimitar o capitalismo como modo de produção de específico momento histórico. Nota-se extremo cuidado ao demonstrar que a característica que define o capitalismo é o racionalismo; seja esse na forma de se trabalhar, de manejar as finanças, de se organizar a produção e até mesmo a vida pessoal.
Ao fazer essa demonstração, a obra inicia a relacionar sua teoria à ética protestante. Para o alemão, a reforma iniciada no século XVI é de suma importância para a formação da sociedade ocidental nos moldes atuais ao propor o conceito de predestinação como estímulo aos indivíduos que movimentam a economia.
Predestinação provem do pensamento que deus, na verdade, nega a ideia de livre-arbítrio ao definir, ainda antes do nascimento do individuo, se ele será ou não salvo e desta forma envia sinais aos escolhidos através da prosperidade financeira. Assim, os adeptos à essa crença tentavam aumentar sua produção e seus lucros, vivendo de forma virtuosa e laboriosa, buscando indicativos de sua ida ao paraíso.
Weber observou essa mudança no pensamento, que retira o foco da Igreja como intermédio entre deus e o mundo material ao definir quem seria salvo atendo-se a dogmas e tradições que conservavam uma economia pouco produtiva e politica estática e cria, aos poucos, uma sociedade dinâmica e integrada.
Como resultado, essa alteração levou à uma busca incessante por produtividade, que colocou a economia como centro de toda sociedade e usando da politica, do direito, da religião e das relações sociais como aspectos e ferramentas para a busca do lucro e da salvação.
Assim, pelo pensamento de Weber, a sociedade como vemos hoje é resultado de uma mudança teológico-filosófico de alcance social, politico e econômico que pôde ser observada em todo o período desde a reforma em si, passando pelo auge do mercantilismo, o fortalecimento da burguesia, as revoluções industriais e revolução de independência americana até ecoando na forma que o capitalismo se apresenta atualmente.

Ideologia, eu quero uma para viver ?


É natural ainda hoje encontrar aqueles indivíduos que, para sustentar seus argumentos sobre certo ponto, acabam exagerando nas proporções de certos fatos, como dizemos atualmente: “forçam a barra” apenas para provar aquele argumento como certo. 

Muitos seguidores de certas ideologias (sejam elas religiosas, políticas ou qualquer outra que se possa existir) acabam, muitas vezes, seguindo este lamentável caminho de argumentação, em que se faz uma forte pressão para que a própria ideia se encaixe na ideologia em que se crê.

Tal comportamento é facilmente visto ao longo da história da humanidade: a utilização do darwinismo para explicar a superioridade da raça ariana dentro do holocausto nazista é apenas um dos exemplos disponíveis. O dogmatismo usado como base para uma argumentação fraca, imoral ou até mesmo ridícula, não é, portanto, uma novidade histórica.

Webber faz, então, uma crítica não só ao dogmatismo do materialismo histórico, mas à sua aplicação forçada, encontrando, principalmente, nas causas econômicas todos os problemas e na sua intervenção, todas as soluções.

Em 1904 Webber já enxergava tais falhas não nas ideologias em si, mas naqueles que as reproduzem de forma dogmática, pragmática, com um quase fanatismo religioso. Enxerga-se hoje que quase tudo que é levado neste tipo de “fanatismo” acaba não sendo muito saldável para a sociedade, mas ainda assim alguns “fiéis” seguidores não mudam seu discurso, mesmo que ele seja já reproduzido há quase duas décadas.

É preciso entender que a sociedade, as pessoas, as ideias, e as relações entre estes três mudam com o passar do tempo, assim deveria ocorrer também com as doutrinas e ideias que permeiam os ambientes políticos e acadêmicos. A meu ver, a sociedade chegou ao século XXI buscando sempre se inovar e avançar, enquanto algumas ideias fazem de tudo para se manter no século XIX. 

Raciocínios Weberianos...



Max Weber em sua obra “A objetividade do conhecimento social na ciência social e ciência política” faz diversas criticas, a maioria remetendo ao pensamento marxista. Weber se apresenta contra o determinismo da ciência, onde essa cria normas e ideias obrigatórias, apesar de visualizar o valor da ciência na ciência empírica, propondo assim uma ciência de possibilidades, baseada na ideia de “Tipo Ideal”- ferramenta metodológica de analise que se baseia em possibilidades e não na obrigatoriedade da repetição de normas e ideias- acabando por organizar o caos e a complexidade do real.Juntamente com a critica ao determinismo, esse autor critica o “denominador comum” e o dogmatismo, respectivamente pela imprecisão de princípios universalmente validos(diretamente ligado ao pensamento marxista), e o por gerar o contentamento com formulações genéricas.Ademais, também critica leis, mormente leis gerais alegando que quanto mais gerais essas forem mais vazias de sentindo serão.
Outrossim,  Weber acredita que a compreensão do sentido da ação social – que esta dividida em ação racional com relação a um objetivo, ação racional com relação a um valor, ação afetiva ou emocional, e ação tradicional -  esta motivada por um sentido e movida por valores, sendo que na analise sociológica esses valores que terão valor, a partir do pressuposto que estes movem o individuo. De modo que, prega o conhecimento neutro, ou seja, despido de valor do analista sobre o analisado, estando presente apenas a compreensão. Por conta disso Max Weber temia a influencia pensamento marxista, na época em ascensão, sobre o conhecimento cientifico. Ademais, Weber pregava o individualismo metodológico, onde ocorre a dissociação do pensamento político do social, contrariamente a Marx e Engels que acreditavam q a ciência estava revestida de caráter político, onde ao tentar combater o capitalismo acabava por fazer uma analise social.
Pode-se notar um grande racionalismo no pensamento e nas obras de Weber, ratificado pelo valor que este concede a ciência empírica – essencialmente racional. Max também apresenta o conceito de verdade cientifica que advém da comparação entre os fatos e o tipo ideal, comparação que serve como método para conter o extinto de contaminar o objeto com seus valores. Weber para atingir seu objetivo de gerar uma compreensão ampla propõe que a metodologia cientifica deve ter caráter universal.
Logo, podemos notar Weber como um racionalista antes de tudo, que se opõem a grande parte dos ideários marxistas, principalmente quando esses influenciam os valorem individuais. Prezando a ciência empirista em conformidade com as possibilidades e não com obrigatoriedades, principalmente através do método cientifico que se baseia no ‘tipo social’.

Papagaios ideológicos


Se fizermos uma rápida pesquisa em uma universidade pública brasileira sobre certas características dos alunos, o que iríamos constatar é que a maioria vem de um grupo social privilegiado socialmente que, sem culpa nenhuma, estudando nesses centros de estudos de excelência, mantêm a característica elitista da educação superior pública brasileira. Fazendo essa análise vem o questionamento se esse retrato é reflexo apenas do “materialismo histórico” de desigualdades seculares, ou se isso seria apenas uma desculpa dogmática do problema crônico em nosso País? Para esses questionamentos Max Weber nos auxilia para um melhor entendimento acerca dessas questões sociais em suas obras.
Não se pode valer do materialismo histórico baseado no fator econômico para explicar todas as questões sociais, pois a realidade nos mostra em mil facetas e seria algo demasiadamente simplista colocar a causa da maioria dos problemas no fator econômico, e sim é necessário atentar-se a causas mais profundas como é o caso citado anteriormente a respeito do perfil dos estudantes das universidades públicas brasileiras. A essa questão vale a análise do paradoxo existente entre vivermos em um Estado Democrático de Direito e de fato estarmos vivendo em uma sociedade de privilégios, na qual as classes favorecidas são as que possuem a melhor educação, a saúde de melhor qualidade, o maior respeito de autoridades, entre outros privilégios que não cabe neste momento ser explorado. É evidente que nessa, e em qualquer outra análise, a generalização é burra e deve ser repelida, pois nesse exemplo dos alunos de universidade pública há pessoas que agiram racionalmente para atingir o objetivo de estudar em um curso de qualidade, motivados por razões diversas e não fazem parte da elite social. A essa ação social Weber classifica de “Ação racional com relação a um objetivo” e não se podem excluir esses atores do objeto de estudo social.
Portanto, não podemos fazer análises unilaterais a respeito de determinado fato social sem ao menos colocar na balança outras variantes no estudo que se mostram pertinentes no resultado final. O dogmatismo não auxilia em nada um estudo completo e mais perto da realidade concreta, e sim nos prende ao mundo das ideias e nos faz refém de algo acabado, tornando-nos papagaios ideológicos, que sem meios intelectuais para externar ideologias próprias fundamentadas em análises coerentes com a realidade, apenas repetimos ideias já ditas tomadas como verdades absolutas.