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segunda-feira, 10 de junho de 2019

AÇÃO SOCIAL COMO CENSORA DO PENSAMENTO INDIVIDUAL

É curioso observar a sequência de "polêmicas" a que estamos expostos atualmente no Brasil. A cada semana, somos bombardeados com opiniões de "especialistas" sobre um ou outro fato, muitas vezes corriqueiro. Reforma da Previdência, multa por não uso de dispositivo de retenção para crianças em automóveis, contingenciamento de verbas da educação superior... todos assuntos em que opiniões apaixonadas se alternam a favor ou contra, a maioria sem qualquer embasamento técnico.

Nesta semana, chama atenção o caso do famoso jogador de futebol que relacionou-se com a modelo não tão famosa. Numa sequência rápida de notícias, primeiro houve uma acusação de estupro, logo após uma acusação de falsa comunicação de crime, seguida por reforma da acusação original somada a uma acusação de exposição da intimidade... e, ato contínuo, as redes sociais já estavam coalhadas de opiniões as mais diversas.

Primeiro, a condenação imediata do jogador: predador sexual, estuprador, não respeitou um "não". Concomitantemente, a condenação instantânea da modelo: "maria-chuteira", oportunista, "armou" pra cima dele em busca de fama e dinheiro.

A emissão imediata de opiniões tão radicais revela características da ação social baseada na convicção individual. Desprovidas de aspectos técnicos, as condenações automáticas recíprocas entre apoiadores do jogador e da modelo baseaim-se em emoções. A sociedade vê no caso uma oportunidade para impor sua própria opinião sobre um tema controverso, buscando a hegemonia do pensamento.

Paralelamente, opiniões moderadas ficam apenas patentes. O pensamento racional fica inibido, pois ao menor esboço de discordância em relação ao radicalismo do interlocutor, o moderado será tachado de "machista, fascista, misógino" ou "feminazi, comunista, aberração" - adjetivos aqui colocados como mero exemplo.

A ação afetiva e também a ação tradicional da sociedade acabam por censurar o livre pensamento individual, através da intimidação. Grupos ideológicos conseguem, desta forma, exercer poder sobre a grande maioria moderada da sociedade, impondo suas agendas radicais ainda que sem qualquer fundamento técnico.

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