Total de visualizações de página (desde out/2009)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Pragmatizar a prevenção

O filme "Ponto de Mutação" dirigido por Bernt Capra desenvolve-se na forma de um diálogo principalmente entre um político e uma cientista. Como em uma conversa casual, muitos temas são tratados e diante deles a cientista afirma com edacidade ser contrária ao método de ação que sobrepuja entre os Estados, aquele que se preocupa em resolver os problemas em detrimento de previní-los.
Diante disso, penso no fato que mais destacou-se midiaticamente essa semana no país, o assassinato brutal das 12 crianças que estudavam na escola primária municipal do Rio de Janeiro Tasso da Silveira, ato promovido por Wellington Menezes de Oliveira que reconhecidamente sofria problemas psicológicos. Após o ocorrido, resta a questão, o fatídico evento poderia ter sido evitado? Muitos especialistas opnam defendendo o treinamento de professores afim de capacitá-los para reagir em situações de violência ou propragam a implementação de medidas de segurança como a presença de identificador de metais nas entradas e saídas das escolas; creio, no entanto, que certamente a medida que deve ser efetivada requer muito mais trabalho com o material humano da instituição envolvendo, por exemplo, psicólogos e educadores e deve visar dirimir casos de bulling, de difícil integração e convívio entre alunos e professores, e é na prevenção defendida pela personagem do filme que se estrutura tal opnião.
São inúmeros os casos de desequilíbrio, como o desrespeito ao professor, a existência de situações de violência física entre doscentes e discentes, de ameaças entre os diversos grupos, de alunos que possuem dificuldade de integrar-se e, além disso, o fato que estarreceu o país na última semana não foi o primeiro, outro semelhante já havia ocorrido em 2002 com um menor número de vítimas. Tais problemáticas brasileiras precisam de ações preventivas. Crianças e adolescentes deveriam ser acompanhados por psicológos que através de atividades de integração aproximariam os alunos, a diferença precisa ser reconhecida e nela o respeito que permite a aproximação, o valor do educador deve ser propragado...
Infelizmente, a ausência de muitos pais em função das imposições do mundo contemporâneo fez nascer uma geração que não adquire em casa valores fundamentais nas relações interpessoais, é necessário, então, que as intituições se reestruturem para suprir tal carência. Se Wellington tivesse naquela escola uma experiência que fosse diferente enquanto ainda era aluno certamente o país não teria entristecido-se dia 7.

Conexões como base da existência

O filme “Ponto de mutação” baseia-se no livro de Fritjof Capra. Um encontro inusitado entre um poeta, um ex-candidato a presidência dos Estados Unidos e uma cientista decepcionada com o mau uso que fizeram de suas descobertas culmina em uma discussão sobre os mecanismos que regem o mundo.


Ao abordarem a evolução da forma de pensar humana analisam o método cartesiano onde o todo é dividido em partes para que seja possível analisá-lo e entendê-lo. O desenrolar o tema leva-os a análise das políticas demagógicas e ineficientes que apresentam-se como regra nos governos da atualidade.


Da grande crítica às ações mecanicistas que tomam conta dos políticos de maneira geral surge uma nova proposta de como governar. O método proposto visa a prevenção em detrimento da reparação. Os resultados viriam a longo prazo mas a intervenção feita nas causas do problema e não em suas consequências tem, sem dúvida, maior eficácia.


O raciocínio ecológico tão priorizado nos dias de hoje também manifesta-se ao longo do filme. As relações humanas com seus semelhantes e com os elementos da natureza são fundamentais e inevitáveis. "Nenhum homem é uma ilha". As conexões são a base da existência. Somos todos parte da teia de relações que coordenam a vida dos homens.


Essa interdependência obriga os seres humanos a pensar coletivamente. A preservação e o uso inteligente dos recursos naturais torna-se imprescindível para que haja qualidade de vida em um futuro que aproxima-se em alta velocidade. O desenvolvimento sustentável faz-se necessário para prevenir o surgimento de grandes feridas que, se abertas, talvez não seja possível remediar.

É chegada a hora de entender a "natureza da árvore"


Ao assistir ao filme Ponto de Mutação, de Bernt Capra (baseado no livro homônimo de Fritjof Capra) somos convidados a participar, infelizmente, apenas como espectadores da conversa de três personagens (um poeta, um ex-candidato à presidência dos EUA e uma Física) sobre temas filosóficos como a vida e a existência humana no planeta.
Com o desenvolver da película notamos o empenho de uma das partes da conversa (física) em elucidar e defender seu ponto de vista de que para a resolução dos problemas do mundo não basta analisá-los racionalmente e resolvê-los separadamente (método cartesiano), sendo necessária, assim, uma mudança na maneira como enxergamos o mundo (todos os problemas desse se resumiriam a uma questão de percepção), frente à parte oposta da conversa (ex-candidato a presidência), que aqui representa não só um indivíduo, mas sim a óptica patriarcal, catesiana e newtoniana hegemônica na maioria dos indivíduos a mais de dois séculos e através da qual se tem sacrificado e forçado os recursos naturais do planeta ao desaparecimento e à exaustão.
Contudo, somente quando a cientista apresenta ao ex-candidato sob que lentes ela promove que o mundo agora deva ser visto que percebemos o quão plausível e potencialmente aplicável é o método por ela defendido, a teoria holística, ou teoria dos sistemas, apresentado pela física, inclui todos os indivíduos em uma teia de conexões e relações que é a essência de estarmos vivos e supera a atual visão que se tem do planeta ao olhar para os sistemas vivos como um todo, provando que a essência da vida é a auto organização e nos ensinando que, utilizando uma metáfora apresentada no filme, na busca pela resolução dos problemas do mundo não devemos analisar as folhas, as raízes ou o tronco da árvore apenas, mas sim o todo, entendendo a natureza dessa.

A essência da evolução humana

O filme “Ponto de Mutação” (Mindwalk), adaptado da obra literária de Fritjof Capra, trás a tona dilemas individuais dos personagens centrais; o político, o poeta e a cientista; que formam um triângulo de discussões levando ao debate de teorias filosóficas como o Cartesianismo, de Descartes, e a posterior constatação pela física Sonia Hoffman de que esse método – que segundo ela é abraçada pelos políticos – estaria ultrapassado e sendo prejudicial ao desenvolvimento humano.
Posteriormente, a mulher argumenta sobre qual seria a melhor forma de ver o mundo. Para ela, deveria ser enxergado como um todo por meio das relações que existem entre cada ente que faça parte da natureza. Assim, busca-se abrir o pensamento de maneira capaz de se esvair da comodidade de modelos anteriormente propostos.
Se cada ente possui um laço com outro e assim forma-se uma teia de relações perfeitas, deve-se entender essas conexões para, na sequência, solucionar as vicissitudes que o ser humano encontra em seu caminho.
Dessa forma seria possível encarar a realidade mundial de uma maneira cabível, com um desenvolvimento sustentável. Logo, romper com modelos clássicos e buscar tais formas novas seria indispensável para o futuro evoluído. O ponto de mutação seria, basicamente, a capacidade humana de se evoluir, adaptar-se, sendo essa a essência da superação do ser humano.


"Ver o mundo como máquina pode ter sido útil por trezentos anos... mas esta percepção, hoje, além de errada, é na verdade nociva."

Teia de relações

O filme "Ponto de mutação" faz uma crítica, através do discurso de uma personagem, ao método científico de Descartes, segundo o filme, a humanidade evoluiu e esse método tornou-se desatualizado, inútil e, até mesmo, prejudicial.


A crítica afirma que a desconstrução e análise de um objeto isolado mecanizou não só os meios de produção, como também, as relações entre: as pessoas, prejudicando o convívio social; e, do homem com o meio ambiente, descriminalizando a exploração do meio ambiente.


Tal crítica baseia-se em uma ciência natural, a física subatômica. Essa ciência, após descobrir experimentalmente que todos os átomos são interligados e interdependentes, defende que as bases de tudo são as relações entre os corpos (matéria).


Aplicando esta teoria às ciências sociais é perceptível a existência das "conexões sociais". Portanto, a humanidade precisa adotar um novo ponto de vista e organizar ao invés de separar, para entrar em harmonia com essa "teia de relações".

Capra e a crítica aos mecanicistas.

No filme "Ponto de Mutação", adaptação feita do livro de mesmo nome do austríaco Fritjof Capra, há o dialogo de três pessoas de diferentes classes sociais e ideologias. A discussão central gira em torno do legado cartesiano e dos malefícios ou benefícios que tal abordagem traz para a sociedade atual.

Capra defende ao “convencer” o seu personagem político e mecanicista, reducionista, cartesiano, de que muitas vezes- principalmente no contexto social- as demandas devem ser observadas de forma sistêmica. Os objetos devem ser tratados como seres indissociáveis e somente assim os problemas sociais seriam resolvidos.

O filme é uma crítica contemporânea à Descartes e Bacon não só por discordar seus métodos de análise, mas também por rechaçar a ideia de escravização da natureza ou do uso abusivo do homem sobre ela. Vale lembrar que na época dos dois pensadores o homem ainda desconhecia as consequências ambientais que suas filosofias poderiam acarretar para o mundo, por isso acredito que cada opinião, a seu determinado tempo teve (ou tem) validade.

Gaia


O filme, “Ponto de mutação”, baseado no livro de mesmo nome, do austríaco Fritjof Capra, faz alusão a um modo de vida integrado e provido de essência. O autor defende a “Teoria dos sistemas vivos”, segundo a qual a essência da vida é a auto-organização. Acreditava-se que um sistema vivo se mantinha, se renovava e se transcendia sozinho. A vida era caracterizada por mudanças estruturais contínuas, com estabilidade nos padrões de organização do sistema, considerava-se a criatividade como elemento básico da evolução.


No diálogo presente no filme, entre Sonia Hoffmann, uma física desiludida com os rumos tomados pela ciência, o poeta Thomas Harrimann e seu amigo Jack Edwards, um político que perdeu as eleições para presidente dos Estados Unidos da América, faz-se uma viagem ao passado do conhecimento humano dentro desses três pontos de vista. É feita uma exposição do pensamento humano desde René Descartes, o pensamento mecanicista, até aos dias de hoje, já com o paradigma científico plenamente identificado com a Física Atómica ou Quântica.


Capra defende uma visão holística e sistêmica do mundo, na qual o todo é tido como indissociável, sendo impossível o estudo das partes isoladamente. "O inteiro é mais do que a simples soma de suas partes." como já afirmava Aristóteles. É preciso ver o todo antes de fracioná-lo para entender sua conexão, integração, interatividade. Assim, Capra se contrapõe ao pensamento cartesiano que serviu de modelo para o método científico, onde se divide o todo em partes, estudando cada uma delas separadamente, para melhor entendê-lo.


Levando isso para um campo mais amplo, podemos afirmar que é preciso ver o impacto global de nossa existência individual, não esquecendo que nossas atitudes separadas refletem num todo indissociável. A maioria dos problemas atuais, como a violência, o desemprego, a crise energética, a poluição são facetas da mesma crise, uma crise de percepção.


O pesquisador e ambientalista James Lovelock em sua Teoria de Gaia (nome da antiga deusa grega que simbolizava a Terra viva), considera a Terra um verdadeiro sistema, abrangendo toda a vida e todo o seu meio ambiente, estritamente relacionados de modo a formar uma entidade auto reguladora. É a vida da Terra que cria as condições para a sua própria sobrevivência, e não o contrário. Essa concepção é abordada na obra de Capra, na qual somos parte de uma teia de relações, estabelecendo assim uma interdependência.


A obra publicada em 1983 se encaixa perfeitamente na conjuntura atual. Problemas ambientais nela abordados, como o efeito estufa, o desmatamento, entre outros, resultados da busca obsessiva pelo crescimento, ganham cada vez mais destaque nos dias de hoje. A busca pelo progresso equilibrado e pelo desenvolvimento sustentável, no qual nossas necessidades sejam satisfeitas sem diminuir as possibilidades das próximas gerações, nunca foi tão discutida.


Mesmo sem o controle de nossas ações, nosso planeta continua a fluir em um processo vivo, se mantendo, se renovando, se transcendendo. O pensamento voltado aos processos e não as estruturas, nos permite entender o caminho dessa evolução, diferenciando o pensamento clássico cartesiano do sistêmico integrativo, que anuncia o objetivo das sociedades modernas, qual seja, a busca pela perpetuação, no futuro, do desenvolvimento sustentável e do equilíbrio.

Pluralismo de ideias

O filme ‘’Ponto de Mutação’’ consiste num interessante diálogo travado entre três pessoas que, insatisfeitas com os rumos tomados pelo mundo e pelos seres humanos, utilizam uma isolada ilha francesa como válvula de escape. Um político, uma cientista e um poeta apresentam suas diferentes formas de observar o mundo e as suas leis, de modo que embasam grande parte dos seus raciocínios na filosofia e na ciência.

O político, com um pensamento cartesiano, fragmenta seus ideais em várias partes, para estudando e entendendo cada uma, procurar conhecer o todo. Assim, consegue prever e controlar possíveis abalos em seu governo.

A cientista, possui uma forte base do pensamento baconiano, de modo que atribui grande importância aos métodos científicos. No entanto, após frustrações com a ciência, demonstra um grande amadurecimento em conhecimentos intuitivos, racionais, de modo que é a principal articuladora das discussões do filme.

O poeta, por sua vez, possui uma postura mais neutra, de modo que concorda ora com o político, ora com a cientista, uma vez que possui uma visão diferente do mundo. Tudo é poesia: a paisagem, os sons, as pessoas. Assim, suas opiniões acerca dos diálogos são sempre embasadas em versos de antigos poetas.

Com isso, os diferentes pontos de vista se confrontam, principalmente, quando o assunto é a sustentabilidade do planeta. Para a cientista, o mundo não pode ser visto de forma cartesiana, ou seja, deve ser visto como um todo através das relações existentes entre cada ser e objeto que compõem a natureza. Os problemas globais não podem ser resolvidos pensando neles de forma separada. Tudo está interligado e deve ser considerado como um todo.

Toda essa discussão, em suma, demonstra a importância e a necessidade do diálogo, mesmo entre pessoas com pontos de vista extremamente diferentes, principalmente diante de assuntos tão atuais como o desenvolvimento sustentável. Seja pelo método cartesiano, seja pelo método baconiano, essas diferentes formas de pensar não se negam, mas se completam, sendo imprescindíveis para a manutenção do bem estar do mundo.

Necessária mutabilidade

Baseado na obra homônima de Fritjof Capra, o filme "Ponto de Mutação" representa uma reflexão de conceitos científicos e filosóficos, por meio da discussão de uma cientista, um político e um poeta.
Em meio aos dilemas apresentados é importante ressaltar a crise de percepção vigente na contemporaneidade. Da qual a sociedade aceita o que é imposto pelo sistema, sem questioná-lo e desse modo sem aperfeiçoá-lo previamente. Essa análise se enquadra na visão mecanicista de Descartes, utilizada pelos políticos, de refletir sobre os problemas separadamente, enquanto que o todo deveria ser consertado, ou seja, os problemas deveriam ser resolvidos de maneira global.
Há ainda uma crítica em relação ao uso da ciência para o mal, como é visto na construção da bomba atômica. A falta de ética e moral muitas vezes vigente na sociedade, acarreta na entrega de nossos pensamentos sem a análise de seus reais valores e no que pode ser decorrente desse fato, um exemplo seria a entrega de projetos científicos a militares mal intencionados que podem gerar danos a sociedade.
É proposta a ideia de sustentabilidade, tendo em vista as gerações futuras, pois o homem por meio da exploração da natureza de maneira imprudente, visa apenas o crescimento econômico, não relacionando os seus efeitos a longo prazo.
O avanço da ciência, junto a resolução dos problemas de maneira a não prejudicar a sociedade, estabelecerá padrões aceitáveis, éticos e morais, para a harmonia na convivência entre o homem e a natureza, e para isso devemos alterar nossos valores e ideiais.

Mutação com responsabilidade

O filme “Ponto de mutação” traz uma abordagem alternativa a respeito da ciência ao considerar mecanicista o modelo cartesiano até então utilizado. Através da Holística, a proposta é de observação dos processos em vez das estruturas, além de considerar uma conexão única entre todos os fenômenos.

Evidentemente, é louvável a busca por novos pensamentos com vistas ao desenvolver de toda a sociedade. Entretanto, o plano meramente metafísico não proporciona rigor, mas apenas uma interminável divagação por desconsiderar qualquer conhecimento empírico.

Dessa forma, a simples apresentação do ideário constitui um quadro poético em detrimento da busca pela verdade, isto é, valoriza uma realidade mais contemplativa do que fática.

A despeito de sua natureza hipotética, essa reflexão nos permite adentrar às inúmeras possibilidades do saber humano e não deve ser mitigada mesmo pertencendo a um mundo basicamente teórico.

Sistemas interligados

O filme "Ponto de Mutação", do diretor Bernt Capra e baseado no livro homônimo de Fritjof Capra, mostra uma discussão entre três pessoas que leva à reflexão de diversos assuntos como política, o método cartesiano e física. O filme se passa na França, em um de seus mais famosos pontos turísticos: o Mont Saint Michel, uma ilha medieval cercada pelo mar e pela influência de suas altas marés. Levado pelo amigo poeta Thomas, o político bem sucedido Jack começa uma discussão sobre o mecanicismo do método cartesiano de se dividir os problemas para assim se analisar. Nesse momento entra a cientista Sonia, interpretada pela atriz Liv Ullmann, que critica esse modo de pensar dos políticos por não relacionarem os problemas atuais do mundo entre si.

O filme continua em uma discussão entre esses três personagens, mostrando a visão cética e prática do político, a descrença do poeta na sua própria vida e a tentativa de mostrar a visão sobre a ciência atual que a cientista prega. Entre citações de poetas, escritores, cientistas e físicos, a discussão entra nos problemas que o mundo sofre atualmente, como o desmatamento desenfreado na Amazônia ou a fome que certas regiões do mundo enfrentam para que seus governantes paguem a divida externa. Sonia relata que após ter problemas em relação às suas descobertas físicas e as finalidades que seriam usados, perdeu a crença no sistema.

Segundo a cientista, o mundo não pode ser visto de forma separada, tudo está interligado em um sistema que rege bom funcionamento de tudo. Ela cita o exemplo de uma árvore, que está interligada à uma cadeia que garante a sobrevivência dela e de muitos outros seres vivos. Existe uma interdependência no planeta, que garante a essência de todas a coisas vivas. É o que ela acredita ser a teia da vida. Em metáforas, como a explicação de como a luz chega a nós, ou sobre a renovação que ocorre dia-a-dia em nossas células, pode-se explicar a formação e renovação da vida na Terra.

Dessa forma, o filme aborda como deve ser encarado o funcionamento do sistema que rege o planeta, para que assim se entenda melhor as conexões existentes entre todos os seres vivos e associar com um uso sustentável dos recursos oferecidos. Cheio de conteúdo científico, filosófico e religioso, esse filme nos faz enxergar como os métodos apresentados e aceitos por nós há muito tempo devem ser substituidos pela chamada Teoria dos Sistemas, na qual há uma interconexão com a vida e as matérias, interligando assim os sistemas sociais e os ecossistemas.

O mundo atual contradizendo Descartes e Bacon

O filme "Ponto de Mutação" é uma obra que consiste primordialmente em um debate entre uma cientista, um político e um poeta. Dentre os assuntos das discussões dos três, algumas críticas sobre os ideais de Descartes e Bacon são feitas, sendo estas o assunto de maior interesse deste excerto.
Acerca dos ideais de Descartes, seu método de fragmentar tudo e tanto quanto possível é o mais criticado. O contra-argumento é o de que na verdade, na natureza nada pode ser fragmentado, porque tudo está interligado. A matéria, a energia: tudo está interligado e só por isso há forma.

Tal critica permite uma análise do tema no contexto social. Não é difícil atestar que todas as microrrelações sociais estão interligadas. Para um processo produtivo e consumidor no mundo capitalista, para que as relações sociais atinjam proporções nacionais e até globais é necessário que todos os homens estejam relacionados de alguma forma. Com certeza todos precisam de todos e algo que acontece com um atinge toda a cadeia de alguma forma, mesmo que em pequenas proporções.
Já no que tange aos ideais de Bacon, uma crítica interessante para o contexto atual é a que é feita encima da idéia de que o homem precisa dominar a natureza e se utilizar dela(o tanto quanto necessário) para obter conforto.

O homem claramente sempre necessitou usufruir dos bens naturais para sobreviver e com os números populacionais atuais precisa muito mais. Mas pegando carona na Campanha da Fraternidade amplamente difundida pela Igreja Católica esse ano: "A criação geme em dores de parto." O meio ambiente não suporta mais as condições que lhe estão sendo impostas. O ser humano já tem exagerado, e muito, na degradação de seu maior bem e a natureza claramente implora por trégua. O Japão que o diga...
Portanto, fica evidente que os antigos métodos devem ser repensados na atualidade e não deixando de citar positivamente a genialidade de Descartes e Bacon, o filme e o autor deste post convidam os leitores e espectadores a pensarem além dos métodos, de forma a observar as falhas e adaptar grandes pensamentos aos dias atuais.

Descartes rumo ao passado

O filme “Ponto de Mutação” é um debate entre três personagens, o poeta, o político e a cientista. Ambientado em Mont Saint-Michel, França, o cenário os serve de exemplos para ilustrar suas ideias, sendo também um lugar agradável, no qual os personagens se encontram pra relaxar e escapar um pouco dos seus problemas, mas não conseguem evitar o debate.

Inicialmente o político tenta sustentar sua visão de mundo, baseada em Bacon e Descartes, frente as ideias da cientista, que prega uma reciclagem na atual forma de pensar. A cientista diz que não é necessariamente contra Bacon e Descartes, mas que as ideias deles já serviram por séculos e não se adequam mais ao paradigma contemporâneo. A fragmentação de um problema para resolve-lo parte a parte desconsidera que esses partes podem estar ligadas. O argumento da cientista baseia-se em experiências de Física Moderna, em experimentos que provam parte de seu discurso e também na constatação da incapacidade do método atual em resolver os problemas do mundo. Segundo ela, estamos querendo melhorar a saúde criando remédios cada vez mais caros, ao invés de simplesmente alimentarmo-nos melhor, por exemplo Algumas vezes nós temos que olhar além do fragmento, pois o problema pode necessitar de uma solução que o veja como um todo, considerando todas as interconexões envolvidas.
Outro ponto da cientista é a vontade de sistematizar tudo, que algumas coisas não podem ser precisas, sistematizadas e normatizadas, como o elétron de um átomo. Após o político começar a entender a proposta da cientista, a discussão muda um pouco seu foco à tentativa do político adaptar estas novas ideias à prática, política. Interessante notar que a cientista usa muita de sua didática, a fim de explicar os conceitos de forma bem simples e resumida aos interlocutores e aos espectadores também.
O filme consegue introduzir alguns novos conceitos, ainda sim valorizando os avanços introduzidos por Bacon e Descartes. Acho muito válida a posição da cientista, mesmo apresentada de forma resumida. Fiquei na curiosidade de ver o final do filme e o final da aula da cientista, pois a partir de certo ponto no filme ela se transforma em professora e os outros dois em alunos.

Mutações da visão

O filme é uma discussão de 3 personagens:uma cientista , uma político e um poeta. Há nele várias discussões, sendo que são expostos pensamentos com repulsas à personalidades mortas.
René Descartes foi um gênio, deixando um legado que durou por séculos. Mas como tudo na ciência, o que hoje é considerado certo, amanhã pode ser errado.
O seu pensamento filosófico foi muito importante para a sua época,contudo seu método, o cartesiano, não é o melhor para se usar. Essa é uma crítica do filme "Ponto de mutação". No seu modo de pensar, ele via um corpo separadamente: ele observava apenas os órgãos e não o sistema como um todo.Além de Descartes, Bacon e sua metodologia é questionada no filme pela cientista
Uma outra tese de um famoso cientista, Isaac Newton, é contestada. O pensador inglês descreveu com maestria as leis da gravitação universal e as suas tão famosas "3 Leis de Newton". Elas serviam para explicar o movimento de qualquer corpo existente, até que descobriram um caso no qual ela não poderia ser aplicada; então criaram a física quântica.

A parte ou o todo?

Nossa sociedade tem dado demonstrações de que a maneira como agimos e a analisamos possui falhas. Tragédias e problemas que só parecem aumentar corroboram esta afirmação.

Muitos políticos prometem a resolução de determinadas dificuldades específicas e isoladas e, quando as cumprem, mesmo solucionando o problema designado, ignoram a amplitude da situação, fazendo com que novos problemas surjam.

Caso algum político estivesse realmente determinado a proporcionar uma melhoria significativa, este deveria se lançar à tarefa de resolver os problemas encarando-os como interdependentes, como um sistema e não como órgãos separados, para evitar que, com a solução de um, surja outro novo.

Velhos confrontos, novos caminhos.

Ao assistir ao filme "Ponto de Mutação" encontramos uma intensa interação de idéias e perspectivas que só são entendidos quando colocados numa linha de raciocínio temporal.
A interação da vivencia de personagens como um poeta, uma cientista e um político, abre uma discussão sobre as formas que assumiram o pensamento ao longo do desenrolar da história humana e suas aplicações práticas no mundo cotidiano, seja ela direcionada ao desenvolvimento científico natural ou social. Exemplificando, o pensamento de Descartes de separar as partes de um todo para que se estude as individualmente apresenta paralelo com os modelos de produção marcados pela divisão técnica do trabalho, que evita as particularidades padronizando os produtos e objetos de estudo.
O desenvolvimento de métodos diferenciados de pesquisa e observação do mundo, como o estudos dos sistemas e não dos objetos individualizados ajuda no abandono do modo de pensar dominador e intervencionista abrindo possibilidade para políticas ,no exemplo das ciências sociais, que atendam uma maioria populacional integrada e, no âmbito natural, políticas de sustentabilidade que interfira também nos ecossistemas e não apenas nos indivíduos.
O abandono das antigas teorias tidas como melhores no quesito de aplicabilidade, e a aposta em marcas com qualidade e individualidade para garantir mercados consumidores especializados é novamente um exemplo de aplicação da diversidade de olhares e idéias se livrando das antigas correntes do pensamento mecânico; Retratado na obra apresentada através do conflito entre três mentes conflituosas mas que vêem na discussão de velhos confrontos uma abertura para novos caminhos.

"Nenhum homem é uma ilha isolada;
cada homem é uma partícula do continente, uma parte da Terra(…)
E por isso não perguntes por quem os sinos dobram;
eles dobram por ti."

Da explicação sistemática à volta da contemplação


"Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito." – William Blake.






O filme Ponto de Mutação pode, a nós, cartesianos, parecer maluco, progressista demais, mas não, as idéias trazidas por ele fazem parte do rol de idéias mais antigo que já existiu. Idéias, se é que se pode chamar essa atividade de idéia, que nos foram há muito apresentadas sob uma roupagem diferente: a roupagem de uma sabedoria mais “contemplativa” e menos explicativa.

Parte-se da física quântica para colocar-nos em dúvida acerca de vários aspectos decisivos. O micro (átomo) é desvendado e com isso a diferenciação de matéria, pensamento e probabilidade torna-se impossível; como pode um elétron estar, potencialmente, em vários lugares ao mesmo tempo?

Todo o macro, então, pede por uma nova análise. Essa análise não pode, no entanto, ser a análise científica comum. É preciso levar em consideração o todo, as relações e não mais as partes separadamente. “Baba Nam Kevalam”, o mantra dado por Shrii Shrii Anandamurti, fundador e líder espiritual da instituição Ananda Marga, é inspirado em conhecimentos orientais antiquíssimos e sem se utilizar de física quântica moderna, ou qualquer parafernália intelectual cartesiana, traduz o seguinte pensamento: tudo é expressão de um mesmo ser divino, que está em tudo, em todos; tudo é amor, tudo está interligado; somos todos frequências diferentes de uma mesma onda. Por piegas que possa parecer, faz sentido como a física vem descobrindo.

A matéria, posta em xeque, assume caráter de possibilidade, de pensamento, de subjetivismo. O documentário What the Bleep do We Know!?: Down the Rabbit Hole” traz experimentos interessantes, como o poder de elementos subjetivos sobre elementos objetivos (a capacidade de pensamentos e sentimentos mudarem a estrutura molecular da água, por exemplo). São ensaios, que buscam aproximar ciência e espiritualidade e mostrar o poder do pensamento, sentimento e fé.

O conhecimento objetivo, às suas últimas consequências, se aproxima da sabedoria contemplativa, aquela que não é explicada e sim sentida. Algo que ilustra tudo isso de forma hollywoodiana é o filme Avatar, no qual, em um outro planeta, todos os indivíduos (Na’vi) estão espiritualmente (e até fisicamente) conectados com Eywa, sua divindade, e consequentemente conectados entre si e com a natureza.

A idéia dessa rede de interligação e a idéia de que Deus está em todas as coisas e não fora delas, deixando um pouco de lado o vício de explicação e comprovação ou não comprovação sistemática, são bastante válidas; O mundo atual precisa acreditar nisso, o social seria favorecido já que o famoso bem comum finalmente apareceria de fato a partir do instante em que bem individual e bem de todos (e por todos entende-se todos os seres animados, e até os inanimados) se tornarem a mesma coisa.

Fragmentos de um todo

    O filme "Ponto de mutação"(mindwalk) , dirigido por Bernt Capra, aborda um discussão filosófica sobre teorias e mecanismos que regem a sociedade. Uma cientista( física), um poeta e um político encontram-se em um castelo em uma ilha francesa e começam uma conversa acerca de questões científicas, políticas e sociais que interferem na sociedade como um todo; cada um possui uma formação e ideologias diferentes o que leva a problematização de diversos assuntos.
      A teoria de Descartes e Bacon são mencionadas; o conceito da separação de corpo e alma, negação dos fatos e previsibilidade fazem fundo a discussão, que prioriza a principal teoria cartesiana: fragmentação e busca da verdade. O dilema é que ao analisar os problemas de forma individual e tentar resolvê-los separadamente não conseguimos uma solução eficaz e permanente. A teoria de Descartes não é refutada apenas, percebe-se que não é util em todos os segmentos da sociedade visto que, os humanos relacionam-se e dependem dos outros e da natureza pra sua sobrevivência. A frase citada no filme " nenhum homem é uma ilha" é fundamental para a percepção da relação de cada "parte" no "todo" da sociedade contemporânea: o descaso com a educação, o uso e tráfico de drogas, o sistema penitenciário,o direito;tudo está relacionado.Todo pequeno ato, em conjunto, gera consequências que podem determinar mudanças.
      O impacto ambiental também está relacionado com nossa visão fragmentada do mundo; nossa existência individual, egoista, gera a maioria dos danos. O homem é incapaz de resolver problemas como a fome, o aquecimento global, o crescimento desordenado da população sendo imediatista e atuando em apenas um local.
     O filme " Ponto de mutação" nos leva a refletir sobre o mundo que nos cerca, como o influenciamos e somos modificados por ele.

A busca do equilíbrio

Capra nos traz uma obra de sensibilidade e reflexão sobre as bases da existência e da integração do pensamento e das ações humanas no contexto do desenvolvimento, na busca da equação da vida e do progresso equilibrado e sustentado. Partindo da paradisíaca ilha de Saint Mitchel, onde existe uma fortaleza medieval que com seu isolamento temporário, pelas marés, nos traz do subconsciente a imagem do isolamento do pensamento, temos um político e um poeta em um dilema, cada qual preso em seu mundo, procurando nele o sucesso sua direção, tal qual uma solitária ilha. O terceiro personagem busca o caminho, se transformar no isolamento, na fuga o perdão pelos resultados de suas ações e criações. Na discussão sobre o papel dos mecanismos que regem o mundo, abordam a evolução do pensamento humano, passando por Descartes e chegando aos nossos dias, onde vemos os líderes, as pessoas socialmente aceitas como condutores, pensando unicamente de forma mecanicista, aplicando a forma mais simples de conduzir: o modelo cartesiano, onde dividimos o todo em partes, para estudando e entendendo cada uma, procurar entender o todo. Este entender para os políticos seria controlar, induzir, prever.

Nesta ânsia, não poupam o custo do sacrifício da vida, da existência, aplicada a uma parcela da humanidade presa pelas quatro paredes dos modelos econômicos mecanicistas, que independente do custo social, só pensam na validação econômica de suas teorias e negociações. Os sistemas existentes não encorajam a prevenção, só a intervenção, que não consideram que só se constrói um modelo de sucesso no presente, se estimularmos o futuro. Chega-se a dedução de que precisamos adotar o modelo de intervenção colocado como feminino, nutriente, construtor, ao contraposto do modelo masculino basicamente dominador.

Para o desenvolvimento de uma condição de perpetuidade e oportunidades para o futuro, dentro deste conceito de nutriente, devemos aplicar um raciocínio ecológico, em contraponto ao pensamento cartesiano clássico, pensando em um mundo de recursos exauríveis, orgânicos e espirituais, sejam da natureza ou da capacidade de absorver as injustiças sociais. Para poder entender e aplicar este pensamento, se faz crucial ativar a percepção, sendo que se somente as bordas da percepção aparecessem, tudo se desvendaria como realmente é.

Nesta forma sistêmica de pensar, identificamos os pilares como sendo as conexões, tudo se interconecta, formando mesmo com seus vazios e sem condições de definições exatas, a solidez da matéria, do pensamento e da estrutura do universo tangível. O que não vemos, o que não entendemos, necessariamente não pode ser abominado, relegado , sob pena de nossa cegueira estar baseada somente na miopia da falta de abertura para o novo.

Somos todos uma parte da teia imensurável e inseparável da relações, é nossa responsabilidade perceber as possibilidades do amanhã, pois antes de tudo somos os únicos responsáveis por nossas descobertas, nossas palavras, nossas ações, e os reflexos das mesmas no universo em que estamos inseridos.

Um obstáculo para a expansão este pensamento é a clara e objetiva descoberta da interdependência, do fato de que mesmo sem o controle por parte de nossas ações, que nosso planeta flui em um processo vivo, se adaptando, transcendendo, progredindo, transgredindo padrões, evoluindo.

O pensamento voltado aos processos e não as estruturas, nos dá a ferramenta essencial para poder entender o princípio, os porquês e o caminho possível para esta evolução, conseguindo assim delinear a tênue e interlaçada margem entre o pensamento clássico cartesiano e o sistêmico totalmente integrativo, plotando o objetivo mestre das sociedades modernas, das mentes que buscam a perpetuidade no futuro: o desenvolvimento sustentável, a busca do equilíbrio.

Luís Felipe Hetem