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sábado, 29 de abril de 2023

A inconstância do capitalismo

 

            Na atual sociedade, é evidente que os cidadãos, em sua maioria, passam suas vidas em busca da tão sonhada “estabilidade”, seja ela financeira, familiar, habitacional, etc. Esse equilíbrio é o que garante que as pessoas possam viver dignamente. No entanto, nos moldes do sistema capitalista, percebe-se que a busca da referida e tão desejada estabilidade se torna dificultosa, e, em muitos casos, inalcançável.

            Analisando a sociedade como um todo, é notável que, cada vez mais, as pessoas buscam por melhores condições de vida, por solidez e segurança. É perceptível, ainda, que essa incessante procura pela estabilidade se dá pela falta dessa no sistema capitalista – isto é, como o capitalismo não proporciona à sociedade nenhuma constância, as pessoas se desdobram em busca dessa, sendo que, em muitos casos, nunca a alcançam.

            Na obra “a corrosão do caráter”, Richard Sennett demonstra o quanto a instabilidade e as incertezas passaram a ser inerentes à vida das pessoas, devido aos modos de produção que operam na atual sociedade. Nota-se, ainda, que esse mesmo sistema produtivo não se prolonga apenas às relações de produção e trabalho – pelo contrário, são intrínsecos a cada parte da vida de cada pessoa, em todas as suas relações, de modo que as referidas inconstâncias se estendem, também, às demais conjunturas da vida dos cidadãos. Na obra “A ideologia alemã’, o escritor Karl Marx também tece críticas ao capitalismo, enfatizando o quanto o sistema aliena e sufoca a classe trabalhadora, e, ainda assim não oferece garantias de estabilidade ou segurança aos cidadãos, viabilizando, então, a instabilidade e a insegurança.

            Nesse sentido, compreende-se que o sistema capitalista, em seus modos de operação, dificilmente proporcionará aos trabalhadores a constância que eles tanto almejam, ainda que esses passem suas vidas trabalhando arduamente em busca da utópica estabilidade.

 

Beatriz Fernandes

1° ano Direito - matutino

O modo de produção alienante e a sociedade capitalista

 Na obra "A corrosão do caráter", de Richard Sennett, o trecho "Se eu fosse explicar mais amplamente o dilema de Rico, diria que o capitalismo de curto prazo corrói o caráter dele, sobretudo aquelas qualidades de caráter que ligam os seres humanos uns aos outros, e dão a cada um deles um senso de identidade sustentável.” exemplifica a crítica ao capitalismo e suas consequências na vida dos indivíduos. Nesse sentido, o enredo pode ser relacionado às ideias de Karl Marx, uma vez que argumenta que o modelo de trabalho adotado pelo capitalismo, baseado em contratos temporários e na busca constante por eficiência e produtividade, tem um efeito corrosivo sobre a identidade e a moralidade das pessoas. 

 Sennett desenvolve seu livro na perspectiva de que a forma de trabalho na sociedade capitalista fragmenta a vida dos indivíduos em esferas separadas, impede a formação de relações duradouras e impede que as pessoas desenvolvam um senso de propósito e significado em suas atividades. A partir disso, os personagens são descritos e reforçam o parecer de Marx acerca de que o modo de produção coincide com a essência do homem e quem ele é. Dessa forma, surge o conceito de alienação, o qual consiste em um processo pelo qual as pessoas perdem o controle sobre suas próprias vidas e são dominadas pelas forças impessoais do capitalismo.

 Ainda, Marx argumenta que o trabalho no capitalismo é alienante porque os trabalhadores são obrigados a vender sua força de trabalho em troca de um salário, perdendo o controle sobre o processo de produção e sendo submetidos a condições de trabalho que são determinadas pelos interesses dos empregadores. Essa exploração gera uma desigualdade social cada vez maior, na qual uma minoria de proprietários dos meios de produção acumula riqueza e poder, enquanto a maioria da população vive na pobreza e na precariedade. Logo, ambos os autores concordam que o capitalismo tem efeitos negativos na vida dos cidadãos.


Rayssa de Oliveira Dantas - 1° ano de Direito (matutino).

RA: 231223161