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sábado, 14 de abril de 2012

As diferentes correntes do pensamento

O filme “Ponto de Mutação”, baseado no livro de Fritjof Capra, faz forte crítica à teoria do conhecimento cartesiano. Aponta o fato de que essa forma de análise está embutida na história do pensamento ocidental, e guia qualquer preceito da ciência moderna, criou-se um pensamento coletivo e cultura muito forte. O filme demonstra o latente defeito que entorna tal método.

A teoria de Descartes defende que na análise de um objeto maior, faz-se necessária a divisão do assunto em tantas partes quanto possíveis. Para que, ao estudá-las individualmente, seja possível a compreensão do todo. Fritjof Capra afirma que com o tempo, ao passarmos a analisar todo o mundo sob essa visão, nos tornamos incapazes de entender o todo. Propõe então uma concepção de visão do mundo mais complexa, a Sistemática. Esta defende a compreensão da conexão entre os sistemas naturais e sociais que nos regem, para posterior resolução de seus problemas.

O que traz a questão de que a atual forma de pensamento social pode não ser capaz de solucionar os problemas que à cercam. Questões como fome ou as freqüentes crises políticas estão longe de serem resolvidas. Estaríamos nós apenas sobrepondo um problema a outro sem, de fato, resolve-los? O filme aponta que o conhecimento nem sempre é benéfico, que o ditado “saber é poder” impregnado na filosofia atual nem sempre é verídico. Será então, que nos tornamos tão cegos pela busca das causas e do conhecimento, que não observamos seus reais efeitos?

A análise proposta por Capra nos traz uma alternativa a essa realidade. Se nos tornarmos capazes de mudar a forma como a sociedade enxerga a natureza e como enxerga a si, de forma que entendamos os sistemas interligados ao nosso redor, talvez também passemos a ver outras soluções para nossos infinitos problemas.

Nicole Gouveia Martins Rodrigues

O mito do extremismo em casos não paradoxais

Desde a Idade Média, a idéia dos extremos é levada em consideração, onde a religião era predominante, não abrindo espaços para novos pensamentos e teorias, sendo uma prisão do raciocínio inventivo do ser humano.

Entretanto, com o passar do tempo e a abertura de novos horizontes, proporcionando o desenvolvimento das ciências, apenas o que é fato consumado e provado cientificamente é levado em consideração, deixando o lado humano, de entender as relações com o próximo, em outro plano. O ponto de vista oposto ao medievalismo é levado como meio de vida, não havendo um equilíbrio.

Na maioria dos acontecimentos e estudos, as escolhas não são paradoxais, é possível a união de idéias para formar uma visão geral, diferente da usual, combinando elementos de doutrinas distintas e obtendo um resultado mais humano sobre o fato, unido a suas causas e conseqüências. O altruísmo alinhado ao presente, é esta a visão que o filme “Ponto de Mutação” de Fritjof Capra tenta passar.

Em qualquer área pode ocorrer esta relação de interdependência, assim como a observada no mundo animal, onde que para a sobrevivência de um ser, é necessária a existência de outro, o denominado mutualismo. Assim, no caso do segmento do Direito, ao realizar uma análise, deve-se levar em conta os fatos concretos, mas não deixando em segundo plano o essencial: que a coisa que está sendo julgada é um ser humano, possui família e exerce papel fundamental nessa “cadeia social”.


João Pedro Leite

O Direito, a minúcia e a totalidade


A grande questão presente no filme “Ponto de Mutação” é a viabilidade ou não do uso de teorias racionalistas para explicar um mundo cada vez mais complexo. Essa questão torna-se mais fácil de ser respondida quando a transferimos para a realidade jurídica.

    Ao formular uma lei, o legislador procura considerar o máximo de situações possíveis para a aplicação de tal norma. O pensamento racional e a análise crítica são ferramentas indispensáveis nesse processo. No entanto, quando essa lei é aplicada na sociedade, que é dinâmica, surge algumas dúvidas acerca da eficiência de uma análise pautada exclusivamente no aspecto racional.

    A lei é seca, isto é, funciona apenas como diretriz a ser seguida por seus aplicadores. A execução de uma lei por meio de uma sentença requer uma análise completa do fato, não bastando que o episódio se enquadre na lei, mas também é preciso considerar os motivos, os danos, enfim, a totalidade do evento.

    Aplicar a lei baseado apenas no Código e nos eventos que nele são citados é desconsiderar a mutabilidade da organização social, e mais, desconsiderar as ligações humanas existentes entre os seus componentes e o como tais ligações são capazes de influenciar os seres humanos.

    É preciso, portanto, que a análise minuciosa e racional trabalhe juntamente com a análise do todo para que o direito e toda a sociedade caminhem.