Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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sexta-feira, 17 de junho de 2022
A revolução marxista e o Planeta dos Macacos
Tempos Modernos: dos livros de Marx às telas dos cinemas.
“Tempos Modernos” é um filme dirigido por Charles Chaplin, sendo considerado uma das maiores obras do cineasta e também de toda a história do cinema mundial. Por meio de encenações cômicas e descontraídas, características de Chaplin, o filme denuncia e nos leva a refletir sobre a exploração da mão de obra, os modelos de produção e ascensão das máquinas como instrumento de alienação do trabalho.
No filme, o personagem Carlitos, interpretado pelo próprio Charlie Chaplin, nos é apresentado. Carlitos é um trabalhador de uma fábrica de peças no Estados Unidos no qual trabalha em uma esteira de montagem, executando trabalhos repetitivos, algo típico do modelo Fordista de produção. Contudo, os donos da fábrica, com o objetivo de lucrar cada vez mais, aumentam frequentemente a velocidade das esteiras, o que deixa Carlitos completamente perdido, até mesmo na execução de tarefas simples, como martelar e apertar parafusos.
Consoante a isso, o proprietário da fábrica sempre aparece com inovações tecnológicas para que os trabalhadores sejam cada vez mais explorados, com a ajuda de máquinas e afins. Sendo assim, uma "máquina de alimentação" surge com o objetivo de que os funcionários sejam alimentados por ela, enquanto trabalham, desse modo, não teriam que cessar seus trabalhos para almoçar, e dessa forma, trabalhariam por mais tempo e o lucro do dono da fábrica seria maior.
Por conseguinte, Carlitos é acometido por uma crise nervosa de repetição, executando os movimentos que fazia na esteira de montagem, até mesmo quando não estava trabalho, e portanto, é despedido. Logo que sai da fábrica, o operário sem intenção alguma se envolve em uma manifestação de caráter socialista, que reivindicava melhores condições de trabalho, e com isso, acaba sendo preso.
Assim que sai da cadeia, o trabalhador encontra uma jovem mulher, Ellen (Paulette Goddart), diante da igualdade de situações que os une, os dois se apaixonam e decidem mudar de cidade em busca de melhores condições de vida e trabalho.
Diante do exposto, é visível as críticas feitas por Chaplin ao sistema capitalista, críticas que ganharam destaque um século antes da exposição do filme, por intermédio de diversas obras dos sociólogos e historiadores Karl Marx e Friedrich Engels.
Na obra mais famosa de ambos, o "Manifesto do Partido Comunista", Marx e Engels criticam o sistema capitalista de forma acessível aos trabalhadores da época (1848) justamente para que estes possam perceber a sua própria condição de explorando e, consequentemente, reivindicar melhorias através de consciência de classe.
De início, fazem questão de dividir a sociedade entre os proletários (trabalhadores), e os donos dos meios de produção (burguesia) para que os leitores estejam cientes de quem é seu inimigo. Por conseguinte, esclarecem como a exploração ocorre: grandes jornadas de trabalho, péssimas condições nas fábricas, intervalos praticamente inexistentes e salários que impossibilitavam até mesmo a alimentação do operário. Ademais, destacam o motivo desta exploração ocorrer: a necessidade de 'mais valia' cada vez maior. Conceito criado por Marx, 'mais valia' significa a disparidade entre o salário que o trabalhador recebe e o quanto seu trabalho gera de lucro, sendo assim, quanto piores forem as condições de trabalho dos operários, o custo é menor, e portanto, o lucro da burguesia se mostra maior.
Consoante a isso, Marx e Engels propõem uma solução: uma revolução comunista. Posteriormente à revolução, um novo modelo econômico seria conquistado: um modelo mais igualitário, baseado na apropriação dos meios de produção da burguesia e divisão entre aqueles que podem vender apenas a sua força de trabalho, ou seja, os proletários, para que assim, as riquezas não sejam concentradas em uma pequena parcela da população e todos possam desfrutar de momentos de lazer e evitar problemas catastróficos característicos do sistema capitalista como a fome e a miséria.