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sexta-feira, 10 de junho de 2011

A máquina e suas profundas transformações

É evidente e indiscutível que as mudanças causadas pela Revolução Industrial foram significativas, e tiveram como origem a substituição das ferramentas manuais usadas pelos artesãos e seus aprendizes na produção e confecção de peças e mercadorias, pelo complexo maquinário das grandes fábricas e indústrias pertencentes à burguesia, dona das matérias-primas, dos meios de produção e, consequentemente, do capital propriamente dito.

A substituição do homem pela máquina foi realmente uma revolução (no sentido literal da palavra) resultando em profundas mudanças econômicas, culturais e sociais. O artesão ou trabalhador manual passou a ter como fonte de sustento apenas a sua força de trabalho, os salários não faziam jus à quantidade de mercadorias produzidas, porque a máquina era capaz de aumentar a quantidade produzida em um mesmo período de tempo, entretanto o trabalhador continuava a receber o mesmo salário, a produção já não visava mais apenas um pequeno comércio, pois os industriais estavam interessados em uma produção em grande escala, o que gerava a necessidade de empregar a grande massa trabalhadora, para que essa se tornasse um mercado consumidor ativo e fizessem o sistema capitalista funcionar.

A industrialização também foi responsável pela desestruturalização familiar, porque com a inserção das mulheres e de crianças no mercado de trabalho, aquelas começaram a perder o importante contato com seus filhos durante a infância e se tornaram estranhas a eles por conta da longa jornada de trabalho, já as crianças, algumas vezes, tinham suas idades alteradas para que pudessem ter uma jornada de trabalho maior e também eram vendidas por seus pais para os donos das indústrias. Os homens passaram, durante esse período, por uma fase de alcoolismo e depressão, porque além de terem sido substituídos pelas máquinas, agora precisavam ser sustentados por sua mulher e filhos, tornando-os totalmente dependentes.

As condições de trabalho, saúde, moradia e alimentação da época eram precárias e a jornada de trabalho era extremamente longa e sacrificante, entretanto nada abalava o industrial burguês, que estava interessado apenas em explorar cada vez mais os seus trabalhadores e, consequentemente, aumentar seus lucros.

Obs: postagem referente ao Capital de Marx, porque eu faltei na aula.

Consenso

Antagonismos de classes sempre foram comuns às organizações sociais por nós formadas. Da Idade Antiga à Contemporânea, há, invariavelmente, aqueles munidos de maior força em oposição àqueles que se situam às margens da conjuntura socioeconômica vigente.O que é exposto por Marx e Engels no início de sua obra "O manifesto comunista" é o processo de simplificação desses antagonismos com o fim do sistema de produção feudal e o advento da burguesia (passando ela por estágios de desenvolvimento até atingirem a formação contemporânea aos autores): Além desta, havia apenas uma outra classe, para a qual poderia aplicar sua exploração e sua opressão - o proletariado.
A burguesia provocou a impossibilidade de concorrência de pequenos produtores, levando-os à submissão e adesão à classe proletária.Isso mostra o processo de adaptação ao novo sistema econômico pelo qual as classes menos aptas a ele tiveram que passar.Deveriam elas, então, moldar-se à vontade burguesa já que não fazê-lo resultaria em seu fim.
No que concerne à produção e ao consumo, de fato essa nova classe dominante tinha como oobjetivo a inovação e o rápido desenvolvimento de tecnologias que permitissem a rapidez de produção, para atender às exigências de um mercado que já não mais se satisfazia com o necessário para o atendimento das necessidades básicas naturais. O ato de comprar pelo prazer estabeleceu-se como um grande aliado da burguesia: esta, munindo-se da obsolescência programada encontrou um meio de continuar lucrando.
O comunismo, considerado pelos autores como forma através da qual o proletariado se sobreporia à burguesia basear-se-ia na abolição da propriedade privada já que esta "é a última e mais perfeita expressão do modo de produção e de apropriação baseado nos antagonismos de classe, na exploração de uns pelos outros".Um grande entrave ao seu sucesso, porém, seria homogeneizar a concepção de comunismo, como eles mesmos concluem. Uma das principais dificuldades de se estabelecer uma revolução é exatamente essa: O estabelecimento de um consenso entre ideias e ideais de uma espécie tão instável e tendenciosa - a nossa.

Marx e Engels iniciam o manifesto comunista dizendo que esse texto foi feito a partir das opiniões dos comunistas de várias nacionalidades. Se inicia então o manifesto dizendo que a história de todas as sociedades que já existiram é a história da luta de classes, que o opressor e o oprimido sempre existiram e sempre foram dessa forma, ou seja, um grupo tentando submeter o outro aos seus interesses.
Com a chegada da burguesia Marx e Engels dizem que os antagonismos de classe foram simplificados, porque foi ficando cada vez mais claro a existência de apenas duas classes significativas, a burguesia e o proletariado. A cada avanço que a indústria, o comércio, as tecnologias faziam as classes provenientes da Idade Média iam desaaparecendo ou se enfraquecendo.
Ao dizer que a burguesia encontrou na preguiça seu complemento perfeito e que essa foi a primeira prova de que a atividade humana pode empreender, o que poderia ser entendido como a valorizaçao de um terreno que um empresário compra para esperar um tempo e vendê-lo depois e obter lucro. A crítica é que mesmo não criando empregos e sem trabalhar ele obtem lucros.
Um outro ponto abordado pelos dois autores e que pode ser entendido como a globalização que possamos fortemente no século XX é quando eles dizem que há a necessidade, para a burguesia, de um mercado em constante expansão, que ele precisaria instalar-se em todos os lugares do globo, e dessa forma criariam um "mundo à sua imagem", e de fato é o que ocorre hoje e chamamos de homogeneização da cultura, tendo o exemplo mais comum a música norte americana como um dos maiores meios de disseminação de cultura, costume e que alcanço o mundo interior.
Outra relação que pode ser feita com o que está escrito no Manifesto e os dias de hoje é a passagem que diz que o país se tornou "dependente das cidades". Se considerarmos que hoje o setor terciário é o que de fato faz a economia girar e responde, nos países desenvolvidos e mais ricos do mundo, como a principal fonte de dinheiro, é a maior parcela do PIB desses países, e o principal local de atuação dos trabalhadores do setor terciário são as cidades.

Tudo que é sólido derrete-se no ar

Proletários do mundo todo, uní-vos. O manisfesto de Marx e Engels termina incitando a população proletária a unir-se contra um mal comum a eles: o capitalismo.
É esse capitalismo que os autores buscam explicitar no Manisfesto, ao mesmo tempo que sugerem uma solução a isso tudo: a adoção do sistema socialista.
Marx e Engels enxergam a história da humanidade como a história da luta de classes. Segundo eles, a história se construía a partir de inúmeras sínteses, que só ocorriam após a oposição da tese e da anti-tese, ou seja, a oposição entre duas classes sociais.
No capitalismo, a luta se travava entre a burguesia e o proletariado, e era necessário que o proletariado tomasse consciência disso para poder buscar sua síntese, já que, quando o capitalismo tornou-se a síntese que brotou das ruínas da sociedade feudal, ele apenas aprofundou a luta de classes, estabelecendo novas condições de opressão e exploração.
No sistema feudal, a produção acontecia por meio das corporações, que limitavam a possibilidade que o burguês entrevia de um comércio sem limites. A burguesia queria explorar as potencialidades humanas em seu favor, visando a obtenção de um lucro cada vez maior. É assim que surge a produção manufatureira, alcançando a demanda burguesa da época, mas logo, torna-se ela mesma insuficiente também. Com o vapor e as máquinas há uma revolução nos meios de produção e a manufatura é substituída pela ainda vigente indústria moderna.
Assim funciona o capitalismo, tudo se transforma rapidamente. A própria riqueza é circulante, o capital deve sempre gerar capital, não há mais rigidez, tudo está em mutação constante, ou segundo Joseph Schumpeter, em processo de “destruição criativa”.
A inconstância é tão grande que a troca vira algo permanente e fundamental nas relacões econômicas capitalistas, tornando possível o movimento contínuo do capital. Um invento, em nossa sociedade, por mais engenhoso que seja, será substituído por outro antes que nos seja dada a chance de nos acostumar com o primeiro.
Já não consumimos pelo valor de uso e sim pelo valor de troca dos objetos, que passam a materializar sentimentos sobre o indivíduo, que passa a desejá-lo, criando uma relação indivíduo-objeto que se dá não pelo valor do objeto em si, mas pelo valor imbutido nele.
Apenas um caráter do burguês permanence inalterado desde os primórdios do capitalismo: sua ânsia por mercados. O capitalismo é global desde sempre, mas mesmo esse caráter ganhou uma nova ênfase com o processo de interdependência universal que vamos enfrentando. O mundo se tornou menor com o desenvolvimento dos tranportes, o que falicilitou em muito as relações produtivas e comerciais.
Com todas essas mudanças e implicações que o capitalismo traz consigo é natural que o poder escorregue para as mãos da burguesia. Apenas a classe responsável por toda a relação de mercado é capaz de controlar um Estado que se baseia nisso, assim cada vez mais escapa ao proletário a chance de participação efetiva no poder.


Marx e Engels acreditavam, no entanto, que o capitalismo tecia sua própria teia à medida que se enchia de contradições: o ritmo de trabalho aumentava quanto mais se desenvolviam as forças produtivas, a miséria proletária era maior nos momentos de maior prosperidade burguesa, havia crises de superprodução.

Mas Marx e Engels subestimaram justamente o poder capitalista de transformação, que permitiu a incorporação do proletariado e de suas demandas ao seu sistema, desengajando o proletariado e amortecendo a luta de classes, motor da história humana, resta entender até que ponto, para sabermos se ainda haverá ou não um outro capítulo nessa história da humanidade