Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Fanatismos exacerbados
"LIBERDADE ACIMA DE TUDO"
A liberdade é algo que todos os cidadãos do mundo inteiro almejam ao longo da sua vida, entretanto, com o passar do tempo, percebemos que somos escravos de inúmeras coisas como do sistema econômico e da moral. Mas o que mencionarei ao longo do texto é sobre a liberdade de escolha de cada indivíduo, de fazer aquilo que achar mais pertinente na sua vida, aquela que nos permite agir de acordo com nossa vontade, sem interferência.
Essa ‘não-interferência’ é relativa, pois diariamente nos deparamos com a intolerância derivada de várias pessoas, grupos, classes e ate países. Sendo assim, se fizermos ou falarmos algo que ofenda a consciência coletiva, podemos ser acusados de CRIMINOSOS. E, conseqüentemente, seremos reprimidos a partir de uma pena.
Em 2009 uma estudante, Geisy Arruda, sofreu discriminação na faculdade em que estudava devido as suas vestimentas. E, segundo relatos de seus colegas de sala, ela sempre se vestia assim. Agora vem a pergunta: O que a roupa dela influenciou na vida dos outros indivíduos? Era necessário tal atitude perante a aluna, ganhando até destaque nacional ?
Sendo assim, percebemos uma contradição! Cadê a liberdade para escolher a roupa que quiser para se vestir ? Parece que fica em segundo plano e a intolerância tem maior importância.
O que me revolta mais, é o número de políticos corruptos que saem ilesos mesmo quando são denunciados em rede nacional em envolvimento de desvio de dinheiro público. Nessa situação, ninguém se organiza para reprimi-los. Por quê ? Não tenho a resposta exata, mas Durkheim, décadas atrás, mencionou que pena consistia numa reação passional, onde a função da pena é provocar e difamação e humilhação pública. Sendo assim, é muito mais fácil insultar uma estudante do que um político que tem ‘poderes’ maiores que o nosso. Pode até ser o mais fácil, não o mais correto.
E por fim, uma música do Charlie Brown Jr. onde a liberdade é constantemente suplicada.
Deixa eu ser como eu sou!
Deixa eu ser quem eu sou!
Se quiserem me internar não deixem
Deixem me exercer minha loucura em paz
Se quiserem me internar não deixem
Deixem me exercer minha loucura em paz
Porque eu nasci pra ser maluco
E te fazer a tradução
Do que é ser um bom maluco
Do que é ser um maluco sangue bom
Porque eu nasci pra ser maluco
E te fazer a tradução
Do que é ser um bom maluco
Do que é ser um maluco sangue bom
Yeah!
Deixa eu ser como eu sou!
Se quiseram me internar não deixem
Deixem me exercer minha loucura em paz
Se quiserem me internar não deixem
Deixem me exercer minha loucura em paz
Porque eu nasci pra ser maluco
E te fazer a tradução
Do que é ser um bom maluco
Do que é ser um maluco sangue bom
Porque eu nasci pra ser maluco
E te fazer a tradução
Do que é ser um bom maluco
Do que é ser um maluco sangue bom
Yeah!
Liberdade acima de tudo
De bem com a vida e de bem com o mundo
Liberdade acima de tudo
Yeah!
Se quiseram me internar não deixem
Deixem me exercer minha loucura em paz
Se quiserem me internar não deixem
Deixem me exercer minha loucura em paz
Porque eu nasci pra ser maluco
E te fazer a tradução
Do que é ser um bom maluco
O que é ser um maluco sangue bom
Yeah!
Primitivismo contemporâneo
Durkheim expõe o fato de, nas sociedades primitivas, a caracterização do crime como algo que ofende a consciência coletiva acabava por resultar na aplicabilidade da pena a atos que não afetavam consideravelmente a ordem social. Assim, seria comum que deslizes ao padrão moral tido como adequado apresentassem grande suscetibilidade à aplicação do direito, mesmo que a estrutura mecânica daquelas sociedades permanecesse inabalada.
A ciência passional
Durkheim talvez não imaginasse que, em pleno século XXI, ditames morais, com fundo religioso, ainda guiassem as consciências coletivas. Muito menos que fossem as próprias os trilhos sobre os quais o Direito caminharia. Para ele, a altura dos anos 2000, o Direito estaria apoiado apenas sobre bases racionais, e praticado por operadores que estariam preocupados mais em prezar pela ordem econômica do que pela ordem moral. Talvez em decorrência de uma ingenuidade ou pela crença em alguma forma de evolução da humanidade, cometeu um erro em ignorar a força que a moral exerce sobre os homens.
O que se vê é que as penas são aplicadas para satisfazer as paixões. São essas paixões, exprimidas pela sociedade mesmo que indiretamente, que orientam o sentido e a amplitude das penalidades. Não bastava aos estudantes, no caso citado acima, que a garota se trocasse e vestisse algo mais “decente”, mas desejavam prezar pelos costumes e pela moral vendo-a punida e humilhada perante todos para que recebesse uma “lição”.
É fato que o Direito é praticado, muitas e na maior parte das vezes, em acordo com a passionalidade que emana da sociedade. Passionalidade esta que visa descartar toda ameaça à ordem, ao funcionamento equilibrado do “corpo social”. São as paixões públicas que ditam as regras de conduta, que apontam o certo e o errado. O que resta do pensamento individual? Deveria o pessoal ser suprimido em favor do coletivo?
As individualidades, não se pode negar, têm ganhado espaço para serem expressas, assumidas. Ocorre que até condições até então que se consideravam isoladas, pessoais, tornaram-se hoje movimentos coletivos. É o caso do movimento homossexual, por exemplo. O homossexualismo, antes tão condenado, julgado até mesmo como uma característica pessoal desprezível e causa para um isolamento social, hoje é bandeira erguida (com orgulho) em movimentos que buscam efetivar a igualdade prevista na Constituição. No entanto, aquela paixão pessoal que permanece contida, aquela que não alcança identificação dentro da sociedade, acaba por ser guia de uma consciência apenas individual, por ser um critério de julgamento próprio daquele que a possui.
Cabe ressaltar que a ordem pela qual preza a consciência coletiva, para muitos é uma ordem subversiva. Pelo simples fato de que, nas palavras de Humboldt: “termina por criar na sociedade contemporânea uniformidades que sufocam a natural variedade dos caráteres e das disposições.” Os governos e as paixões públicas tendem a se contraporem à variedade individual, em concordância com a tradicional concepção orgânica da sociedade, que estima “a subordinação regulada e controlada das partes ao todo, condenando o conflito como elemento de desordem e desagregação social.” (BOBBIO, Norberto. “Liberalismo e Democracia”, p.27). Os contrários à teoria organicista defendem que a variedade “é benéfica e é uma condição necessária do progresso técnico e moral da humanidade, o qual apenas se explicita na contraposição de opiniões e de interesses diversos” (BOBBIO, Norberto. “Liberalismo e Democracia”, p.28).
É, de fato, difícil, senão impossível, desvincular o Direito das paixões. É por si só uma ciência humana e operada por seres racionais, porém subjetivos, movidos não só pela razão como pela emotividade. Certos ideais de condutas foram incutidos à sociedade ao longo de milhares de anos, o que dificulta a aceitação daquilo que foge a esses ideais, embora cada vez as novas gerações tenham sido, no geral, mais flexíveis e mais tolerantes aos “desvios”.
A Solidariedade Por Similitudes E A Consciência Coletiva
Embate Cultural do Espírito Capitalista
O Espírito Capitalista descrito por Weber vai além da mera busca por dinheiro. Ele, antes de tudo, é uma ideologia de vida. Separa-se da simples busca e acumulação de capitais por uma atitude e utilização racional. É um formado por um conjunto de ideologias e atitudes, elas todas convergem na utilização dinheiro em busca de mais dinheiro.
O capitalista nato tem como objetivo final sempre gerar mais dinheiro, por isto, todo o que ele ganha é reaplicado na geração de mais. Pode parecer simples, entretanto isto atinge a vida deles de um modo sem volta. Ao adentrar nesse campo, dedicará o resto de seus dias a tal tarefa.
Todavia, antes o que hoje é visto como um dom, o de se dedicar e ter sucesso econômico, era visto como avareza e despojo com o mundo à volta. A ideologia cristã, por exemplo, pregava a usura como pecado. O espírito capitalista tem de antes passar por uma luta para começar a ser aceito.
O capitalismo, então, trava com a sociedade embates. Mudar a maneira de pensar se faz necessário, no ver de Weber, para se ter sucesso. Começar a valorizar o trabalho, trabalhar além do necessário, não consumir e reempregar o dinheiro, entre outros.
Torna-se um embate cultural entre o modo de vida capitalista e o do modo “normal”. O homem que busca conviver no tal modo de vida sofre um desprezo por outros setores da sociedade que o vêem como inimigo dos bons modos. Mas o sucesso daquele, com o tempo, transforma a maneira de ver e recoloca a atitude, antes vista como mesquinha, em lugar de destaque, transformando-a em um dom de poucos.