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domingo, 4 de julho de 2021

Pense, logo exista mas depende...

 Francis Bacon e René Descartes são considerados os precursores da chamada Filosofia Moderna, baseada na ideia de racionalismo como orientadora da busca da verdade. Para tanto, os filósofos propõem a criação de uma ciência única e universal, em que haja o fim dos debates sem fim criticando e se opondo à filosofia grega em que a retórica seria a regra e nem sempre alcançaria uma verdade absoluta e aplicável a todos os termos e situações.  Dessa forma, a dúvida funciona como principal meio de se obter o conhecimento científico, no entanto, Descartes afirma que se algo enganou uma vez, enganará sempre. Assim, as fontes de conhecimento que davam inicio ao conhecimento científico em tempos anteriores, como os costumes, a tradição, os sentidos e a própria matemática, são negadas, uma vez que já conduziram a erros em outras ocasiões. 

Essa rigidez na dedução das verdades e rejeição dos conhecimentos que se baseiam nas experiências, nas discussões sociais e na retórica grega, é o que distancia a ciência moderna da sociedade como um todo. Dessa forma, a linguagem acadêmica e a produção de conhecimento se tornam cada vez mais distantes, uma vez que negam os valores mais fundamentais e a subjetividade de cada cultura, tempo e espaço.  O distanciamento da produção de conhecimento científico da sociedade faz com que cada vez mais o senso comum seja difundido e soluções rasas, como a adoção da pena de morte ou a redução da maioridade penal seja aderida por uma parcela significativa da população que não consegue entender os processos complexos que rodeiam tais discussões.

É perceptível então que a ausência de democratização da educação, como no caso do Brasil em que a maioria da população não chega à universidade, e a rejeição dos conhecimentos acessíveis a ela, como sua religião, seus costumes, tradições e os sentidos, dificulta a noção de que o pensamento seria a condição para a existência, uma vez que esse pensamento parece restrito à elite que consegue acesso a linguagem acadêmica. O pensamento de Francis Bacon de que as percepções pessoais e sem experiência prática não podem ser científicas, então, deve ser contestado por ciências acessíveis que expliquem didaticamente, com linguajar acessível, como é o caso das ciências humanas, a fim de combater a superficialidade do senso comum e a difusão de soluções simples para problemas complexos.



Mariana Moreira Belussi - 1º período. Diurno.

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