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domingo, 18 de março de 2018

A patologia da sociedade


  O Positivismo criado e defendido pelo filósofo Auguste Comte traduz o trabalho como um fator dignificante que promove a felicidade ao indivíduo, uma vez que o faz reconhecer seu papel social na sociedade. Para ele, o método positivo transforma a ciência moderna em uma fonte de conhecimento que promove utilidade aos objetos e cidadãos que compõe os corpos sociais. Um cidadão útil é, portanto, um cidadão trabalhador que aceita o seu lugar na sociedade, permitindo que essa seja harmoniosa e equilibrada através da ação de instituições que garantem a ordem e, por conseguinte, o progresso por meio da dominação, seja ela indireta ou diretamente empregada.
  É possível traçar um paralelo desse   pensamento positivista aos Centros de Referência Especializado para População em situação de rua. Esses Centros POP são  mantidos pela Prefeitura e oferecem alimentação, acompanhamento social, psicológico e profissional aos andarilhos. Segundo o núcleo de cidadania ativa, os frequentadores do Centro POP de Franca são geralmente jovens (de 20 a 35 anos) usuários de drogas e itinerantes, já tendo passado, metade deles, pelo sistema prisional alguma vez.
  Para o positivismo, o Centro POP é visto como uma patologia à sociedade, pois oferece privilégios e uma possibilidade de ascensão  social à indivíduos que não trabalham, ou seja, que não são úteis à sociedade. Assim, a única  saída para esse "problema" é o fechamento do Centro POP a fim de reestabelecer a ordem da sociedade. Essa solução positiva é defendida hoje pelos vereadores  da Câmara Municipal de Franca que reconhecem o local como sendo um "ponto de referência para usuários de drogas e álcool, pedintes e até criminosos". Ocorre também a ação da moral positiva, a qual busca a salvação coletiva, promovendo intensas críticas feitas pela comunidade vizinha. Além disso, segundo G1, os comerciantes da Avenida Hélio Palermo, em Franca (SP), organizaram um abaixo-assinado para reivindicar a retirada de um abrigo para moradores de rua situados no local, alegando que a presença dos moradores de rua causa transtornos e afasta clientes dos estabelecimentos comerciais da região.
  Essas críticas feitas tanto pela Câmara Municipal de Franca quanto pela comunidade, comprovam que o pensamento positivo ainda é um pensamento atual, pois julga como necessário uma desigualdade, ou seja, diferentes papéis sociais devem ser aceitos e cumpridos, para que haja uma ordem estrutural na sociedade e que tudo que confronte esse pensamento deve ser visto como patológico.

Júlia Sêco Pereira Gonçalves- Direito Matutino

Positivismo

Nesse mundo desigual,
quem está por baixo quer subir.
Enfrenta a dificuldade real,
não é permitido cair.

Assim como Jerônimo
na obra O Cortiço,
vêem na educação o ânimo
e esperança para sair disso.

Mas como sair daí
com algo para muitos insuficiente ?
Esses continuam onde estão,
sem fé no presente.

Querem linearidade,
reformas no processo,
equilíbrio da sociedade,
que para Comte é o progresso.

Razão, Dúvida e Indução.



 Em “O discurso do método”, o filósofo francês René Descartes busca uma forma regular de se produzir ciência, por meio de um método científico simples, seguro e objetivo, capaz de direcionar a mente humana. No contexto do Renascimento Cultural europeu e das Reformas Religiosas, Descartes colocava em cheque os conhecimentos anteriores, questionando a função das tradições como formas de gerar conhecimento.

Em seu livro, o francês também coloca em pauta o fato de a razão ser o principal instrumento para a verdade e a dúvida o princípio básico da ciência. Em outras palavras, Descartes duvidava de tudo que era posto como verdade na sociedade e, quando todas as dúvidas eram cessadas por meio do raciocínio e da pesquisa racional, chegava em uma verdade absoluta. Com a máxima “penso, logo existo”, o filósofo postula que o ato de duvidar prevê a existência de um pensamento e, consequentemente, a existência de um “eu”.                                                                          

 Outro filósofo que usou a razão como base de sua filosofia foi o inglês Francis Bacon que, em sua obra “Novum Organum”, classificou a razão como auxiliar da experiência.

Bacon acreditava em um método experimental, que levaria à busca do conhecimento e da verdade: a indução, em que uma conclusão era elaborada a partir de um caso particular e aplicada de forma geral em outros. É importante ressaltar, portanto, a importância da experiência para a interpretação do mundo, segundo a visão do inglês.

 Também criador de uma máxima, “ saber é poder”, Bacon julgava que o pensamento indutivo levaria ao conhecimento absoluto, além de ser o caminho para o homem aprender a  usar as forças da natureza a seu favor.

Tainah Gasparotto Bueno
Direito Diurno - 1º ano 


Num átimo, em meio ao clima de tensão que rondava a vida cotidiana, surge um lampejo de euforia. Tal como uma chama, alastra-se rapidamente. Sai das casas, difunde-se nas ruas e toma o ânimo geral. A nova ordem fora anunciada, apesar da falta de consciência popular a respeito de seu real significado.

Apesar de todo o furor acima narrado, a mudança promovida (em grande parte dos casos, com teor político) não passa de uma contrarrevolução – falso movimento de cunho elitista que, aos moldes do pensamento positivista defendido por Comte, objetiva apenas a manutenção do ordenamento estabelecido, o que garante a permanência de um grupo seleto no poder.

Tal fenômeno, por sua demasiada recorrência na História brasileira (como a proclamação da República e os golpes de 1930 e 1964) demonstra a fragilidade e a tenra idade da “democracia” tupiniquim. As aspas utilizadas indicam a crítica aqui feita ao caráter militarista (e por isso, brutalmente coercitivo) da ordem consolidada- algo que conserva a posição de aceitação dos grupos socialmente marginalizados ao tentarem – e não conseguirem- modificar sua histórica e cíclica subordinação à desigualdade participativa.


A situação acima citada é claramente exemplificada pela aprovação do decreto número 9288 de 16 de fevereiro de 2018, o qual ratifica a intervenção federal, através das forças armadas, no estado do Rio de Janeiro. Um dos desdobramentos dessa ação é a criação de uma ficha de cada morador das comunidades periféricas, sendo o teor de tal documento similar à coleta feita na triagem dos criminosos que chegam aos centros de detenção. A partir de fatos como esse e da ausência de informações no decreto a respeito do alcance e da execução da intervenção acima mencionada, a ONU requereu, a fim de que não haja a violação dos direitos humanos, a criação de um observatório para essa missão, algo que demonstra o quão anti-democrática e, portanto, repressivamente exclusivista , é a ordem imposta a fim de levar ao desenvolvimento racional, exemplo puro da teoria positivista.

Mudar não é um retrocesso


        O positivismo idealizado por Auguste Comte tem como lema a seguinte frase: “Amor por princípio, ordem por base e progresso por fim”. Esta consegue sintetizar o principal fundamento da ideologia comtiana, que pressupõe um equilíbrio social e consequentemente uma manutenção das instituições para que se torne possível alcançar o progresso da sociedade.
       O Brasil sofre uma grande influência do positivismo, valendo ressaltar a frase escrita no centro da bandeira do país: Ordem e progresso. Entretanto, já faz algumas décadas que movimentos vindos de minorias pela busca de melhores condições de vida se tornaram frequentes e na perspectiva positivista, esses movimentos são considerados uma patologia social, afinal, nessa concepção, indivíduos fora de suas ordens sociais geram um desequilíbrio na sociedade.
      Um dos movimentos sociais de supra importância para a sociedade é o movimento feminista, que consiste na luta das mulheres em busca de igualdade social, política e econômica entre os sexos, essa disparidade social é um problema enraizado na nossa sociedade. Segundo a feminista Chimamanda Ngozi Adichie, essa superioridade masculina fazia sentido quando a força física era o atributo mais importante para a sobrevivência humana, mas atualmente, a pessoa mais qualificada para liderar não é a pessoa mais forte, e sim, a mais inteligente, a mais inovadora, o que são atributos que não dependem de hormônios.
      A luta pela igualdade incomoda, porque as pessoas não estão acostumadas a igualar uma mulher a um homem, gera uma desordem na sociedade e desordem é o mesmo que um retrocesso no pensamento positivista. Esse modo de pensar é extremamente conservador, porque insiste em querer manter tudo estático, mesmo quando é nítido a necessidade de mudança.
     Uma frase importante da mesma feminista citada acima é: "A cultura não faz as pessoas. As pessoas fazem a cultura. Se uma humanidade inteira de mulheres não faz parte da cultura, então temos que mudar nossa cultura". A partir disso, é importante refletir se a ordem que o positivismo preza, que é uma ordem de estabilidade, é realmente a ordem necessária para o real progresso de uma nação.

  Ariadine Batista Teixeira - Turma XXXV - Matutino

A Estigmatização Positivista

  "Ontem plena liberdade, A vontade por poder... Hoje... cúmu'lo de maldade, Nem são livres p'ra morrer... Prende-os a mesma corrente - Férrea, lúgubre serpente - Nas roscas da escravidão". O trecho do poema "Navio Negreiro", de Castro Alves, ilustra a realidade inumana na qual negros do continente africano eram transportados para serem escravizados no Brasil. Embora este quadro tenha sido materialmente superado, ainda persiste na comunidade brasileira raízes do preconceito e da estigmatização da população negra, aspecto, por vezes, agravado em função do Positivismo persistente nas relações sociais do universo capitalista.
  À luz do nascimento da sociedade industrial, no início do século XIX, na França, o cientista social Auguste Comte desenvolveu uma corrente filosófica que visava a compreensão das leis que regiam a manutenção das civilizações humanas. Tal pensamento estabelecia que somente por meio do conhecimento científico era possível alcançar a verdade e o progresso. Porém, para tanto, era necessário ao espírito do homem um amadurecimento quanto as formas de entendimento e explicação do mundo, fazendo-se essencial a passagem pelos estágios teológico (associado a explicações supranaturais) e metafísico (marcado pela tentativa de racionalização do saber). A finalidade era atingir o estágio positivo, cujo amparo fundamenta-se na razão e na interpretação.
  Ademais, para promover o funcionamento de uma sociedade positivista, designação na qual se encontram alicerces do Estado brasileiro, deve haver uma primazia da ordem. Esta, entretanto, adota uma perspectiva estática no que diz respeito às funções sociais que os indivíduos exercem em comunidade, conduzindo a condições de resignação mediante um equilíbrio pautado na desigualdade. A população negra, que sofre os efeitos de uma construção histórica excludente, acaba sendo duplamente estigmatizada, uma vez que também se sujeita às convenções sociais propostas por Comte. Dessa forma, a contestação da moral coercitiva vigente mostra-se importante para a dignificação dos que são por ela reprimidos.
  Logo, conclui-se que a corrente do Positivismo abarca um conceito de progresso pertinente ao período das Revoluções Industriais, que se dedicaram a expressivos avanços científicos. No entanto, a ordem relativa ao pensamento comteano acaba sendo apenas um mecanismo de manutenção de lugares sociais, a medida que não oferece oportunidades iguais a todos os indivíduos, inviabilizando a mobilidade entre os locus. Sendo assim, cria-se um ambiente propício a contestações, tais como são feitas pelo Movimento Negro - quanto a luta contra o preconceito, a falta de equidade e a opressão cultural - como forma de romper os grilhões atuais.

Maria Eduarda Buscain Martins. Turma XXXV. Direito. Matutino.

Comte e os seguidores da loucura

É inegável que a filosofia de Auguste Comte, pensador francês do século XIX e autor do livro "Curso de Filosofia Positiva", influenciou, em sua época, a obra de intelectuais dos campos mais diversos, sendo fundamental para a formação da sociologia como ciência. A influência do Positivismo de Comte estende-se até mesmo ao lema de nossa bandeira, uma adaptação da máxima "Amor como princípio, ordem como base e progresso como meta", que resume sua doutrina.
Tendo em vista a visibilidade atingida pelo pensamento comteano, é necessário atentar-se para a controvérsia que, com ele, nasceu. Para muitos, Comte era um gênio e visionário. Para outros, transtornado mentalmente. O economista austríaco Ludwig von Mises afirma "Comte pode ser desculpado, já que era louco no completo sentido com que a patologia emprega este vocábulo. Mas como desculpar os seus seguidores?"[1]
Voltemos, novamente, à Bandeira. O lema de Comte nela expresso, promovendo a "ordem" (isto é, a presença forte ou repressora do Estado) como necessária para o "progresso" (isto é, o desenvolvimento da sociedade), remete a um período da história nacional: a Era Militar, regime ditatorial sob o qual o país viveu de 1964 a 1985, que teve como características marcantes a censura dos meios de comunicação, a repressão e a tortura de presos políticos, e que se promovia como responsável pelo "Milagre" econômico vivido durante sua vigência.
A relação entre a filosofia de Comte e a ditadura vivida no Brasil torna-se mais clara tendo em mente a forte adoção do Positivismo pela camada militar da população brasileira, desde o século XIX até os tempos atuais. A própria consolidação da República em nosso país teve influência de tal pensamento, encarnado na figura de Benjamin Constant, um militar.
A controvérsia gerada pelo pensamento positivista é compreensível, dados tais fatos. Em um cenário atual no qual governantes conservadores, com propostas de governo que tendem ao autoritarismo, ganham força no mundo, e uma parcela (ainda que minoritária) da população brasileira clama pela volta de uma Ditadura Militar, os ideais de Comte se fazem presentes na mente de muitos, e fica difícil não simpatizar com a citação de von Mises.








[1] Ludwig von Mises, Ação Humana, Alabama 1998, pp. 72 (The Ludwig von Mises Institute, Scholar's Edition).

Lucas de Araujo Ferreira Costa - Turma XXXV - Matutino

 O hoje na perspectiva de Conte 
      Idealizado por Auguste Conte no início do século XIX, o positivismo é uma corrente filosófica que chegou no Brasil por influência do exército brasileiro, que na época tinha como principal entusiasta Benjamim Constant. As ideias dessa doutrina tiveram importância na história brasileira, visto que ela esteve interiormente relacionada com as bases da república no Brasil. Apesar de ter passado tanto tempo após os eventos que precederam a proclamação da república, suas ideias e convicções ainda reverberam nos dias atuais através do cenário político brasileiro e também nas discussões cotidianas entre os cidadãos.
      O positivismo ainda tem sua importância na sociedade, visto que a partir dela é possível elucidar várias questões pertinentes, uma vez que as ideias discutidas no Curso de Filosofia Positiva (1830) a respeito do progresso sejam de grande interesse para a sociedade, que persegue constantemente a ideia de progresso.
       O sistema comteano ao estruturar-se em torno de três temas básicos chama atenção por acrescentar a religião como plano de renovação social o que justifica, muitas vezes, um certo conservadorismo nas ações das pessoas que se utilizam da visão comteana para justificar uma desordem, e, por conseguinte defender uma suposta crise de valores que estaria acontecendo hodiernamente.
      Em vista disso, cada vez mais vem crescendo o número de pessoas que se identificam com um certo posicionamento político que desrespeita os direitos de minorias, uma vez que pelo entendimento de Conte a mudança só pode ocorrer através de instituições que transpareçam a ordem.
 Dessa forma, muitas pessoas desacreditadas com o sistema político vigente acabam clamando, erroneamente, pela volta dos militares, sem saber dos males ou simplesmente ignorando as atrocidades cometidas pela ditadura civil-militar, ocorridas em um dos momentos mais nefastos da história do Brasil.
Ayrton Geraldo Hiakuna - Direito (matutino)
A noção de progresso veiculada ao sufocamento de ideias

Um dos aspectos que se pode questionar no pensamento de Comte é a manutenção de
determinados ideais e de certas instituições para a preservação da ordem e, com isso, atingir o progresso. Tendo conhecimento da pluralidade de indivíduos existentes nas sociedades ao longo da História, é possível afirmar o caráter repressor das ideias comtianas, já que, baseado nelas, apenas algumas formas de pensamento ganhariam prestígio, enquanto as outras seriam
desestimuladas e consideradas nocivas para a manutenção de uma estabilidade defendida por ele.
Essa lógica de repressão a alguns pensamentos pode ser observada nas artes plásticas. Tentando fugir das formas clássicas e realistas de se representar o mundo nas pinturas, as vanguardas europeias do século XX trouxeram inovações estéticas que extrapolavam a noção do belo existente até então. Tais movimentos artísticos tiveram, em partes, uma repercussão ruim entre os mais conservadores da época, mas também, deixaram um legado de extrema
importância para o ramo com as novidades apresentadas. Ou seja, sem Pablo Picasso ou Salvador Dali, e o afrontamento que eles e os demais pintores de tais movimentos tiveram, o ramo das artes visuais não teria vivido tal revolução. Se não tivessem ultrapassado a barreira que as convenções estéticas dos séculos XIX e XX impunham, a sociedade estaria fazendo arte da mesma maneira que antes.
Da mesma forma, agrupamentos sociais como o movimento Negro ou o LGBT, tentam mostrar para a sociedade atual- em maior parte conservadora- suas reivindicações. Desconsiderar tais
lutas sociais para a manutenção de uma ordem proposta pelo pensamento comtiano, seria impedir que novas formas de se pensar a coletividade de pessoas existentes no mundo trouxessem benefícios para a existência humana. Em outras palavras, não haveria evolução nas relações humanas.
Portanto, é importante reconhecer a grandeza do pensamento de Augusto Comte e a contribuição dele para a sociologia em geral. Entretanto, a noção de conservação de estruturas tradicionais com a finalidade de se alcançar o progresso pode suprimir a luta de certos grupos, seja no meio cultural, como visto nas vanguardas europeias, seja em movimentos sociais. Proibir mudanças na regularidade, além de impossibilitar o bem estar de todos, pode impedir
benefícios que as inovações podem trazer.

Ádrio Luiz Rossin Fonseca - Diurno

DOMÍNIO

DOMÍNIO

    O positivismo, método de ordenação das variadas sociedades, proposto por Auguste Comte, pensador do século XIX, apresenta a regularização da estaticidade hierárquica das civilizações, ideia relativa aos progressos científico e social, os quais atingiriam suas apoteoses no estágio positivista. Malgrado as proposições do filósofo possuírem serventia para indivíduos e órgãos conservadores até períodos hodiernos, faz-se mister ressaltar a obsolescência das aparentes necessidades organizacionais sociais, as quais podem provocar insatisfações e irregularidades à vida humana.

    Seguindo essa linha de raciocínio, atenta-se ao fato de que a ciência positivista possui como lema a sentença "O amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim", sendo o segundo elemento referente a uma hierarquização dos componentes de um determinado agrupamento social. Por esse viés, haveria uma valorização mútua de todos os setores laborais, já que todos os membros desse organismo portam relevância, no momento em que apresentam certa utilidade. No entanto, a ideia de Comte, acerca do respeito entre os setores, é deturpada, devido às disputas referentes aos variados graus de importância das funções e, também, em razão do controle desmedido exercido pelo o que o filósofo viria a denominar "cabeça" do organismo, sobre os "braços" e "pernas" deste.


    Nesse sentido, vale rememorar como a persistência desse modelo científico real, ou seja, materializado e distanciado de sua fonte original, ainda produz situações em desfavor da dignidade humana, tal qual, por exemplo, o trabalho escravo em território brasileiro. No país, é definido pelo artigo 149, do Código Penal, que a redução de alguém à condição análoga a de escravo recebe a pena de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. Não obstante a lei, a generalidade do fenômeno é perceptível, não somente por questões econômico/financeira mas, em especial, pela crença do direito de domínio sobre o outro, em decorrência de uma posição social considerada inferior à do explorador.


    Percebe-se, pois, a tentativa de Comte em organizar a sociedade, atribuindo a honra em todas as facetas trabalhísticas do conjunto social. É necessário ressaltar, porém, a ineficácia do método sob o julgo dos homens, os quais o modificam e o adaptam com o fim de que o positivismo torne-se apto a atender os vis impulsos humanos de dominação e controle social. 

Giovanna Siessere Gugelmin - turma XXXV - matutino. 


    

O impacto positivista nas ciências humanas.


  Relações humanas, independentemente de quais, possuem uma complexidade eximia visto que os fatores que envolvem os seres dependem de inúmeras variáveis que se alteram, modificam e ajustam conforme o tempo. Entretanto partindo de um pressuposto racional e cientifico, August Comte conseguiu ao desenvolver o Positivismo, um método de prever tais mudanças e abordar a complexidade humanas nas vias cientificas.
  O método pragmático e analítico de Comte, influenciou diversas áreas do conhecimento especialmente o Direito pois pautou a forma que modela muito das ciências jurídicas até os tempos de hoje. Hans Kelsen um dos principais teóricos do direito, seguiu a mentalidade positiva ao se manter fiel a necessidade especifica do Direito em seguir as normas de forma mais rigorosa.
  Assim como toda e qualquer modalidade de pensamento ou doutrina, o Positivismo pode ser analisado de forma crítica quanto sua funcionalidade e exatidão mas seu valor aplicado principalmente na época de seu desenvolvimento não pode ser ignorado.
  Com o avanço dos estudos sociais que vemos hoje e a forma como o homem a cada dia mais conhece o mundo e conhece a si mesmo, lemas como “ordem e progresso” podem soar redutivos e perder sua relevância. Assim como a ciência comum se renova a cada dia, a ciência social avança em seu próprio ritmo aderindo a novas formas de pensamento para se pautar.
  O positivismo ainda impacta e muito em nossa sociedade até os dias de hoje, de forma o mais imparcial possível devemos discernir o que ainda é valido da mentalidade para a atualidade e o que deve ser desconstruído da doutrina positivista que ainda restou e paira sobre nos.


Barbara Sant Ana de Paula - Primeiro ano Matutino.

Novo conhecimento

   
   Durante uma de suas principais obras  “Novum organun” Francis Bancon discursa sobre falsas noções,as quais ele titula como ídolos,onde a realidade é perceptível apenas pelo meio em que os indivíduos vivem,o que prejudica o processo do conhecimento da mesma.A incompreensão do real também é criticada por Descartes durante o texto “discurso do método”,onde o entendimento da realidade se baseia apenas na razão.O filósofo também colocava em evidência a importância do pensamento crítico e da dúvida.
    Ambos defendem a criação de uma nova ciência baseada na experimentação,onde as coisas são questionadas e não se tem uma verdade absoluta. Com essa linha de raciocínio a população sai de uma realidade conformista e passa a ter ciência de seus direitos e deveres.
    Essa necessidade de compreensão no convívio entre as pessoas,reflete na luta pelos direitos das minorias,e movimentos sociais, como o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto),onde se tem requerimento de um dos direitos básicos, que é o acesso a moradia, num país onde a distribuição de terras ocorre de maneira totalmente desigual.
    O direito é uma ferramenta que se tem para almejar a garantia de uma sociedade igualitária,que acompanha essa mudança de pensamento através da razão,os atuantes dessa área buscam encontrar uma maneira de minimizar essa diferença e com esse novo “pilar” do conhecimento encontrar a forma mais justa lhe resolver os impasses da sociedade.

Ordem e Progresso: um lema falho


Em seu livro “Curso de Filosofia Positiva”, Augusto Comte expõe suas reflexões sobre a filosofia positiva, que tem como finalidade compreender a sociedade e seus mecanismos para melhor controlá-la. Para Comte, a filosofia positiva é a base para a reorganização social da sociedade moderna. Entre essa ideia, é marcante o conceito de Ordem e Progresso, estampado na bandeira do Brasil.

No entanto, nota-se que, desde a adoção desse lema até os dias de hoje, o conceito de Ordem e Progresso é falho no Brasil, já que a ordem é uma organização social forçada, em que tudo está sob um controle severo, em que as camadas pobres continuam despossuídas e abandonadas e as camadas ricas permanecem poderosas, já que o progresso não atinge e não é alcançável a todos.
Para Comte, o trabalho é sinônimo de honra, e que qualquer tipo de trabalho deve ser digno de conhecimento, e que a felicidade está em cumprir seu papel social, seja ele qual for. No entanto, a sociedade brasileira atual se vê impossibilitada de seguir esse lema, já que as condições da população das camadas mais baixas são degradantes. Essa população vive às margens da sociedade, muitas vezes sem acesso aos serviços básicos e com pouca ou nenhuma ajuda do Estado, tendo assim uma chance quase inatingível de mobilidade.
Portanto, o lema Ordem e Progresso, quando comparado com a sociedade atual é considerado defeituoso, pois a ordem é caracterizada pela subjugação das camadas populares ao mando da elite, e o progresso está muito longe de ser alcançado por todos.

Desigualdade



       Comte acreditava que a responsabilidade por conduzir o aperfeiçoamento das instituições estaria restrita a uma elite de cientistas. O positivismo compara a sociedade a um organismo biológico, na qual o coletivo, a solidariedade e o altruísmo estariam acima do individualismo, em seu livro o sociólogo usa a frase “o Homem propriamente dito não existe, existindo apenas a humanidade”, exemplificando tal ideia.
       Seguindo essa linha de raciocínio é importante ressaltar que sempre haveriam diferenças sociais, visto que, não poderíamos por exemplo, ser um agrupamento composto de membros que desempenham as mesmas funções. Para o bom funcionamento, precisamos abranger todas as funções sociais, mesmo que mais simples e menos remuneradas.
       A mobilidade social até pode ser alcançada, mas através da meritocracia. Sabemos, contudo, que não podemos acreditar em méritos pessoais, pois não vivemos em uma sociedade na qual todos têm acesso aos mesmos recursos. Um exemplo disso é a música “A vida é um desafio” trabalhada em sala de aula que diz “Como fazer duas vezes melhor, se você tá pelo menos cem vezes atrasado pela escravidão, pela história, pelo preconceito? ”.Nesse contexto social, o Estado, com o objetivo de tentar reparar tal dano, começa a trabalhar com ações afirmativas como as cotas sociais e raciais.
      Ainda, acerca dos pensamentos positivistas é valido ressaltar o lema “Ordem e Progresso” presente em nossa bandeira. Tais termos derivam da frase “O Amor por princípio, a Ordem por base; o Progresso por fim” e exemplificam o ideal de organização e convergência proposto por Comte. No âmbito jurídico podemos dizer que as Leis são uma forma de garantir a Ordem para que assim, se possa alcançar a evolução como sociedade.