A partir da Baixa Idade Média, há uma retomada das
trocas e rotas de comércio que haviam ficado estagnadas durante grande parte da
Alta Idade Média. Por mais que o comércio fosse ainda presente, sua
intensidade, assim como os pontos em que ocorria, eram pífios perto do Renascimento
Comercial ocorrido na Baixa Idade Média.
Contudo, é no século XVI, que germina um dos
acontecimentos de maior relevância para o capitalismo ter seus pilares formados:
a Reforma Protestante, um objeto de estudo de Max Weber. Weber defende em sua
obra A ética protestante e o espírito do capitalismo que, mais especificamente,
o Calvinismo, religião protestante cujo princípio era a acumulação de capital e
o constante e crescente trabalho para que a vocação do indivíduo aflorasse e com
isso, pudesse chegar ao reinos dos céus, foi o ponto de partida para que posteriormente,
na Revolução Industrial, houvesse tanto desenvolvimento da tecnologia e tamanha
produção, com o principal intuito de maior acumulação do capital.
Diante desse contexto, podemos dizer que Weber defende
a tese de que nem sempre o econômico dita a cultura, porém o contrário. Ora, a
religião que surgira naquele momento foi o catalisador para que diversas
tecnologias surgissem: a máquina a vapor, o relógio, o rádio, o carro etc.
afinal o indivíduo havia chegado a um ponto que ele deveria produzir mais em
menos tempo e com o tempo ao seu controle, visto que o tempo perdido seria
trabalho perdido e com isso, menos acúmulo de capital, podendo prejudicar sua
passagem para o céu.
A ida à missa passou para o domingo, visto que durante
a semana, em dia útil, havia o trabalho. Não havia lazer, pois o homem, o único
que trabalhava, deveria ir da casa para o trabalho e do trabalho para casa,
pois não poderia gastar seu dinheiro. Problematizemos também a questão da
mulher, que deveria ficar em casa apenas com seus afazeres domésticos e cuidando
dos filhos e ao sair, deveria ir para a missa e com roupas largas e que escondiam
qualquer parte do corpo que poderia ser “subversiva”, demonstrando um machismo
pulsante naquela sociedade, algo não muito distante da nossa realidade atual.
Vemos que o Anglicanismo tomava as rédeas das vidas
dos indivíduos naquela sociedade para que o econômico fosse conduzido, assim
como Weber defende. É necessário que analisemos diversos âmbitos para que
entendamos toda sua abrangência. Econômico, social, cultural, político, entre
outros. Não podemos focar apenas e exclusivamente em um só ponto, afinal as
sociedades são complexas, porque são formadas por seres humanos, mais complexos
ainda e assim como Weber, acredito que devemos partir do micro (indivíduo) para
depois irmos para o macro (sociedade), pois dessa forma é possível entender com
mais clareza o fato de sociedades serem tão diferentes umas das outras em
diversos pontos do mundo, visto que cada uma possui uma cultura completamente
diferente.
É importante salientar que sim, a luta de classes e a constante
opressão de uma classe pela outra é um fato importantíssimo para entendermos
sociedades e principalmente o capitalismo e sua formação, assim como explicitado
nesse texto. Porém, podemos olhar para outro viés para entendermos que não é esse
o único ponto a ser discutido.
Lucas Gomes Granero - 1° ano Direito noturno
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