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segunda-feira, 10 de junho de 2019

Outros pontos de vista


A partir da Baixa Idade Média, há uma retomada das trocas e rotas de comércio que haviam ficado estagnadas durante grande parte da Alta Idade Média. Por mais que o comércio fosse ainda presente, sua intensidade, assim como os pontos em que ocorria, eram pífios perto do Renascimento Comercial ocorrido na Baixa Idade Média.

Contudo, é no século XVI, que germina um dos acontecimentos de maior relevância para o capitalismo ter seus pilares formados: a Reforma Protestante, um objeto de estudo de Max Weber. Weber defende em sua obra A ética protestante e o espírito do capitalismo que, mais especificamente, o Calvinismo, religião protestante cujo princípio era a acumulação de capital e o constante e crescente trabalho para que a vocação do indivíduo aflorasse e com isso, pudesse chegar ao reinos dos céus, foi o ponto de partida para que posteriormente, na Revolução Industrial, houvesse tanto desenvolvimento da tecnologia e tamanha produção, com o principal intuito de maior acumulação do capital.

Diante desse contexto, podemos dizer que Weber defende a tese de que nem sempre o econômico dita a cultura, porém o contrário. Ora, a religião que surgira naquele momento foi o catalisador para que diversas tecnologias surgissem: a máquina a vapor, o relógio, o rádio, o carro etc. afinal o indivíduo havia chegado a um ponto que ele deveria produzir mais em menos tempo e com o tempo ao seu controle, visto que o tempo perdido seria trabalho perdido e com isso, menos acúmulo de capital, podendo prejudicar sua passagem para o céu.

A ida à missa passou para o domingo, visto que durante a semana, em dia útil, havia o trabalho. Não havia lazer, pois o homem, o único que trabalhava, deveria ir da casa para o trabalho e do trabalho para casa, pois não poderia gastar seu dinheiro. Problematizemos também a questão da mulher, que deveria ficar em casa apenas com seus afazeres domésticos e cuidando dos filhos e ao sair, deveria ir para a missa e com roupas largas e que escondiam qualquer parte do corpo que poderia ser “subversiva”, demonstrando um machismo pulsante naquela sociedade, algo não muito distante da nossa realidade atual. 

Vemos que o Anglicanismo tomava as rédeas das vidas dos indivíduos naquela sociedade para que o econômico fosse conduzido, assim como Weber defende. É necessário que analisemos diversos âmbitos para que entendamos toda sua abrangência. Econômico, social, cultural, político, entre outros. Não podemos focar apenas e exclusivamente em um só ponto, afinal as sociedades são complexas, porque são formadas por seres humanos, mais complexos ainda e assim como Weber, acredito que devemos partir do micro (indivíduo) para depois irmos para o macro (sociedade), pois dessa forma é possível entender com mais clareza o fato de sociedades serem tão diferentes umas das outras em diversos pontos do mundo, visto que cada uma possui uma cultura completamente diferente. 

É importante salientar que sim, a luta de classes e a constante opressão de uma classe pela outra é um fato importantíssimo para entendermos sociedades e principalmente o capitalismo e sua formação, assim como explicitado nesse texto. Porém, podemos olhar para outro viés para entendermos que não é esse o único ponto a ser discutido.

Lucas Gomes Granero - 1° ano Direito noturno

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