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domingo, 17 de março de 2013

Utilitarismo versus alienação

              Inovação, avanço e contestação a verdades tidas como indestrutíveis:  eis alguns dos feitos de Francis Bacon, filósofo inglês fundador do método experimental. Em 1620, com a publicação de sua obra "Novum Organum" ele reivindicou a busca da verdade por meio do empirismo além da racionalidade. Contrapondo-se a Descartes, afirma que o racionalismo puro é meramente especulativo e apenas aproxima a verdade, para buscá-la é preciso investigar e observar, ou seja, utilizar a experimentação como condutor do raciocínio humano.         
 
  Bacon era utilitarista, por isso pregava o distanciamento de uma atividade meramente contemplativa, e defendia que o conhecimento deveria ser útil ao homem para o alcance do domínio da natureza.  Consequentemente, contestava formas de ciências transcendentais tais como a magia, alquimía e astrologia. Ademais, o filósofo criticava os gregos e sua filosofia tradicional, cuja sabedoria é “farta em palavras, mas estéril de obras”.

Francis Bacon assevera também sobre as barreiras ao conhecimento, o que chamou de ídolos. Estes, são as falsas percepções do mundo e mantem-se em quatro grupos, ídolos da tribo: distorções provocadas pela mente humana ; ídolos da caverna: influências das relações sociais (família, religião) ; ídolos da feira: interferências das relações comerciais ; ídolos do teatro: vinculados às representações teatralizadas carregadas de superstições (magina, astrologia).

Em sua ideologia, para se alcançar um resultado eficaz é insensato acreditar que eles poderão ser atingidos utilizando-se métodos já anteriormente praticados.  Analogamente, tal pensamento é aplicado em diversos enfermos vigentes: investimentos públicos que parecem ser utópicos e a corrupção exacerbada caracterizam alguns deles. Afinal, de nada adianta a sociedade proclamar erros e reclamações, se permanece votando inconsequentemente e por fim, reafirmando o comodismo atual.

Nota-se, pois, que o pensamento baconiano está inserido na contemporaneidade e seu ideal utilitarista pode ser utilizado para a busca de mais criticidade, mudança de hábitos alienantes, contestação e  não deturpação de valores pré existentes.
            

Daniela N. Corbi - Direito Noturno


 
                                       


 

Ciência baconiana x contemporânia

              Em seu livro Novum OrganumBacon defende uma a criação de uma ciência moderna em que a busca pelo conhecimento (estudo dos fenômenos naturais) seja feita de forma clara e objetiva com resultados concretos, baseados na experimentação. Desse modo busca-se alcançar a cura da mente dos homens, que se encontra obstruída por falsas percepções, causada pelos “ídolos” (denominação dada pelo próprio filósofo): que são distorções originadas na própria mente humana, tanto universal quanto individual (baseada na formação do indivíduo), e por influências externas, nas relações com outros indivíduos e na disseminação de doutrinas supersticiosas. Essas distorções obstruem a verdade e se torna um obstáculo à ciência verdadeira, representação do mundo que simboliza a real intenção de Deus para os homens.
              A ciência contemporânea, extremamente desenvolvida, tem ligação clara com a doutrina de Bacon na questão da amplificação e evolução do conhecimento inteiramente baseado na racionalidade e em resultados concretos. Ciência tal que, no mundo do capitalismo financeiro, se torna mais um produto comercial, com exportação e importação de informação científica no âmbito medico, tecnológico, mecânico e muitos outros.
Mas a visão religiosa de Bacon se afasta da atual pesquisa científica, em que muitas vezes, há total rompimento da religião e da razão. O que antes era visto como “intenção divina”, hoje é visto apenas como mais um feito da natureza em si, que com a interferência humana buscando cada vez mais conhecê-la, mostra a diversidade de conhecimentos que ela possui. Assim, o pensamento teológico relacionado à ciência na época do filósofo se transforma, atualmente, em um pensamento ateísta.

Micaela Amorim Ferreira - Direito diurno

A inovação de Bacon


Em um mundo repleto de crenças baseadas em aspectos duvidosos e até mesmo místicos, Francis Bacon torna-se importante personagem no processo de ruptura com os métodos antigos ao sugerir uma nova maneira de pensar que aprimoraria o conhecimento científico e significaria a cura da mente.
Considerando a experiência como a base para formulação de teorias realmente válidas, o filósofo defendia também a ideia de que a ciência deveria ser algo útil para a sociedade, principalmente no que diz respeito à exploração e dominação da natureza. Percebemos que esse tipo de pensamento ainda existe na atualidade, em que inúmeras descobertas científicas possibilitaram que o progresso chegasse a um ponto até mesmo perigoso. Apesar disso, devemos tem em mente que algo considerado inutilizável em determinada época pode tornar-se uma grande inovação no futuro.
Bacon também destaca como a mente humana é facilmente iludida, denominando as barreiras ao saber como “ídolos” (da tribo, da caverna, do foro e do teatro). Estes englobam tanto aspectos próprios da natureza humana, como seus sentidos e emoções, quanto os ligados às relações sociais e à influência que recebemos das pessoas, da educação e de crenças em geral. Tais ídolos são tão interligados à existência humana que ainda hoje não conseguimos abandoná-los, o que pode ser exemplificado pelo fascínio que explicações místicas exercem em grande parte das pessoas e pelas evidências de como certas relações podem mudar uma pessoa por completo.
Por mais que o método proposto por Francis Bacon seja de certa forma mais trabalhoso do que o da simples antecipação, as experiências evitam, em muitos casos, conclusões tolas e precipitadas, dignas apenas do senso comum, não do saber científico, as quais seriam falhas para o aumento do poder sobre natureza, portanto inúteis no processo de constante inovação exigido pelo aperfeiçoamento do saber e da própria sociedade.

Concepções baconianas


Já em uma primeira vista, ao ter contato com a obra Novo Organum de Francis Bacon, ressalta, pelo menos em aspecto particular, duas grandes marcas: sua crença na experiência, como principal instrumento a ser considerado na busca pelo conhecimento verdadeiro, e a apresentação de suas considerações mundanas.
Quanto a primeira marca, não arrisco arguir sobre, já que muitos outros mais felizes e bem preparados se intentaram em tal atividade e nenhuma unanimidade foi atingida, além de ser um caminho muito mais extenso a ser percorrido, o que não vem ao caso.
Por conseguinte gostaria de destacar rapidamente algumas das considerações e seus sentidos, feitas por Bacon em sua obra, pois foram de fato muito interessantes; quase que revolucionárias a meu ver.
De um modo geral, digo isto porque as palavras de Bacon foram praticamente proféticas. Bacon em vários momentos dedica-se a explicitar que uma nova ciência deveria surgir, que a velha nao era suficiente, se algum dia foi; uma ciência que atendesse melhor o homem e que pudesse melhorar sua condição de vida; que fosse mais dinâmica, sem precedentes, negando qualquer finitude do conhecimento.
Junto com a ciência, sofreu análise também o homem. Este deveria adotar uma nova postura, menos contemplativa, e mais investigativa - empírica sim, mas não só -, uma postura incessantemente dominativa, exploratória, inquieta e expansiva. Nessas considerações, Bacon ainda surge com sua teoria dos ídolos. Essa diria basicamente que existem várias barreiras, presentes em todo e qualquer homem, que não só atrapalham a busca pelo conhecimento, mas também são oriundas de varias e distintas maneiras, inclusive da própria natureza humana.
Essas e muitas outras considerações tornaram-se, de modo incrível, realidade em um curto espaço de tempo. Portanto, indubitavelmente, colhemos hoje os diversos frutos advindos de suas ideias, além de ainda segui-las.

Lucas Carboni Palhares - 1 ano direito diurno

A cura de Bacon




Para Bacon, o empirismo era a maneira correta de interpretação de mundo. E sua ciência era conhecida por visar possuir uma finalidade, uma utilidade; bem como clareza, buscando ao máximo se distanciar de fantasias.
O filósofo inglês, contrário às divagações filosóficas sem fundamentos, propõe um novo método que para ele seria a “cura da mente”, consistindo basicamente em não afirmar sobre aquilo que não se pode observar para confirmar. Portanto, por ser um empirista moderno, Bacon realiza análises mais profundas pois para ele para conhecer é preciso se fragmentar. Assim como ele cita em sua obra sobre a ciência de Demócrito e Leucipo, que para conhecer a matéria tentaram reduzi-la a menor parte que se acreditava ser passível de divisão, e a nomearam átomo – a partícula indivisível. 
Desta forma, por ser um grande defensor do empirismo, o autor critica o que ele chama de “antecipação da mente”, pois é uma forma de conhecimento contemplativo filosófico que faz especulações ao invés de experimentações; visto que essas antecipações são bases para o senso comum, desprezado por ele. Além disso, o filósofo faz oposição às falsas percepções do mundo que cegam a visão do homem, denominadas de ídolos. 

Portanto, por ser um grande inovador de sua época, Bacon lançou as bases essenciais da ciência moderna ao tratar da experiência como forma de se obter o verdadeiro conhecimento. No entanto, propôs a exploração e a luta contra a natureza como forma de conhecê-la e vencê-la, o que pode ter influenciado de maneira direta ou indireta na atual incessável devastação e exploração dela.

Medievalismo Recorrente



         Apesar dos 5 séculos que separam o filósofo inglês Francis Bacon dos dias atuais, o pensamento proposto por esse em muito pode ser remetido à realidade hodierna.
         Em uma sociedade marcada pelo pensamento medieval escolástico e pelo misticismo, Bacon se opunha veemente à fantasia e a qualquer método que não estimulasse a criação de conhecimento.        Considerava como verdadeiro apenas aquilo que pudesse ser comprovado através da experimentação e da observação, desenvolvendo assim o método empirista.
         Apesar de todos os avanços tecnológicos presenciados pela humanidade durante o século passado, como as invenções da lâmpada, do telefone; os avanços da física; o crescimento da mídia, um movimento ideológico contrário à racionalização proposta por Bacon se evidenciou na chegada do século XXI, o chamado ocultismo.
         Presencia-se atualmente uma contradição, tecnologia versus misticismo. É crescente a quantidade dos que se autodenominam videntes, adivinhos e bruxos. Culturas como a wicca (bruxaria), vampírica e satanista são incipientes na sociedade, e sua influência é facilmente notada na cultura popular. Autores ocultistas como Paulo Coelho entre os mais vendidos do mundo, séries literárias sobre bruxos e vampiros como preferidas pela população e sucessos hollywoodianos tratando de assuntos como magia e deuses entre os mais assistidos no mundo demonstram a valorização dada a esse assunto atualmente.
         Em sua época, Bacon criticava o ‘fantasioso’ e propunha um método de aprendizado baseado naquilo que fosse comprobatoriamente verdadeiro, com o uso da razão. A ciência e o pensamento lógico atingiram seu ápice nos dias atuais, e mesmo assim, a sociedade continua reverenciando o oculto, como se não houvesse evoluído da época medieval, idolatrando os temidos Ídolos Baconianos.

FERNANDA DOS SANTOS NOGUEIRA - 1º ANO NOTURNO

Controvérsia Contemporânea


   Apesar de o pensamento científico moderno ter sido fundado cerca de 400 anos atrás, pelo filósofo Francis Bacon, e incontáveis descobertas e avanços terem sido feitos desde então, os empecilhos da mente humana vistos na época remanescem na maior parte da população humana em dias atuais, sendo o conhecimento contemplativo ainda amplamente difundido. 
   Há, no entanto, grande e crescente esforço para que esta realidade mude, e a "Interpretação da Natureza", as descobertas científicas, façam parte do cotidiano de todos os indivíduos inseridos na sociedade contemporânea. Um claro exemplo de tal esforço é a existência de disciplinas de caráter científico no currículo escolar fundamental e a descentralização do conhecimento que pode-se ser observada ao longo do último século, com a evolução dos instrumentos de comunicação. 

     As descobertas científicas e sua disseminação de fato crescem exponencialmente, contudo, os ídolos que Bacon tanto citava como sendo os grandes responsáveis pela obstrução do intelecto humano ao acesso à verdade não apresentam evidências de estar de modo algum próximos de extinção, visto que os fanatismos, as superstições e labor improdutivo da mente prosperam entre aqueles de menor acesso ao método científico, principalmente.


Laís Machado Ribeiro, Direito Diurno

Eu comi X-Bacon


    Novum Organum de Francis Bacon não foi pioneira ao questionar ideologias e métodos de seu tempo. Mas foi a desbravadora ao estabelecer com êxito raízes em diversos campos da ciência, dando preferência à "Descoberta Científica" sob o mero "Cultivo das Ciências".
    Além disso, a obra permitiu a criação do fértil Método Científico, ao especificar as dificuldades e ferramentas necessárias ao progresso que se estagnava no século XVII. Para Bacon, a humanidade de sua época era como um indivíduo doente. Passava os dias em sua cama, perdido em ricos pensamentos para satisfação própria mas estéril em obras para a sociedade. Assim, caracteriza sua obra como o remédio capaz de inverter tal condição, proporcionando a "Cura da Mente".
    Apesar da obra ser antiga, está longe de ser considerada ultrapassada. Até onde agimos majoritariamente no âmbito da satisfação pessoal em detrimento de resultados e progressos efetivos? Através dessa perspectiva, quantos seguem a máxima: "Consumo, logo existo"?. "Pois, se todos os homens se tornassem da mesma forma insanos, poderiam razoavelmente entender-se entre si". Além disso, como salientou Bacon: " [...] antecipações são de muito mais valia para lograr o nosso assentimento, que as interpretações...". E é necessário um método para se afastar os "ídolos", as falsas percepções, que obstruem o acesso a "verdade".
    E assim, como o título deste texto: Pode ser verdadeiro, pode ser conveniente momentaneamente, mas a falta de método me faz distanciar do progresso e do meu objetivo. Afinal, a satisfação a curto prazo é conveniente, fácil. Já o progresso e frutos a longo prazo, este é algo penoso, e pra isso, exige algo maior, exige um método. Um método que: " Consista em estabelecer os graus de certeza, determinar o alcance exato dos sentidos e rejeitar na maior parte dos casos, o labor da mente...".
João Victor Cruz - 1 ano Direito Diurno/Noturno.

Iconoclastia baconiana


    Francis Bacon lutou em sua época não só pela sistematização dos métodos de pesquisa, Bacon lutou também pela desmistificação da ciência. O pensar, até então era rodeado de contemplação e de mitos, o que turva e limita o horizonte científico. Ao romper com tais mitos Bacon instaura a chamada “Ciência Moderna”.
    Nos séculos seguintes a Bacon, a ciência de uma forma geral, teve um grande desenvolvimento, sobre tudo, nas últimas décadas do século XX e no início do XXI. Os antigos mitos oriundos da cultura grega e medieval perderam seu lugar. Criou-se, contudo, na pós-modernidade uma nova série de paradigmas que tende obscurecer a visão da ciência.
    Alguns desses mitos são ligados à religião, e emperram pesquisas médicas, como no caso das células-tronco embrionárias. Outros encontram amparo no sistema econômico vigente, como é o caso do consumismo que, impele as pessoas à aquisição de mercadorias supérflua e à indústria para a produção de bens desnecessários, tudo em busca de lucro.
    Despindo todo o conhecimento atual de seus mitos, a ciência contemporânea tem o potencial de desenvolver um conhecimento totalmente voltado para evolução da espécie humana e conduzir esta a um novo patamar de desenvolvimento nunca antes observado. Afinal, para Bacon, o conhecimento científico desnudo de mistificação é o instrumento aperfeiçoamento  da mente humana e esta por sua veze não possui limites.




A globalização especificada

A globalização, alimentada pela infindável revolução tecnocientífica, além de diminuir o diâmetro global, a partir da aproximação continental, também gerou o paradoxo da dependência dos independentes.
Uma vez que países dados como autossuficientes em determinados aspectos necessitam dos demais para preencher suas lacunas. Isso fica claro ao percebermos que a potência tecnológica norteamericana importa a maior parte do petróleo que mantém esse desenvolvimento.
Percebe-se, portanto, que para compreender o mundo integralmente é necessário analisar cada parte que o compõe e suas relações internacionais. Especificação proposta inicialmente por Francis Bacon enquanto esse defendia um método mais eficaz do estudo e da aplicação da ciência.
Foi essa contrariedade à filosofia clássica e meramente contemplativa que moveu Bacon em sua produção histórica, o "Novum Organum". Essa obra, diferentemente de inúmeras outras que foram produzidas num mesmo contexto, não foi esquecida e, atualmente, fundamenta o modo de organização do aprendizado escolar e do desenvolvimento da ciência e dos seus profissionais.
A criação das nanotecnologias, as diferentes residências médicas que substituíram os clínicos gerais e a abordagem específica do direito em determinadas áreas, como o ambiental e o animal, funcionam como comprovação da imortalidade da tese defendida por Bacon: a especificação é a melhor forma de se conhecer o todo.
Conclui-se, pois, que Francis Bacon, assim como Descartes - que compartilhava do mesmo ponto de vista-, designou a principal pilastra que atualmente sustenta e compõe o mundo e sua globalização. Uma vez que, ao parar de simplesmente contemplar a realidade, como os filósofos clássicos faziam, esses revolucionários deram a partida para um conhecimento mais abrangente que é usado, principalmente, para mudar a realidade de acordo com as necessidades humanas.

Os limites de um conhecimento cego.

                                   

          Com o advento da Era Renascentista, é demasiado o aparecimento de filosofias e propostas separatistas e excludentes do antigo pensamento teológico vivido na Idade Média. É nesse contexto, de inovação, de embasamento científico,  que surge a obra Novum Organum, de Francis Bacon, onde o autor preza por um "empiricismo mais moderno" , que não busca apenas pela experiência em si, mas, além disso, por seus resultados, e não obstante, pelas utilidades dos mesmos..
               Contudo, Bacon afirma que a maioria dos homens opta por um "Cultivo das Ciências", ou seja, pela contemplação de um conhecimento já alcançado, enquanto, por outro lado, existem os que enfrentam a Natureza (para ele detentora de força imensurável) e buscam o conhecimento novo através da exploração e experimentação sem limites, ou seja, a incerteza dos resultados obriga-os à uma pesquisa incessante, de "muitos erros e poucos acertos".
              Analogamente à esta situação, podemos transpor a obra de José Saramago, Ensaio sobre a cegueira, onde a personagem principal é a unica dotada de visão em um mundo tomado pela cegueira, e justamente por esse dote, se sobressai entre os demais com os quais convive encarcerada. A analogia se firma quando comparamos a personagem com um ser que busca a Interpretação da Natureza, ou seja, tem olhos para um mundo que propõe inúmeras questões dignas de serem estudadas, entendidas, e vencidas.
              Enquanto isso, restam os demais, cegos e à mercê de seus sentidos restantes, que conotativamente, neste caso, representam a mente humana, que se guiada por si mesma não pode ultrapassar os muros que obstruem a verdadeira forma das coisas. Mais concisamente, estariam eles presos à Antecipação da Mente, sem uma "visão" que lhes permitirade fato, a prática de uma dinâmica de inovações permanentes do que realmente é útil para vencer a Natureza.

Leonardo Mussin de Freitas, Direito Diurno



Papel Social Transformador

     O rompimento com a forma clássica do conceito de verdade feita na modernidade por René Descartes e Francis Bacon graças as críticas às formas de ensino tradicional, que usam visões aristotélicas, norteou a elaboração de diferentes métodos para o alcance da verdade. Para o primeiro autor a dúvida é o caminho a ser seguido, já para Bacon a experiência e o uso prático das teorias seria o mais correto.
     A crítica aos filósofos gregos baseava-se no fato de esses formularem teorias e desenvolverem retóricas sem utilizar tais conceitos na prática, sem usar tal conhecimento na construção de utensílios cotidianos. Sendo que em tal caso, a ciência não cumpriria o seu papel social transformador. A proposta de Bacon era a "cura da mente": regulamentação da mente por mecanismos da experiência, tendo afirmações pautadas na observação e baseadas em mecanismos auxiliadores, no caso, a ciência. Além disso, repetir diversas vezes o mesmo experimento, procurando verificar as possíveis variáveis e confirmar as regularidades, sendo tal método o empirismo moderno.
     A ciência iria dividir-se em duas vertentes: cultivo da ciência e a descoberta científica. O primeiro relaciona-se com a filosofia tradicional, sendo a antecipação da mente a base do senso comum. Já a descoberta científica seria a exploração do conhecimento sem uma barreira limítrofe, sendo a interpretação da natureza à base da observação. Ambas as vertentes trabalhariam como o preenchimento da lacuna entre a mente humana e Deus, sendo que a partir dela seria possível esclarecer as intenções divinas.
     Os homens tendem a inclinar-se a ter por verdade o que prefere, rejeitando as dificuldades, estando a favor da arrogância e do orgulho, evitando se ocupar de coisas vis e efêmeras. Além disso, devemos nos livrar das noções falsas e dos ídolos, falsas percepções do mundo, que obstruem o caminho para a verdade.
     Por fim, a busca de uma ciência útil na luta contra a natureza tornou-se primordial, tentar antecipar o acaso, não pensar somente no tempo presente, mas lançar-se em projetos com resultados futuros foi a mola propulsora que viabilizou a evolução técnico-científico moderna.
       
               Dalisa Aniceto (Direito Diurno)
     

ACATALEPSIA EFÊMERA


É notório que Francis Bacon, em sua obra “Novum Organum” explicita sua perspectiva a cerca do momento de curso da ciência e, além disso, das necessidades desta para que ocorra maior desenvolvimento científico.
Sendo assim nota-se que o autor elucida o fato de não ser prudente deixar a mente guiar-se por si mesma em busca de um resultado científico, afinal quando a mente guia-se por si mesma esta adquire postura contemplativa, sendo a postura em questão inadequada ao desenvolvimento que demanda a necessidade de utilidade, ou seja, são necessárias as descobertas que sejam úteis para algo já premeditado.
Além da necessidade do útil, a mente contemplativa é dominada por idolatrias e joguetes ideológicos que acabam por deturpar o bom desenvolvimento da ciência, sendo assim, Francis Bacon propõe – como base de seu método – a cura da mente.
Para que a mente fosse curada dos persistentes equívocos era necessário que se abstraíssem as idolatrias, que o raciocínio não fosse guiado por si só, mas – acima de tudo – se apoiasse na experimentação. Se assim ocorresse o desenvolver científico, segundo Francis Bacon, este seria proveitoso.
Para Bacon, era necessário que se usufruísse de um ceticismo intenso – Acatalepsia – para que fosse posto em xeque o “conhecimento” advindo do senso comum e, a partir da dúvida, as provas pela experimentação fundamentariam os conhecimentos que teriam verdade em sua essência. Com a prova da verdade, haveria efemeridade no ceticismo, que deixaria de persistir.
A Acatalepsia efêmera seria derrubada pelo poder da mente munido da observação e posterior interpretação da natureza, coisa que não existe em René Descartes, já que este último prega apenas o uso único da razão.
Francis Bacon explicita um modo diferenciado e, aparentemente, muito eficaz de visualizar o mundo. Presume-se que tal método, utilizado com afinco, seja capaz de atingir a verdade, todavia o pensamento de Bacon, para ser seguido, exige uma capacidade de equilíbrio e uma eficácia de julgamento magistrais. Seria possível atingi-las?

 Lucas Oliveira Faria - Direito Noturno



Bacon contra a filosofia contemplativa

               Em meio ao mundo tomado pelos costumes e pensamentos burgueses do século XVII, surge a teoria de Francis Bacon a fim de, por meio da experiência e do racionalismo, superar a dita "ciência contemplativa", altamente difundida nesse contexto histórico.
               Opondo-se ao que ele chamava de mero "labor da mente" - ato de refletir constantemente a respeito de inúmeras questões sem, contudo, chegar a uma conclusão relevante do ponto de vista social -, Bacon defendia que a verdadeira filosofia, capaz de transformar a condição humana, era baseada puramente na interpretação da natureza, realizada por meio da exploração e experimentação constantes.
               Era evidente para o filósofo o fato de que a fantasia, juntamente com as paixões, eram a base para a formação do senso comum e, consequentemente, da antecipação da mente. Tais fatores diminuíam potencialmente a capacidade humana de aproximar-se do real e, logo, dos métodos corretos de reflexão, capazes de chegar a explicações plausíveis acerca dos fenômenos da natureza.
               Tendo em vista as guerras e disputas de cunho religioso, frequentes atualmente, pode-se realizar uma interpretação a respeito segundo a filosofia de Bacon: o fanatismo gerado, principalmente, pela divergência de interpretações "fantásticas" sobre o mundo, entre determinados povos, bem como a fé posta como prioridade, sem qualquer ligação com a racionalidade e o bom senso, geram não só alienação e distorção das ideias, mas também desordem, inconsequência e caos.

- Iara da Silva, Direito Noturno

Verdadeira ciência

Francis Bacon,filósofo e sociólogo inglês,viveu durante os séculos XVI e XVII,revolucionou a maneira de pensar da sociedade da época.Com uma teoria muito mais voltada para o experimentalismo do que o simples fato da razão,pensa em uma ciência utilitarista,capaz de modificar e transformar evolutivamente o mundo à sua volta,onde seu principal objetivo era dar utilidade ao conhecimento.Assim como Descartes posteriormente faria,Bacon se posiciona contra todo e qualquer tipo de magia,bruxaria e outras práticas fantasiosas,posto que elas não são provadas racionalmente através da experiência.
Em uma de suas mais importantes obras,Novum Organum,faz grande crítica à ciência como mero exercício da mente,o "pensar por pensar",e busca sempre "rejeitar,na maior parte dos casos,o labor da mente".É visível também sua opinião em relação à teoria que,segundo o autor,sistematiza a experiência e o conhecimento,o que ele chama de "Racionalização do conhecimento".
Também mostra que está descontente com a filosofia feita pelos gregos na época antiga,pois "a sua filosofia é farta em palavras,mas estéril em obras".Assim,foge da perspectiva retórica e literária da filosofia,valorizando o agir e não o falar.
Divide e classifica em quatro gêneros os ídolos que,segundo Bacon,bloqueiam a mente humana.São eles: Ídolos da Tribo,Ídolos da Caverna,Ídolos do Foro e Ídolos do Teatro.Estes são os que impedem,de certa forma,o homem de pensar racionalmente,visto que eles criaram o "senso-comum" deixando-o acomodado de buscar novas explicações,estas racionais,para os acontecimentos do mundo.Com isso,Bacon consegue demonstrar que tudo o que é explicado e provado racionalmente faz com que o mundo evolua e se transforme,assim ele revoluciona uma sociedade e cria um novo modo de pensar a ciência,a verdadeira ciência.

Saber criativo

A ideia de que é impossível atingir algum conhecimento útil apenas com o labor da mente tornou-se base para a maneira de se fazer ciência na era moderna. Seu enunciador, Francis Bacon, acreditava que descobertas verdadeiramente úteis só acontecem quando a racionalidade humana, que não raro é enganada por o que ele chama de ídolos, submete-se, a um sistemático empirismo.
Para o idealizador dessa teoria, os tipos de métodos podem ser classificados em antecipação da mente e interpretação da natureza. Somente o segundo grupo, entretanto, é que qualifica a ciência como inovadora. Isso, porque previsões não são capazes de estabelecer qualquer espécie de conhecimento contribuinte ao progresso. As interpretações, por outro lado, sistematizam as experiências, o que gera, não um saber especulativo, mas um saber criativo.
Esse fazer ciência inventivamente pressupõe que se estabeleça um rigoroso sistema de observações. Assim, deve-se orientá-las por meio de técnicas e de tecnologias, a fim de se evitar interferências advindas da incompretência da mente e dos sentidos (ídolos da tribo). Além disso, é fundamental que as influências da formação (ídolos da caverna), das relações sociais e políticas (ídolos do foro). e das superstições (ídolos do teatro) do pesquisador sejam afastadas.
A sociedade moderna aderiu, como Bacon preconizava, a ciência útil na exploração da natureza, acreditando que essa seria a única maneira de compreendê-la, de interpretá-la e de subjugá-la. De fato, isso propulsionou o desenvolvimento tecnocientífico. Não obstante, poucos séculos depois da enunciação da proposta em questão, entra em voga a ideia de que os recursos naturais são finitos e de que a sobrevivência humana é dependende deles.


Pedro Caíque L. do Nascimento - Direito diurno

Evolucionismo x Criacionismo


Por muito tempo, a interpretação do mundo vinculava-se ao mero exercício do pensar, com forte influência da fantasia e do místico. Com o advento de métodos empíricos e científicos, sobretudo no decorrer do século XVII, o homem foi capaz de compreender o universo a sua volta por meio de outros mecanismos, como a razão, a dúvida e a experiência.
Todos esses aspectos refletiram na formação de uma nova ciência, pautada na racionalidade e que tinha por objetivo não apenas contemplar a natureza, mas interpretá-la. Um grande defensor desses ideais foi o filósofo inglês Francis Bacon, que buscava a ciência clara, com base na experiência e capaz de ser útil ao mundo sensível.
O pensamento de Bacon pode ser notado no embate existente entre a teoria evolucionista e a teoria criacionista. Ambas as teorias buscam explicar a origem da vida e o surgimento do homem, todavia, cada uma utiliza-se de diferentes métodos para consolidar suas respectivas teses.
A teoria criacionista, embasada no conhecimento místico-religioso, defende que o surgimento da vida está relacionado aos desígnios divinos. Assim, cada religião elabora sua própria explicação de acordo com suas crenças e costumes. De uma maneira bem diferente, Charles Darwin, em sua teoria evolucionista, observou, por meio de pesquisas e experiências com distintas espécies, que os seres vivos melhores adaptados a um determinado ambiente, possuem maior probabilidade de sobreviver, ou seja, são selecionados pelo meio ambiente. Além disso, Darwin também sugeriu que indivíduos com características biológicas semelhantes, deveriam possuir um ascendente comum.
Assim, enquanto a teoria criacionista ilustra o pensamento tradicional, com base na misticidade e em preceitos religiosos, a teoria evolucionista exemplifica a noção de ciência por Francis Bacon: clara, sustentada pela experiência e que possui notória utilidade para a vida humana.
Juliana Galina - Direito Diurno.