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terça-feira, 5 de julho de 2022

O Método Compreensivo de Max Weber

   Max Weber foi um sociólogo, jurista e economista alemão. O pensador é considerado um dos clássicos da sociologia por ter fundado um método de análise sociológica de extrema importância para o desenvolvimento da sociologia enquanto ciência autônoma e bem fundamentada.Assim, suas contribuições foram em direção à análise multicausal dos fenômenos sociais. Em seus estudos, Weber destaca fatores culturais e materiais no surgimento das instituições modernas. Também analisa o consequente processo de racionalização e desencantamento do mundo que as acompanha.

  A sociologia weberiana, ou sociologia compreensiva, buscava compreender o sentido da ação social, isto é, o sentido que conduz a vida e que leva a um fim determinado, para isso Weber vai analisar somente os indivíduos, não toda a sociedade e nem as classes.Dessa maneira, após seus estudos Weber vai definir o Tipo Ideal, que seriam comportamentos e estilos de vida semelhantes que vários homens compartilham devido um processo cultural e material do mundo, assim o tipo ideal corresponderia à uma série de possibilidades reais do ser. 

   Para Max Weber, o modo como as pessoas compreendem esse valores que movem a sociedade e que ganha um sentido racional para o agente daquela ação é o que garante a universalidade do método weberiano.Além disso, Weber supõe que há um processo de “Desencantamento do Mundo”, que seria um processo de intelectualização que o ser humano está submetido há séculos, são esses mecanismos de intelectualização que fornecem os valores e princípios que formaram o que weber chamou de sentido para ação, o que motiva de fato a ação social, ou seja, a condução da vida, o conjunto de ações sociais formam as relações sociais. 

    O tipo ideal, só é capaz de se materializar, por meio do domínio coercitivo,a incidência de de estímulos externos sobre o modo de conduzir a vida,  da imposição das instituições, que produzem o enquadramento das ações e da legitimidade do dominador, que garantem a obediência ou aceitação diante de uma ação dominadora, grande parte das vezes está ligada a fatores racionais, afetivos ou vinculados ao caráter.

  


Thais M Rosario, Direito Noturno



segunda-feira, 4 de julho de 2022

O indivíduo no centro

 O homem em si

a sociedade se molda a sua volta

Direcionamentos internos,

em encontro ao exterior 


Valores predominantes,

conceitos de individualidade.

A consciência dela própria,

o homem e suas ações 


Das racionais as irracionais

em busca do tipo ideal 

distante de Durkheim

A importância do indivíduo 


O indivíduo
Expressa o todo
A família
A vizinha
Toda a sociedade

Não descreva
Interprete
Entenda o que está
Por trás
As motivações
Os efeitos
O porquê

Não reduza
A realidade
A leis

Entenda
O que está
Por trás
Da açao

Observe
Analise
Interprete
Entenda
Sistematize

A soma das partes
Faz entender
O todo

Economia
Religião
Sociedade
História
Tudo está conectado
Tudo reflete

Pense 
Nas consequências
Para decidir agir
Ou não

Veja as relações
Tradicional
Afetiva
Às vezes
Em relaçao a valores
Às vezes
Em relaçao aos fins

Racionalize
Entenda
Interprete

 


A Teoria do Compreensivismo de Max Weber se baseia na percepção da motivação do indivíduo, ou seja, o motivo que levou aquela pessoa a ter determinado comportamento ou decisão e ele busca compreender como isso pode estar relacionado com o contexto social em que a pessoa está inserida e porquê aquilo seria de alguma forma determinante durante toda a trajetória social que essa pessoa passa.


Do mesmo modo, podemos comparar com o que ocorre nas mazelas da sociedade, como em casos em que o Estado é omisso na questão de poder dar uma oportunidade que o indivíduo realmente possa se desenvolver profissionalmente e ter qualidade de vida e enquanto isso ele observa o poder paralelo agindo, dando suporte à comunidade, além de ver alí uma oportunidade de rápido crescimento financeiro e uma forma de ganhar status e poder, ainda que isso vá contra as normas do país e instigue a violência desmedida, leve à ascensão do crime e a eterna "guerra civil" que vivemos.

O sangue dos que não se calaram

Max Weber, sociólogo alemão, foi imprescindível ao materializar a compreensão da sociologia, a qual se difere de uma ciência nomológica. Nesse viés, a concepção sociológica está vinculada a uma percepção da realidade factual, tornando-se objeto de aspiração. Logo, a compreensão sociológica corresponde a uma atribuição de uma explicação de cunho interpretativo que circunda a realidade, divergindo da nomologia.

Ademais, Max Weber consolida a perspectiva de ação social, tendo em vista que a condução da vida, protagonizada pelos indivíduos que compõem uma conjuntura coletiva, corresponde a uma integração de valores que dependem de uma construção histórica e cultural. Outrossim, o somatório de duas ações sociais revela uma complexa relação social consolidada por meio de uma competição anômica por vontades.

Do mesmo modo, o sociólogo analisa as matrizes do tipo ideal, conceito que está atrelado à racionalização do real e à noção do objetivamente possível. Logo, o tipo ideal de Weber representa uma referência que pleiteia a compreensão da realidade factual, seja ela um estereótipo idealizado ou um retrato real. Além disso, é notório ressaltar que os valores inerentes à ação social permeiam a gênese e a criação de um tipo ideal, visto que a construção cultural corresponde a um artifício basilar para a formulação dos valores supracitados.

Weber também analisa as matrizes teóricas de uma relação de dominação, tendo o exercício do poder como recurso intrínseco. Sendo assim, o sociólogo caracteriza o poder como a imposição da própria vontade em uma relação social, anulando e omitindo a manifestação da vontade de terceiros reprimidos socialmente. Sob essa ótica, a definição de dominação equivale a um relacionamento de obediência e de coerção, tendo, como consequência, a consolidação da legitimidade, aspecto que corrobora a aceitação da dominação, seja por motivos racionais ou por motivos atrelado ao carisma, compondo a concretização de um cabresto social. Portanto, a racionalização do poder e da dominação é materializada por meio do direito, o qual atribui uma expectativa de um tipo ideal vinculado a uma conduta desejada.

Ambientada no cenário brasileiro, a Ditadura de 1964 corresponde a um golpe executado pelos militares que não só infringiu a luta democrática, mas também transgrediu os direitos humanos devido às brutais torturas e aos impiedosos homicídios. O período ditatorial brasileiro é demarcado pela ininterrupta censura, violando a liberdade de expressão dos civis e silenciando todos os indivíduos que se opunham ao comportamento coercitivo dos ditadores e do exército. Nesse viés, como alternativa resolutiva vinculada à censura dos revolucionários, os militares impunham sua própria vontade por meio da exprobração inerente aos atos da vida civil, concretizando, no imaginário individual, uma admissão desse estado autoritário, e por meio da censura física, tendo em vista que a tortura, bem como o desaparecimento dos manifestantes, eram medidas que firmavam o poder dos militares e silenciavam os revolucionários.

Desse modo, a concepção weberiana de poder é elucidada pelo comportamento coercitivo do exército ditatorial, alicerçando a dominação representada pelos opressivos militares e consolidando uma relação de obediência protagonizada pelos oprimidos civis. Cabe salientar que a questão da legitimidade, conceito proposto por Weber, estava explícita em situações vinculadas à aceitação social da postura dominatória dos militares, visto que a ausência de contestação ou oposição à Ditadura legitimava o poder e a dominação dos ditadores. Entretanto, os guerrilheiros que desprezavam o opressivo comportamento militar são antagônicos à perspectiva de legitimidade weberiana, preterindo a dominação e renunciando a censura. É imprescindível ressaltar que os revolucionários que contestavam o cunho coercitivo ditatorial eram as principais vítimas desse sistema cruel e nefasto, sendo silenciados por meio da tortura e dos homicídios.

Portanto, a título de exemplificação, cabe reiterar a obra musical de Chico Buarque intitulada como “Cálice”. Sob essa perspectiva, o autor elucida, fazendo uso de metáforas ambíguas, como o regime autoritário é prepotente sobre os civis, tornando-os vítimas silenciadas pela dominação coercitiva executada pelos militares. Logo, no trecho “beber dessa bebida amarga” corresponde às dificuldades de viver nesse cenário autoritário e permanecer inerte nessa situação, sendo constantemente calado pelo exército. Em suma, beber do cálice de Chico Buarque correspondia ao ato de beber e usufruir do sangue dos indivíduos que lutavam contra a ditadura.

 

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Pai, afasta de mim esse cálice, pai
Afasta de mim esse cálice, pai
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta

 

 


Heterogeneidade



Max Weber, em direção contrária à onda sociológica  voltada para a solidariedade e o contexto social, sugere ao estudo sociológico a compreensão do indivíduo como ser preponderante na formação do corpo social.
 Para se compreender a sociedade, apresenta-se imprescindivelmente a análise do contexto no qual o indivíduo está inserido. Ora, para a maior parte do corpo discente e docente da UNESP-FCHS, os valores reacionários do conservadorismo brasileiro contemporâneo são nauseosos, por representarem a manutenção da ordem social e econômica vigente. Da mesma forma, para a camada conservadora da sociedade, os progressistas universitários representam uma ameaça ao que há de bom convencionado pela sociedade.
Weber sugere a compreensão dos fatores que levam às mais variadas diferenças sociais como forma de desenvolver uma sociológica crítica e distinta de valores culturais em seu estudo. Além disso, o sociólogo sugere que  as relações sociais são a expressão da soma das ações sociais desenvolvidas por indivíduos, que buscam aceitação dos seus atos sociais.
O indivíduo age de acordo com os valores culturais em questão, escolhendo o que lhe convém, de acordo com as questões  que considera essenciais. 
Além disso, o filósofo caminha em via contrária aos que lhe precederam ao sugerir ao estudo sociológico um tipo ideal distante de idealismos utópicos. Para Weber, as diferentes expressões do real devem ser racionalizadas, de modo a organizar e retirar de rota de colisão as diferentes expressões dos indivíduos.
Por fim, em meios tão heterogêneos como os das distintas sociedades, o pensador desenvolve a ideia de poder, atribuindo-lhe o valor de capacidade de imposição da vontade sob outros, desenvolvendo uma dominação. Todavia, para o autor tal dominação deve ser legitimada, sendo essa a parte mais próxima do idealismo em sua teoria social.

Max Weber e as ações sociais

Max Weber foi um pensador de extrema importância na Sociologia, seu trabalho consistiu em estudar temas acerca das ações sociais (toda ação que possui sentido na coletividade), proferidas por Émile Durkheim. Para Weber, a ação social dividia-se em ação social racional, a qual tem o fito de alcançar fins racionais, também possui a ação social racional a qual objetifica valores, ação social afetiva, movida por sentimentos, e por fim, a ação social tradicional, a qual é guiada por hábitos e tradições. 
     Weber buscou entender os fatos que intencionam o indivíduo a realizar determinados fatos e como eles interagem entre si. Weber definiu que os valores, as crenças e as ideias eram os causadores de mudanças sociais. Max dizia que possuíam liberdade de modificação na realidade.

COMPREENDENDO O COMPORTAMENTO

 

A partir do significado de sociologia para Max Weber: “Uma Ciência que pretende compreender interpretativamente a ação social e assim explicá-la causalmente em seu curso e em seus efeitos” (E&S, p. 03), este desenvolveu o que hoje se conhece por sociologia compreensiva.

A sociologia compreensiva busca o sentido da ação social realizada. O que motiva tal ação ou comportamento? É a partir desse questionamento que surge sua análise. Uma vez que o sentido da ação é movido por valores, somente após a compreensão destes é que se torna possível a explicação lógica do comportamento. Quanto mais os valores do indivíduo contrariam os nossos, tanto mais é a dificuldade em compreendê-los (WEBBER). Por exemplo, os valores islâmicos, para um ocidental, são difíceis de serem compreendidos e vice-versa. Ainda, vale ressaltar que as formações coletivas influenciam a as motivações do indivíduo.

Diante disso, com a ferramenta metodológica do “tipo ideal”, obtido pela acentuação unilateral de um ou vários pontos de vista e mediante o encadeamento de grande quantidade de fenômenos isoladamente dados, difusos e discretos, pode-se iniciar a análise de qualquer ação social.

Dessa forma, podemos concluir que a “ação social” é qualquer ação, orientada sempre em relação ao outro, que possua sentido ou finalidade determinados por seu autor.

 

A individualidade e o subjetivismo

 

Rompendo com algumas das mais consolidadas visões sociológicas à época, de forte inspirações funcionalistas, Max Weber prioriza em sua análise das relações sociais, de modo geral, o fator indivíduo, em outras palavras, a relevância tida por questões internas e subjetivas de cada um na determinação de uma ou outra decisão, na definição de uma ação social.
Nesse sentido, compreender a importância desse individual torna-se fundamental para o amplo entendimento de algumas decisões e eventos históricos, até porque uma análise fria, meramente objetiva e pautada por fatores puramente externos apresenta-se um tanto deficitária e lacunosa em tal explicação.
Assim sendo, quando, em 1989, um grupo de pessoas se mobilizam e, em especial, um jovem se coloca em frente de um comboio de tanques de guerra a fim de dar voz a sua desconformidade com à ordem estabelecida, de dar voz à sua revolta, nota-se a grande importância de um certo altruísmo pessoal, a sobreposição do subjetivo ao externo como forma de compreender, também, algumas das razões do ocorrido.




Por outro lado, instituída a Guerra Civil Espanhola com o desrespeito de setores da sociedade civil e do Estado aos resultados do pleito de 1936, pode-se ver, em linhas gerais, um golpismo apoiado por países como a Alemanha nazista, Itália fascista e Portugal salazarista antagonizando com forças mais progressistas e à esquerda que buscavam, de modo geral, o respeito ao resultado das eleições. Nesse contexto, pode-se notar a presença abundante de brigadistas internacionais, pessoas que deixavam seus países de origem para lutarem, não apenas pelo respeito ao ordenamento jurídico vigente na Espanha, mas, fundamentalmente, por princípios e crenças pessoais: o respeito à democracia, descontentamento com a hierarquização social proposta pelas ideologias fascistas e similares. Ainda que uma pessoa, por vezes idealista, não pudesse, sozinha, trazer uma mudança muito efetiva nos rumos da guerra, fatores individuais foram determinantes no engajamento de milhares de jovens nessa empreitada.

Autoenlaço, o desespero por si mesmo e demais divagações sob o viés da Sociologia Compreensiva

Em algum lugar entre o etéreo e o tangível, caminhava um ser despossuído de feição, aparência e função. Inserido nos campos quiméricos da existência – onde tudo parecia apresentar razão para existir – ele simbolizava uma tela em branco, enquanto aguardava para ser preenchido e ressigificado pelas cores do indubitável. Ele vagava, sentindo os aromas daquilo que desejava ser, contudo, ainda não era capaz de enxergar os caminhos corretos para tornar-se, ao invés de somente almejar. O que estimulava cada um dos seus passos era a suspeita de que no seguinte residiam as respostas para todas as perguntas desesperadas da sua essência incompleta e incerta. Caminhou por mais dias do que conseguia contar.
Contudo, após tanto buscar, deparou-se com algo nunca visto antes: uma estação de trem. Deserta como estava, parecia estar em desuso há bastante tempo. Nenhum sinal de ocupação, nenhum sinal de respostas. Ainda assim, o ímpeto da sua curiosidade o impediu de retornar para o caminho que antes seguia. Então, após subir os degraus da entrada principal, seguiu – assim como sempre – a esmo; sentou-se em um dos bancos empoeirados e esperou. Nenhum trem, nenhum resquício de esperança. Porém, a partir de determinado momento, ouviu o ecoar de um rádio, que pronunciava palavras enevoadas – talvez em um idioma estrangeiro. Aguardou ainda sentado, por mais um tempo, sob o subterfúgio de estar presente no espaço para caso o som parecesse estar mais próximo. A voz não aparentava desejar se aproximar; assim, o ser, guiado pelas ondas sonoras, foi em busca do único resquício de vida que teve acesso durante muito tempo. 
O som fez com que ele fosse levado a uma bilheteria – intitulada do que, aparentemente, era o nome da estação de trem: Cultura. Lá, encontrou o fatídico rádio, que era embalado por uma mulher bastante idosa. Ela possuía longos cabelos grisalhos, infinita rugas ao longo de todo o rosto, e um cachecol grande e vermelho. Havia apenas uma lamparina em toda a bilheteria que acentuava ainda mais os traços do cansaço situados ao longo de toda a essência daquela mulher. Quando se apresentou, disse que seu nome era Judite e que não encontrava alguém há muito tempo. Parecia estar radiante, apesar da exaustão promovida pela idade avançada. Comentou, também, que os trens passariam somente durante a madrugada e que conseguiria prestar assistência, caso assim eu desejasse. Agradeci e imediatamente senti um incômodo inundar o meu corpo. Não sabia o meu nome, tampouco a função da minha existência. Judite existia para os bilhetes e para consertar o rádio – conforme os postulados seguintes dela –, mas para que eu servia? Não saberia dizer. Para todos os efeitos, apresentei-me como um viajante. 
Ela disse que eu não era o primeiro viajante a passar por aqueles confins e perguntou-me qual era o meu destino. O desconforto retornou – ou não havia ido embora, de fato. Alguns minutos escorreram e respondi que não tinha ideia de qual opção escolher. Eram tantas e eu sou tão pouco. Ela fixou o olhar em mim por alguns instantes e, finalmente, disse que não havia problemas e que desde sempre lidou com perdidos como eu. Não sabia que eu estava perdido, mas realmente fez sentido. Nenhuma outra palavra me definia tão bem.
Judite deixou o rádio – ainda ligado – em cima da mesa, girou cadeira e, quando virou para mim, estava com uma caixa repleta do que pareciam ser bilhetes prateados. O nível de complexidade era diverso – alguns eram mais simples e outros, mais rebuscados –, porém, todos simbolizavam certeza e, pela primeira vez, estive perante uma decisão importante, e não apenas diante escolhas prosaicas. 
Judite olhou para mim e perguntou se eu estava com alguma bagagem. Eu disse que não e que carregava comigo somente os pilares de mim mesmo e as lembranças daquilo que já se foi (li essa frase em algum outdoor, acho; pareceu-me pertiente). Ela sorriu e levantou-se da cadeira, saindo logo em seguida. Durante os momentos subsequentes, a noção de solidão retornou e preencheu todo o espaço. Até mesmo o calor da luminosidade da lamparina estava esvaindo-se. Nenhum sinal de trens, nem de respostas. 
Após certo tempo, Judite retornou com uma mala, passou-a por cima do balcão e entregou-a para mim. Pediu-me para abrir e verificar se estava do meu gosto. Quando abri, encontrei diversas roupas, livros e utensílios domésticos. Avistei, dentre outros aspetos,  um chapéu, um livro de filosofia e uma bússola. Fiquei tão atônito ao ponto de esquecer-me de agradecer pelo presente. Era a primeira vez que eu ganhava um. Pensei em recusar, mas, analisando a felicidade da doadora, seria, no mínimo, um ultraje. Assim, peguei algumas coisas aleatoriamente e, ao final, estava vestindo uma calça marrom, uma camiseta amarela, e uma grande blusa esverdeada. Coloquei o chapéu (já mencionado) sobre a minha cabeça e calcei uma bota preta. Estava sentindo-me completo, também, pela primeira vez.  
“Tudo isso irá ajudar você a se encontrar e a definir quem você é”, disse Judite. Admito que não sabia qual era a utilidade do livro de filosofia, bem como de muitos outros fatores presentes na mala, mas estava certo de que a bússola seria de grande ajuda e não pretendia deixar que escapassem as oportunidades de entender factualmente o que tudo representava. Decidi acreditar em Judite.
Disse para ela que não conseguiria pagar por nada daquilo, nem mesmo pelo bilhete, e ela respondeu prontamente que eram presentes da própria estação de trem. Ela não usaria aquelas coisas e, considerando o fato de que, segundo ela, os trens estão sempre passando por aqueles trilhos, ela gostaria de entregar todos os bilhetes pendentes, para todos aqueles que precisarem – talvez como forma de filantropia. Ela disse que, assim como eu, já esteve perdida. Após todos esses eventos, finalmente encontrei a minha voz e agradeci por todo suporte. Ao final, Judite entregou para mim um dos bilhetes mais esbeltos e desejou que a minha viagem fosse boa e que eu fosse feliz. Acenei com a cabeça, retribuí o sorriso e, apertando o bilhete na mão direita e a mala na esquerda, afastei-me da cabine de bilhetes. Ouvi o ressoar da locomotiva; ela estava próxima. 
Antes que o trem parasse na estação, ouvi a mulher dizer:
- Você chegou até aqui, meu caro, e merece minha admiração por isso. Posso ter ajudado com o destino, mas a viagem ainda é sua, assim como todos os caminhos condizentes a ela. Você está apenas no início e estou certa de que, ao longo de toda a sua existência, você encontrará muitos outros trilhos e trens. Sempre que estiver em dúvida de qual caminho escolher, olhe a sua bagagem. Lembre-se sempre de que ela define você! 
Quando olhei, ela estava acenando com o cachecol vermelho. Acenei de volta, com um sorriso brilhante no rosto. Notei que o rádio havia voltado a tocar. Ele não seria o único a trazer alegria, no dia de hoje. O trem chegou e, olhando em volta e para as incertezas do meu passado pela última vez, parti em direção ao encontro ao meu futuro. Sentia ele sedento por mim; também estava sedento por ele. 

Tipos Ideais e a Ética Protestante

 O “Tipo Ideal” é um termo criado por Max Weber. A teoria foi idealizada para tornar possível a criação de conceitos hipotéticos. A razão de sua criação se deve à impossibilidade da representação da realidade em sua totalidade para a mente humana. A realidade tem variáveis praticamente infinitas e por isso é criado o Tipo Ideal. O Tipo Ideal não existe na realidade mas ele mantém a essência do objeto estudado. Tornando assim possível estudá-lo. 

Weber utilizou dessa ferramenta para estudar a Ética protestante. A doutrina protestante da sola gratia sustenta que a salvação foi um presente de Deus. Os protestantes pensavam no trabalho como uma responsabilidade confiada a eles, pois acreditavam que a salvação é pela Graça de Deus. Os protestantes, portanto, não consideravam o trabalho como um meio de obter a salvação, mas sim como uma maneira de ajudar os outros. Trabalhar duro era um sinal que a pessoa era abençoada. Os protestantes foram, portanto, atraídos por essas características e esperava-se que trabalhassem para alcançá-las.

 Nesse trecho vemos que o Tipo Ideal dos protestantes era crer que a salvação era um presente de Deus, e também sua característica de trabalhar muito. E que por causa disso eles trabalhavam bastante; para exibir os sinais que eles eram salvos. Usando esses Tipos Ideais Weber concluiu que uma das razões do capitalismo ter se tornado forte em países protestantes foi a Ética Protestante.

Sociedade (in)compreensível

 

      A sociologia compreensivista de Weber expõe de forma um tanto quanto crítica, a noção de apenas analisar e compreender as ações sociais, assim, a sua teoria se aproxima da contemplação, da expectativa que a sociedade siga um tipo ideal, na perspectiva do bom “funcionamento social”. 

     In facto, se observada rapidamente a teoria weberiana é aplicável e, como seu próprio nome já expõe: compreensível. Contudo, a essa corrente não propõe aspectos práticos, assim, deveríamos buscar as motivações e compreender aquela ação social, porém, como procedemos após a compreensão? o que fazemos e como agimos? combater a causa? aceitar e compreender? eis uma questão a ser ponderada. 

      A problemática desse modelo de se pensar a sociedade é a sua insuficiência perante a realidade social moderna, isso pois se considerarmos os últimos feitos sociais - tal qual a decisão absurda da magistrada em não autorizar o aborto da menina de 10 anos - percebemos que apenas compreender as motivações e origens da juíza não nos leva a soluções práticas, nos leva apenas a entender a realidade e construção de mundo deturpada da mesma. 

      Desse modo, o método weberiano é útil, entretanto, ineficaz e incompleto diante do cenário social caótico permeado de religiosidade e defensores bolsonaristas, apenas tentar compreender as motivações dessas ações sociais não traz respostas completas e práticas de como prosseguir nesse conjunto social. 

Julia Samartino, 1° ano – Direito matutino

 

Análise compreensivista do sujeito bolsonarista

   Para Weber, deve-se analisar a fundo a ação social, de modo a assimilar o seu sentido e seus efeitos. O intelectual diz: “Uma ciência que pretende compreender interpretativamente a ação social e assim explicá-la casualmente em seu curso e em seus efeitos”. Também é interessante compreender os valores por trás dos atos. Ademais, o tipo ideal é a “construção de uma ação orientada pelo fim de maneira estritamente racional”. É a idealização dos motivos e do curso de uma atividade, através do racionalismo, que pode ser refutada pela irracionalidade. Trata-se da chance e da tendência, o “objetivamente possível”. Para obter a verdade, de acordo com Weber, os fatos têm de ser comparados ao tipo ideal. Pode-se adicionar que a compreensão é feita de conexões de sentido e a explicação é o motivo de acordo com a finalidade. Por último, poder é a imposição da vontade em relações sociais, sendo que a legitimação é a naturalização da dominação, tornando-a aceitável.

Pode-se construir o tipo ideal do bolsonarista, com o intento de elucidar os apontamentos de Weber quanto à análise compreensiva, ao captar os valores, motivações e fins do sujeito apoiador de Bolsonaro. O bolsonarista, em sua essência valorativa, advém de base religiosa fundamentalista, costumeiramente a evangélica, através da qual sustenta ulterior repúdio e reprovação à diversidade, à nova mentalidade social, ao progressismo, ao que declara “subversivo”. Exemplificação deste valor e seus efeitos dentre os seguidores de Bolsonaro seria a forte rejeição e ataque ao aborto da menina de 10 anos de Santa Catarina que havia sido estuprada por familiar, ao ponto de negá-la direito já previsto em lei, em decorrência de preceitos irrefutáveis de fé impostos sobre os não adeptos. Observa-se também o ódio às minorias, a exclusão e diminuição das mulheres, o valor dado à violência, à sobrevivência do “mais forte” em uma espécie de “lei da selva”. Isso, na realidade, remete ao machismo, a uma ideologia do homem forte e inflexível, selvagem e superior, dominador e agressivo, o qual discrimina e detesta aqueles que não são como os seus. O ser misógino, então, maltrata os demais, os subordinados e os subalternizados, conforme bem entenda, se vê com a liberdade para infringir os direitos do outro. Demonstração disso seria o caso de Pedro Guimarães, ex-Presidente da Caixa Econômica Federal, demitido por assédio sexual e moral a um conjunto de mulheres servidoras do Banco. Guimarães repetidamente abusou dos limites existentes em um espaço de trabalho, utilizando-se de sua função de Presidente para forçar envolvimento sexual com funcionárias, além de ter também abusado moral e psicologicamente de seus subordinados na Caixa, insultando-os com frequência. O que se afirma é o eixo axiológico machista por trás de tal conduta e comum em bolsonaristas. Não é por nenhum motivo que a faixa populacional de maior rejeição a Bolsonaro é a feminina. Em conclusão, não se pretende constatar pontos sempre presentes em todo o apoio bolsonarista, considerando que há certa pluralidade neste, mas fatores comuns e típicos ao segmento de apoio ao Presidente, a fim de melhor compreendê-lo.

Alexandra Valle - Direito Matutino


Dominação para Weber

 

Para Weber, o exercício do poder e a dominação são fenômenos sociais presentes em todas as sociedades. O poder significa a imposição de vontades numa relação social, e a dominação consiste na probabilidade de encontrar aceitação e subordinação a esse poder exercido, e essa aceitação valida a autoridade, ou seja, a dominação se torna legítima.

A dominação é multicausal, e os motivos podem ser “puramente materiais e racionais” e “afetivos ou racionais referentes a valores”, no entanto é a crença na legitimidade junto desses fatores e situações de interesse que constituem fundamentos confiáveis de uma dominação (E&S, p. 139). No que se refere a política,os tipos de legitimação do poder são: tradicional, no qual o poder se legitima pela crença da dominação, que se transforma em um hábito social; carismática, em que o líder político possui características cativantes e por isso as pessoas acreditam que merece ser seguido; e o tipo legal-racional, o mais ajustado para a modernidade, pois a legitimidade se dá por um sistema de leis organizadas logicamente, limitando a ação do Estado. Um exemplo vivo: o direito, que se utiliza do tipo legal-racional para legitimar o poder do Estado, ao passo que confere estabilidade da autoridade (racionalização do exercício do poder e da dominação).

 

Poliana Marinho dos Santos - 1º Direito Matutino

AS AÇÕES SOCIAS SOB UMA PERSPECTIVA JURÍDICA

Max Weber, conhecido como um dos pais da Sociologia, além de sociólogo também foi intelectual, economista e jurista. Portanto, em seus estudos e teorias faz-se fácil de identificar a fusão da Sociologia com o Direito e até mesmo com a Economia, de forma que, infelizmente ou felizmente, muitas das suas análises exercem influência e se mostram atuais no Direito até hoje.                

Em primeiro lugar, para Weber, a função da sociologia consiste em compreender a conduta humana, deixando evidente seus motivos e valores, de forma que fique explicito que quanto mais as condutas são baseadas em valores diferentes dos nossos, mais difícil se faz a compreensão. Afinal, um brasileiro não tende a entender com facilidade certas condutas de um iraniano. Entretanto, mesmo com essas diferenças, Weber compreende que os princípios gerais que explicam as ações sociais tendem a ser semelhantes e sempre orientada em relação ao outro, assim ele divide essas explicações em “tipos”, os quais podem ser fortemente relacionados aos direitos, sendo eles: 

Ação social tradicional: Nesse caso, a ação é feita de acordo com costumes e hábitos, sem se preocupar em questionar ou planejar. Dentro do campo jurídico, pode-se perceber também a importância dos costumes e dos hábitos ao notar-se que os costumes são uma das fontes do Direito Brasileiro- Art. 4° da LINDB “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito." No âmbito jurídico os costumes consistem em um ato ou ação social em que haja repetição constante e uniforme, que possua convicção geral de sua importância e que por conta desses aspectos, pode vir a se tornar obrigatório. Como exemplo, pode tomar se o costume de sair de casa vestido, ninguém, geralmente, cogita sair de casa nu, dessa forma, pode-se extrair a norma da obrigatoriedade de estar vestido em público ou de não estar nu. Por fim, tal norma costumeira pode ser considerada jurídica já que corresponde aos dizeres das normas legislativas. 

Ação social afetiva: Já na afetiva, o que predomina é a irracionalidade e as emoções, a pessoa age pela raiva, pela emoção, pelo amor ou pelo rancor, por exemplo. Tal ação social quando pensada no âmbito jurídico pode levar a assimilação com os crimes passionais, em que de acordo com a justiça, o autor do crime não tem mais controle e autoridade sob suas ações e acaba sendo dominado por sentimentos como paixão, ciúmes, rejeição, por exemplo. Segundo art. 28 do Código Penal, é apresentada a negativa de imputabilidade quando o autor é motivado pela “emoção e paixão”. Ou seja, os crimes em análise se enquadram no rol dos crimes contra a vida e é classificado como homicídio que será julgado pelo Tribunal do Juri. Em último lugar, infelizmente, são frequentes os exemplos de crimes passionais na sociedade brasileira, principalmente os feminicídios, é extremamente comum casos de violência doméstica e de “namorada morta por ciúmes doentio”. 

Ação social racional com a valores: Nessa situação, a ação é movida a partir de uma crença valorativa, seja esta ética, religiosa ou política. Por exemplo, recentemente uma criança de 11 anos foi vítima de estupro e mesmo tendo seu direito ao aborto legal garantido pela lei, a criança foi constrangida, violada, intimidade e coagida por uma juíza e uma promotora, que se esqueceram de que o julgamento deve ser o mais imparcial possível, com foco na lei e não nos valores pessoais dos juristas e magistrados. Percebe-se que a ação social de ambas as autoridades da lei, estavam carregados de pré-noções e valores contrários ao aborto, de forma que colocaram em segundo plano o fato de que a criança era a vítima, estava fragilizada, sofria risco de vida e tinha o direito de realizar o procedimento e acabaram por priorizar os seus valores individuais, ofendendo, intimidando, acusando e mentindo para a vítima no intuito de coagi-la a continuar com a gravidez. 

Ação social racional com relação a fins: Por fim, aqui a ação é estritamente racional, há a escolha do melhor meio para alcançar determinado fim. Nesse caso, pode-se citar o Ativismo Judicial, em que o juiz se considera no dever de interpretar a Constituição visando garantir que ela seja cumprida e tenha maior alcance e sentido, mesmo que isso signifique interferir nos outros poderes, tendo em vista que a ação social e quando necessário, a “criação de um direito” por parte do juiz, tem um fim desejado: Garantir a constitucionalidade e direitos que ela já previstos pela Constituição, como, por exemplo, direitos sociais ou econômicos. Em conclusão, Max Weber afirma o seguinte em relação a criação de uma lei: “Isto é, mediante regulamento humano dentro das formas consideradas legítimas para este fim, em virtude da constituição convencional ou imposta de uma associação. As pessoas agem movidas por interesses racionais e são essas ações sociais que fazem surgir novas regras jurídicas” (WEBER, 1922, p. 67). 


Anny Barbosa- 1° ano de Direito Noturno.

 Max Weber foi de uma certa visão o maior contraponto de Karl Marx, de visões quase que completamente opostas sobre a sociedade os dois se encontravam inseridos numa realidade capitalista, um a defendia outro a condenava mas ambos ainda são importantes autores da sociologia.


Weber vira os olhos para o capitalismo como um sistema fundamental com certa prosperidade, sendo um ciclo equilibrado de trabalho e dinheiro que deve se manter, o sociólogo analisava todos as pessoas com suas ações individuais ainda, não era um estudo focado apenas na sociedade mas no que a compõe que é o próprio indivíduo, e quando for possível entender a ele se entenderá o corpo todo.

Kalr Marx propunha uma revolução violenta a todos os meios de controle e dominação mas Weber os via como fundamentais, os indivíduos trazem para a sociedade um reflexo de seus valores tornando assim os meios de regulação adequados a eles.

Não apenas a sociedade é moldada pelos valores mas outros indivíduos também, a chamada " ação social" por Weber analisa o quanto os outros a nossa volta são nossa orientação para o futuro, todos ao nosso redor nos influenciam nas ações e decisões que tomamos e nós os igualmente influenciamos. Vemos que para o sociólogo há um certo equilíbrio em todo o sistema e como ele se auto regula de certa forma.



Fernanda Tiemi Razera, 1 ano matutino

(QUASE) SONETO WEBERIANO

Ode à Física à Mário de Andrade em magnum opus

Por que a inspetora da escola, que vigia (e pune) a próxima geração, é homofóbica?

Os colonos não entendem as vestes da Rainha Louca no calor de 40º do Rio

Narciso ascende ao panteão olímpico

 

Todos dizem ter seu personagem favorito em O Auto da Barca do Inferno

Os anjos de Zuzu morrem aos poucos no uniforme da escola: fascistas!

Os juristas bebem das fontes de Luís XVI e Maquiavel, segundo Max (não eu)

Aqui ninguém gosta da mera descrição de fenômenos

 

Quer-se uma análise parcial e escandalosa

Os pais levam suas filhas para o futebol...

Dona Matilde se horroriza ao ver a intercambista inglesa só comendo batatas

 

O homem-tipo

O ditador-padrão

Tudo termina em MoDeRnIsMo.




Thiago Ozan Cuglieri, 1º semestre de Direito noturno

Funcionamento e bases do "método compreensivo"

 A sociologia compreensiva, que vem de Max Weber, configura um novo ponto de partida para o estudo sociológico, uma visão de que é impossível entender o comportamento dos organismos vivos, mas, eles podem ser explicados com regras comuns do comportamento.
Assim sendo, o método de Weber é crítico, diferentemente do método positivista por exemplo, contudo, faz-se uma crítica ao método de Marx – também crítico – o método compreensivo inicia-se em um conceito fundamental para o seu entendimento, o conceito de tipo ideal. Dessa forma, o Marxismo se utilizaria inteiramente de um tipo ideal, formando uma ideia indissolúvel de trabalhador operário, mas, não existem “tipos puros”, a analise compreensiva consiste em desmembrar os tipos ideais, e descobrir as características de pessoas de determinados grupos, que podem conter as características ideais de determinados tipos ou, anexar outras, isto é, na realidade os tipos ideias – os grupos – vão mesclar-se entre eles.
São três pilares que norteiam a analise compreensiva na prática e compõem o tipo ideal, são eles:

·         Ação Social
·         Valor
·         Sentido

Qualquer que seja a ação social realizado por um indivíduo, vai haver um valor inerente a essa ação, um motivo por trás, que determina o comportamento daqueles que compõem o grupo, são os nossos valores, que nos impedem de reconhecer culturas que são diferentes, são mais inconciliáveis quanto mais são diferentes. E essa ação, representa o veículo pelo qual o indivíduo quer efetivar o sentido, ou seja, o objetivo que satisfaz a sua vontade que está ligada com os valores.
Exemplificarei o tipo ideal – o ponto de partida – utilizando o eleitor brasileiro, uma análise com valor pejorativo, vou colocar as características unilaterais, típica do eleitor que sobrevive há muito tempo no país.

         I.            Ignorante;
       II.            Partidarista;
     III.            Despreocupado;
    IV.            Pouco conhecimento – não necessariamente alguém que não é estudo –;
      V.            Imediatista;

Com essas características, podemos iniciar um estudo, e confirmar aquelas que estão presentes ou não em determinado indivíduo, assim como se existem mais são presentes nele, com esses pontos, conseguimos discorrer sobre fatos que ocorrem na realidade. Disputa de candidatos com diversos problemas na justiça e com um passado conhecido na política, configuram o partidarismo ou, o problema da ignorância, presente por exemplo no tempo de Collor, em que alguns brasileiros votaram por causa de personalidade e outros atributos, e não baseando o voto em propostas e ideias políticas, o voto de cabresto e a compra de votos, muito comuns no passado brasileiro e que hoje é sutil, mais ocorre, pois, são diversas as medidas populistas, e essas são as medidas que convertem mais votos para aqueles que as fazem. Na realidade brasileira nós encontramos exemplo práticos que nos ajudam a destrinchar o tipo ideal e o compreender melhor.

Rodrigo Zanuto - Noturno

Weber e a Sociologia Compreensiva

      O sociólogo Max Weber representa um dos grandes pilares da sociologia. O pensador defende que o indivíduo, através das ações sociais, é quem molda a sociedade, ao contrário de Durkheim, que defende que é a sociedade quem forma o indivíduo, através dos fatos sociais. Assim, o método de análise de Weber irá dar mais importância à individualidade das pessoas, em detrimento da visão de uma sociedade modeladora dos indivíduos que a compõe.
        Nesse sentido, Weber defende o estudo do sentido e razão por trás das ações sociais realizadas pelas pessoas para alcançar um tipo ideal, que seria nada mais que o que se busca alcançar através de determinada ação. Através desse pensamento, chega-se a uma análise sociológica que recebe o nome de sociologia compreensiva, que não visa julgar uma ação, nem analisar uma pessoa, em sua personalidade, mas pensar como funcionam suas ações na sociedade.
    Portanto, através do exposto até agora, tem-se que a sociologia compreensiva pode ser entendida como um método científico das ciências humanas que pode explorar as inúmeras variedades da sociologia, apresentando uma nova maneira de se entender e estudar a sociedade, permitindo também uma novo modo de interpretar as ações que transformam ela.

Fernando Alee Suaiden, 1°ano de Direito - Matutino

Sociologia compreensiva e a questão do aborto

Nas últimas semanas, noticiou-se a história da menina de 11 anos grávida decorrente de estupro e que teve seus direitos negligenciados pela postura inadequada e errônea da juíza responsável pelo caso. Todos os anos quando, infelizmente, casos como esse tornam-se públicos reinstituem o antigo debate sobre a legalização bem como a descriminalização do aborto. Sob esse contexto, o sociólogo Max Weber pode ser usado para a análise do que impede de fato que as mulheres detenham tal direito ao próprio corpo. 

Weber, em sua sociologia, preza por ela de forma compreensiva de modo a compreender as coisas, rigorosamente, para que possa entender a política completamente, logo, o papel do sociólogo é pensar o porquê da ação dos indivíduos. Nessa análise, segundo o modelo weberiano, estuda-se o porquê grande parte da população se opõe ao aborto e se manifesta veementemente contra em toda e quaisquer situação, mesmo naquelas previstas por lei. 

Há de reconhecer, de fato, que a sociedade brasileira desde seu início foi formada e baseada nos moldes cristãos da igreja e, portanto, até hoje, devido sua continua interação e permanência, perpetua padrões e opiniões. Partindo desse pressuposto, observa-se a forte presença da “bancada evangélica” no Congresso e de políticos como a ex Ministra Damares que propagam abertamente suas convicções religiosas de modo a tentar a impor na sociedade, influenciando as populações e inflamando o fanatismo religioso. 

Assim, o debate sobre a questão do aborto não avança no Brasil, hoje, devido à elevada influência religiosa que o condena, bem como move os protestos contra.


A moral religiosa, nesse contexto, é o “porquê” que Weber busca encontrar em sua sociologia, sendo a explicação da razão pela qual a sociedade lida com a questão da forma que é lidada, pois o sentido das ações sociais é movido por valores e, nesse caso, o valor cristão. Embora Max Weber, entretanto, acredite em uma sociologia compreensiva sem juízo de valor, este é necessário quando a discussão em questão impede os direitos das mulheres sob o próprio corpo e a possibilidade de escolha, e incentiva ações que atrapalham e impactam negativamente a vida de crianças e jovens que não possuem a estrutura adequada (física, mental e social) para lidar com a situação. 


Ana Laura Murari Silva

1o ano de Direito - matutino 

Rótulos

Essa tal sociologia alemã 
que rotula 
que determina 
que etiqueta
que tipifica os indivíduos com base nos seus preceitos 

Uma construção subjetiva 
construída a partir dos interesses de quem a fez  
definindo um determinado conceito
que para Weber seria o tipo ideal
o tipo perfeito

mas esquece que além de seus pré-conceitos
existem cidadãos antônimos
que não cabem numa caixinha do que poderiam ser
vão além
ou nem. 



Maria Vitória Santos Belarmino - 1° ano de direito - matutino 

O Conservadorismo na perspectiva de Max Weber

    No dia 24 de junho de 2022, a Suprema Corte dos Estados Unidos suspendeu uma antiga decisão do país que reconhecia o direito ao aborto legal em todo o país - deixando a critério do estados a legalidade do ato. A notícia gerou repercussões no mundo todo sobretudo para o lado negativo, expondo um obscurantismo presente na atual corte estadunidense.

 Ademais, em apenas 10 dias, diversas outras decisões polêmicas foram tomadas pela mesma instituição, como o direito de civis portarem armas de fogo em público, ampliação da interferência religiosa no espaço público norte americano, bem como enfraqueceu as leis que se propunham a combater as mudanças climáticas.

  Formada por nove juízes - oito brancos e um negro - a corte formada majoritariamente durante o governo de Donald Trump expõe cada vez mais seu conservadorismo, decidindo em poucos dias casos que deveriam ser extremamente debatidos por meses. Diante disso, a rapidez das decisões nos leva a constatar uma certa parcialidade, em que apenas os valores dos juízes são levados em consideração, ignorando princípios jurídicos e de direitos humanos como o princípio da proibição do retrocesso.

  Sendo assim, ao analisar a Suprema Corte dos Estados Unidos, é possível ver a prevalência dos valores dos indivíduos, algo que para o sociólogo alemão Max Weber, é de se esperar. Segundo Weber, as ações sociais (elemento máximo da análise weberiana) seriam condutas realizadas pelo indivíduo e que dá sentido tanto a ele, quantos aos afetados pela conduta. Além disso, o sociólogo defende que todas as ações sociais exercidas pelos indivíduos são guiadas pelos próprios valores, e que quanto mais os valores do indivíduo divergem dos afetados, mais difícil é a compreensão da conduta, desse modo, é possível concluir que os valores dos juízes em questão divergem extremamente com a das mulheres que protestaram contra o ato, tornando a conduta de extrema dificuldade de compreensão - e que nesse caso, é justificável a incompreensão, não só com a decisão em si, mas como 9 pessoas podem retirar um direito conquistado por milhões de mulheres em poucas horas, e sendo estas obrigadas a respeitar os valores de outrem.




Lorenzo Pedra Marchezi - Direito - 1º Ano - Noturno