Compartimentação da vida
do indivíduo
Max Weber, um grande
pensador alemão, que buscou compreender a sociedade moderna na era industrial e
suas consequências no modo de organização social, criou, para o corpo do
pensamento sociológico termos de extrema importância. Em suas análises ele
exprime que as sociedades europeias se desenvolveram baseadas sob o espectro da
ação social, que nada mais é do que a interação do individuo com outros
indivíduos, e sob que influência se dá esta interação, seja ela por laços comunitários,
laços morais, baseados sob a égide religiosa.
O pensador alemão diz que
a partir dos grandes avanços tecno-científicos vividos pela sociedade que
proporcionou a esta um enorme salto em relação a capacidade material surgem
também inúmeros problemas de ordem social, um deles seria a despersonalização
do individuo assim como a sua alienação pois tais avanços trazem consigo uma
nova forma de organização, a burocratização.
A burocracia é um
conjunto de normativas para tornar a vida mais eficiente, do ponto de vista
organizacional, neste aspecto que se enquadra o Direito. Tal conjunto de
normas, não compreende e nem tem a função de compreender as peculiaridades
individuais, mas sim de oferecer procedimentos padronizados para a solução de problemas
que possam surgir na organização social.
Posto isso, questiono,
estaríamos entrando em um novo período de reorganização social, pois agora
inteligências artificiais querem saber o que gostamos, o que consumimos, o que
esperamos em termos de política, qual a cor preferida para um jogo de chá, pois
as especificidades do mercado são enormes, já não sofremos com a
despersonalização sofrida no início do século XX, pois agora somos produtos,
nas inúmeras linhas de códigos binários de empresas prontas a nos vender.
Agora, ao mesmo tempo em que somos somente estatísticas também fazemos parte de
grupos de consumo que tem sua personalização em relação ao atendimento
programada e executada por uma inteligência artificial.
São novos paradigmas que
se apresentam tanto para os operadores do Direito quanto para a nova sociedade,
a burocratização da vida cede seu espaço para uma forma de tudo se tornar
estatísticas, assim o jovem negro, morador de uma favela que é preso portando
uma pequena porção de maconha, estatística. A mulher agredida pelo marido
alcoólatra, estatística. O idoso sem condições financeiras de custear os
tratamentos de saúde, estatística. Deste modo, compartimenta-se os indivíduos
em grupos, pois estes grupos são ao mesmo tempo consumidores de serviços e se
tornam mercadoria para empresas, os condiciona a determinados regimentos que
são respaldados pelo Direito, e faz-se que o direito sempre atue a perpetuar e
condicionar este sistema, ou seja, o capitalismo moderno coaptou a tudo e a
todos.
Cassiano Mendes Cintra 1º Ano Direito Noturno
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