Na contemporaneidade,
com a criação do Projeto de Lei do Senado 473/2017 a fim de proibir que pessoas
divulguem na Internet notícias que elas têm o conhecimento de serem falsas e
que afetam um público relevante, muito tem sido falado sobre as chamadas “fake
news”.
Essa forma de relato demonstra o quanto a
mídia manipula a denominada “massa de manobra”- conjunto de pessoas
pertencentes normalmente às classes mais baixas ou à classe média baixa e que
funciona como defensora universal de todos os princípios e dados divulgados por
um determinado veículo de imprensa (o qual é controlado pela elite econômica)
sem sequer exercitar seu raciocínio, algo que contraria as ideias do filósofo e
matemático René Descartes pois, enquanto o que guia tais indivíduos é uma
espécie de “fé cega”, Descartes afirma que, para se chegar à verdade, deve-se
refletir a respeito de toda e qualquer informação, como escreveu em
seu livro “O discurso do método”: “
[...] e, enfim, que é bom ter examinado todas elas [ as Ciências], mesmo as
mais supersticiosas e mais falsas, a fim de conhecer seu justo valor e evitar
por elas ser enganado.”
Nesse viés,
enquanto certa parcela da sociedade tende ao fideísmo supracitado, outra, por
questionar excessivamente tudo o que vê e, conforme a análise baconiana,
acreditar somente no que pode provar, além de levar em conta todas as variáveis
envolvidas na experimentação, objetiva o respeito ao direito à verdade. Assim,
clama pelo fim da manipulação midiática, algo que põe em cheque as ideologias disseminadas pelo seleto grupo de indivíduos no poder e que visa a alienação e consequente dominação da população de baixa e média renda.
Somente
através da inicial desconfiança em conjunto com a ponderação através do manifesto popular é possível ocupar o Direito, dando voz aos
socialmente marginalizados.
Júlia Salles Correia - Turma XXXV de Direito, turno matutino.