Três gatos de uma mesma ninhada tomaram rumos diferentes após o desmame,
mas sempre se encontravam para conversar, afinal eram irmãos, e como toda
ninhada de gatos que se preze, mal foram abandonados por sua mãe que seguira um
caminhão de linguiças e nunca mais voltou, já foram tratando de seguir cada
qual em seu caminho, um gato foi parar em uma igreja, pois nela havia paz, tranquilidade
e um monte de ratos gordos para se comer, o outro fora morar num coreto no
quintal de um poeta, embora não fosse um lugar requintado também tinha onde se
abrigar e uma porção de ratos para comer e o ultimo fora morar na casa de um
cientista, que além dos muitos ratos também havia muita bagunça e barulho, mas
os ratos não eram as únicas coisas em comum nos três lares, seus donos, por
assim dizer, adoravam discursar na frente dos gatos e esses por sua vez acabaram
por simpatizar com as ideias de seus donos, o que de fato sempre tornava seus
encontros mais interessantes, pois os três gatos irmãos sempre traziam a baila
suas considerações.
O gato cientista chamou a atenção para a quantidade de gatos que estava
se juntando em uma grande propriedade
ali perto, disse que tinha passado boa parte do tempo os observando e se disse
preocupado com a quantidade de gatos em um mesmo lugar pois temia que os ratos
não fossem suficientes para a alimentação de todos e que com os novos filhotes
aquele lugar logo estaria cheio, disse também que muitos gatos diferentes
poderia trazer doenças e que o lugar deveria ser mais limpo, já que como gatos,
todos eram tão afamadamente higiênicos, também enfatizou que os gatos brigavam
muito entre si e que o lugar precisava urgentemente ser organizado para que
todos vivessem minimamente bem.
O gato religioso disse que era deus quem deveria providenciar o necessário
e que só a ele caberia definir o destino dos gatos daquele lugar, disse que se
tinha algo que ali faltava era uma boa liderança que mostrasse a toda aquela
gataiada que a vida deveria ser devotada ao seu criador e que cada um buscasse
a sua própria salvação, afinal cada gato possuía sete vidas para serem salvas.
O gato filósofo discordou de ambos e disse que uma vez que deus os criou
a função de cada um era descobrir a si mesmo e buscar evoluir o seu “eu gato” e
deixar o “não eu gato” cuidar de si próprio e que aquele ajuntamento nem era
normal e que logo se dissiparia e tudo se resolveria sem esforço nenhum
O gato cientista usou o exemplo do mau cheiro vindo de lá e disse que era
urgente que isso fosse resolvido, criando um lugar especifico para que eles fizessem
seus dejetos felinos e seu irmão religioso o interpelou em qual o problema de
um gato fazer um buraquinho no chão para depositar seus dejetos e cobri-los na
sequência, assim como é feito desde o surgimento de todos os gatos criados pelo
senhor e o cientista pacientemente explicou que os gatos não utilizam o mesmo
buraco duas vezes, porém precisa se utilizar do expediente por várias vezes ao
dia, então que multiplicasse o número de
vezes pelo número de gatos no espaço físico comum e logo perceberia que todos
os gatos viveriam em meio a imundície se não fosse criado um sistema útil a ser
utilizado por todos os gatos dessa recém comunidade felina, o gato religioso
advertiu seu irmão que o criador supremo poderia puni-lo por pensamentos tão
heréticos e que não seria bom para nenhuma de suas sete almas serem condenadas
a danação eterna, o irmão filosofo apenas disse que para esta ordem ser
minimamente viável seria preciso um individuo esclarecido para liderar os gatos
e fazer com que eles aos poucos fossem descobrindo em si próprios a evolução de
suas ações.
O gato cientista via a urgente necessidade de estudar esse grande
movimento de formação e agrupamento de todos aqueles gatos, pois existiam agora
problemas e necessidades comuns a todos e esperar que a ajuda caísse do céu ou
que buscar em pensamentos líricos seria desastroso e traria um sofrimento
grande aquela sociedade que se formara, pois o numero de gatos aumentava mais e
mais a cada dia, contudo o gato cientista concordava que poderia ser aproveitado
para aquela sociedade tudo que pudesse ser útil advindo da religião e da filosofia
de seus irmãos, mas com um complemento ponderado sem perder o foco do objetivo
principal, organizar a sociedade dos gatos.
O tempo passou e os gatos da tal propriedade foram seguindo lentamente os
ensinamentos dos três gatos irmãos e se organizaram de tal modo que a ordem do
local trouxe progresso para aquela comunidade, já existia uma harmonia entre os
diferentes pensares dentro da própria comunidade, aquelas ideias acabaram
achando convivência entre si e isso trouxe significativas melhoras para todos
os gatos, só não foi melhor e mais significativo porque o dono da propriedade a
vendeu para uma fabrica de sabonetes que limpou a área, se livrou dos gatos e
montou ali sua fábrica, pois na França tomar banho era uma chique novidade
naqueles tempos...
NOME: ANTONIO JAIR DE SOUSA JUNIOR
TEXTO 2 SOBRE POSITIVISMO
DIREITO MATUTINO TURMA XXXVIII