Estar em sociedade representa comunicação, interação
e relação, porém representa, quase que acima de tudo isso, aceitar nosso papel
nessa sociedade. Dessa maneira, antes de sequer pensar o porquê de fazer o que
fazemos, já existe todo um conceito existente do que seria aceitável ou não.
Logo, as ações sociais como formas de conduzir a
vida são um resultado de nossa cultura, ainda que os sujeitos sejam agentes e
que exista uma motivação e um sentido para essas ações. Dessa maneira, são os próprios
valores do indivíduo, que de forma intrínseca são parte da cultura em que ele
vive, que moldam as ações sociais.
Ainda para o filósofo, o poder representa a
probabilidade de impor a própria vontade em uma relação social, mesmo que haja resistência.
Portanto, o tempo todo que vivemos em sociedade, estamos sujeitos à dominação,
e consequentemente, deixamos que elas interfiram nas nossas ações. Nesse
sentido, por participarmos de forma orgânica desse sistema, além de sermos
dominados, também somos dominadores.
Assim, já que o exercício de poder (a dominação)
para Max Weber é a interferência externa na condução da vida e das ações
sociais das pessoas, seria a própria sociedade uma precursora da dominação? Ou,
ainda, uma vítima da dominação, de maneira recíproca e constante? Em um
contexto paradoxal, seria a coerção social de Durkheim a dominação da ação
social para Weber?
Muita reflexão cabe nesse sentido. O que sabemos é
que, para Weber, analisar a sociedade vai muito além de entender o econômico e
assim partir para o social, como é proposto pelo materialismo histórico. O
grande cerne da questão seria analisar o social e só então partir para o
econômico. Além disso, o filósofo entende que, ao saciar as dúvidas por meio do
dogmatismo e das explicações genéricas, cria-se um movimento em massa que é, na
realidade, raso e frágil.
Por fim, é necessário ressaltar que todo esse estudo acerca da sociedade deve levar em consideração a modernidade e suas características. Logo, o capitalismo, ainda que não seja a raiz para toda a análise, molda diversas relações sociais, entre elas, a própria noção de contato por funções puramente econômicas, favorecendo o convívio entre estranhos e promovendo ainda mais as particularidades rasas da contemporaneidade.
Laura Tamiê - Direito noturno
Laura Tamiê - Direito noturno
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