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sexta-feira, 17 de junho de 2022

A revolução marxista e o Planeta dos Macacos

  A conhecida franquia de filmes Planeta dos Macacos ganhou um reboot no ano de 2011, com o filme Planeta dos Macacos: A origem( Rise of the Planet of the Apes). Dirigida por Rupert Wyatt ,a película retrata o chipanzé Ceasar e outros animais da mesma espécie que são utilizados como cobaias pela indústria farmacêutica. No entanto, os macacos explorados adquirem uma inteligência fora do comum e acabam implantando uma revolução em prol das melhorias de vida de sua espécie. A evolução se torna a revolução.
  De início, por mais que Planeta dos Macacos seja um filme amplamente ficcional, a revolução trazida pelo seu enredo não foge muito da proposta marxista. Os sociólogos Karl Marx e Friedrich Engels ao descreverem a sociedade capitalista e proporem o socialismo científico e posterior comunismo como respostas para os problemas sociais tinham em seu panorama uma sociedade dividida entre explorados e exploradores, assim como o filme. Porém, não era uma espécie mais desenvolvida que dominava a outra e sim o próprio ser humano. Deste modo, ao analisar o panorama vigente na época, marcada pelo desenvolvimento técnico e revolução industrial, nota-se a divisão em classes sociais humanas,  muito diferentes entre si. Surge aqui a burguesia, detentora dos meios de produção e poder político, e o proletariado, vendedores de sua força produtiva em troca de capital e chances mínimas de sobrevivência adequada na esfera capitalista. Com isto, sob o viés marxista, observando as disparidades socioeconômicas que as duas classes citadas tinham, junto com a importância que o proletariado fornecia para a produção capitalista, visto que eram a principal mão de obra, a classe operária adquirida consciência de classe partiria em uma revolução, buscando a tomada dos meios de produção e o poder político, junto com melhores condições de vida para a sua "espécie". É exatamente aqui que nota-se a grande semelhança entre um filme ficcional com macacos desenvolvidos e a sociedade humana capitalista real. A revolução tanto socialista quanto dos chipanzés é a busca pela correção de injustiças e explorações que o sistema capitalista, representado no filme pela indústria farmacêutica e na vida real pela burguesia acha capaz de disseminar e implantar em determinados grupos que não tem as condições materiais dominantes.
  Em síntese, nota-se que não é tão absurdo comparar um filme de macacos inteligentes com a vida do operário na sociedade capitalista. Desta maneira, a revolução pode se tornar a evolução, com a melhora vindo para um primata um pouco mais desenvolvido: o ser humano.

João Felipe Schiabel Geraldini. 1 ano. Direito Noturno.
  

Tempos Modernos: dos livros de Marx às telas dos cinemas.

    “Tempos Modernos” é um filme dirigido por Charles Chaplin, sendo considerado uma das maiores obras do cineasta e também de toda a história do cinema mundial. Por meio de encenações cômicas e descontraídas, características de Chaplin, o filme denuncia e nos leva a refletir sobre a exploração da mão de obra, os modelos de produção e ascensão das máquinas como instrumento de alienação do trabalho.

    No filme, o personagem Carlitos, interpretado pelo próprio Charlie Chaplin, nos é apresentado. Carlitos é um trabalhador de uma fábrica de peças no Estados Unidos no qual trabalha em uma esteira de montagem, executando trabalhos repetitivos, algo típico do modelo Fordista de produção. Contudo, os donos da fábrica, com o objetivo de lucrar cada vez mais, aumentam frequentemente a velocidade das esteiras, o que deixa Carlitos completamente perdido, até mesmo na execução de tarefas simples, como martelar e apertar parafusos.

    Consoante a isso, o proprietário da fábrica sempre aparece com inovações tecnológicas para que os trabalhadores sejam cada vez mais explorados, com a ajuda de máquinas e afins. Sendo assim, uma "máquina de alimentação" surge com o objetivo de que os funcionários sejam alimentados por ela, enquanto trabalham, desse modo, não teriam que cessar seus trabalhos para almoçar, e dessa forma, trabalhariam por mais tempo e o lucro do dono da fábrica seria maior.

    Por conseguinte, Carlitos é acometido por uma crise nervosa de repetição, executando os movimentos que fazia na esteira de montagem, até mesmo quando não estava trabalho, e portanto, é despedido. Logo que sai da fábrica, o operário sem intenção alguma se envolve em uma manifestação de caráter socialista, que reivindicava melhores condições de trabalho, e com isso, acaba sendo preso.

   Assim que sai da cadeia, o trabalhador encontra uma jovem mulher, Ellen (Paulette Goddart), diante da igualdade de situações que os une, os dois se apaixonam e decidem mudar de cidade em busca de melhores condições de vida e trabalho.

    Diante do exposto, é visível as críticas feitas por Chaplin ao sistema capitalista, críticas que ganharam destaque um século antes da exposição do filme, por intermédio de diversas obras dos sociólogos e historiadores Karl Marx e Friedrich Engels.

    Na obra mais famosa de ambos, o "Manifesto do Partido Comunista", Marx e Engels criticam o sistema capitalista de forma acessível aos trabalhadores da época (1848) justamente para que estes possam perceber a sua própria condição de explorando e, consequentemente, reivindicar melhorias através de consciência de classe. 

    De início, fazem questão de dividir a sociedade entre os proletários (trabalhadores), e os donos dos meios de produção (burguesia) para que os leitores estejam cientes de quem é seu inimigo. Por conseguinte, esclarecem como a exploração ocorre: grandes jornadas de trabalho, péssimas condições nas fábricas, intervalos praticamente inexistentes e salários que impossibilitavam até mesmo a alimentação do operário. Ademais, destacam o motivo desta exploração ocorrer: a necessidade de 'mais valia' cada vez maior. Conceito criado por Marx, 'mais valia' significa a disparidade entre o salário que o trabalhador recebe e o quanto seu trabalho gera de lucro, sendo assim, quanto piores forem as condições de trabalho dos operários, o custo é menor, e portanto, o lucro da burguesia se mostra maior.

     Consoante a isso, Marx e Engels propõem uma solução: uma revolução comunista. Posteriormente à revolução, um novo modelo econômico seria conquistado: um modelo mais igualitário, baseado na apropriação dos meios de produção da burguesia e divisão entre aqueles que podem vender apenas a sua força de trabalho, ou seja, os proletários, para que assim, as riquezas não sejam concentradas em uma pequena parcela da população e todos possam desfrutar de momentos de lazer e evitar problemas catastróficos característicos do sistema capitalista como a fome e a miséria.



Lorenzo Pedra Marchezi - Direito - 1º Ano - Noturno