Dentre seus estudos relacionados à Teoria Funcionalista, que estabelece para cada fato social uma função, o sociólogo francês Émile Durkheim utiliza o termo “consciência coletiva” para se referir ao conjunto de crenças e sentimentos que são, de maneira geral, compartilhados pelos indivíduos de uma mesma sociedade e que são incorporados por eles através da educação com o objetivo de manter a coesão social.
Nesse sentido, analisando tal conceito na prática, entende-se que ele consiste na padronização do pensamento das pessoas na vida em comum, sendo responsável por causar reações semelhantes na sociedade em geral diante de determinados acontecimentos. Um exemplo disso seriam os relatos de Grada Kilomba, em seu livro “Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano”, nos quais é apresentada a dificuldade de uma mulher negra, historicamente colocada na margem social, ser respeitada, tendo que lidar com inúmeras reações que invalidam sua fala e seu trabalho no cotidiano. A partir disso, pode-se dizer que tais relatos representam o racismo presente na consciência coletiva, que, ainda na atualidade, é caracterizada por traços que remetem à herança histórica da escravidão, do patriarcalismo, entre outros. Sendo assim, percebe-se que esse pensamento padronizado torna-se problemático quando é incorporado pelas novas gerações sem que haja uma postura crítica em relação à visão de mundo que está sendo imposta, fazendo com que valores preconceituosos permaneçam na consciência geral da sociedade sem qualquer contestação.
Em suma, fica evidente que a consciência coletiva é o mecanismo social responsável por sincronizar o pensamento dos cidadãos de modo que determinados valores, hábitos, condutas e normas sejam considerados socialmente corretos por todos e que, por isso, devem ser incorporados. Em contrapartida, tal conjunto pode reproduzir preconceitos que reforcem a exclusão de grupos marginalizados historicamente. Portanto, cabe à consciência individual repensar criticamente o comportamento imposto pela consciência coletiva.
Lara Guerreiro - Primeiro ano de direito (matutino)
RA: 231223196